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1 Todo Vinho O melhor das estrelas brasileiras “Sérgio Inglez apresentou muita coisa boa do mundo do vinho em 00 . Os espumantes brasileiros estiveram entre os destaques. Veja como O Brasil pode se considerar abençoado! Aqui as estrelas brilham como em poucos lugares do mundo. Prova disso foi o VI Concurso do Espumante Brasileiro, realização da ABE – Associação Brasileira de Enologia, em Garibaldi, nos dias 4, 5 e 6 de agosto de 2009. Neste sexto concurso ficou clara a vitalidade crescente dos espumantes brasileiros, cujos rótulos se multiplicam ano a ano, dentro de um nível de qualidade que bem mostra a maturidade do segmento. Sessenta e seis vinícolas inscreveram 205 amostras que foram avaliadas por 65 degustadores das mais distintas posições no mercado: enólogos, jornalistas, escritores, professores e pesquisadores. Todos seguiram normas de avaliação internacionais da Organização Internacional da Uva e do Vinho (OIV) e da União Internacional dos Enólogos (UIOE), para dar pontuação a cada amostra, oferecendo as bases para premiar 30% das amostras, ou seja, 62 foram premiadas nas distinções: 1 Grande Medalha de Ouro (pontuação de 94 a 100), 48 Medalhas de Ouro (pontuação de 88 a 93) e 13 Medalhas de Prata (pontuação de 84 a 87). Neste conjunto de premiadas vale destacar algumas das muitas vinícolas de desempenho exemplar: - Dal Pizzol, 1 Grande Medalha de Ouro e 2 de Ouro - Salton, 3 de Ouro e 1 de Prata - Estrelas do Brasil, 3 de Ouro - La Cantina, 3 de Ouro - Dom Cândido, 3 de Ouro - Perini, 3 de Ouro - Casa Valduga, 2 de Ouro - Vinícola Garibaldi, 2 de Ouro - Pompéia, 2 de Ouro - Cordelier, 2 de Ouro. - Panizzon, 1 de Ouro, 2 de Prata - Calza Júnior, 1 de Ouro e 1 de Prata - Pedrucci, 1 de Ouro e 1 de Prata - Góes & Venturini, 1 de Ouro Destacaram-se como novidades importantes as catarinenses Panceri e Pericó, a mineira LC Marcon, e as gaúchas Don Bonifácio, Vinícola São Luiz, União de Vinhos, Peruzzo, Salvador, Viapiana, Fabian, Faé, Dom Hermínio, Gazzaro e a Giaretta. Com tantos novos produtores de qualidade, somando-se aos rótulos das vinícolas tradicionais, realmente fica muito auspicioso falar das estrelas brasileiras. estrelAs de Altitude Há longos anos acompanho o nascimento e o crescimento da vitivinicultura de altitude em várias áreas de Santa Catarina. A história do vinho catarinense passa pela colonização do oeste do estado, numa faixa chamada de Contestado, para onde migraram italianos gaúchos atrás de novas terras. Famílias como Arcari, Piccoli, Zago, Pisani, Panceri e outras foram dando continuidade ao modelo do vinho gaúcho baseado na Isabel. Na década de 1950, Nilo Panceri volta do Paraná e retoma suas atividades vitivinícolas em Tangará. Cansado das geadas tardias que freqüentemente assolavam os vinhedos das partes mais baixas, passou a defender a necessidade de se subir pelas encostas, buscando proteção nas altitudes. Chegou à Serra do Marari. Atualmente nas mãos dos herdeiros Celso e Luiz Panceri, a vinícola explora rigorosamente vinhedos de altitude e pode oferecer, entre bons vinhos, seus espumantes de qualidade. Lembro-me do grande revolucionário, Dilor de Freitas, colocando pedra sobre pedra em chão virgem para erigir a sua obra de arte, a Villa Francioni. De repente, das mãos do enólogo Bettú, além dos vinhos tranqüilos de grande qualidade, vêm saindo diferenciados espumantes. Nos altos de Caçador, no distrito de Água Doce, o empreendedor Maurício Grando formou vinhedos perfeccionistas, estudou muitas variedades, testou vinificações... montou sua cantina. Vamos aguardar a hora, para, dentro de uma linha de produtos super-premium, atestar o grande estilo dos seus espumantes. Não esgotando as vinícolas, surge a mais nova revelação dos altos catarinenses, a Vinícola Pericó, com dois brut baseados na dupla Cabernet Sauvignon e Merlot, um branco e um rosé, que estão de fechar o comércio. Sérgio Inglez de Souza Escritor e consultor sergio@jornalvinhoecia.com.br Vinho&Cia - No. 48
