A Moeda - Viverpontocom
A Moeda - Viverpontocom
A Moeda - Viverpontocom
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Joyce Meyer e Deborah Bedford<br />
e a curiosidade de James Stewart nesta história de um romance obscurecido<br />
pelo pavor de um segredo aterrorizante”.<br />
A delicada e sofisticada atriz em um safári com Clark Gable, a noiva<br />
pioneira que protegeu Gary Cooper em um tiroteio, não parecia<br />
tão notável para mim. Mas os filmes em que ela trabalhou representando<br />
garotas que alcançaram o sucesso mexiam com o meu interior<br />
como a lua toca o rio Mississipi.<br />
Era Jean quem copiava tudo de Grace Kelly, desde o cabelo que<br />
ela puxava para cima na forma de uma banana na nuca, até os óculos<br />
escuros que a faziam parecer glamorosa e misteriosa ao mesmo tempo,<br />
e também a echarpe que ela usava, ondulante como uma nuvem de<br />
primavera amarrada abaixo do queixo. Jean me deixava maluca com a<br />
maneira como ela deixava os pensamentos sobre Grace Kelly dominarem<br />
sua vida. Às vezes eu pensava que ia ficar louca se não parasse de<br />
falar sobre o sr. Kelly ter dado o apelido de graciebird para sua filha,<br />
ou sobre como no seu primeiro comercial ela aparecia usando um<br />
spray de inseticida em uma sala, ou sobre como, no início, a maioria<br />
dos diretores para os quais ela havia feito audições a haviam achado<br />
alta demais. Eu não aguentava mais ouvir a história a respeito da adolescência<br />
de Grace e de como ela se sentou no banco da frente de um<br />
conversível e dirigiu o carro segurando o volante com os pés.<br />
Eu estava revirando minha carteira, procurando a bolsa de moedas,<br />
pensando em como minha irmã me tirava do sério por não conseguir<br />
falar sobre nada além de Grace Kelly, quando Jean chegou e me arrastou<br />
pela escada estreita. “O bonde está chegando”, ela disse, enquanto<br />
eu virava os olhos na direção dos raios fortes de luz. Mas ela não<br />
precisava ter me dito aquilo. O alarme soou enquanto a porta abriu e<br />
Jean me empurrou pelos degraus. Fomos para a parte de trás comprar<br />
as passagens e nos jogamos nos assentos quentes e duros. Minha irmã<br />
cruzou as pernas, colocou os óculos escuros na testa e tirou um batom<br />
vermelhíssimo. Ela desenhou um círculo perfeito em torno de sua<br />
boca e o secou com papel. Quando ela abriu a bolsa para guardar o<br />
batom, captei o princípio do que seria o cheiro da Jean adulta: uma<br />
mistura de pó de arroz e lenço de papel com perfume fraco e colônia<br />
17