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fontes e bibliografia - Arca - Fiocruz

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Os depoimentos são todos nesse sentido: realçam o papel de Oswaldo Cruz e<br />

afirmam que a campanha trouxera benefícios não apenas para a cidade do Rio de<br />

Janeiro; na prática, o Brasil inteiro havia lucrado, pois a febre amarela representava<br />

"uma negra barreira" ao progresso do país (Seidl, 1917:312). Considerava-se que só<br />

a extinção da febre amarela havia sancionado de fato a abertura dos portos brasileiros<br />

às nações amigas, medida inspirada pelo Visconde de Cairu em 1808 (Neiva,<br />

1972:11; Barbosa, 1972).<br />

Oswaldo Cruz inaugurou uma nova fase na história da administração pública<br />

brasileira: representou a ruptura entre o Brasil pesteado e o Brasil desinfetado,<br />

tornando-se o símbolo do Brasil moderno (Barbosa, 1917:51).<br />

Segundo estas interpretações, sob o impacto da ação saneadora de Oswaldo<br />

Cruz, a cidade do Rio de Janeiro tranformara-se totalmente. Percebe-se nos relatos<br />

uma certa idealização das mudanças sofridas pela cidade, que, de pocilga inabitável<br />

e pestilenta, tornou-se uma das cidades mais salubres, mais limpas e habitáveis do<br />

mundo. Antes conhecida como espantalho dos estrangeiros, agora os atraía em face<br />

do progresso objetivado em avenidas e construções fartas de luz, banhadas de sol.<br />

O Rio de Janeiro, sob a ação redentora do saneamento, transformara-se na cidade<br />

"mais bela do mundo" (Fraga, 1917).<br />

O vencedor da febre amarela é saudado como "um jovem anônimo" que surgira<br />

num momento propício em que "reinava a resignação", e os governos e a classe<br />

médica eram impotentes diante da moléstia (Guerra, 1940:65).<br />

Ao presidente Rodrigues Alves reservam-se elogios especiais. Foi considerado<br />

um estadista inigualável, exemplo de puro civismo e republicanismo, pois nomeara<br />

e sustentara um desconhecido, indicado apenas por seus méritos pessoais. O presidente<br />

demonstrou seu caráter, permanecendo "surdo diante da gritaria oposicionista,<br />

e nos momentos mais críticos, sustentou politicamente as reformas de Oswaldo<br />

Cruz" (Dias, 1972; Fraga, 1917). O Brasil tem uma dívida de gratidão com a obra<br />

de benemerência que Oswaldo Cruz e Rodrigues Alves realizaram juntos: a redenção<br />

sanitária da capital do país.<br />

A era oswaldiana revelou um administrador público ímpar, que promovera<br />

uma ruptura nos padrões político-burocráticos vigentes até então.<br />

Assim, discorrem as biografias longamente sobre os atributos de Oswaldo Cruz<br />

como o condutor de homens, o homem de ação, o administrador inigualável, que<br />

agia com firmeza e serenidade, sobrepondo-se às influências dos poderosos. Nesse<br />

sentido, louva-se a atitude de independência ante as injunções políticas, que pressionavam<br />

para a indicação de médicos apadrinhados aspirantes a um emprego na<br />

Diretoria Geral de Saúde Pública. Porém, Oswaldo Cruz não cedia. No dizer dos<br />

memorialistas, ele cercou-se de gente capaz, que fora submetida a concurso público,<br />

prática pouco usual na época.<br />

Oswaldo Cruz orientava a sua administração pelo lema que adotara quando<br />

assumiu a Diretoria Geral de Saúde Pública: Justiça e Trabalho. Ele próprio "dava o<br />

exemplo do trabalho ininterrupto e da justiça com isenção" (Pena, 1922: 23).

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