O melhor do Cone Sul “Euclides Penedo trouxe para o Vinho&Cia em 00 o mundo do Cone Sul. Acompanhe aqui um pouco sobre chilenos, argentinos e uruguaios. Ao terminar, em breve, a primeira década do Século XXI, a América do Sul vê consolidada sua maturidade vitivinícola a nível internacional. Provas disso são a disponibilidade de vinhos de qualidade superlativa, elaborados cuidadosamente em condições especiais no Chile, na Argentina, no Uruguai e no Brasil, e o reconhecimento dessa melhoria qualitativa por parte de revistas especializadas e de avaliadores reconhecidos no mundo dos vinhos. Chama atenção o grande número de referências favoráveis e notas elevadas em revistas como a Decanter inglesa, a Wine Enthusiast e a Wine Spectator dos EUA, por onde transitam hoje os vinhos sulamericanos bem avaliados, coisa impensável há vinte anos atrás. E nos comentários elogiosos e algo surpreendentes de avaliadores do nível de Robert Parker e Jancis Robinson. A nossa previsão de que o tratamento dado internacionalmente para os vinhos do Cone Sul, tratados com certo distanciamento até os anos noventa, mudaria para melhor, se concretizou e hoje é uma realidade. uruguAios As degustações às cegas nos fazem aceitar realidades que os rótulos escondem. As surpresas favoráveis que meus grupos Vinho & Cia - No. 48 de degustação têm tido com certos vinhos uruguaios, vistos inicialmente com reservas quando provados às claras, confirmam a observação. Com certa alegria e surpresa constatamos por duas vezes que certo tinto, dado como francês, era um Tannat uruguaio elaborado por enólogo francês. Como se sabe a variedade de destaque no país vizinho é a Tannat, casta francesa de amadurecimento precoce. Seu nome (do francês “tannin”) deriva de sua riqueza em taninos. Trazida por imigrantes bascos no século dezenove, ajustou-se com sucesso ao solo e clima do Uruguai, tornando-se a uva emblemática do país e a origem de seus melhores tintos. A vinicultura uruguaia, contudo, não se limita a ela. Lá estão outras castas tintas, como Cabernet Sauvignon, Merlot e Tempranillo, e brancas, como Chardonnay, Sauvignon Blanc e Viognier. Elas originam tintos e brancos secos, espumantes e vinhos de sobremesa. Em termos de quantidade, o Uruguai distancia-se significativamente da Argentina. Sua área de cultivo de 12 mil hectares equivale a 5% dos 200 mil hectares argentinos. Em termos de qualidade, porém, alguns de seus vinhos, elaborados em “bodegas” familiares, tendem a se emparelhar no médio prazo aos melhores do cone sul. de soBremesA No caso da América do Sul a maioria dos vinhos de sobremesa é de Colheita Tardia, sob vários nomes como Cosecha América do Sul Tardia (ou simplesmente Tardio), Late Harvest, elaborados a partir de castas européias disponíveis por aqui: Moscatel, Riesling, Sauvignon Blanc, Sémillon, Gewürztraminer. E das tintas Tannat e Malbec. São vinhos bem elaborados, avaliados entre bons e ótimos, uns poucos excelentes. E sempre de preços muito mais acessíveis do que seus similares europeus. Podemos encontrar vários deles no Brasil, incluindo o brasileiro Moscatel Late Harvest Terranova, procedente do nordeste brasileiro. itAliAnos nA ArgentinA Pode-se dizer que a vinicultura argentina é uma criação italiana. Não somente foi a imigração italiana do século dezenove que deu origem à maior parte dos vinhedos de Mendoza e San Juan como também foi obra de um italiano - o engenheiro Cesare Cipoletti - seu sistema de distribuição de água que permitiu o cultivo no deserto. O nome do engenheiro foi imortalizado no Dique Cipoletti, no Rio Mendoza, perto do qual ergue-se uma estátua em sua homenagem. No período encerrado em 1990, da produção volumosa de vinhos populares para consumo interno, o nome de destaque era o do empresário portenho de ascendência italiana Hector Greco (1928 – 1988). E a renovação e desenvolvimento dos anos noventa está ligada, por exemplo, a Nicolas Catena, neto de italiano. Não é de se estranhar, por isso, que tantos sobrenomes ligados à atual vitivinicultura argentina - alguns deles como Zucardi, Tittarelli, Canale, Rutini bem conhecidos no Brasil - tenham origem italiana. Euclides Penedo Borges Presidente da ABS-Rio euclides@jornalvinhoecia.com.br 1
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