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Vinhos, restaurantes, lojas, eventos, dicas, humor - Jornal Vinho & Cia

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<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong><br />

Ano 6 - Número 48 - R$ 8,00<br />

ConVisão<br />

O melhor de 2009<br />

www.jornalvinhoecia.com.br<br />

<strong><strong>Vinho</strong>s</strong>, <strong>restaurantes</strong>, <strong>lojas</strong>, <strong>eventos</strong>, <strong>dicas</strong>, <strong>humor</strong>


Aperitivo<br />

Vamos ao ano 6<br />

Foi em 2005 que iniciamos<br />

as publicações do<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong>. Muita gente<br />

não acreditava no projeto. Embora<br />

em bom papel branco, era<br />

um jornal, e não uma reluzente<br />

revista com capa de verniz; era<br />

compacto, e não um calhamaço;<br />

era descontraído, e não sisudo;<br />

era integrado por colunistas com<br />

textos fáceis de ler, e não por<br />

“supostos papas” com palavras<br />

rebuscadas; era principalmente<br />

Nas páginas desta edição...<br />

do <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong><br />

Aperitivo tudo do vinho BrAsil do vinho em BoA CiA<br />

4- Restrospectiva<br />

6- <strong>Vinho</strong> Tinta<br />

(Custódio)<br />

8- <strong>Vinho</strong>&Saúde<br />

(Jairo Monson)<br />

10- O que beber<br />

11- Tim-tim por tim-tim<br />

4<br />

distribuído por assinaturas e em<br />

pontos de consumo, e não de<br />

modo predominante em bancas;<br />

e era diferente, e não a mesmice<br />

do mercado...<br />

O tempo se passou, o que<br />

era continuou sendo, e a sua<br />

fórmula mostrou que houve - e<br />

há - muito público interessado na<br />

sua leitura frequente, até porque<br />

ao longo desse período evoluiu.<br />

E a você, leitor, que tornou possível<br />

estarmos aqui agora, nesse<br />

12- Todo o vinho<br />

(Sérgio Inglez)<br />

13- América do Sul<br />

(Euclides Penedo Borges)<br />

14- Velho Mundo<br />

(Walter Tommasi)<br />

15- Novo Mundo<br />

(Beto Acherboim)<br />

16- <strong>Vinho</strong> na Academia<br />

(Carlos Arruda)<br />

17- Que negócio é esse?<br />

(Álvaro Cézar Galvão)<br />

18- Na mesa de testes<br />

17<br />

ano 6, só temos que agradecer<br />

bastante.<br />

Nesta edição apresentamos<br />

uma retrospectiva de 2009. Selecionamos<br />

os melhores rótulos<br />

que provamos, os fatos mais<br />

relevantes e as matérias mais interessantes<br />

escritas pelos nossos<br />

colunistas, que formam a maior<br />

equipe especializada em vinhos<br />

no país. Tudo para você começar<br />

muito bem 2010, e nós o ano 6.<br />

Porque todos merecemos esse<br />

22- Pelo país<br />

(Denise Cavalcante)<br />

23- Circuito do <strong>Vinho</strong><br />

(Fernando Quartim)<br />

23- Nas ondas do Rio<br />

(Jaque Barroso)<br />

24- <strong>Vinho</strong> é arte<br />

(Maria Amélia)<br />

25- Uai!<br />

(Andréa Pio)<br />

26- Circuito <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong><br />

ano que promete muito. Então...<br />

Vamos a ele. Tim-tim!<br />

Regis Gehlen Oliveira, editor<br />

23 28<br />

28- Viajando com vinho<br />

(Adriana Bonilha)<br />

29- Charutos & Destilados<br />

(Cesar Adames)<br />

30- Comportamento<br />

(Didú Russo)<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong><br />

Ano 6 - Número 48<br />

www.jornalvinhoecia.com.br<br />

Editor<br />

Regis Gehlen Oliveira<br />

Publicação<br />

ConVisão<br />

Al. Araguaia, 933, 8o. and.<br />

Alphaville<br />

06455-000, Barueri, SP<br />

Colaboradores<br />

Adriana Bonilha / Álvaro C. Galvão<br />

Andréa Pio / Beto Acherboim<br />

Carlos Arruda / Cesar Adames<br />

Custódio / Daniela Zandonadi<br />

Denise Cavalcante / Didú Russo<br />

Norio Ito / Euclides Penedo Borges<br />

Fernando Quartim / Jaqueline Barroso<br />

Jairo Monson / Maria Amélia<br />

Sérgio Inglez / Walter Tommasi<br />

Assinaturas e<br />

Propaganda<br />

(11) 4192-2120<br />

jornal@jornalvinhoecia.com.br<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> é uma publicação da<br />

ConVisão relativa ao segmento de<br />

vinhos e suas companhias naturais,<br />

como gastronomia, <strong>restaurantes</strong>,<br />

prazer, conhecimento, viagens e<br />

outras. Circula principalmente em São<br />

Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais<br />

e Rio Grande do Sul, nos principais<br />

<strong>restaurantes</strong> e <strong>lojas</strong> especializadas.<br />

Pode ser adquirido por assinaturas<br />

ou em bancas selecionadas.<br />

Os artigos e comentários assinados não refletem<br />

necessariamente a opinião da editoria.<br />

A menção de qualquer nome neste veículo não<br />

significa relação trabalhista ou vínculo contratual<br />

remunerado.<br />

Associado à<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

<strong><strong>Vinho</strong>s</strong> e <strong>Cia</strong> 245x285.pdf 05/10/2009 18:03:30<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

Nos lugares mais elevados,<br />

desde sua origem.<br />

A Sanjo, de São Joaquim (SC), teve dois de seus vinhos premiados na sexta edição do Concurso<br />

Mundial de Bruxelas – Etapa Brasil. O Núbio Cabernet Sauvignon 2005 recebeu a medalha Gran<br />

Ouro e o Maestrale Cabernet Sauvignon 2005 foi premiado com a medalha Ouro. A premiação<br />

reitera a qualidade e a excelência dos vinhos Sanjo, que são produzidos com uvas plantadas em até<br />

1.300m de altura e premiados nos <strong>eventos</strong> em que participam, colocando-os, desde sua origem,<br />

em um patamar elevado.<br />

VENDAS (49) 3233 0012<br />

sanjo@sanjo.com.br • www.sanjo.com.br


4<br />

Retrospectiva<br />

O melhor de<br />

2009<br />

Aequipe do <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> trabalhou bastante durante o ano.<br />

Acompanhe nas páginas seguintes o que de melhor ela<br />

trouxe, a partir de provas, reportagens, fatos, <strong>dicas</strong>, <strong>humor</strong>...<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


AF ASB 0005-09AM AN VINHO QUINTA DA NEVE 245X285.pdf 1 23/11/09 14:40<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48


6<br />

<strong>Vinho</strong> Tinta<br />

As melhores do Custódio<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


<strong>Vinho</strong> está na moda<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

e a gente faz o estilo<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong>


8<br />

<strong>Vinho</strong> &Saúde<br />

As melhores do dr. Jairo<br />

É verdade que...<br />

Para a saúde é melhor vinho tinto<br />

do que branco?<br />

Tanto faz. Beba o que lhe for mais agradável.<br />

Faça isso sempre com moderação, junto com<br />

uma refeição saudável e uma boa companhia.<br />

Os benefícios do vinho para a saúde, de maneira geral,<br />

guardam relação direta com o baixo teor alcoólico, a alta<br />

taxa de polifenóis totais e a capacidade antioxidante. Os<br />

vinhos tintos têm bem mais polifenóis (pelo modo como<br />

são vinificados) e os brancos outros antioxidantes. Os<br />

vinhos brancos são apenas pouco estudados e não são<br />

desprovidos de efeitos sobre a saúde. É possível que as<br />

diferenças entre brancos e tintos estejam mais na cor do<br />

que nos seus efeitos.<br />

<strong>Vinho</strong> causa problema de fígado?<br />

Sim (se em excesso) e não (se moderação). Esse<br />

é mais um paradoxo dessa bebida fascinante.<br />

O álcool em excesso é o maior algoz do<br />

fígado por ser muito hepatotóxico. No entanto, vários<br />

estudos observacionais sugerem uma proteção hepática<br />

com a ingestão moderada de vinho.<br />

A dra. Agnes Simonyi observou em laboratório<br />

que “os polifenóis do vinho inibem alguns dos efeitos<br />

danosos do álcool”. A Dra. Ajmo e colegas da Flórida<br />

demonstraram em ratos que o resveratrol é o responsável<br />

por essa hepatoproteção. E (incrivelmente!) que esta<br />

proteção é maior quando o resveratrol está associado ao<br />

álcool, como no vinho.<br />

Quem fuma se beneficia<br />

ao beber vinho?<br />

Sim. O cigarro é a maior fonte de Radicais Livres<br />

para o organismo (em cada tragada absorve-se<br />

cerca de 1X1017). Eles são espécimes químicos<br />

muito reativos porque tem um único elétron em sua última<br />

camada e, de uma maneira geral, causam dano orgânico.<br />

Estão associados a mais de 100 situações clínicas, entre<br />

elas: cânceres, envelhecimento, reumatismos, etc.<br />

Os vinhos, sobretudo os tintos, são ricos em antioxidantes<br />

que neutralizam os Radicais Livres. É por isso que<br />

vários estudos mostram que os fumantes que bebem vinho<br />

regularmente tem atenuado os malefícios do cigarro.<br />

<strong>Vinho</strong> protege de doenças renais?<br />

Parece que sim. Existem poucos estudos sobre<br />

isso. Um trabalho muito bonito foi feito na<br />

Faculdade de Medicina da Universidade do<br />

Chile, com ratos. Durante 10 semanas um grupo de ratos<br />

recebeu água, outro vinho tinto com 12,5% de álcool,<br />

outro o mesmo vinho, porém desalcoolizado, e um quarto<br />

grupo recebeu uma solução com 12,5% de álcool (a<br />

mesma do vinho). Todos eles receberam um tratamento<br />

para induzir injúria renal. Apenas os ratos que receberam<br />

vinho tinto não apresentaram danos morfológicos, bioquímicos<br />

e funcionais dos rins. Porém mais estudos são<br />

necessários para esclarecer essa questão.<br />

?<br />

Jairo Monson<br />

Médico e escritor<br />

jairo@jornalvinhoecia.com.br<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48


O Que Beber<br />

Os melhores para a adega<br />

Tinto se aprecia melhor na temperatura ambiente?<br />

Se for na temperatura ambiente de caves européias em geral<br />

podemos dizer que sim. Contudo, estamos no Brasil, onde as temperaturas<br />

médias são na maioria dos períodos do ano superiores<br />

ao ideal para tintos, entre 140C para os mais leves até 200C para<br />

os mais encorpados.<br />

10<br />

Siga o sentido da seta para a melhor escolha<br />

pratos mais leves pratos mais consistentes<br />

<strong><strong>Vinho</strong>s</strong> tintos (temperatura de serviço preferencialmente entre 14 o C a 20 0 C)<br />

Mais adequados a carnes, queijos consistentes e massas mais condimentadas<br />

Danti<br />

Nero D’Avola 07 (R$25)<br />

Villaggio Grando<br />

Innominabile Lote II (R$65)<br />

Villaggio Grando: (49) 3563-1188<br />

Mandolin<br />

Syrah 2005 (R$69)<br />

Winery: (11) 3345-1950<br />

<strong><strong>Vinho</strong>s</strong> brancos e rosés (temperatura de serviço preferencialmente entre 8 a 14 0 C)<br />

Mais adequados a peixes, frango, porco, queijos delicados e massas mais leves<br />

Casa Valduga Gran Reserva<br />

Chardonnay (R$50)<br />

Casa Valduga: (11) 5044-7000<br />

<strong><strong>Vinho</strong>s</strong> espumantes (temperatura de serviço preferencialmente entre 5 o C a 8 0 C)<br />

Mais adequados a aperitivos (os do tipo brut) e a sobremesas (os dos tipos demi-séc e Moscatel)<br />

Salton<br />

Reserva Ouro (R$29)<br />

Salton: (11) 2281-3300<br />

Com bom custo-benefício!<br />

Casal da Coelheira<br />

Tinto 2007 (R$39)<br />

Don Diego<br />

Syrah (R$53)<br />

Mercovino: (16) 3625-4715<br />

SP Gourmet: (11) 3375-9576<br />

Cardetto<br />

Nero della Greca 04 (R$92)<br />

Protos<br />

Verdejo 2006 (R$54)<br />

Península: (11) 3822-3986<br />

Patrimonio<br />

Nielluciu e Grenache (R$110)<br />

Le Tire Bouchon: (11) 3822-0515<br />

Encostas do Douro<br />

DOC 05 (R$45)<br />

Wine Lovers: (11) 8439-3392 Decanter: (11) 3073-0500 Vila <strong><strong>Vinho</strong>s</strong>: (11) 3719-1504<br />

