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o Bom custo-BEnEfício dos VinHos sul-amEricanos<br />
Por Sérgio Inglez de Souza<br />
Quem se debruçar sobre passado recente, talvez<br />
voltando uns trinta anos, vai encontrar o grosso do<br />
mercado brasileiro consumindo vinhos inferiores, tanto<br />
europeus e quanto sul-americanos. Na entrada da<br />
década de 1980, em pleno nascedouro da era Robert<br />
Parker, o nível de qualidade dos vinhos passou a ser<br />
classificado em números de 50 a 100, quer do próprio<br />
Parker, quer da Jancis Robinson, quer das grandes<br />
revistas como a Wine Spectator. Na mesma linha<br />
surgiram as classificações por estrelas, taças, rolhas...<br />
e assim por diante. A contribuição fundamental dessas<br />
iniciativas foi acordar produtores e exportadores para<br />
uma nova relação com o mercado, baseada em vinhos<br />
dentro de uma pirâmide de custo-qualidade. No cone<br />
sul-americano, a evolução foi rápida e decidida.<br />
O encontro com o padrão do Decanter Wine<br />
Show 2010, retrato da competência do amigo Adolar<br />
Hermann, foi a prova do que estou afirmando.<br />
Lá estavam, dentre muitos, expositores do Brasil,<br />
Argentina, Uruguai e Chile.<br />
O Brasil estava muito bem representado pela<br />
Quinta da Neve, que é a vinícola pioneira da região<br />
serrana de São Joaquim, Santa Catarina. Seus vinhedos<br />
situam-se na altitude de 1.200 metros e produzem<br />
uvas de alta qualidade, resultando vinhos distintivos<br />
como o Chardonnay. No evento colocou para degustação<br />
o Cabernet Sauvignon (R$39,60) e o Pinot Noir<br />
(R$63), este que é considerado o melhor brasileiro<br />
desta variedade.<br />
Entre os argentinos, tivemos importantes destaques.<br />
A Viña Alicia é uma boutique winery de excepcional<br />
qualidade, que comercializa 15 mil garrafas por<br />
ano, exportadas para os mais exigentes mercados do<br />
mundo. Sua faixa de preços vai de R$64 a R$195. Um<br />
destaque de qualidade especial é o branco Tiara 2007<br />
(R$123), corte de Riesling, Alvarinho e Savagnin,<br />
uma verdadeira jóia, e o Brote Negro Malbec 2007<br />
(R$195) que conheci antes do lançamento ao ganhar<br />
na vinícola uma garrafa ainda sem rótulo! Um Malbec<br />
de vinhedo único no mundo!<br />
A Luigi Bosca, como grande vinícola, oferece<br />
um leque de vinhos que abrange preços de R$32,40<br />
a R$373,35. O reserva Brut Nature Champenoise<br />
(R$93,80), corte de Chardonnay e Pinot Noir, talvez<br />
seja o melhor espumante argentino. O Finca<br />
Los Nobles Malbec Verdot 2005 (R$180,15) traz a<br />
elegância da Malbec com os nervos da Petit Verdot.<br />
Muito bom.<br />
<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 53<br />
De Salta, noroeste argentino, vêm os vinhos da Bodega<br />
Colomé, uvas cultivadas nos vinhedos de maior<br />
altitude do mundo, entre 2.200 e 3.111 metros. Destaque<br />
para o Torrontés 2008 (R$41,70) e o excepcional<br />
Colomé Reserva 2007 Malbec e Cabernet Sauvignon<br />
(R$194,95).<br />
A uruguaia Bouza tem uma área de 18 hectares de<br />
vinhedos em Las Violetas e Melilla, na região de Montevidéu,<br />
e trabalha os vinhedos com baixa produtividade e<br />
com seleção das uvas. Levou para o Decanter Wine Show<br />
um vinho branco e cinco tintos. O branco Albariño 2009<br />
mostra-se perfeito na tipicidade varietal. Dos tintos, o<br />
Tannat A8 Parcela Única 2007 é um soberbo varietal, que<br />
põe a tremer todos os produtores franceses do Madiran;<br />
o ícone Monte Vide Eu 2006 revela toda a criatividade<br />
do enólogo ao montar o assemblage de Tannat, Merlot e<br />
Tempranillo – imperdível!<br />
O Chile também estava bem representado. A Caliterra<br />
surgiu em 1996 pela associação de E.Chadwick com<br />
R.Moldavi, focando inicialmente nas grandes produções<br />
de vinhos mais correntes. Em 2004 Chadwick adquiriu<br />
a participação americana e, com sua visão de vinhos de<br />
qualidade, tratou de obter o que o vale de Colchagua<br />
tem de melhor a oferecer. Seus vinhos varrem a faixa de<br />
R$41,80 a R$245,00. O Sauvignon Blanc Tributo Single<br />
Vineyard 2008 (R$66,20) é um digno Chadwick. Já o<br />
Cenit 2006 (R$245,00) – corte de Cabernet Sauvignon,<br />
Mercado<br />
Alicia Arizu, da Viña Alicia<br />
Malbec, Carmenère e Petit Verdot – é um ícone simplesmente<br />
imperdível!<br />
A Villard State, uma bodega boutique, está focada<br />
na elaboração de pequenos lotes de vinhos de qualidade,<br />
a partir do terroir do Valle de Casablanca. Sua<br />
gama de vinhos custa de R$59,70 a R$171,50, com<br />
destaque para o refrescante Sauvignon Blanc Reserve<br />
Expression 2008 (R$59,70), e o Le Pinot Noir Gran<br />
Vin 2007 (R$120,00), considerado o melhor varietal<br />
chileno desta casta.<br />
A Viña El Principal tem seus 54 hectares nas fraldas<br />
dos Andes, a 800 metros de altitude, em Pirque,<br />
no Valle del Maipo, próximo a Santiago. Seus vinhos<br />
estão na faixa de preços de R$44,30 a R$245,00. O<br />
mais notável custo-benefício é o Memórias 2006, corte<br />
de Cabernet Sauvignon e Carmenère (R$117,20),<br />
robusto e de boca muito agradável.<br />
Desta forma os vinhos sul-americanos vão bem ao<br />
encontro do consumidor e marcam seu território no<br />
mercado brasileiro. A evolução dos rótulos mostram<br />
o potencial para avançar ainda mais nos diversos<br />
nichos de estilos de vinho apreciado aqui no Brasil.<br />
A Decanter, mais uma vez, confirma sua posição de<br />
casa voltada à garimpagem de bons rótulos de tintos,<br />
brancos e espumantes, enfim, vinhos para todos os<br />
paladares.<br />
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