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Fig. 21 - Pormenor do RCA Mark II Electronic Music Synthesizer, desenvolvido<br />
por H. Olson e H. Belar (1957).<br />
putador de L. Hiller em 1956 nos E.U.A., seguidos de<br />
P. Barbaud e de I. Xenakis em França e de outras. Nos<br />
Bell Laboratories, em 1957 M. Mathews e os seus colaboradores<br />
r<strong>ea</strong>lizaram o primeiro registo numérico e a<br />
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primeira síntese de sons por computador e, em 1965, J.C.<br />
Risset simula computacionalmente os primeiros sons de<br />
intrumentos musicais.<br />
Em 1973 constrói-se o primeiro sintetizador numérico,<br />
o Synclavier o qual será então comercializado, e cerca<br />
de dez anos depois o público tem acesso à gravação<br />
digital dos CD’s (compact disc).<br />
O processo complexo de análise do som inicia-se<br />
com a captação das ondas sonoras, transmitidas pelo ar,<br />
por um microfone que as transforma num sinal eléctrico<br />
analógico. Este sinal analógico é medido e convertido<br />
numa corrente de números num equipamento de gravação<br />
digital. Assim o som numérico é constituído por<br />
uma sucessão de dados binários (0’s e 1’s) e pode ser lido<br />
por um computador, armazenado num CD-ROM, enviado<br />
pela internet e tocado num leitor digital.<br />
Mas se se podem calcular os números sucessivos representando<br />
uma onda sonora, efectuando-se a síntese<br />
numérica do som e obtendo-se assim uma sonorização<br />
com uma precisão e uma reprodutibilidade sem precedentes,<br />
pode-se também, através de modalidades diversas<br />
especificadas pela programação, compor directamente<br />
o som, “inventar” instrumentos e tons artificiais ou tocar<br />
música em orquestras virtuais através dos multimedia.<br />
Neste processo desempenha desde 1983 um papel fundamental<br />
a norma MIDI (Musical Instrumental Digital<br />
Interface) que permite aos computadores gravar e editar<br />
música, do mesmo modo que as notas numa partitura<br />
indicam aos músicos como tocar. É claro que neste<br />
novo e cada vez mais acessível artesanato informático<br />
do som musical a matemática é um instrumento implicitamente<br />
omnipresente.<br />
Se hoje em dia temos o domínio da numerização na<br />
análise e síntese do som musical, se começámos a esboçar<br />
a matematização de certas estruturas musicais e os<br />
computadores nos permitem ouvir os cálculos e as estruturas<br />
matemáticas, i.e., parafras<strong>ea</strong>ndo Saccheri temos<br />
Pythagoras ab omni naevo vindicatus sive Conatus<br />
arithmeticus quo stabiliuntur prima ipsa universæ musicæ<br />
principia (Pitágoras liberto de toda a mácula ou a tentativa<br />
aritmética de estabelecer os primeiros princípios de<br />
toda a música), podemos continuar a concordar com<br />
Aristoxenus e aceitar que a justificação da música está no<br />
prazer da sua audição e na sua fruição.