Miolo<br />

Brut Millésime (R$56)<br />

Miolo: (0800) 970-4165<br />

Yume Montepulciano<br />

D’Abruzzo 05 (R$50)<br />

Porto a Porto: (41) 3018-7393<br />

Núbio<br />

Rosé (R$45)<br />

Espumante Pericó<br />

Rosé Brut (R$35)<br />

Sanjo: (49) 3233-0012<br />

Pericó: (49) 3233-1100<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

Tim-tim por tim-tim<br />

O melhor<br />

das harmonizações<br />

originAl shundi<br />

Prato: Sashimi de atum, salmão e agulhão<br />

<strong>Vinho</strong>: Château La Frainelle 2006, Bordeaux, França,<br />

Shoyu e wassabi acompanham o prato. O primeiro<br />

é ácido, doce e salgado ao mesmo tempo.<br />

O segundo é extremamente picante. Ambos<br />

dificultam qualquer casamento com vinhos<br />

Branco das<br />

uvas Semillón<br />

e Sauvignon<br />

Blanc, com<br />

toques<br />

minerais e<br />

cítricos, acidez<br />

bem marcada<br />

e equilíbrio,<br />

combinando<br />

com o prato<br />

quando<br />

provado com<br />

pouco shoyu<br />

e wassabi. O<br />

mineral ajuda<br />

na harmonia<br />

com o prato<br />

Salmão, untuoso, corpo<br />

médio, com forte sabor,<br />

tende a metalizar com os<br />

vinhos com pouca acidez ou<br />

com presença de taninos<br />

Agulhão, peixe branco,<br />

mais leve, com pouca<br />

gordura, relativamente<br />

neutro de sabor<br />

Atum, gorduroso,<br />

com sabor marcante,<br />

pede vinho mais<br />

estruturado para se<br />

equilibrar<br />

vinheriA perCussi<br />

Prato: Involtini di manzo in salmi com patate croccanti<br />

<strong>Vinho</strong>: Rosso Sangervasio, Toscana, Itália<br />

Alecrim,<br />

desfiado<br />

sobre o prato<br />

proporciona<br />

o perfeito<br />

casamento<br />

com o tinto<br />

italiano<br />

Batata, bem crocante, de<br />

sabor neutro, dá graça e<br />

equilíbrio ao prato<br />

Ervas, dão leveza à<br />

linguiça e se integram<br />

ao vinho<br />

Nos <strong>restaurantes</strong> Original Shundi e Vinheria<br />

Percussi em São Paulo, colunistas do<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> provaram menus com vinhos<br />

sugeridos pelos sommeliers das casas. Eles contaram<br />

e mostraram, tim-tim por tim-tim, o que<br />

combina e porquê, como os ingredientes e os<br />

vinhos se relacionam, e deram as <strong>dicas</strong> de melhor<br />

harmonização.<br />

Involtini, carne com miolo de pão,<br />

recheada com linguiça toscana, levemente<br />

apimentada, com forte sabor<br />

Tinto das uvas Sangiovesi, Merlot<br />

e Cabernet Sauvignon, com<br />

bastante mentolado, forte herbáceo<br />

e corpo médio<br />

11


1<br />

Todo <strong>Vinho</strong><br />

O melhor<br />

das estrelas brasileiras<br />

“Sérgio Inglez<br />

apresentou muita<br />

coisa boa do mundo<br />

do vinho em 00 . Os<br />

espumantes brasileiros<br />

estiveram entre os<br />

destaques. Veja como<br />

O<br />

Brasil pode se considerar abençoado!<br />

Aqui as estrelas brilham<br />

como em poucos lugares do<br />

mundo. Prova disso foi o VI Concurso<br />

do Espumante Brasileiro, realização da<br />

ABE – Associação Brasileira de Enologia,<br />

em Garibaldi, nos dias 4, 5 e 6 de agosto<br />

de 2009.<br />

Neste sexto concurso ficou clara a<br />

vitalidade crescente dos espumantes brasileiros,<br />

cujos rótulos se multiplicam ano<br />

a ano, dentro de um nível de qualidade que<br />

bem mostra a maturidade do segmento.<br />

Sessenta e seis vinícolas inscreveram<br />

205 amostras que foram avaliadas por 65<br />

degustadores das mais distintas posições<br />

no mercado: enólogos, jornalistas, escritores,<br />

professores e pesquisadores. Todos<br />

seguiram normas de avaliação internacionais<br />

da Organização Internacional da Uva<br />

e do <strong>Vinho</strong> (OIV) e da União Internacional<br />

dos Enólogos (UIOE), para dar pontuação<br />

a cada amostra, oferecendo as bases para<br />

premiar 30% das amostras, ou seja, 62<br />

foram premiadas nas distinções: 1 Grande<br />

Medalha de Ouro (pontuação de 94 a 100),<br />

48 Medalhas de Ouro (pontuação de 88<br />

a 93) e 13 Medalhas de Prata (pontuação<br />

de 84 a 87).<br />

Neste conjunto de premiadas vale<br />

destacar algumas das muitas vinícolas de<br />

desempenho exemplar:<br />

- Dal Pizzol, 1 Grande Medalha de Ouro<br />

e 2 de Ouro<br />

- Salton, 3 de Ouro e 1 de Prata<br />

- Estrelas do Brasil, 3 de Ouro<br />

- La Cantina, 3 de Ouro<br />

- Dom Cândido, 3 de Ouro<br />

- Perini, 3 de Ouro<br />

- Casa Valduga, 2 de Ouro<br />

- Vinícola Garibaldi, 2 de Ouro<br />

- Pompéia, 2 de Ouro<br />

- Cordelier, 2 de Ouro.<br />

- Panizzon, 1 de Ouro, 2 de Prata<br />

- Calza Júnior, 1 de Ouro e 1 de Prata<br />

- Pedrucci, 1 de Ouro e 1 de Prata<br />

- Góes & Venturini, 1 de Ouro<br />

Destacaram-se como novidades importantes<br />

as catarinenses Panceri e Pericó,<br />

a mineira LC Marcon, e as gaúchas Don<br />

Bonifácio, Vinícola São Luiz, União de<br />

<strong><strong>Vinho</strong>s</strong>, Peruzzo, Salvador, Viapiana,<br />

Fabian, Faé, Dom Hermínio, Gazzaro e<br />

a Giaretta.<br />

Com tantos novos produtores de qualidade,<br />

somando-se aos rótulos das vinícolas<br />

tradicionais, realmente fica muito<br />

auspicioso falar das estrelas brasileiras.<br />

estrelAs de Altitude<br />

Há longos anos acompanho o nascimento<br />

e o crescimento da vitivinicultura<br />

de altitude em várias áreas de Santa<br />

Catarina.<br />

A história do vinho catarinense passa<br />

pela colonização do oeste do estado,<br />

numa faixa chamada de Contestado, para<br />

onde migraram italianos gaúchos atrás de<br />

novas terras. Famílias como Arcari, Piccoli,<br />

Zago, Pisani, Panceri e outras foram<br />

dando continuidade ao modelo do vinho<br />

gaúcho baseado na Isabel.<br />

Na década de 1950, Nilo Panceri volta<br />

do Paraná e retoma suas atividades vitivinícolas<br />

em Tangará. Cansado das geadas<br />

tardias que freqüentemente assolavam os<br />

vinhedos das partes mais baixas, passou<br />

a defender a necessidade de se subir pelas<br />

encostas, buscando proteção nas altitudes.<br />

Chegou à Serra do Marari. Atualmente nas<br />

mãos dos herdeiros Celso e Luiz Panceri,<br />

a vinícola explora rigorosamente vinhedos<br />

de altitude e pode oferecer, entre bons<br />

vinhos, seus espumantes de qualidade.<br />

Lembro-me do grande revolucionário,<br />

Dilor de Freitas, colocando pedra sobre<br />

pedra em chão virgem para erigir a sua<br />

obra de arte, a Villa Francioni. De repente,<br />

das mãos do enólogo Bettú, além dos vinhos<br />

tranqüilos de grande qualidade, vêm<br />

saindo diferenciados espumantes.<br />

Nos altos de Caçador, no distrito de<br />

Água Doce, o empreendedor Maurício<br />

Grando formou vinhedos perfeccionistas,<br />

estudou muitas variedades, testou vinificações...<br />

montou sua cantina. Vamos<br />

aguardar a hora, para, dentro de uma linha<br />

de produtos super-premium, atestar o<br />

grande estilo dos seus espumantes.<br />

Não esgotando as vinícolas, surge<br />

a mais nova revelação dos altos catarinenses,<br />

a Vinícola Pericó, com dois brut<br />

baseados na dupla Cabernet Sauvignon e<br />

Merlot, um branco e um rosé, que estão<br />

de fechar o comércio.<br />

Sérgio Inglez de Souza<br />

Escritor e consultor<br />

sergio@jornalvinhoecia.com.br<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


O melhor<br />

do Cone Sul<br />

“Euclides Penedo<br />

trouxe para o<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> em 00<br />

o mundo do Cone Sul.<br />

Acompanhe aqui um pouco<br />

sobre chilenos, argentinos e<br />

uruguaios.<br />

Ao terminar, em breve, a primeira<br />

década do Século XXI, a América<br />

do Sul vê consolidada sua maturidade<br />

vitivinícola a nível internacional.<br />

Provas disso são a disponibilidade de vinhos<br />

de qualidade superlativa, elaborados<br />

cuidadosamente em condições especiais<br />

no Chile, na Argentina, no Uruguai e no<br />

Brasil, e o reconhecimento dessa melhoria<br />

qualitativa por parte de revistas especializadas<br />

e de avaliadores reconhecidos no<br />

mundo dos vinhos.<br />

Chama atenção o grande número de<br />

referências favoráveis e notas elevadas<br />

em revistas como a Decanter inglesa, a<br />

Wine Enthusiast e a Wine Spectator dos<br />

EUA, por onde transitam hoje os vinhos<br />

sulamericanos bem avaliados, coisa<br />

impensável há vinte anos atrás. E nos comentários<br />

elogiosos e algo surpreendentes<br />

de avaliadores do nível de Robert Parker<br />

e Jancis Robinson.<br />

A nossa previsão de que o tratamento<br />

dado internacionalmente para os vinhos<br />

do Cone Sul, tratados com certo distanciamento<br />

até os anos noventa, mudaria<br />

para melhor, se concretizou e hoje é uma<br />

realidade.<br />

uruguAios<br />

As degustações às cegas nos fazem<br />

aceitar realidades que os rótulos escondem.<br />

As surpresas favoráveis que meus grupos<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

