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1 Processo de Formação de Estratégia em Tempos de Crise - Anpad

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<strong>Processo</strong> <strong>de</strong> <strong>Formação</strong> <strong>de</strong> <strong>Estratégia</strong> <strong>em</strong> T<strong>em</strong>pos <strong>de</strong> <strong>Crise</strong>: O Caso Itamaracá<br />

Transportes<br />

Autoria: Brigitte Renata Bezerra <strong>de</strong> Oliveira, Vinícius Farias Moreira, Severino Hélio <strong>de</strong><br />

Carvalho Filho, Maria Conceição Melo Silva<br />

Resumo<br />

O propósito central <strong>de</strong>ste artigo é analisar aspectos do processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégias da<br />

Itamaracá Transportes, com ênfase às estratégias <strong>de</strong> recuperação b<strong>em</strong> sucedidas diante <strong>de</strong><br />

crises na <strong>em</strong>presa e no setor, no período compreendido entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2004. T<strong>em</strong><br />

como arcabouço teórico a concepção <strong>de</strong> estratégias <strong>em</strong>ergentes e <strong>de</strong>liberadas, b<strong>em</strong> como<br />

estratégias <strong>de</strong> turnaround, além <strong>de</strong> noções da Escola do Po<strong>de</strong>r e Incr<strong>em</strong>entalismo Lógico,<br />

necessárias à compreensão do fenômeno. Para tanto, a metodologia do estudo <strong>de</strong> caso<br />

qualitativo foi utilizada a fim <strong>de</strong> captar e enten<strong>de</strong>r as diversas facetas pertinentes à formação<br />

<strong>de</strong> estratégias na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise, utilizando entrevistas e análise documental como<br />

técnicas <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados. Dentre os resultados, verificou-se a presença <strong>de</strong> estratégias<br />

<strong>de</strong>liberadamente <strong>em</strong>ergentes, a forte influência das forças político-legais e exercício do po<strong>de</strong>r<br />

no padrão <strong>de</strong> formação das estratégias e condução das ativida<strong>de</strong>s na <strong>em</strong>presa, <strong>de</strong> forma geral e<br />

<strong>em</strong> períodos <strong>de</strong> crise.<br />

1 Introdução<br />

A concepção <strong>de</strong> estratégia há muito permeia os tomadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e gestores<br />

organizacionais. É consi<strong>de</strong>rada o ponto alto da ativida<strong>de</strong> dos executivos ou qualquer daqueles<br />

que persegu<strong>em</strong> razões para o sucesso ou fracasso na competição (RUMELT; SCHENDEL;<br />

TEECE, 1994), mesmo que não haja uma <strong>de</strong>finição conceitual uniforme, plenamente aceita na<br />

comunida<strong>de</strong> acadêmica e <strong>em</strong>presarial (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000). As<br />

origens do conceito <strong>de</strong> estratégia sofreram forte influência da visão militar, com princípios<br />

atribuídos ao conhecimento <strong>de</strong> si mesmo e do inimigo para i<strong>de</strong>ntificar cursos <strong>de</strong> ação. Para<br />

Clausewitz (1996) toda operação militar <strong>de</strong>ve ser dirigida para um objetivo claramente<br />

<strong>de</strong>finido por meio <strong>de</strong> planos diretos e claros. Sun Tzu (1994) argumenta que na arte da guerra<br />

não exist<strong>em</strong> regras fixas; elas po<strong>de</strong>m ser apenas <strong>de</strong>terminadas segundo as circunstâncias<br />

peculiares vividas, nas quais nenhum exército possui vantagens estratégicas e posições<br />

invariáveis. Sob a perspectiva prescritiva, uma analogia com o mundo <strong>em</strong>presarial explora a<br />

habilida<strong>de</strong> das organizações <strong>em</strong> compreen<strong>de</strong>r como as diversas situações po<strong>de</strong>m ser<br />

transformadas <strong>em</strong> vantag<strong>em</strong>, conhecendo forças e sanando fraquezas do seu ambiente interno,<br />

aproveitando oportunida<strong>de</strong>s e neutralizando ameaças do seu ambiente externo.<br />

