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30<br />

Parar Profissão para Pensar<br />

Um macrocosmo chamado Portugal<br />

O INDIE <strong>Lisboa</strong> 2010 marcou a<br />

estreia <strong>de</strong> “Há Tourada na al<strong>de</strong>ia”,<br />

longa-metragem <strong>de</strong> Pedro Sena<br />

Nunes sobre a província da Beira<br />

Alta. O forcão da capeia arraiana<br />

serviu <strong>de</strong> tema ao documentário,<br />

co-produzido pela<br />

RTP, e mostrou ao público<br />

atento, no Gran<strong>de</strong> Auditório da<br />

Culturgest uma prática única<br />

no mundo, a <strong>de</strong> enfrentar um<br />

touro com um forcão levantado<br />

por trinta e seis homens.<br />

Este trabalho, segundo o realizador,<br />

vem colocar o “<strong>de</strong>do na<br />

ferida” na polémica dos maus<br />

tratos do animal e na tradição,<br />

mas também da <strong>de</strong>sertificação<br />

das al<strong>de</strong>ias da zona arraiana,<br />

na Beira Alta. A tourada foi já<br />

reconhecida pelo Ministério<br />

da Cultura como um espectáculo<br />

e, cada vez atrai mais<br />

público. Consi<strong>de</strong>ra ser um filme<br />

“ten<strong>de</strong>ncioso, mas expositivo<br />

porque mostra a verda<strong>de</strong>”.<br />

Continua dizendo que “o olhar<br />

mão po<strong>de</strong> ser inocente mas<br />

assume um compromisso <strong>de</strong><br />

respeito, em que a subtileza<br />

está sempre presente”.<br />

Este documentário faz<br />

parte do projecto <strong>de</strong> vida <strong>de</strong><br />

Pedro Sena Nunes, que se<br />

reúne uma série <strong>de</strong> longasmetragens,<br />

cujo objectivo é o<br />

<strong>de</strong> mostrar um olhar profundo<br />

e atento sobre o microcosmo<br />

representativo <strong>de</strong> cada província<br />

portuguesa. A i<strong>de</strong>ia é a <strong>de</strong><br />

criar uma “pele” sobre o seu país,<br />

usando o seu olhar. As reacções,<br />

na Culturgest, não po<strong>de</strong>riam ser<br />

ter aprendido na escola usa-a para tudo<br />

do ponto <strong>de</strong> vista da criação, soluções<br />

e pensamento da produção, tendo<br />

como pano <strong>de</strong> fundo a coerência.<br />

Pedro, como realizador gosta <strong>de</strong><br />

arriscar tecnicamente com tudo aquilo<br />

que tem à sua disposição e, por isso<br />

prefere a combinação <strong>de</strong> técnicas que<br />

lhe permitam correr riscos. Para que<br />

melhores. O trabalho foi aplaudido<br />

durante minutos pelo público, e houve<br />

mesmo quem usasse expressões<br />

como “trabalho magnífico” e “gran<strong>de</strong><br />

coragem” para classificar o trabalho<br />

apresentado.<br />

É um projecto <strong>de</strong> muitos anos que<br />

está sensivelmente a meio e que se-<br />

tal aconteça, a formação é sempre<br />

fundamental, por isso mesmo, findo<br />

o curso <strong>de</strong>cidiu sair do país. Esteve<br />

cerca <strong>de</strong> um ano em Barcelona, seis<br />

meses em Lyon e Budapeste, em áreas<br />

ligadas à imagem, mas sempre a<br />

pensar na realização. O apoio <strong>de</strong> José<br />

Bogalheiro, director do <strong>de</strong>partamento<br />

<strong>de</strong> cinema da ESTC foi crucial para<br />

gundo o realizador está ligado, indirectamente,<br />

a um nome – António<br />

Reis, segundo explicou na conferência<br />

<strong>de</strong> imprensa realizada após<br />

a estreia no Indie <strong>Lisboa</strong> 2010.<br />

No contexto do primeiro curso<br />

europeu <strong>de</strong> realização em documentário<br />

fez “Margens”, <strong>de</strong>dicado<br />

a Trás-os-Montes que<br />

iniciou o projecto.<br />

Num profundo “confronto<br />

com o <strong>de</strong>sconhecido”, Pedro<br />

Sena Nunes preten<strong>de</strong> mostrar<br />

trabalhos muito diferentes uns<br />

dos outros, sem que esteja implícito<br />

o compromisso do público<br />

reconhecer a província<br />

retratada em cada um <strong>de</strong>les.<br />

Pedro diz serem vivências,<br />

contactos, ou até mesmo um<br />

retrato singular <strong>de</strong> apenas<br />

uma pessoa, como aconteceu<br />

com “Morte do Cinema”, sobre<br />

a Beira Litoral. O trabalho<br />

“Entraste no jogo assim tens<br />

que jogar assim na terra como<br />

no céu”, mostrou o Minho e<br />

a relação entre o profano e o<br />

religioso. Sobre a Beira Baixa<br />

fez “Da pele à pedra” baseado<br />

nos mineiros, tendo-o levado a<br />

<strong>de</strong>scer a cerca <strong>de</strong> 450 metros<br />

<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. “Elogio 1/2”,<br />

<strong>de</strong>dicado ao Algarve acabou<br />

por ser convite <strong>de</strong> Anabela<br />

Moutinho, em resposta a uma<br />

encomenda <strong>de</strong> “Faro – Capital<br />

da Cultura”.<br />

Seguir-se-á um documentário<br />

sobre Fátima, projecto sobre<br />

a Fé e, que com a visita <strong>de</strong> Bento<br />

XVI, segundo o realizador fará todo<br />

o sentido.<br />

frequentar um curso europeu intitulado<br />

“Visions”, na área da realização<br />

em documentário. Passou ainda por<br />

um programa europeu, a que poucos<br />

tiveram acesso, cuja primeira etapa<br />

<strong>de</strong>correu em Barcelona, on<strong>de</strong> Pedro<br />

era o único estrangeiro. Foi com esta<br />

experiência no âmbito da criação que<br />

<strong>de</strong>u os primeiros passos em aborda-<br />

Politecnia n.º 25 Fevereiro / 2011

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