de degustação têm tido com certos vinhos<br />

uruguaios, vistos inicialmente com reservas<br />

quando provados às claras, confirmam<br />

a observação. Com certa alegria e surpresa<br />

constatamos por duas vezes que certo tinto,<br />

dado como francês, era um Tannat uruguaio<br />

elaborado por enólogo francês.<br />

Como se sabe a variedade de destaque<br />

no país vizinho é a Tannat, casta francesa<br />

de amadurecimento precoce. Seu nome<br />

(do francês “tannin”) deriva de sua riqueza<br />

em taninos. Trazida por imigrantes bascos<br />

no século dezenove, ajustou-se com sucesso<br />

ao solo e clima do Uruguai, tornando-se<br />

a uva emblemática do país e a origem de<br />

seus melhores tintos.<br />

A vinicultura uruguaia, contudo, não<br />

se limita a ela. Lá estão outras castas<br />

tintas, como Cabernet Sauvignon, Merlot<br />

e Tempranillo, e brancas, como Chardonnay,<br />

Sauvignon Blanc e Viognier. Elas<br />

originam tintos e brancos secos, espumantes<br />

e vinhos de sobremesa.<br />

Em termos de quantidade, o Uruguai<br />

distancia-se significativamente da Argentina.<br />

Sua área de cultivo de 12 mil<br />

hectares equivale a 5% dos 200 mil hectares<br />

argentinos. Em termos de qualidade,<br />

porém, alguns de seus vinhos, elaborados<br />

em “bodegas” familiares, tendem a se<br />

emparelhar no médio prazo aos melhores<br />

do cone sul.<br />

de soBremesA<br />

No caso da América do Sul a maioria<br />

dos vinhos de sobremesa é de Colheita<br />

Tardia, sob vários nomes como Cosecha<br />

América do Sul<br />

Tardia (ou simplesmente Tardio), Late<br />

Harvest, elaborados a partir de castas européias<br />

disponíveis por aqui: Moscatel, Riesling,<br />

Sauvignon Blanc, Sémillon, Gewürztraminer.<br />

E das tintas Tannat e Malbec.<br />

São vinhos bem elaborados, avaliados<br />

entre bons e ótimos, uns poucos excelentes.<br />

E sempre de preços muito mais acessíveis<br />

do que seus similares europeus.<br />

Podemos encontrar vários deles no<br />

Brasil, incluindo o brasileiro Moscatel<br />

Late Harvest Terranova, procedente do<br />

nordeste brasileiro.<br />

itAliAnos nA ArgentinA<br />

Pode-se dizer que a vinicultura argentina<br />

é uma criação italiana. Não somente<br />

foi a imigração italiana do século dezenove<br />

que deu origem à maior parte dos vinhedos<br />

de Mendoza e San Juan como também foi<br />

obra de um italiano - o engenheiro Cesare<br />

Cipoletti - seu sistema de distribuição de<br />

água que permitiu o cultivo no deserto.<br />

O nome do engenheiro foi imortalizado<br />

no Dique Cipoletti, no Rio Mendoza,<br />

perto do qual ergue-se uma estátua em sua<br />

homenagem.<br />

No período encerrado em 1990, da<br />

produção volumosa de vinhos populares<br />

para consumo interno, o nome de destaque<br />

era o do empresário portenho de ascendência<br />

italiana Hector Greco (1928 – 1988).<br />

E a renovação e desenvolvimento dos<br />

anos noventa está ligada, por exemplo, a<br />

Nicolas Catena, neto de italiano.<br />

Não é de se estranhar, por isso, que tantos<br />

sobrenomes ligados à atual vitivinicultura<br />

argentina - alguns deles como Zucardi,<br />

Tittarelli, Canale, Rutini bem conhecidos<br />

no Brasil - tenham origem italiana.<br />

Euclides Penedo Borges<br />

Presidente da ABS-Rio<br />

euclides@jornalvinhoecia.com.br<br />

1


Velho Mundo<br />

O melhor<br />

do Velho Mundo<br />

“Da França, Itália,<br />

Espanha, Portugal e<br />

demais países, Walter<br />

Tommasi pegou em 00<br />

muita informação sobre o<br />

Velho Mundo. Acompanhe<br />

aqui algumas borbulhantes<br />

Os aficionados do mundo do vinho<br />

já estão se acostumando a discutir<br />

sobre o que é melhor ! <strong><strong>Vinho</strong>s</strong> do<br />

Velho ou do Novo Mundo, e certamente<br />

muitos já tomaram sua posição.<br />

Por escrever sobre o Velho Mundo<br />

vocês já devem ter deduzido que minha<br />

preferência já está clara, certo? Certo, mas<br />

não 100%. Se eu estivesse perdido em<br />

uma ilha solitária e o gênio da lâmpada<br />

me desse só uma escolha, certamente seria<br />

um vinho do Velho Mundo, e confesso que<br />

teria uma certa dificuldade em escolher o<br />

meu exemplar pela riqueza dos diferentes<br />

terroirs! Um elegante e longevo Borgonha?<br />

Um arredondado Bordeaux? O rei do<br />

Piemonte, o potente Barolo? O tradicional<br />

Brunello? Um delicioso Douro, um maravilhoso<br />

Rioja? Difícil escolha, certo? Bem,<br />

pelo menos para mim que aprecio todos.<br />

Mas, afinal, o que diferencia os vinhos do<br />

Velho e os do Novo Mundo?<br />

Se você pensou o terroir, certíssimo! E<br />

o que é o terroir? Mesmo que muitos possam<br />

não concordar, para mim terroir é a expressão<br />

da tradição, e é composto por elementos<br />

que não dependem da mão do homem, ou<br />

seja: topografia, tipo de solo e clima.<br />

14<br />

remédio de BolhAs<br />

Queria escrever sobre Champagne,<br />

mas sem me tornar repetitivo e falar sobre<br />

as Damas de Champagne,<br />

os condes de Champagne,<br />

o método Champenoise, o<br />

Charmat, enfim, não queria<br />

nem história nem tecnicalidades.<br />

Queria escrever coisas<br />

positivas e sobre o prazer<br />

que o champagne traz a<br />

quem o consome. Então, lá<br />

vai: vejam o que descobri<br />

em minhas pesquisas.<br />

Em 2007 duas universidades<br />

(Reading e Cagliari)<br />

publicaram resultados de<br />

suas pesquisas; e sabe o que<br />

elas dizem? Que o consumo<br />

moderado de champagne<br />

pode ajudar no combate a<br />

derrames, mal de alzheimer<br />

e doença de Parkinson.<br />

Com base nisso, sugiro você conversar<br />

com o seu médico e perguntar de qual<br />

“laboratório Maison” ele vai receitar o<br />

próximo remédio de bolhas. Mas tome cuidado<br />

para não aceitar produtos genéricos<br />

(há há há!). Eu particularmente vou falar<br />

com o Dr. Oswaldo Borges, pois tenho<br />

total confiança em seu expertise médicoenogastronômico<br />

(?!?). Mas, cá entre nós,<br />

ainda estou curioso para saber o que me<br />

faria melhor? A Blanc de Blanc, a Blanc<br />

de Noir ou a tradicional? Alguém se prontifica<br />

a iniciar esta pesquisa comigo?<br />

odisseiA 2001<br />

Na degustação Odisseia 2001 colocamos<br />

frente a frente os 5 Premier Grand<br />

Cru Classé da famosa classificação de 1855<br />

organizada a pedido do imperador Napoleão<br />

III. Por ordem de serviço degustamos:<br />

Château Lafite, Château Mouton Rothshild,<br />

Château Margaux, Château Haut Brion, e<br />

Château Latour, um desfile de ícones do<br />

Bordeaux que povoam a cabeça de muitos<br />

de nós apreciadores dos bons vinhos.<br />

Ribera del Duero, em Zamora, Espanha<br />

A safra de 2001 não gerou muitas<br />

expectativas por vir em seguida a um<br />

ano excepcional, o 2000, mas também<br />

por sofrer atrasos na colheita devido a<br />

problemas climatológicos que impactaram<br />

na maturação das uvas, nesse ano<br />

mais lenta do que o padrão da região. O<br />

impacto dessa variação foi sentida especialmente<br />

na estrutura dos vinhos tintos,<br />

que passaram a apresentar características<br />

mais elegantes. Por outro lado, a região de<br />

Sauternes foi amplamente beneficiada, e a<br />

safra dos seus vinhos doces foi a melhor<br />

dos últimos 75 anos, e foi com um exemplar<br />

do Château D’Yquem, que mereceu<br />

100 pontos do crítico Robert Parker e da<br />

Revista Wine Spectator, que encerramos<br />

nossa noitada.<br />

Estou seguro que esta degustação ficará<br />

na memória de todos os participantes<br />

e será tema de longas conversas e até<br />

mesmo de referência em trocas de idéias<br />

sobre vinhos de alta estirpe, afinal poucas<br />

pessoas tem o privilégio de participar de<br />

algo tão especial.<br />

duero<br />

Existe um rio que se Baco vivesse<br />

certamente por lá passaria o resto de sua<br />

vida: Duero ou Douro, você pode escolher<br />

o nome. Ele mata a sede e alimenta<br />

suas margens tanto na Espanha como em<br />

Portugal, permitindo que as regiões como<br />

Ribera Del Duero, Toro, Rueda e Douro<br />

brilhem no cenário mundial dos vinhos.<br />

Os vinhos da Ribera Del Duero me<br />

encantam. Na Espanha são considerados,<br />

junto com os da Rioja, como os vinhos<br />

de maior qualidade e maior longevidade;<br />

e ainda que sua uva predominante seja a<br />

mesma, a Tempranillo, existe uma diferença<br />

brutal entre eles. Os da Ribera del<br />

Duero são mais modernos, frutados e estruturados,<br />

mas sem perder a elegância.<br />

Walter Tommasi<br />

Enófilo<br />

tommasi@jornalvinhoecia.com.br<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


O melhor<br />

do Novo Mundo<br />

“Beto Acherboim<br />

buscou durante 00<br />

o melhor do Novo<br />

Mundo. Comparou com<br />

o Velho Mundo, bebeu,<br />

falou sobre uvas brancas...<br />

Bem... Acompanhe...<br />

Não há como esconder as mudanças<br />

e transformações em torno do<br />

mundo do vinho. Mais especificamente<br />

do terroir.<br />

Este termo, no início utilizado somente<br />

por produtores do Velho Mundo (principalmente<br />

da Bourgogne e da Alsácia – alguns,<br />

divertidamente chamados de terroiristes)<br />

ganhou uma série de novos adeptos.<br />

A situação era muito simples: enquanto<br />

os produtores do Velho Mundo, em sua<br />

grande maioria, ocupavam-se em rotular<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