Como as estratégias são formadas nas organizações? Dentre as <strong>de</strong>cisões estratégicas,<br />

aquelas guiadas pelo planejamento faz<strong>em</strong> uso <strong>de</strong> análises formais para articular e integrar<br />

estratégias com vistas no futuro. Para tal, <strong>de</strong>manda racionalida<strong>de</strong> sist<strong>em</strong>ática e indicadores <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, sob a crença <strong>de</strong> que tais análises po<strong>de</strong>riam promover entendimento suficiente<br />

para influenciar o ambiente (MINTZBERG, 1973). No entanto, o mundo da estratégia é por<br />

<strong>de</strong>mais complexo para simplesmente ser traduzido <strong>em</strong> planos <strong>de</strong> ação; o processo analítico<br />

clássico <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong> metas <strong>de</strong> longo prazo e planos <strong>de</strong> ação há muito se encontra<br />

ameaçado, dado o ritmo com que as complexida<strong>de</strong>s sociais impactam as ativida<strong>de</strong>s da<br />

<strong>em</strong>presa (MINTZBERG; WATERS, 1985). Voltadas para ações adaptativas, as organizações<br />

po<strong>de</strong>m operar <strong>em</strong> um ambiente hostil, <strong>em</strong> que não exist<strong>em</strong> direções claras, e soluções reativas<br />

se sobrepõ<strong>em</strong> à proativida<strong>de</strong> na busca por oportunida<strong>de</strong>s. O processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

estratégia é fragmentado e tomado <strong>em</strong> passos incr<strong>em</strong>entais, influenciados pela velocida<strong>de</strong> das<br />

mudanças, momentos <strong>de</strong> crise, forças e jogos <strong>de</strong> interesses (MILES et al., 1978; BOYLE;<br />

DESAI, 1991).<br />

1


Os estudos sobre a gestão <strong>de</strong> transportes com enfoque nas <strong>em</strong>presas operadoras ainda<br />

são raros, estando inseridos <strong>em</strong> pesquisas que reflet<strong>em</strong> o fenômeno apenas sob dimensões<br />

relacionadas ao sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> transporte, papel dos movimentos sociais e produtivida<strong>de</strong><br />

(GOUVÊA, 1992; CANÇADO, 1996). Percebe-se a carência, especialmente <strong>em</strong> questões<br />

acerca da administração estratégica e como os momentos <strong>de</strong> crise, originados na <strong>em</strong>presa ou<br />

setor, culminariam <strong>em</strong> estratégias <strong>de</strong> recuperação. Diante do cenário <strong>de</strong>scrito, <strong>de</strong>corre que o<br />

propósito central <strong>de</strong>ste artigo é analisar aspectos do processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégias, com<br />

ênfase às estratégias <strong>de</strong> recuperação b<strong>em</strong> sucedidas diante <strong>de</strong> crises, no período<br />

intencionalmente estabelecido entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2004. Buscou-se i<strong>de</strong>ntificar<br />

comportamentos diante <strong>de</strong> reorientações provocadas por agentes no ambiente externo,<br />

idiossincrasias internas, b<strong>em</strong> como impl<strong>em</strong>entação e resultados das estratégias. Para tanto,<br />

<strong>de</strong>staca-se que tal objetivo foi alcançado mediante estudo <strong>de</strong> caso qualitativo realizado na<br />

Itamaracá Transportes, <strong>em</strong>presa tradicional da Região Metropolitana do Recife, no mercado<br />

há 48 (quarenta e oito) anos, disponibilizando o perfil e critérios necessários à realização da<br />

pesquisa.<br />

2 <strong>Estratégia</strong>s Deliberadas e Emergentes: Extr<strong>em</strong>os <strong>de</strong> um Continuum<br />

Diversos são os autores na literatura que discut<strong>em</strong> o conceito <strong>de</strong> estratégia<br />

