MISTÉRIOS DA FLANDRES - Pedro Almeida Vieira
MISTÉRIOS DA FLANDRES - Pedro Almeida Vieira
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— Vocês nem imaginam os planos que fiz para esta<br />
semana.<br />
Escusado será dizer que os dois irmãos ficaram num<br />
alvoroço.<br />
— Planos? Que planos?<br />
— Calma. Não é nada do que vocês estão a pensar.<br />
— Hum... Se é uma surpresa para nós, já sei qual é.<br />
Orlando olhou o seu pequeno amigo, e num relance<br />
percebeu tudo. João esperava ansiosamente que lhe anunciasse<br />
uma viagem ao futuro, cheia de mistério, acção,<br />
naves espaciais de outras galáxias, planetas extravagantes,<br />
homens verdes, forças desconhecidas.<br />
Uma onda de ternura impediu-o de dizer a verdade.<br />
E ficou calado a olhá-los, consciente de que se lhes<br />
contasse o que planeara, o encontro começaria por ser<br />
uma tremenda desilusão. Eram muito novos. Tinham<br />
tanta necessidade de movimento, peripécias e novidades<br />
como ele de paz e sossego. Que fazer então?<br />
Não lhe ocorria resposta nenhuma! O silêncio ameaçava<br />
prolongar-se quando, de súbito, um clarão roxo<br />
inundou o aposento logo seguido de estrondos aterradores!<br />
— Que é isto? Que é isto?<br />
Orlando, assustado, puxou-os para si e ordenou:<br />
— Deitem-se! Deitem-se no chão! Cubram a cabeça!<br />
As paredes vibravam, os vidros tilintavam, o candeeiro<br />
balançava cada vez mais depressa, cada vez mais<br />
depressa, e um silvo agudo disparou a crescer de tom,<br />
tão alto e tão intenso que... «Crash! Plash! Springt!»<br />
O espelho rebentou em mil estilhaços. Assombrados,<br />
olharam para a moldura, que continuava a vibrar como<br />
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