seu vinho como único e exclusivo (não<br />

há, por exemplo, um vinho como o Romanèe<br />

Conti, com seu terroir particular),<br />

logicamente cobrando caro por isso, os<br />

produtores do Novo Mundo aproveitavam<br />

para massificar as vendas com produtos<br />

mais baratos, uniformizando o gosto do<br />

vinho, tornando-o cada vez mais fácil<br />

de se beber, e, logicamente, faturando,<br />

aumentando seus lucros e organizando-se<br />

em grandes corporações, preparando-se<br />

para a grande virada.<br />

Eis que, de repente, nos deparamos<br />

com produtores Novo-Mundistas (chilenos,<br />

argentinos, californianos, sulafricanos,<br />

australianos, neozelandeses e<br />

brasucas) apostando suas fichas em vinhos<br />

de terroir...<br />

O que aconteceu? Descobriram que<br />

sua visão estratégica estava equivocada?<br />

Perceberam que os europeus é que estavam<br />

certos, investindo e mantendo sua tradição<br />

de apostar em vinhos de terroir?<br />

Nada disso. Raciocínio simples. Uma<br />

vez consolidada sua marca (ou seu país,<br />

como produtor de bons vinhos, confiáveis)<br />

a hora agora é de agredir o seu concorrente.<br />

Mostrar que nem só de vinho barato<br />

vivem estes produtores.<br />

E o que aconteceu com o produtor<br />

europeu (Velho-Mundista)? Inverteu a<br />

balança e foi mostrar ao “Novo-Mundista”<br />

que também sabe fazer vinho de bom<br />

custo-benefício...<br />

Moral da história?<br />

Todo mundo saiu ganhando... e todo<br />

mundo saiu perdendo!<br />

BeBendo...<br />

De quantas degustações já participamos,<br />

pelo jornal, em <strong>eventos</strong> diversos e<br />

em nossas confrarias, em que ao degustar<br />

às cegas temos gratas surpresas quando<br />

vinhos teoricamente menos valorizados<br />

e “pontuados” derrubam verdadeiros<br />

ícones.<br />

Lembro-me muito bem de uma, acho<br />

que em 1999 ou 2000, onde um Cabernet<br />

australiano “detonou” um dos grandes<br />

ícones do mundo do vinho, um Sassicaia,<br />

obviamente porque estava pronto. O grande<br />

Sassicaia, tadinho, não agüentou o tranco no<br />

dia. Ah, se eu repetisse aquela degustação<br />

hoje, com os mesmos vinhos das mesmas<br />

safras, aposto meu braço que o Sassicaia<br />

devolvia a pancada com juros. A explicação<br />

para isso? Tudo tem sua hora...<br />

A rAinhA BrAnCA<br />

Acredita-se que existam duas rainhas<br />

no mundo das uvas viníferas: a tinta – Cabernet<br />

Sauvignon – e a branca – Chardonnay.<br />

Mas, rainha? Por que esse título?<br />

Alguns – me incluo neste grupo – acreditam<br />

que é pelo fato de serem uvas de<br />

fácil trato, e, por consequência, de fácil<br />

Novo Mundo<br />

adaptação aos diversos tipos de solo,<br />

clima, e métodos de vinificação.<br />

A Chardonnay, uva branca originária<br />

da região da Borgonha, na França, realmente<br />

adapta-se bem em diversas situações.<br />

Exatamente por esse motivo, ela é<br />

plantada em todo o mundo.<br />

Comprovado. Em todos os países produtores<br />

de vinho no mundo há algum viticultor<br />

fazendo algo com a Chardonnay.<br />

A outrA BrAnCA<br />

A outra uva branca de destaque, igualmente<br />

originária da França, supostamente<br />

de Bordeaux, é a Sauvignon Blanc, também<br />

conhecida como Fumé Blanc.<br />

Individualmente, tem ótimas qualidades.<br />

Nas principais regiões, seus diferentes<br />

terroirs e suas características tornam<br />

seus vinhos distintos, únicos.<br />

No Chile é a uva branca mais plantada<br />

no país, e tem qualidade muito boa,<br />

principalmente nas regiões mais frias (San<br />

Antonio e Casablanca).<br />

Nos EUA é conhecida como Fumé<br />

Blanc (nome dado por Robert Mondavi,<br />

para criar um apelo diferenciado), ela vem<br />

crescendo em importância, e tem características<br />

entre os vinhos de Bordeaux<br />

e do Loire (obviamente sem alcançar o<br />

nível destes).<br />

A Nova Zelândia é o país onde a Sauvignon<br />

Blanc alcançou sua mais perfeita<br />

expressão, em função de seu terroir. Lá<br />

os vinhos elaborados com essa uva têm<br />

estrutura perfeita, combinando pujança e<br />

elegância.<br />

Beto Acherboim<br />

São-paulino<br />

beto@jornalvinhoecia.com.br<br />

1


<strong>Vinho</strong> na Academia<br />

O melhor<br />

“Da sua academia de<br />

Belo Horizonte ou de<br />

viagens pelo mundo,<br />

Carlos Arruda trouxe em<br />

00 muitas <strong>dicas</strong> sobre<br />

vinhos. Acompanhe um<br />

pouco aqui<br />

<strong><strong>Vinho</strong>s</strong> são (a meu ver) os melhores<br />

acompanhantes para as refeições,<br />

principalmente quando escolhemos<br />

vinhos que combinem com os pratos<br />

do cardápio.<br />

Ah! Dirá você, leitor, aí é que está o<br />

problema. Que vinho combina com essa<br />

16<br />

do vinho na Academia<br />

comida?<br />

Com certeza essa é uma dificuldade<br />

comum, que chega a aterrorizar muita<br />

gente, com medo de errar, sem saber o que<br />

comprar defronte à prateleira de vinhos.<br />

A solução para essa crise vem na<br />

forma de um profissional - o sommelier<br />

- que nos <strong>restaurantes</strong> (e cada vez mais nas<br />

<strong>lojas</strong>) orienta os clientes, sugerindo vinhos<br />

para combinar com os pratos escolhidos.<br />

Epa! Então temos de escolher a comida<br />

primeiro e depois o vinho? Num<br />

restaurante o ideal é fazermos isso, pois<br />

possivelmente haverá mais vinhos na<br />

carta do que pratos no cardápio, mas nada<br />

impede que façamos o oposto, só que fica<br />

mais restrito.<br />

vinho em tuBo<br />

Acabo de receber em primeiríssima<br />

mão um produto criado na França por um<br />

engenheiro agrônomo e enólogo francês:<br />

o WIT. É um tubo de vidro lacrado que<br />

serve para acondicionar bebidas, azeites e<br />

especiarias. Imediatamente a utilização no<br />

mercado de vinhos se mostrou uma ótima<br />

opção, permitindo o envio de amostras,<br />

reduzindo o custo e o tempo de transporte<br />

em relação às garrafas tradicionais.<br />

O frasco WIT usa uma tampa-lacre de<br />

rosca em alumínio (screw-cap) que garante<br />

a inviolabilidade e a não adulteração<br />

do produto. Moderno, surpreendente e...<br />

embaraçoso?<br />

dA ArgentinA<br />

Detentores do monopólio dos vinhos<br />

da uva Malbec no mundo, os vinicultores<br />

argentinos se encontram hoje em uma<br />

situação ao mesmo tempo difícil e confortável:<br />

se por um lado as boas condições de<br />

produção garantem Malbecs interessantes<br />

a preços muito competitivos, a profusão<br />

de vinícolas com produtos similares nas<br />

faixas inferior e mediana de preço é um<br />

desafio para quem quer se destacar.<br />

Em uma mostra com 16 vinícolas, pelo<br />

menos 100 Malbecs estavam disponíveis,<br />

mas os destaques não são muitos. Nãaao!,<br />

eu não disse que os demais não eram bons,<br />

mas que se destacar não é fácil.<br />

dA moldáviA<br />

O cultivo de variedades de uvas autóctones<br />

na Moldávia é muito antigo: Okiul<br />

Boului, Tzytza Kaprey, Pasareasca, Feteasca,<br />

Rara Neagra, Tamyioasa, Zgyharda,<br />

Plavay, etc.<br />

A diversidade de uvas moldavas foi<br />

enriquecida por variedades trazidas da<br />

Grécia, Roma, Turquia, Áustria, França,<br />

Itália, Espanha e América. Hoje existem<br />

cerca de 100 variedades de videiras<br />

sendo cultivadas entre uvas viníferas e<br />

de mesa.<br />

As áreas de vinhedos dividem-se em<br />

uvas de mesa 6% (usadas para consumo<br />

in natura), tintas 24% (para produção de<br />

vinhos de mesa de alta qualidade e vinhos<br />

de guarda) brancas (para produção de<br />

espumantes) 70%.<br />

Entre as variedades plantadas 70%<br />

são européias, 14% americanas e 16%<br />

autóctones.<br />

dA espAnhA<br />

Recentemente em Belo Horizonte e<br />

Inhotim aconteceu o festival gastronômico<br />

Sabor e Saber, realizado pelo Instituto<br />

Velloso e apoiado pelo Instituto Cervantes.<br />

Chefs renomados da Cataluña estiveram<br />

mostrando suas criações e provando<br />

a culinária de Minas.<br />

Estrelas da Cataluña, foram degustados<br />

e harmonizados os cavas, excelentes<br />

espumantes típicos da região.<br />

Tive oportunidade de participar de<br />

uma apresentação de Cavas com a presença<br />

da diretora do Instituto Del Cava,<br />

associação das empresas elaboradoras<br />

dos Cavas.<br />

O Cava (é masculino) é uma DOCa<br />

(Denominación de Origen Calificada),<br />

que não tem apenas uma região limitada,<br />

nem mesmo é restrito à Cataluña para ser<br />

produzido. Diversas localidades na Espanha<br />

produzem esse espumante, seguindo<br />

as regras da DOCa. Contudo, a principal<br />

região produtora é Penedès, situada entre<br />

o Mediterrâneo e as montanhas de Montserrat,<br />

com clima e solos propícios para<br />

as uvas.<br />

Carlos Arruda<br />

Academia do <strong>Vinho</strong><br />

arruda@jornalvinhoecia.com.br<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


O melhor<br />

do vinho como negócio<br />

“Álvaro Galvão<br />

enfocou em 00 o<br />

vinho sob o ângulo<br />

do mundo dos negócios.<br />

As ações comerciais, os<br />

cuidados, a influência das<br />

pontuações... Veja...<br />

Falar de vinhos e do vinho como negócio<br />

é apaixonante, e, para tanto,<br />

é preciso lembrar que o negócio vinho<br />

é muito recente no Brasil e ainda está<br />

engatinhando, visto não termos ainda uma<br />

história muito longa com esse néctar.<br />

Para os que militam nesta área, bem<br />

como para aqueles que participam do<br />

vinho como apreciadores e o degustam<br />

regularmente, resta saber que estamos<br />

começando a pensar coletivamente, institucionalmente<br />

no vinho.<br />

Na Expovinis 2009, a maior feira do<br />

gênero da América Latina, teve um começo<br />

de movimento, que eu particularmente<br />

aplaudo, pois é uma bandeira minha há<br />

muitos anos, que foi o de lançar uma<br />

campanha patrocinada pelo IBRAVIN<br />

- Instituto Brasileiro do <strong>Vinho</strong>, de maneira<br />

institucional, com o mote: ABRA<br />

SUA CABEÇA, ABRA UM VINHO<br />

BRASILEIRO.<br />

Vamos dar vivas ao vinho Brasileiro<br />

e, por favor, nada de chamá-lo de “vinho<br />

nacional”. É vinho Brasileiro mesmo!<br />

os CuidAdos<br />

Tratar o vinho como um negócio faz<br />

parte do cotidiano de milhares de pessoas.<br />

Desde as que trabalham nos parreirais,<br />

passando por aquelas que cuidam da<br />

vinícola, das compras de insumos — tais<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

como rolhas adequadas e garrafas — do<br />

marketing, da imagem, do conceito da<br />

marca e de sua identidade visual, da<br />

distribuição, das exportações e de tantas<br />

outras atividades.<br />

Mas temos uma falha nessa cadeia,<br />

que é justamente o local de venda da garrafa<br />

que passou por tantas etapas dentro<br />

do negócio. Digo isso porque ainda hoje<br />

vemos locais que não tratam o vinho da<br />

maneira mais adequada para que esteja<br />

íntegro na hora de degustá-lo — embora<br />

consideremos que possam haver de descuidos<br />

na vinícola durante o processo ou<br />

engarrafamento.<br />

O vinho requer alguns cuidados<br />

— como vários outros produtos que ingerimos<br />

— para que não sofra, por falhas<br />

de armazenagem e estocagem adequadas,<br />

degradação precoce, inviabilizando o<br />

negócio em sua ponta final.<br />

<strong>Vinho</strong>: Que Negócio é Esse?<br />

pontuAr ou não pontuAr<br />

Tenho externado minha opinião em<br />

diversas ocasiões, em diferentes rodas de<br />

discussão, algumas bem técnicas, e outras<br />

nem tanto, e digo que prefiro não pontuar<br />

os vinhos, apesar de algumas vezes ter que<br />

fazê-lo em degustações mais especializadas<br />

e técnicas.<br />

E por que tenho esta opinião? Explico:<br />

tenho formação acadêmica em engenharia,<br />

e, até por isso, preciso ter ciência dos<br />

parâmetros utilizados nas escalas, sejam<br />

eles quais forem, e nem sempre, tirando<br />

os critérios técnicos, os temos. Toda<br />

escala de pontuação segue alguns critérios,<br />

alguns bem profissionais, e outros<br />

mais pessoais, e minha escala leva em<br />

consideração o que para mim faz muita<br />

diferença: o simples “gosto muito, pouco<br />

ou não gosto”.<br />

Além disso, lembro aqui o vinho como<br />

negócio. As pontuações de vários órgãos<br />

já considerados bíblias no assunto podem<br />

— e via de regra conseguem — catapultar<br />

determinado vinho que tenha obtido uma<br />

nota excepcional, ou impulsionar ladeira<br />

abaixo outro que não tenha obtido. O<br />

vinho é um dos exemplos onde traços<br />

de subjetividade entram na percepção do<br />

degustador, e, portanto, quando pensamos<br />

que o negócio vinho poderá sofrer influências<br />

com o resultado de alguma pontuação<br />

há de se pensar que essa poderá alterar<br />

uma trajetória comercial.<br />

Álvaro Cézar Galvão<br />

Colunista<br />

alvaro@jornalvinhoecia.com.br<br />

1


Na Mesa de Testes<br />

O melhor<br />

A<br />

equipe do <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> colocou na mesa de testes alguns produtos durante o ano de 2009. Com o objetivo de avaliar se os vinhos nacionais tops de linha ficam<br />

melhores com o passar do tempo, assim como os do Velho Mundo, foram provados 7 exemplares das históricas safras de 1999 e 1991 e comparados com um<br />

Bordeaux Cru Bourgeois, o Chateau Lamarque 2000. O resultado surpreendeu: a maioria dos vinhos estava ótima e o Bordeaux de preço bem superior aos<br />

demais ficou apenas em quarto lugar na preferência dos degustadores. Os campeões foram o Lovara Grande Reserva 99 e o Miolo Lote 43 99.<br />

18<br />

o Wine Clip em teste<br />

Colocado no gargalo da garrafa, o produto promete melhorar instantaneamente o sabor<br />

do vinho, porque “quebra as moléculas da bebida, reduz as impurezas e os taninos, acelerando<br />

a aeração, tornando o vinho mais suave e proporcionando um gosto mais equilibrado”.<br />

Segundo o fornecedor, o “que levava anos para envelhecer, agora leva segundos”. O princípio<br />

de funcionamento é a passagem por um campo magnético. Em outra prova, <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong><br />

levou para uma mesa de testes, junto com quatro vinhos diferentes, e verificou se realmente<br />

funciona. Os degustadores foram unânimes em registrar que nas condições do teste realizado<br />

não ocorreram melhoras perceptíveis nos vinhos.<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


da mesa de testes<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

Na Mesa de Testes<br />

Em outra degustação, <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> provou às cegas 8 espumantes nacionais, puros e depois harmonizados com pratos do restaurante La Marie de São Paulo. Na mesa de<br />

testes alguns espumantes surpreenderam quando provados puros, e outros mostraram seu potencial acompanhados de comida. Foram experimentados Aurora Brut e Aurora<br />

