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48<br />

O Protagonista<br />

Com os pais aos três meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

nia <strong>de</strong> inauguração do novo edifício<br />

da Escola Superior <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>,<br />

em Benfica, com a presença do<br />

ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino<br />

Superior, Mariano Gago.<br />

Com apenas quatro anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

Moyano começou a estudar Música.<br />

O primeiro piano, comprado pelos<br />

pais, custou seis contos, e quando<br />

tocava não chegava com os pés ao<br />

chão. Na família não havia ninguém<br />

ligado ao meio musical. O pai, Jorge<br />

Pinto Marques, trabalhava na antiga<br />

Companhia das Águas <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, a<br />

mãe, Maria <strong>de</strong> los Angeles Moyano<br />

Marques, <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong> espanhola,<br />

era doméstica.<br />

Nasceu no dia 4 <strong>de</strong> Setembro<br />

<strong>de</strong> 1951, na Rua da Palmeira, em<br />

<strong>Lisboa</strong>. Os pais, ainda hoje vivos,<br />

conheceram-se por fotografia e casaram-se<br />

em Espanha. Filho único,<br />

recorda-se a <strong>de</strong>terminada altura, <strong>de</strong><br />

ter pedido um irmão. Depois habituou-se<br />

à i<strong>de</strong>ia.<br />

Tímido e introvertido por natureza,<br />

o pianista <strong>de</strong>testava, em pequeno,<br />

quando os pais lhe pediam para<br />

tocar piano em casa <strong>de</strong> amigos. Ainda<br />

hoje, aos 59 anos, custa-lhe muito<br />

entrar num café para pedir um copo<br />

<strong>de</strong> água ou telefonar para alguém<br />

que não conheça. Nestas situações<br />

recorre à mulher, Julieta, “uma espécie<br />

em vias <strong>de</strong> extinção”, completamente<br />

diferente <strong>de</strong> si, com quem partilha<br />

a vida há mais <strong>de</strong> três décadas.<br />

Conheceram-se no <strong>Instituto</strong> Superior<br />

Técnico, foram colegas no curso <strong>de</strong><br />

engenharia civil.<br />

O pianista habituou-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

muito cedo às apresentações em<br />

público. Com apenas sete anos foi<br />

<strong>de</strong> barco à Ma<strong>de</strong>ira tocar com a orquestra<br />

<strong>de</strong> sopros da Fundação Musical<br />

dos Amigos das Crianças. Recorda-se<br />

do nervosismo que sentiu<br />

mas nada exagerado. Confessa que<br />

hoje é pior, cada vez que sobe ao<br />

palco as mãos gelam. Por isso, antes<br />

<strong>de</strong> cada actuação, no camarim,<br />

passa as mãos por água quente,<br />

mesmo que seja em pleno Verão. O<br />

espectáculo <strong>de</strong> inauguração do edifício<br />

da Escola Superior <strong>de</strong> Música<br />

<strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> não foi excepção. O inédito<br />

é que o fez à frente do público.<br />

Em criança, refugiava-se no quarto<br />

a brincar, entregue a si mesmo.<br />

Muitas vezes os pais encontravam-no<br />

a chorar sem razão aparente. Hoje,<br />

continua a apreciar os momentos <strong>de</strong><br />

solidão. Em casa passa horas sozinho<br />

a tocar piano.<br />

Nos espectáculos a solo dispensa<br />

as partituras. Tem consciência que,<br />

com o avançar da ida<strong>de</strong>, custa-lhe<br />

muito mais memorizar e o <strong>de</strong>sgaste,<br />

após cada concerto, é “brutal”. Acredita<br />

que o sucesso <strong>de</strong> um concerto<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em muito da performance do<br />

piano. Prefere um piano com sonorida<strong>de</strong>s<br />

mais aveludadas.<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se um homem <strong>de</strong> sorte,<br />

há alturas em que anda profundamente<br />

<strong>de</strong>primido. O “país cinzento”<br />

em que vivemos e as adversida<strong>de</strong>s<br />

da vida entristecem-no.<br />

Vencedor <strong>de</strong> distintos prémios nacionais,<br />

tem actuado, em recitais, por<br />

todo o país, e conta com várias apresentações<br />

no estrangeiro.<br />

Dá aulas na Escola Superior <strong>de</strong><br />

Música <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> há mais <strong>de</strong> 35 anos.<br />

Em jeito <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira até já lhe chamam<br />

<strong>de</strong> professor <strong>de</strong>cano. Procura<br />

manter com os alunos uma relação<br />

pessoal, não se limita a transmitirlhes<br />

a técnica pianista. Extremamente<br />

exigente consigo e com os outros,<br />

irrita-se quando os alunos não falam<br />

correctamente o português.<br />

Jorge Moyano com colegas da Escola Superior <strong>de</strong> Música <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> em 1987<br />

Politecnia n.º 25 Fevereiro / 2011

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