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Sobre o jornal Letras Fluminenses - Seminário Brasileiro sobre ...

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Para efeito de análise, classificamos os textos publicados em <strong>Letras</strong> <strong>Fluminenses</strong> em duas<br />

categorias: os com características <strong>jornal</strong>ísticas (cobertura de eventos, perfis, entrevistas, mini-<br />

resenhas e crítica literária, mais os de cunho de serviço, como anúncios de concursos, agenda,<br />

registros de posse de acadêmicos etc.) e os literários (poesia, prosa, conto, panegíricos, ensaios,<br />

crônicas, artigos <strong>sobre</strong> literatura...). Se na primeira fase do LF (1950 a 1958) havia um “corpo de<br />

redação”, na segunda e mais duradoura (1979 a 1991) cabia ao próprio Magalhães a realização<br />

dos textos <strong>jornal</strong>ísticos, além da cobertura fotográfica dos eventos.<br />

Destes, apenas ficava de fora a coluna de crítica, batizada de “Na estante”, assinada no<br />

início da década de 1980 por Mário Newton Filho, substituído, em 1982, por Lyad de Almeida,<br />

e, a partir de 1989, por Geir Campos. Se Newton Filho e Lyad costumavam assinalar as<br />

“qualidades” do trabalho abordado, Geir era o terror dos autores, com sua pena afiada e<br />

encharcada de ácida crítica, como no trecho abaixo no qual analisa publicação do poeta, tradutor<br />

e ensaísta Haroldo de Campos:<br />

Alguns “tradutores tupiniquins” hão por bem, aproveitando de certo modo a inspiração<br />

alheia para suprirem a falta de alguma própria, realizarem seus trabalhos tradutórios com<br />

uma liberdade “criativa” (ou “criadora”) tão grande que o texto original fica as vezes<br />

impossível de se distinguir. É o caso do paulistano Haroldo de Campos, em seu livro Deus e<br />

o Diabo no “Fausto” de Goethe, publicado em São Paulo pela editora Perspectiva, da qual<br />

ele é conselheiro editorial...<br />

Com base material para suas conjecturas tradutórias, se assim se pode dizer, o Autor<br />

transcreve os textos alemães de duas cenas do Faust II, de Goethe, por ele “traduzidas”; mas<br />

Haroldo de Campos tem sempre o cuidado de deixar bem claro que o que ele faz não são<br />

propriamente “traduções” e, sim, nesse caso específico, “transluciferações”. (A essa<br />

desmemoria parricida chamarei “transluciferações”. SIC.) (<strong>Letras</strong> <strong>Fluminenses</strong>, mar/abr<br />

1990, p.3)<br />

Geir levava prestígio ao <strong>Letras</strong> <strong>Fluminenses</strong>, mas não o suficiente para torná-lo<br />

economicamente lucrativo. Para manter seu <strong>jornal</strong>, Luiz Magalhães assumiu, desde a primeira<br />

hora, todas as fases de produção do periódico, cuja sede funciona em seu apartamento, em Icaraí.<br />

Era ele quem recolhia o material, editava, compunha, diagramava, levava o original à gráfica e<br />

acompanhava a produção, distribuía os exemplares, agenciava e cobrava os anunciantes, além de<br />

postar as assinaturas, enviadas para várias regiões do país e também para o exterior.<br />

Para manter as edições de <strong>Letras</strong> <strong>Fluminenses</strong> era preciso financiamento, senão para<br />

remunerar os escritores, pelo menos, quitar a conta da gráfica. Ao longo dos anos, Luiz<br />

Magalhães experimentou diferentes fórmulas de captação de recursos, que, de certa maneira,<br />

influenciaram a área editorial. O primeiro número foi vendido em quatro livrarias da cidade, a<br />

Cr$2,00 o exemplar, com assinatura anual a Cr$20,00. A edição de estreia contou com um único<br />

anúncio, de 1/5 de página, da Loteria do Estado do Rio de Janeiro.

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