Moscatel, Pericó Brut e Pericó Rosé, Amadeu Brut e Cave Geisse Nature, Varanda Brut e Varanda Moscatel.<br />

prAtos pArA hArmonizAr<br />

Os espumantes foram colocados em harmonização<br />

com um prato de fettuccine, outro de lagosta,<br />

e o moscatel com uma mousse de coco.<br />

Destaque foi a massa elaborada pelo chef<br />

Laércio, sob orientação do chef-proprietário<br />

do La Marie, Edson Di Fonzo, que primou<br />

pela leveza. O fettuccine foi cozido ao ponto<br />

e passado levemente na manteiga acrescida de<br />

sálvia com boa presença de sal. O resultado foi<br />

uma estrutura de média untuosidade e um toque<br />

herbáceo acentuado, que mandou na combinação<br />

com os vinhos. Ressaltou-se que o salgado<br />

conflitou um pouco com o gás.<br />

1


voCê<br />

esColhe<br />

onde<br />

BeBer<br />

e AindA<br />

gAnhA<br />

tAçAs<br />

0<br />

CirCuito vinho&CiA<br />

Charpentier (Capivari, Campos do Jordão)<br />

Av. Dr. Paulo Ribas, 295, (12) 3669-1000<br />

La Marie (Pinheiros, São Paulo)<br />

R. Francisco Leitão, 16, (11) 3086-2800<br />

Matterello (Vila Madalena, São Paulo)<br />

R. Fidalga, 120, (11) 3813-0452<br />

Piccola Forneria (Canal 5, Santos)<br />

Av. Almirante Cochrane, 62, (13) 3271-1200<br />

Apoio ComerCiAl:<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


O melhor<br />

do vinho pelo país<br />

“Em <strong>eventos</strong>, a<br />

jornalista Denise<br />

Cavalcante apurou<br />

em 00 muita informação<br />

sobre o que aconteceu de<br />

bom para o vinho pelo<br />

país. Acompanhe aqui<br />

O<br />

vinho é eminentemente uma<br />

bebida social. Faz parte do prazer<br />

dividi-lo com amigos, selar<br />

negócios e uniões. Em uma mesa, o vinho<br />

só começa a ser bebido quando se erguem<br />

as taças em um brinde. Tomar vinho é bom<br />

mesmo com amigos, o que faz parte da<br />

essência dessa bebida tão festiva e social.<br />

Por isso se multiplicam a formação das<br />

“confrarias”.<br />

Grandes sociedades vinícolas têm suas<br />

confrarias formais com roupas especiais<br />

para honrarem uma bebida – e na verdade<br />

parece uma grande festa à fantasia! (Isso<br />

porque eu ainda não estou em nenhuma<br />

delas, senão me emocionaria às lágrimas).<br />

Assim acontece na tradicional Confraria<br />

Do <strong>Vinho</strong> Do Porto, com direito a capa,<br />

chapéu, tomboladeira com fita nas cores<br />

da bandeira portuguesa e rígida hierarquia,<br />

com o objetivo em seu estatuto de<br />

“difusão, promoção e consolidação do<br />

renome mundial do <strong>Vinho</strong> do Porto”.<br />

Dela faz parte uma legião de pessoas importantes,<br />

incluindo reis e presidentes de<br />

países. Para vocês verem como o assunto<br />

é levado a sério!<br />

Participar de uma confraria é uma<br />

deliciosa forma de degustar e conhecer<br />

novos rótulos.<br />

Consumo de vinho<br />

Aproveitando o grande movimento<br />

gastronômico do Restaurante Week no<br />

mês de setembro de 2009 em São Paulo,<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

resolvi fazer uma pesquisa para saber se<br />

houve aumento no consumo de vinhos,<br />

uma vez que o preço da comida estava<br />

mais acessível. Acreditava que obteria a<br />

clara resposta de que as pessoas consomem<br />

mais vinho simplesmente porque<br />

estão gastando menos na refeição. Mas<br />

essa minha hipótese não é totalmente<br />

verdade, o que lamento! Conversei com<br />

vários donos de <strong>restaurantes</strong> participantes<br />

do evento, e a maioria não registrou aumento<br />

no consumo da bebida.<br />

Foi-se a minha teoria. Entendo que,<br />

durante o almoço, não é o momento ideal<br />

para bebidas alcoólicas, mas a outra explicação<br />

que tenho para o fato de não aumentar<br />

o consumo de vinhos, numa situação<br />

tão ideal como essa, é o desconhecimento<br />

sobre o assunto. Conhecer a bebida é, de<br />

fato, complexo. Mas, com a quantidade de<br />

cursos, degustações e jantares harmonizados<br />

que são oferecidos pelas cidades hoje<br />

não há mais motivo para quem aprecia<br />

a boa comida deixar de usufruir dessa<br />

maravilhosa união de sabores.<br />

do porto pArA o BrAsil<br />

Já ouvi algumas vezes a pergunta se<br />

os diversos <strong>eventos</strong> de degustação de<br />

vinhos com a apresentaçao de dezenas<br />

de importadoras trazem algum resultado<br />

prático. Bem, para o Instituto do <strong>Vinho</strong><br />

do Douro e do Porto, que realiza <strong>eventos</strong><br />

como esses no Brasil há muito tempo, os<br />

números provam os resultados.<br />

Hoje somos um dos mercados estratégicos<br />

para os vinhos da Região do Douro,<br />

que registraram crescimento importante<br />

nos últimos anos. As exportações de vinhos<br />

do Porto aumentaram mais do que o<br />

dobro nos últimos cinco anos, passando de<br />

588 mil garrafas em 2003 para 1,4 milhão<br />

de garrafas no final do ano passado. Já em<br />

relação aos vinhos tranquilos do Douro, a<br />

evolução é de 50% nos 4 últimos anos. O<br />

Brasil é o 4º mercado de comercialização<br />

de vinhos do Douro, com aumento de<br />

2,6% em comparação com o ano anterior.<br />

Em 2008 o valor global das exportações de<br />

vinhos dessa região para o Brasil atingiu<br />

os 6,9 milhões de euros, um crescimento<br />

de 3% em relação a 2007.<br />

O ano de 2009 representou o ano de<br />

maior investimento do IVDP no mercado<br />

brasileiro, com a realização de grandes<br />

provas — em São Paulo, Rio de Janeiro,<br />

Curitiba e Brasília — além de um conjunto<br />

de 6 seminários temáticos ao longo<br />

do ano.<br />

do Chile pArA o BrAsil<br />

Eteve no Brasil, depois de ausência de<br />

3 anos, Don Alfonso Larraín, presidente<br />

da Vinã Concha Y Toro. Veio para promover<br />

em <strong>eventos</strong> o lançamento do novo<br />

vinho da linha Marques de Casa Concha,<br />

o Carmenère, que estréia no mercado com<br />

Pelo País<br />

a safra 2007, ano considerado excepcional<br />

para as variedades tintas da vinícola.<br />

Don Alfonso quis, ele mesmo, estar<br />

presente nos <strong>eventos</strong> para prestigiar essa<br />

importante linha da vinícola e o novo<br />

produto feito com a cepa emblemática<br />

do Chile. Don Alfonso ocupa o cargo de<br />

presidente da empresa desde 1998, e os<br />

encontros com jornalistas e consumidores<br />

foram coordenados pela VCT, o escritório<br />

comercial da vinícola no Brasil, inaugurado<br />

em 2008.<br />

Denise Cavalcante<br />

<strong>Jornal</strong>ista<br />

denise@jornalvinhoecia.com.br<br />

1


Circuito do <strong>Vinho</strong><br />

O Argentina: melhor<br />

“Fernando Quartim<br />

tem hoje a dura<br />

profissão de rodar<br />

<strong>restaurantes</strong> em São Paulo<br />

e no mundo para descobrir<br />

vinhos e sabores. Ele fez<br />

isso em 00 , e...<br />

No reduto italiano do Tatuapé em<br />

São Paulo — quem sabe por<br />

reminiscências do português<br />

Brás Cubas — Anselmo Neves e Sérgio<br />

Ferreira decidiram criar o primeiro restaurante<br />

lusitano na região, denominando-o<br />

Bacalhoeiro (foto).<br />

Sem dúvida que com esse sugestivo<br />

nome a especialidade da casa é bacalhau.<br />

São várias as modalidades. Seguem-lhes<br />

os peixes, uma Lula na Cataplana, maravilhosa,<br />

e frutos do mar, assim como<br />

também carnes e aves... Sobremesas conventuais,<br />

naturalmente, tudo nas melhores<br />

tradições portuguesas.<br />

Ambiente muito elegante, sempre<br />

lembrando motivos portugueses, desde<br />

os azulejos de estilo até duas grandes<br />

oliveiras, frente à “parede jardim” de uma<br />

de suas diversas salas.<br />

O requinte do Bacalhoeiro permite<br />

a escolha de ambientes descontraídos<br />

como o bar-balcão, a área da biblioteca<br />

enogastronômica, local para degustações,<br />

salas aconchegantes e, o que um cunhado<br />

meu chama de “criancil”, isto é, um local<br />

à prova de som, onde a infanto-garotada<br />

pode se divertir à vontade! Para elas um<br />

cardápio infantil, a brinquedoteca, videogames<br />

e, nos finais de semana, monitores.<br />

Brincadeira organizada! E o que é melhor,<br />

sossego do outro lado para a apreciação<br />

dos maravilhosos pratos e dos vinhos de<br />

uma Carta de fazer água na boca!<br />

dos <strong>restaurantes</strong><br />

Bem pequeno<br />

Com minha filha, que já é casada, fomos,<br />

ela, genro e minha mulher, jantar no<br />

restaurante Vito. Meu genro se encarregou<br />

de “cavar” a reserva, tarefa nada fácil,<br />

considerando a grande procura e o pequeno<br />

espaço disponível. O Vito é pequeno,<br />

bem pequeno mesmo, tem por volta de<br />

sete ou oito mesas, o que cria um ambiente<br />

aconchegante e muito agradável.<br />

Os sócios André e Pedro, auxiliados<br />

pela gerente Ana Cândido e pelo sommelier<br />

Gustavo, fazem um atendimento<br />

primoroso.<br />

Para harmonizar comida e vinho, o<br />

Vito apresenta uma carta de vinhos bem<br />

representativa, tanto dos italianos como de<br />

outros países, sobrepreços comportados<br />

e acessíveis a diversas exigências, desde<br />

exemplares para uma comemoração aos<br />

vinhos para o dia comum. São aproximadamente<br />

70 rótulos, bem cuidados pelo<br />

Gustavo.<br />

JAponês Com BrAnCos?<br />

Confesso que na maioria das vezes<br />

que escolhi vinho para acompanhar uma<br />

refeição em restaurante japonês fiquei entre<br />

os brancos. Como eu adoro os Sushis,<br />

e talvez por falta de imaginação, criei um<br />

paradigma: vinho em restaurante japonês<br />

é branco!<br />

Recentemente recebi um convite de<br />

minha amiga Alessandra Casolato, da<br />

CH2A, para uma degustação que me<br />

deixou, de início, muito curioso.<br />

Dizia o convite que o Provence Club<br />

Brasil e o restaurante Aizomê convidavam<br />

para uma “experiência enogastronômica”<br />

de harmonização dos rosés de Provence<br />

com o melhor da cozinha japonesa na instigante,<br />

criativa e personalíssima releitura<br />

da culinária tradicional do Japão realizada<br />

pelo chef Shin Koike.<br />

Estavam ali os ingredientes necessários<br />

para o desafio perfeito. E eu estava<br />

cético, com uma ligeira desconfiança<br />

cultural a respeito dos rosés e com meu paradigma<br />

brancófilo. Tudo estava reunido<br />

em uma proposta em que Shin completava<br />

o outro componente de sua personalidade:<br />

a ousadia!<br />

Mudei meus conceitos e quebrei meu<br />

paradigma!<br />

explosão de prAzeres<br />

No restaurante Eñe, Sergio e Javier<br />

têm, no dia-a-dia, nada menos do que a<br />

dedicação e a técnica oriental do Chef Flávio<br />

Miyamura, o “japa” para os amigos. O<br />

salão é gerenciado pelo velho amigo Danny<br />

Obregon. Nas taças, e guardando a adega de<br />

110 rótulos em 400 garrafas, está o sommelier<br />

Souza. A carta de vinhos é espanhola,<br />

exceção aos champagnes. Os sobrepreços<br />

estão em torno de 50%, diria médios.<br />

Gostaria de dedicar um capítulo<br />

especial à proposta do Eñe sobre harmonização!<br />

No cardápio, uma sugestão: menu degustação<br />

surpresa, harmonizado em taças!<br />

Aceitei, recomendo e atesto que foi<br />

uma das mais belas sequências de pratos<br />

(sete, mais sobremesa!) e vinhos que já<br />

experimentei, satisfez os cinco sentidos<br />

numa explosão de prazeres genésicos<br />

que induzem ao belo, que clamam por<br />

observações, comentários e confortam<br />

a alma!<br />

Fernando Quartim<br />

Vice-Presidente da SBAV-SP<br />

quartim@jornalvinhoecia.com.br<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