(MINTZBERG, 1973, 2001; ANSOFF, 1973; PORTER, 1986, 1989, 1999; CHANDLER,<br />

1998; HENDERSON, 1998; ANDREWS, 2001; BARNEY, 2002).<br />

De caráter claramente <strong>de</strong>liberado, Chandler (1998, p. 163) afirma que a “estratégia é a<br />

<strong>de</strong>finição dos principais objetivos a longo prazo da <strong>em</strong>presa, b<strong>em</strong> como a adoção <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong><br />

ação e alocação <strong>de</strong> recursos, tendo <strong>em</strong> vista esses objetivos”. Nesse sentido, a estrutura ou<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> organização pelo qual se administra a <strong>em</strong>presa, garantiria a coor<strong>de</strong>nação, a<br />

avaliação e a articulação da impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> metas, políticas básicas e pessoas.<br />

Concebendo estratégia como o relacionamento entre a <strong>em</strong>presa e o ambiente, Ansoff<br />

(1973, p. 27) argumenta que gestores cada vez mais <strong>de</strong>v<strong>em</strong> voltar-se para encontrar maneiras<br />

racionais e passíveis <strong>de</strong> previsibilida<strong>de</strong> para explorar e ajustar-se às mudanças ambientais,<br />

s<strong>em</strong> <strong>de</strong>sprezar, contudo, a relevância e potencial da criativida<strong>de</strong> <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong> reorientação<br />

estratégica. Acrescenta ainda que o processo completo <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong>va ser planejado e<br />

guiado pela gestão da <strong>em</strong>presa. Em linha consonante, Hen<strong>de</strong>rson (1998, p. 5) argumenta que a<br />

estratégia po<strong>de</strong> ser vista como um plano <strong>de</strong> ação <strong>de</strong>liberado que se <strong>de</strong>senvolve e ajusta-se à<br />

vantag<strong>em</strong> competitiva <strong>de</strong> uma <strong>em</strong>presa, a partir do reconhecimento das capacida<strong>de</strong>s<br />

organizacionais e dos objetivos pretendidos. Decorre que a estratégia, sob a perspectiva<br />

clássica <strong>de</strong>sses autores, passou a ser então reconhecida como um plano ou um curso <strong>de</strong> ação<br />

conscient<strong>em</strong>ente engendrado <strong>em</strong> uma diretriz, composta por dois el<strong>em</strong>entos essenciais: (1)<br />

preparação prévia; e (2) <strong>de</strong>senvolvimento consciente e <strong>de</strong>liberado (MINTZBERG, 2001).<br />

O processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégias competitivas po<strong>de</strong> ser categorizado naqueles<br />

<strong>de</strong>liberados, <strong>em</strong>ergentes ou <strong>em</strong> uma combinação ótima entre estas duas vertentes<br />

(MINTZBERG, 1978, 1998; MINTZBERG; WATERS, 1985, MINTZBERG; MCHUGH,<br />

1985; MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000). De fato, estratégias <strong>de</strong>liberadas e<br />

<strong>em</strong>ergentes po<strong>de</strong>m ser concebidas como dois extr<strong>em</strong>os <strong>de</strong> um continuum on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> o mundo<br />

real das estratégias (MINTZBERG, 1978; MITZBERG; WATERS, 1985). As puramente<br />

<strong>de</strong>liberadas admit<strong>em</strong> como pressuposto um comportamento pretendido tal como realizado,<br />

graças às intenções precisas, estabelecidas previamente pela li<strong>de</strong>rança da organização e<br />

realizadas s<strong>em</strong> maiores interferências ambientais. Por outro lado, estratégias perfeitamente<br />

<strong>em</strong>ergentes são aquelas realizadas ausentes <strong>de</strong> uma intenção explícita. Uma estratégia<br />

<strong>em</strong>ergente é essencialmente uma estratégia não planejada (MINTZBERG; 1978), no sentido<br />

que <strong>de</strong>terminada ação só é percebida como estratégica pela <strong>em</strong>presa na medida <strong>em</strong> que se<br />