O melhor<br />

da cidade maravilhosa<br />

“Jaqueline Barroso<br />

acompanhou dia a<br />

dia o que acontece na<br />

cidade maravilhosa. Lojas,<br />

<strong>restaurantes</strong>, <strong>eventos</strong>,<br />

lançamentos, feiras...<br />

Veja alguns dos destaques<br />

reCAnto fAvorito<br />

Toda vez que entro na rua General Glicério<br />

para visitar a Lorangerie (foto) meu<br />

coração já começa a bater mais tranqüilo,<br />

absorvo a energia fantástica do lugar onde,<br />

para mim, irei morar algum dia. Primeiro,<br />

que a rua é tudo de bom e, segundo,<br />

que estou indo ver os amigos, beber uma<br />

taçinha, comer coisas deliciosas, levar e<br />

trazer novidades. É com este astral todo<br />

que a Lorangerie comemorou em maio seu<br />

4º ano de sucesso e alegria, sob a batuta<br />

dos sócios proprietários Valdiney Ferreira<br />

e Robert Ureth. A loja preparou um mês<br />

de muitas promoções, degustações e comemorações,<br />

para, com carinho, receber<br />

seus clientes amigos.<br />

is it open?<br />

Yes!, respondeu Valmir Pereira. Foi<br />

com essa pergunta de um cliente (hóspede<br />

do Le Meridièn) que no dia 24/12/99 o<br />

D´Amici inaugurou. Desde então são 9<br />

anos de sucesso.<br />

Como diz o Valmir, “para quem veio<br />

do Ceará comendo mingau de farinha com<br />

água sem rapadura” realmente é de tirar o<br />

chapéu. Valmir é um dos mais renomados<br />

sommeliers do Rio e sócio do D`Amici.<br />

Hoje a carta tem 306 rótulos selecionados.<br />

Para completar, seu filho Arley Pereira<br />

é enólogo. Como disse Danio Braga ao Valmir:<br />

“único enólogo filho de cearense”.<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

pedAço dA itáliA<br />

Vermentino, além de ser uma casta italiana<br />

é o mais novo restaurante italiano em<br />

Copacabana. Seu proprietário Beto Cunha<br />

Soares, caprichou na escolha do chef<br />

(Messias), na do metre (Luiz Henrique<br />

Micheletto) e também na do sommelier<br />

(Saraiva).<br />

Tem saborosa comida tradicional italiana<br />

com charme contemporâneo, antepastos<br />

deliciosos (meu fraco), zuppas e sobremesas.<br />

Ambiente elegante e aconchegante,<br />

música no volume certo, serviço<br />

excelente e, tudo harmonizado com uma<br />

carta caprichadíssima de 230 rótulos. Não<br />

deixem de conhecer este pedaço da Itália<br />

na Princesinha do Mar.<br />

Com livros<br />

<strong>Vinho</strong>, livros, gastronomia, esse é<br />

um trio fantástico! Sob a batuta do mestre<br />

Célio Alzer, a Livraria da Travessa<br />

oferece juntamente com o restaurante<br />

Bazzar o evento <strong>Vinho</strong> e Comida. “São<br />

experiências sensoriais, buscando harmonizar<br />

ótimas comidinhas do Bazzar<br />

com vinhos das mais diversas origens e<br />

castas; com <strong>dicas</strong> sobre serviço de vinhos”<br />

– diz Célio.<br />

CArtA novA<br />

A história da Parmê se inicia em 1972.<br />

Na época foi aberta uma pequena lanchonete<br />

em Vila Isabel, que contava com<br />

apenas cinco mesas e cinco colaboradores.<br />

Rapidamente se tornou famosa por suas<br />

pizzas e massas.<br />

Depois de longo tempo de experiência<br />

e grande sucesso, em 1989 seus fundadores<br />

resolveram abrir mais <strong>restaurantes</strong><br />

Parmê pela cidade.<br />

Como não podia deixar de ser, desde<br />

então a rede não parou mais de crescer e<br />

consequentemente o vinho faz parte do<br />

sucesso.<br />

A nova carta foi lançada em 2009<br />

sado, sob a consultoria de Célio Alzer.<br />

É uma carta didática, que oferece ótimos<br />

rótulos e excelentes preços.<br />

espAço no Centro<br />

Aconchegante, bem iluminada, charmosa<br />

e com boa variedade de vinhos.<br />

Assim é a mais nova loja no centro da<br />

cidade, chamada Espaço Porto Mauá.<br />

Essa é aquela combinação que eu adoro:<br />

livraria, café, bistrô e loja de vinhos.<br />

A loja realiza degustações temáticas,<br />

com Fernando Miranda e outras “feras”.<br />

Que tal escolher uma boa leitura e depois<br />

começar a saboreá-la degustando um<br />

vinho?<br />

Nas Ondas do Rio<br />

em petrópolis<br />

Os <strong>restaurantes</strong> e hotéis da região de<br />

Petrópolis se despediram do inverno em<br />

2009 promovendo a primeira edição do<br />

Serra Wine Week.<br />

Foram 22 participantes com oferta de<br />

vinhos a preços promocionais, selecionados<br />

pelo enólogo Rafael Puyau. Foram<br />

cinco rótulos: Rupestro Cardeto Sangiovese<br />

Merlot - Itália (R$26), Luigi Bosca<br />

Malbec Reserva – Argentina (R$56), De<br />

Martino Reserva Legado Carmenere -<br />

Chile (R$57), Barbaresco Dezzani – Itália<br />

(R$75) e Espumante Rondiné Brut - Brasil<br />

(R$25). Além dos preços camaradas, cada<br />

restaurante ofereceu uma programação<br />

diferenciada, com degustações, palestras e<br />

jantares harmonizados.<br />

Jaqueline Barroso<br />

Enófila<br />

jaque@jornalvinhoecia.com.br


<strong>Vinho</strong> é Arte<br />

O melhor<br />

do vinho como arte<br />

“Do Rio Grande do<br />

Sul, Maria Amélia<br />

nos trouxe em 00<br />

uma visão do vinho como<br />

sendo arte. Com os amigos,<br />

nas estações do ano, festas,<br />

cores, uvas...<br />

O<br />

vinho é uma bebida que convida<br />

à arte, ao amor, às amizades e ao<br />

bem-estar. Por mais pesquisas<br />

científicas que se divulguem a respeito<br />

dos benefícios do vinho para a saúde,<br />

acho que a que afirma que as pessoas que<br />

apreciam vinho possuem um estilo de vida<br />

diferenciado seja de fato a mais benéfica.<br />

Não sou médica, sou enóloga, mas gosto<br />

de observar as pessoas que fazem parte<br />

do mundo do vinho, as que convivo em<br />

meu dia-a-dia. A cultura do vinho é antistress.<br />

Afinal, o vinho (quando bebido com<br />

moderação) traz amigos, bons momentos,<br />

compromissos sociais, cultura, viagens...<br />

4<br />

Quem aprecia bons vinhos, geralmente<br />

aprecia boa música, o que traz sensação<br />

de relaxamento, alegria. Relacionar notas<br />

e momentos... Sinatra e um grande vinho<br />

do Napa Valley, um tango moderno e um<br />

Malbec, ou um Champagne e sua música<br />

preferida... Ah!...<br />

outono<br />

Poucas estações do ano brincam com os<br />

sentidos como o outono. O outono começa<br />

trazendo os primeiros aromas do inverno,<br />

as lareiras começam a ser utilizadas. Aqui<br />

no Rio Grande do Sul a brisa começa a ser<br />

mais fria, as noites já convidam a um vinho,<br />

quem sabe chocolate, e ao sair à noite<br />

há de se prever um agasalho. Para mim o<br />

outono é a estação de redescobertas. O<br />

tom das folhas é encantador: subir a serra,<br />

ver o Vale dos Vinhedos com seu colorido<br />

multicor é emocionante. São tons laranja,<br />

vermelhos, amarelos, cobrindo as colinas<br />

feito uma colcha bordada, que não há como<br />

definir onde começa ou termina.<br />

diA do vinho<br />

Uma data para comemorar, dia Estadual<br />

do <strong>Vinho</strong>. O Rio Grande se vestiu<br />

de festa no primeiro final de semana de<br />

junho. Degustações, exposições, cursos:<br />

vinícolas abriram suas portas, a mídia<br />

exaltou com orgulho o vinho brasileiro,<br />

uma lei estadual que homenageia o brindar,<br />

comemorar e também todos os envolvidos<br />

com esta bebida mágica. Quem<br />

trabalha com vinho vivencia emoções,<br />

alegrias, safras boas e ruins.<br />

Gosto de analisar nossa história, como<br />

o vinho entrou na vida do brasileiro. Não<br />

surgiu como negócio, muito menos com<br />

investidores, nem tecnologias, nem estudos.<br />

Esse fenômeno aconteceu em toda a<br />

América Latina: italianos, tendo o vinho<br />

como parte da alimentação, colonizaram<br />

Mendoza e outros vilarejos argentinos,<br />

algumas cidades do Chile, o que foi fator<br />

fundamental para implantação da cultura<br />

da uva. O hábito surgiu da forma de viver<br />

do terroir, de onde vieram os primeiros<br />

imigrantes. Foi uma busca incessante<br />

desses imigrantes por não perder a identidade<br />

de quem eram, de onde vieram, das<br />

lembranças do pouco que restava naquele<br />

tempo de miséria e fome que assolava<br />

parte da Europa.<br />

vinhos rosés<br />

Apaixonantes, instigantes, diferentes,<br />

polêmicos: são muitas<br />

as versões e estilos dos vinhos<br />

rosés e as formas que os apreciadores os<br />

visualizam, os percebem.<br />

Habituais companheiros dos happy<br />

hours à beira do Mediterrâneo, principalmente<br />

no berço onde são identidade,<br />

na Provence, são a moda que aos poucos<br />

começa a conquistar os brasileiros.<br />

Na Cote D’Azur, a área litorânea<br />

francesa reconhecida pela sofisticação, o<br />

lugar mais cobiçado entre a “high society”<br />

mundial durante a alta temporada, é<br />

comum ver as pessoas bebendo rosé de<br />

diferentes maneiras: vem servido em jarra,<br />

até mesmo com gelo. Outros preferem o<br />

serviço clássico, na garrafa tradicional,<br />

taças deslumbrantes.<br />

uvAs exótiCAs<br />

Exóticos, desconhecidos, raros...<br />

Enfim, são inúmeros os termos usados<br />

para descrever vinhos e uvas pouco convencionais.<br />

Exótico é o termo aplicado ao “que<br />

não é natural do local” ou “diferente”.<br />

Muitas vezes refere-se a clássicos, dos<br />

quais conhecemos apenas a região, onde<br />

pouco se divulga o nome da uva; em<br />

outras, a uvas desaparecidas, que, com<br />

pesquisa e muito trabalho, são resgatadas,<br />

e os vinhos são elaborados com técnicas<br />

mais modernas e passam a ser parte do<br />

nosso dia-a-dia.<br />

Uma das variedades mais aclamadas<br />

como exótica é a Syrah. A lista de sugestões<br />

de uvas raras é enorme. Poderíamos<br />

citar a Parellada, da Espanha, o Sangiovese<br />

cultivada na Argentina, Chasselas,<br />

típica da Suiça, e até a Arinarnoa e Rebo<br />

(destas duas conheci vinhos e vinhedos<br />

na propriedade da família Bettu, em<br />

Garibaldi).<br />

O que vale é provar esta diversidade,<br />

fugir do convencional e se deliciar com<br />

este enorme e maravilhoso mundo do<br />

vinho, com todos os sabores que a rica<br />

natureza oferece.<br />

Maria Amélia Duarte Flores<br />

Enóloga<br />

maria.amelia@jornalvinhoecia.com.br<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