<strong>de</strong>senvolve, ou mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter acontecido.<br />

2


No ponto central do continuum, lí<strong>de</strong>res que dispõ<strong>em</strong> apenas <strong>de</strong> um controle parcial<br />

sobre os atores e <strong>de</strong>mais aspectos internos e externos <strong>em</strong> uma organização po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>linear a<br />

chamada estratégia Guarda-Chuva. Esta estratégia é concebida como <strong>de</strong>liberada <strong>em</strong> sua<br />

perspectiva geral, apesar <strong>de</strong> <strong>em</strong>ergentes <strong>em</strong> suas posições especificas (MINTZBERG;<br />

WATERS, 1985; MINTZBERG, 1998). Quando o ambiente é complexo, uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

agentes organizacionais po<strong>de</strong> estar apta a agir. Em outras palavras, o padrão das ações na<br />

firma não po<strong>de</strong> plenamente ser <strong>de</strong>liberado <strong>em</strong> seus pormenores, <strong>em</strong>bora os limites da<br />

orientação central disponha as margens necessárias, combinando <strong>de</strong>liberação e controle com<br />

flexibilida<strong>de</strong> e aprendizag<strong>em</strong> organizacional, típico das perspectivas <strong>em</strong>ergentes. Por essa<br />

razão, é permitido que estratégias surjam, ao menos sob a marg<strong>em</strong> estabelecida,<br />

disponibilizando um caráter <strong>de</strong>liberadamente <strong>em</strong>ergente a estas estratégias.<br />

No extr<strong>em</strong>o essencialmente <strong>em</strong>ergente, o ambiente po<strong>de</strong> diretamente forçar o padrão<br />

<strong>de</strong> ações da organização (MINTZBERG; WATERS, 1985), nas chamadas estratégias<br />

impostas. No entanto, muitas estratégias planejadas po<strong>de</strong>m apresentar essa concepção<br />

<strong>de</strong>terminista e submissa, por consi<strong>de</strong>rar<strong>em</strong> resignadamente a cooperação e aceitação das<br />

forças externas; a partir do momento <strong>em</strong> as intenções são suficient<strong>em</strong>ente maleáveis, todas as<br />

estratégias po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>liberadas, principalmente quando são internalizadas pela organização.<br />

Notadamente um dos <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong>sta abordag<strong>em</strong> <strong>em</strong>ergente, Mintzberg (1998)<br />

<strong>de</strong>monstra que a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma criação artesanal é a que melhor representa o processo <strong>de</strong><br />

elaboração <strong>de</strong> uma estratégia eficaz: formulação e impl<strong>em</strong>entação são vistas <strong>de</strong> modo<br />

integrado, contrário à ‘produção’ racional e sist<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> estratégias claras, explícitas e<br />

completas. “Nenhum artífice usa alguns dias para pensar e outros para trabalhar. A mente do<br />

artífice está s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> funcionamento” (MINTZBERG, 1998, p. 424). A negação então à<br />

clássica dicotomia existente entre formulação e impl<strong>em</strong>entação (GRANT, 1995) argumenta<br />

que o pensamento estratégico envolve intuição e criativida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>senvolvido<br />

<strong>em</strong> uma agenda imaculadamente pré-concebida. Mintzberg (1994) afirma que a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> previsão trata-se <strong>de</strong> uma falácia. A arena competitiva não po<strong>de</strong> ser visualizada como <strong>em</strong><br />

uma fotografia estática, tampouco processos <strong>de</strong> trabalhos po<strong>de</strong>m ser completamente<br />

entendidos antes da impl<strong>em</strong>entação. Imaginar estratégia como um plano na verda<strong>de</strong> é<br />

condicioná-la ao papel operacional da programação. O real propósito do planejamento<br />

estratégico eficaz, curiosamente, não é, ou não <strong>de</strong>veria ser, planejar, mas sim transformar os<br />

mo<strong>de</strong>los mentais com que os <strong>de</strong>cisores pensam <strong>em</strong> estratégia (MINTZBERG, 1994).<br />