O melhor<br />

do vinho em Minas, uai!<br />

“A jornalista Andréa<br />

Pio apura o que<br />

acontece no cotidiano<br />

de Minas. Em 00 contou<br />

sobre mercados, pizzarias,<br />

bistrôs, <strong>restaurantes</strong>,<br />

locais exóticos...<br />

Se tem um lugar que todo gourmet<br />

adora investir muito mais que um<br />

par de horas, certamente este investimento<br />

é em algum mercado municipal.<br />

Em Belo Horizonte, um deles leva<br />

assinatura de Mercado Distrital do Cruzeiro.<br />

Localizado na zona sul da capital<br />

mineira, no bairro Cruzeiro - razão do<br />

seu sobrenome -, o Distrital do Cruzeiro<br />

(é assim que nós nos referimos a ele) foi<br />

inaugurado em 1974.<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

Ali, há toda sorte do mundo de se<br />

encontrar o que há de melhor entre hortifruti,<br />

utensílios, velas, biscoitos, pães,<br />

secos, molhados e tudo aquilo que anda,<br />

voa, rasteja e nada. Este espaço, onde é<br />

possível circular com toda a tranqüilidade,<br />

tem atraído uma legião que busca, além<br />

dos já tradicionais aromas e cores que o<br />

Distrital oferece não somente várias atrações<br />

em um só lugar, como também novas<br />

sensações, sejam na taça ou à mesa. Quando<br />

a opção recai para estas, impossível<br />

falar deste local sem mencionar a Adega<br />

do Mercado do Cruzeiro (foto), Empório<br />

Royal e a Parrilla Del Mercado.<br />

Já o Mercado Central reúne infinitos<br />

motivos para ostentar o título de ser a principal<br />

atração turística da capital mineira.<br />

É neste democrático templo “comestível<br />

e bebível” que se reúnem todas as classes,<br />

de A a Z. E o melhor: onde todos são<br />

iguais. Onde todas as tribos e torcedores<br />

de todos os times de futebol se encontram<br />

e convivem pacificamente. Onde há morena<br />

sestrosa e loura suada. Onde há cura<br />

para mal olhado. Onde é possível saciar<br />

desejos contidos e paladares nostálgicos.<br />

Onde as pessoas despem a fatiota domingueira,<br />

as plumas e paetês. Onde crianças<br />

se encantam com peixes coloridos e adultos<br />

com as sereias.<br />

pizzAriA<br />

A La Pizzeria 68 oferece múltiplos ambientes,<br />

onde circula muita gente bonita<br />

e com vários tipos de sede: de paquera,<br />

por pizzas elaboradas bem como suas<br />

vertentes — paninis, focaccias etc —, mas<br />

principalmente com muita sede por vinhos<br />

exclusivos. Logo na entrada um enorme<br />

balcão abriga munição suficiente para<br />

diversos tipos de drinks. O cenário inclui<br />

ainda cantinhos especiais, com sofás, pufs<br />

e mesinhas, bem ao estilo lounge, para<br />

conversas sussurradas.<br />

Bistrô<br />

O Gomide é inspirado nos autênticos<br />

bistrôs: o sofá lateral, não só atende a<br />

várias mesas menores, como termina em<br />

curva, complementando uma enorme<br />

mesa para 10 comensais. Revela que<br />

somente esse objeto decorativo remete<br />

àquelas casas parisienses.<br />

Entretanto, a proposta do Gomide<br />

vai além: o cardápio tem acento francoitaliano<br />

e a carta de vinhos passeia pelos<br />

quatro cantos do planeta.<br />

pAsárgAdA<br />

“Vou-me embora pra Pasárgada / Lá<br />

sou amigo do rei / Lá tenho a mulher que<br />

eu quero / Na cama que escolherei / Voume<br />

embora pra Pasárgada...”<br />

Eu também vou! Tenho certeza que<br />

você também vai gostar de ir. Mesmo por<br />

que a Pasárgada a que me refiro está mais<br />

Uai!<br />

próxima do que você imagina. E nessa<br />

Pasárgada tem Lei Molhada. Uau !!!<br />

Ela está representada no Amigo do<br />

Rei, restaurante de culinária Persa. Inaugurado<br />

primeiramente em 1998 em Paraty<br />

(RJ), desde 2002 funciona no bairro Santo<br />

Antonio em Belo Horizonte (MG).<br />

Nessa Pasárgada a Lei Molhada é<br />

levada a sério. Aos chegantes, essa lei<br />

adotada pelo Amigo do Rei, significa que<br />

os vinhos são oferecidos pelo mesmo preço<br />

que o freguês pagaria na importadora.<br />

“Com a economia — que calculamos entre<br />

R$ 24 e R$ 150 — é possível ir e voltar de<br />

táxi”, a isso chamamos de Lei Molhada”,<br />

revela Claudio Battaglia.<br />

fAdAs<br />

Heloisa Mello é o nome dela. É a fadarainha<br />

do reino chamado Bistrô Verde<br />

Essencial, onde vive com pequenos gênios:<br />

silfos, sílfides, elfos e gnomos, fora<br />

outros seres alados, aquáticos e arbóreos,<br />

que só aparecem para quem tenha olhos<br />

de vê-los e ouvidos de ouvi-los.<br />

Eis que surge: graciosa, suave e serena<br />

para os cumprimentos de boas-vindas.<br />

Depois lhe faz as sugestões do dia. Ou<br />

da noite, quando a atmosfera do Bistrô<br />

é docemente propícia ao romance, com<br />

vela e tudo. Então, escolha um Sauvignon<br />

Blanc, um Pinot Grigio, quem sabe um...<br />

(ah!, quem sabe Malvasia?), qualquer<br />

deles muito frios, e peça à fada que lhe<br />

prepare um ceviche “aux deux poissons”<br />

- se quiser uma frescura -, senão, fique só<br />

nos “dois peixes”.<br />

Andréa Pio<br />

<strong>Jornal</strong>ista e editora do guia Uai<br />

andrea@jornalvinhoecia.com.br


Circuito <strong>Vinho</strong> &<strong>Cia</strong><br />

6<br />

2009<br />

Conceituados <strong>restaurantes</strong>, vinícolas e importadoras começaram em 2009 o Circuito <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong>.<br />

Em cada restaurante do Circuito você pode encontrar dois vinhos em promoção, com sugestões de harmonização com pratos do cardápio. Ao se pedir uma garrafa, se<br />

ganha uma taça padrão de degustação gravada. Os <strong>restaurantes</strong> e os vinhos são selecionados pela equipe do <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> segundo critérios de qualidade. Os <strong>restaurantes</strong><br />

são locais com boa avaliação no guia Onde Beber do jornal e os fornecedores de vinhos ofertam produtos avaliados como de bom custo-benefício.<br />

mAtterello<br />

Os sabores típicos de<br />

cantina italiana podem ser<br />

provados em São Paulo pelo<br />

Circuito <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> na tradicional<br />

casa de massas Matterello,<br />

do aficionado por vinho<br />

Vitor Lotufo, que também é<br />

arquiteto. Ele criou um ambiente<br />

diferenciado, rústico,<br />

com tijolos aparentes e estilo<br />

que remete a ares espanhóis.<br />

É um dos melhores locais<br />

onde beber em São Paulo,<br />

com ótima carta e ótimos<br />

preços.<br />

Matterello<br />

R. Fidalga, 120<br />

Vila Madalena, São Paulo<br />

(11) 3813-0452<br />

lA mArie<br />

O chef Edson di Fonzo<br />

comanda a casa com poucas<br />

mesas e ambiente clean. O<br />

cardápio é de característica<br />

contemporânea, enfatizando<br />

os frutos do mar, com toques<br />

pessoais do chef. Frequentemente<br />

promove festivais<br />

de pratos, que se somam<br />

às promoções de vinhos do<br />

Circuito <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong>. No almoço<br />

registrou considerável<br />

aumento de vendas de vinhos<br />

após integrar o Circuito e<br />

ofertar taças gratuitas.<br />

La Marie<br />

R. Francisco Leitão, 16<br />

Pinheiros, São Paulo<br />

(11) 3086-2800<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

Circuito <strong>Vinho</strong> &<strong>Cia</strong><br />

ano do Circuito <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong><br />

Vários fornecedores de vinho participaram do Circuito durante o ano, nos <strong>restaurantes</strong> Matterello, La Marie, Piccola Forneria e Charpentier, além da pizzaria Prestíssimo.<br />

Promoveram rótulos as importadoras D’Olivino, Empório Sorio, Península, Porto Mediterrâneo, Wine Lovers e Winery, e as vinícolas nacionais Pericó, Sanjo e Villaggio<br />

Grando. Destaque para a Península, que ofereceu ao público seus vinhos espanhóis praticamente no ano de 2009 todo.<br />

piCColA forneriA<br />

Considerado o melhor local<br />

da Baixada Santista para<br />

se beber vinhos, a Piccola<br />

Forneria em Santos, comandada<br />

por Gugu Barbosa, hoje<br />

presidente da ABS-Litoral, é<br />

palco do Circuito na região.<br />

Após passar por grande ampliação<br />

física, conta basicamente<br />

com dois ambientes,<br />

um na parte de baixo, mais informal,<br />

em que preferencialmente<br />

serve pizzas e outro na<br />

parte superior, aconchegante<br />

e charmoso.<br />

Piccola Forneria<br />

Av.Almirante Cochrane, 62<br />

Canal 5, Santos<br />

(13) 3271-1200 / 3273-6699<br />

ChArpentier<br />

frontenAC<br />

Um dos hotéis mais charmosos<br />

do Brasil, integrante<br />

da rede de Hotéis de Charme<br />

e da Condé Nast Johansens,<br />

o Frontenac em Campos do<br />

Jordão abriga em seu interior<br />

o restaurante Charpentier<br />

e faz parte do Circuito<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong>. Somente o seu<br />

aconchegante bar em estilo<br />

inglês já valeria a visita,<br />

porém vai além: a cozinha<br />

é de bom nível, a adega é a<br />

melhor da região e o serviço<br />

do sommelier Valter Silva<br />

é ótimo.<br />

Charpentier<br />

Hotel Frontenac<br />

Av. Dr. Paulo Ribas, 295<br />

Capivari, Campos do Jordão<br />

(12) 3669-1000


“Nas próximas páginas,<br />

viva mais além<br />

das garrafas de vinhos<br />

8<br />

EmBoa<strong>Cia</strong><br />

O melhor<br />

de viajar com vinho<br />

“Em 00 , Adriana<br />

Bonilha nos levou a<br />

várias viagens. Em<br />

cada época do ano mostrou<br />

que podemos apreciar<br />

vinhos em locais distintos,<br />

curtindo o melhor da vida...<br />

Moramos em um país tropical<br />

(graças a Deus!) e com isto<br />

temos várias estações num<br />

mesmo dia e também as estações convencionais.<br />

Vamos então ao que viajamos em<br />

cada época em 2009.<br />

no outono<br />

Outono pode ser bom para uma praia e<br />

também quem sabe para a serra, com temperaturas<br />

amenas. É época para aproveitar<br />

festivais espalhados pelo país.<br />

Se você prefere a brisa do mar conjugada<br />

com uma pitada histórica, vale dar<br />

um pulo em Paraty. Lá não se esqueça<br />

da nossa tacinha. Sugiro um Chardonnay<br />

com leve toque de madeira.<br />

Agora se o seu devaneio é por um<br />

climazinho para acender a lareira e passar<br />

o tempo vendo o movimento de labaredas,<br />

que tal Campos do Jordão ou Monte<br />

Verde? Para os pinhões, que tal buscar<br />

nas cartas um vinho tinto leve, talvez um<br />

Pinot Noir, e para a truta um aromático<br />

Sauvignon Blanc?<br />

no inverno<br />

As mulheres são geralmente mais<br />

friorentas! Precisamos de um bom casaco<br />

e um belo cobertor (de orelhas, é claro!)<br />

para nos aquecermos.<br />

Nesta época podemos incluir o vinho<br />

como uma das possibilidades do ser humano,<br />

não só das mulheres, para aumentar<br />

a temperatura.<br />

Vejo a meu lado, em um devaneio,<br />

labaredas de uma lareira... Mas sinto o real<br />

aroma do Merlot na taça à minha frente.<br />

Uma cor rubi, um toque herbáceo, que<br />

chamam ao pequeno gole que preenche<br />

as papilas e começa a me aquecer.<br />

Penso na viagem de férias e um local<br />

ainda mais frio. Quem sabe Gonçalves,<br />

Petrópolis, Campos do Jordão? Mais frio?<br />

Então Cordilheira dos Andes, Patagônia,<br />

Portillo, Alpes Franceses ou Suíços?!<br />

nA primAverA<br />

Eu programo minhas viagens de acordo<br />

com o meu momento, com a busca pela<br />

paz ou por locais movimentados.<br />

Uma bela poltrona à beira de uma<br />

piscina para nem perceber o tempo passar...<br />

O sol e a brisa refrescante de uma<br />

cidade litorânea com pouco movimento<br />

me levam a um Chardonnay, madeira,<br />

envelhecimento e acidez, num meio de<br />

semana da primavera, cidade vazia, muita<br />

calma, eu e o tempo...<br />

Então, subo a serra e pelas estradas<br />

sinuosas chego a Carrancas, São Tomé<br />

das Letras, ou, quem sabe, a Conceição<br />

do Ibitipoca. (Vocês já tiveram a oportunidade<br />

de conhecer suas maravilhosas<br />

cachoeiras? Fica em Minas, tá?).<br />

no verão<br />

Verão. Férias. Relax. Paz. Passeio.<br />

Viagem... Chegando a estação quente,<br />

todas as “miragens” começam a aparecer<br />

em nossas mentes. As minhas ficam<br />

repletas de refrescantes vinhos brancos...<br />

geladinhos na temperatura correta...<br />

acompanhados de um belo queijo ou um<br />

peixe grelhado.<br />

Em altas temperaturas e as férias chegando,<br />

é bom dar um pulo numa bela e<br />

famosa praia, a cerca de 3 horas da capital<br />

paulista, e que, apesar de seu buchicho,<br />

Foto: Bruna Bonilha Oliveira<br />

me traz tranqüilidade e lembranças bucólicas,<br />

que começam pela travessia da<br />

balsa: Ilhabela.<br />

Adriana Bonilha<br />

Colunista<br />

adriana@jornalvinhoecia.com.br<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


O melhor<br />

dos charutos e destilados<br />

“Cesar Adames em<br />

00 buscou para<br />

o <strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> boas<br />

<strong>dicas</strong> acerca do universo<br />

dos charutos e destilados,<br />

abrangendo degustações,<br />

feiras, novos produtos...<br />

No mundo do charuto a banda<br />

toca quase a mesma música que<br />

no vinho. Se de um lado temos<br />

Parker e Wine Spectator, do lado da<br />

fumaça temos a Cigar Aficionado. Aliás,<br />

para quem não sabe, a revista é filha da<br />

Wine Spectator. Tudo começou quando<br />

o Publisher da revista, Marvin Shanken,<br />

e seu fiel escudeiro James Suckling (atualmente<br />

correspondente das duas revistas<br />

na Itália) foram para Cuba em 1992 para<br />

fazer uma edição especial da Wine Spectator<br />

falando sobre charutos cubanos. Na<br />

volta para os Estados Unidos Mr. Shanken<br />

teve a brilhante idéia de lançar uma revista<br />

específica sobre o assunto.<br />

Desde então muitos apreciadores fazem<br />

da Cigar Aficionado sua bíblia para<br />

a compra dos charutos.<br />

Nos Estados Unidos a propaganda é<br />

a alma do negócio e a frase “Rated xx<br />

by CA” pode fazer a venda dos charutos<br />

disparar.<br />

Felizmente para os brasileiros a revista<br />

não é muito útil, primeiro por que temos<br />

ótimos charutos cubanos e brasileiros que<br />

dispensam apresentação, e em segundo<br />

lugar por que não temos a enorme oferta<br />

de dominicanos, hondurenhos, mexicanos<br />

e outros charutos que o mercado<br />

americano recebe. No entanto, se você<br />

for viajar e quiser comprar algo diferente<br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

pergunte aos seus amigos apreciadores.<br />

Com certeza os comentários serão mais<br />

verdadeiros.<br />

ChArutos e Whiskeys<br />

A degustação que vai ficar na lembrança<br />

ocorreu no último dia 19 de novembro,<br />

e envolveu os whiskeys Jack Daniel’s e<br />

charutos cubanos (foto). Você que está<br />

lendo este artigo deve estar se perguntando:<br />

o que tem de mais nisso? Nada se<br />

a degustação tivesse ocorrido no Brasil e<br />

não em Havana, Cuba, que sofre um embargo<br />

por conta dos Estados Unidos.<br />

Durante a degustação contamos com<br />

várias personalidades, como Jorge Luis<br />

Fernández Maique, Vice-Presidente da<br />

Habanos S.A., especialistas do Instituto do<br />

Tabaco de Cuba e destacadas personalidades<br />

das áreas de bebidas e gastronomia.<br />

Depois de várias horas de degustação<br />

foram merecedoras de elogios as combinações<br />

do Cohiba Maduro 5 Mágicos com<br />

Gentleman Jack e do Partagas Serie D No.<br />

4 com o Old No.7 e o Single Barrel.<br />

drinks<br />

A Miolo Wine Group lançou o guia<br />

Drinks & Long Drinks, que traz 20 recei-<br />

Charutos & Destilados<br />

tas inéditas desenvolvidas pelo Mestre<br />

Derivan, eleito Barman do Ano pela<br />

Revista Gula em 2005 e 2007. As receitas<br />

são elaboradas com vinhos, espumantes e<br />

destilados do portfólio da Miolo.<br />

CAChAçAs<br />

O mercado de cachaças vai de vento<br />

em popa pelo que vi durante a Brasil<br />

Cachaça realizada em conjunto com a<br />

Expovinis.<br />

Um dos stands mais visitados era o do<br />

Armazém Vieira, que tem uma linha de<br />

cachaças espetacular. Sua produção vem<br />

da ilha de Santa Catarina desde o tempo<br />

em que aportou o Capitão Shelvocke<br />

com seu navio Speedwell em 1719 para<br />

refazer seus suprimentos. Foi o primeiro<br />

navegador que registrou a produção local<br />

em um livro publicado em 1726.<br />

Whisky<br />

O autor do livro “Jim Murray’s Whisky<br />

Bible” (“A Bíblia do Whisky de Jim Murray”)<br />

(foto) esteve no Brasil recentemente<br />

para tirar dúvidas sobre como beber<br />

whisky, se a bebida deve ou não acompanhar<br />

uma refeição, com qual alimento<br />

pode ser combinado, que tipo de malte é<br />

o mais indicado, entre outras questões.<br />

Considerado o maior especialista do destilado<br />

escocês, Jim já degustou milhares de<br />

maltes e é o homem que conhece o maior<br />

número de destilarias do mundo.<br />

Whiskey trAil<br />

Recebi um convite da Discus (The<br />

Distilled Spirits Council of the United<br />

States) para conhecer a rota do Whiskey<br />

Americano e fui para Washington num<br />

roteiro que envolveu seis destilarias, com<br />

muita estória.<br />

A George Washington Distillery at<br />

Mount Vernon (foto) é a porta de entrada<br />

para a trilha do whiskey americano, e<br />

mostra aos visitantes todo o processo de<br />

elaboração desta bebida. Desde a moagem<br />

dos grãos, até a colocação do destilado nos<br />

barris para envelhecimento. As primeiras<br />

garrafas devem sair em breve com uma<br />

produção pequena, que deve ser leiloada,<br />

pois o objetivo da destilaria não é o de<br />

obter lucros e sim mostrar as origens do<br />

whiskey.<br />

Cesar Adames<br />

Consultor gastronômico<br />

adames@jornalvinhoecia.com.br


Comportamento<br />

O melhor<br />

das estórias do Didú<br />

“Há muito, muito<br />

tempo, Didú Russo<br />

vivia estórias e<br />

mais estórias. Lugares,<br />

situações, bebidas,<br />

aromas... Ficaram na sua<br />

memória. E um pouco aqui<br />

Na minha juventude, que foi outro<br />

dia, gostava demais da boemia.<br />

Isso era final da década de sessenta,<br />

e a minha bebida era o Pernod, que<br />

ainda vinha com 65º de álcool. O mundo<br />

andava ainda em voltas ao rock, mas de<br />

repente surgiu um movimento de valorização<br />

da nossa cultura, algo como está<br />

acontecendo agora com a cachaça. Surgiram<br />

os endereços de samba e os melhores<br />

de São Paulo eram no Bexiga: Catedral do<br />

Samba e Telecoteco na Paróquia.<br />

Num dia no Telecoteco cantava o<br />

Benito di Paula, mas o Didú estava com<br />

o quarto ou quinto copo long-drink de<br />

Pernod 65º em cima da mesa e cantando<br />

o grande sucesso do ano que era do Gilberto<br />

Gil... “Chô chuá, cada macaco no<br />

seu galho...” e eu lá em cima da mesa até<br />

conseguir que o Benito di Paula cantasse<br />

o sucesso. De repente, surge um cheirinho<br />

incrível e sedutor de churrasco!<br />

Puxa vida, que grande idéia, são duas<br />

da manhã e até agora não comi nada, um<br />

churrasquinho vai cair como uma luva...<br />

Bem, olho para a minha mão que fumaçava...<br />

Era o meu dedo médio e indicador<br />

que fumegavam com a brasa do meu charuto<br />

que tostava meus próprios dedos... E<br />

eu feliz e amortecido pelo Pernod olhava<br />

admirado para aquela cena... E Cho chuá<br />

cada macaco no seu galho...<br />

0<br />

ChAmpAgne...<br />

Há pessoas realmente muito felizes<br />

com a vida. Eu sou um desses caras.<br />

Achei o amor da minha vida, com<br />

quem estou há mais de 35 anos! Acreditem,<br />

ainda por cima quando nos conhecemos,<br />

além de jovens, levávamos uma vida<br />

de milionários. Verdadeiros milionários.<br />

Explico, trabalhávamos numa Secretaria<br />

de Estado, a dos Negócios da Cultura, do<br />

Esporte e do Turismo de São Paulo. E<br />

sabem quem era o Secretário? O incrível<br />

e elegante Pedro de Magalhães Padilha,<br />

meu falecido amigo e padrasto de outro<br />

já falecido grande amigo (como o tempo<br />

está passando...), Carlos Eduardo de<br />

Barros, o Cacá.<br />

Bem, o que isso tem a ver com uma coluna<br />

de vinhos e comportamento do <strong>Jornal</strong><br />

<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong>? Tem a ver, pois, imaginem,<br />

meus queridos leitores, a cena seguinte.<br />

Você tem 22 anos de idade, é “beatnik”<br />

e se transforma durante o dia de trabalho<br />

para ser “Oficial de Gabinete” de um Secretário<br />

de Estado e vai de terno, gravata e<br />

colete para o Palácio dos Campos Elíseos<br />

(turbinado por um pacau...) todos os dias.<br />

Ao final do dia você consegue o “seu momento”<br />

e convida a melhor das mulheres<br />

do Palácio e do Mundo, uma verdadeira<br />

capa de revista para sair... Onde? Roof<br />

do Hilton.<br />

O Roof tinha uma orquestra, mesas<br />

com visão panorâmica de São Paulo e<br />

pista de danças... Imaginem. “Garçom,<br />

por favor, uma garrafa de Laurent Perrier,<br />

e escargots. Obrigado”. Chegava o<br />

Champagne, brindávamos e levantávamos<br />

para dançar.<br />

No dia seguinte, o Secretário (hoje<br />

compreendo) curtia muito a minha juventude,<br />

gostava de mim realmente e foi<br />

um grande amigo. Me dizia pela manhã:<br />

“Didú? Como foi ontem?”, e eu contava<br />

a programação. Bem, parabéns. É isso aí.<br />

Me dê aqui a nota...<br />

hudson<br />

Meu avô teve um<br />

Hudson 1951. Procurei<br />

na internet e achei<br />

um igualzinho, na cor<br />

Bordeaux e conversível.<br />

Era coisa de<br />

milionário um carro<br />

desses!<br />

Saíamos para passear<br />

aos domingos lá pelas<br />

“matas do Tremembé”.<br />

O assento de trás<br />

parecia uma sala para<br />

mim, e o carro era<br />

todo automático. Dá<br />

para imaginar o que<br />

era isso? Os vidros<br />

e a capota baixavam<br />

pelo acionar de um<br />

simples botão. Eram<br />

cor creme os botões.<br />

E o cheiro então?<br />

Meu avô Licínio<br />

Granja, que usava<br />

ligas de meia, era<br />

homem muito fino<br />

e consumia uns produtos<br />

que nunca me<br />

saíram da memória olfativa. Creme de<br />

barba da Yardley, que vinha numa baciazinha<br />

de madeira, onde se passava o pincel<br />

de pelo de Marta... Brilhantina Lorigan<br />

de Coty e Água de Colônia Atkinsons.<br />

Esses aromas todos se misturavam ao<br />

couro do Hudson e ficaram para sempre<br />

em minha memória, como as luvas de seda<br />

da Mamãe quando voltava da Ópera tarde<br />

da noite com o Papai, e a gente esperava<br />

para ver se ganhava algum agrado. Bons<br />

tempos aqueles de bons aromas...<br />

mAis AromAs<br />

Ainda sobre a memória olfativa, lembro-me<br />

de que na minha infância e préadolescência<br />

os homens eram divididos<br />

entre os que usavam English Lavander<br />

Atkinsons e os que usavam Vetiver de<br />

Guerlain. Isso bem antes do Pino Silvestre<br />

e do Lancaster, que meu amigo Arnaldo<br />

Gasparian usa até hoje...<br />

Acho que curtir os aromas nos vinhos<br />

dão grande prazer, só não dão mais prazer<br />

que tomá-los, porque cheirar apenas não<br />

embriaga...<br />

Didú Russo<br />

Confraria dos Sommeliers<br />

didu@jornalvinhoecia.com.br<br />

<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 48


<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 48<br />

Quantos bons negócios<br />

você já não fechou<br />

apreciando um<br />

bom vinho?<br />

A Abravinho tem revistas especializadas no mundo do vinho. São milhares de aficcionados pela arte, pela história e pela magia<br />

contida em cada garrafa. Um público altamente selecionado, com excelente poder aquisitivo e que entre uma safra e outra está<br />

atento à sua mensagem. Anuncie numa das revistas da Abravinho e ganhe muitos apreciadores para o seu produto ou serviço.<br />

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