As estratégias <strong>em</strong>ergentes não implicam necessariamente <strong>em</strong> uma organização ausente<br />

<strong>de</strong> controle e orientação; sim que esta está aberta à flexibilida<strong>de</strong> e responsivida<strong>de</strong>, disponível<br />

ao aprendizado (MINTZBERG; WATERS, 1985). Tal comportamento é especialmente<br />

importante quando o ambiente organizacional é muito instável, complexo ou impositivo. A<br />

adoção <strong>de</strong> estratégias <strong>em</strong>ergentes habilita a <strong>em</strong>presa a agir antes que haja a plena<br />

compreensão do fenômeno para respon<strong>de</strong>r ao mundo real, melhor que <strong>de</strong>vanear <strong>em</strong> uma<br />

fantasiosa estabilida<strong>de</strong>. Os autores acrescentam que, enquanto as estratégias mais <strong>de</strong>liberadas<br />

enfatizam a hierarquização e direção central, as <strong>em</strong>ergentes <strong>de</strong>sbravam caminhos para ação<br />

coletiva e o comportamento convergente.<br />

Diante da consistência na argumentação dos <strong>de</strong>fensores <strong>em</strong> cada um dos extr<strong>em</strong>os do<br />

continuum, seria coerente admitir que as <strong>em</strong>presas <strong>de</strong>vess<strong>em</strong> ser menos obedientes às<br />

<strong>de</strong>liberações, no entanto <strong>de</strong>veriam ser orientadas por objetivos. Quinn (1978) propõe um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégias sob uma perspectiva incr<strong>em</strong>ental, por acreditar que n<strong>em</strong> os<br />

pressupostos do planejamento racional, n<strong>em</strong> o aspecto puramente comportamental e<br />

processual, <strong>de</strong> forma exclu<strong>de</strong>nte, proporcionariam uma estratégia eficaz. A lógica recairia<br />

sobre um estilo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia que pairasse entre esses dois extr<strong>em</strong>os. A meta é<br />

incr<strong>em</strong>entada pelo processo <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>; graças à racionalida<strong>de</strong> limitada e previsão<br />

3


muitas vezes falha ou incompleta, é disponibilizado à estratégia um caráter flexível,<br />

inviabilizando a análise puramente sist<strong>em</strong>ática.<br />

Daí advém o fato <strong>de</strong> o incr<strong>em</strong>entalismo lógico refutar estilos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança mais<br />

<strong>de</strong>terministas, posto que, mesmo visualizando um objetivo, este t<strong>em</strong> no cerne a cultura<br />

organizacional, abordag<strong>em</strong> do po<strong>de</strong>r, habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negociação, estabelecimento <strong>de</strong> políticas<br />

<strong>de</strong> relacionamento com agentes internos e externos, entre outros (QUINN, 1978). A<br />

organização é constituída <strong>de</strong> subsist<strong>em</strong>as; o inter-relacionamento entre estes faz com que a<br />

estratégia surja; mesmo que a direção orientadora seja única, a forma <strong>de</strong> articulação ou<br />

processo a partir da perspectiva e experiência dos subsist<strong>em</strong>as é presente, além do estímulo<br />

contínuo do aprendizado e construção da realida<strong>de</strong> coletiva.<br />

A palavra estratégia, portanto, t<strong>em</strong> sido utilizada no meio <strong>em</strong>presarial <strong>de</strong> muitas<br />

maneiras distintas, <strong>de</strong> modo que múltiplas <strong>de</strong>finições po<strong>de</strong>m coerent<strong>em</strong>ente auxiliar os<br />

executivos na articulação dos pensamentos nesse campo (MINTZBERG, 2001). Dos cinco<br />

P’s sumarizados por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) e Mintzberg (2001), para o que<br />

po<strong>de</strong> ser estratégia, quais sejam: (1) plano ou direção, (ex-ante facto); (2) padrão ou<br />

consistência <strong>de</strong> comportamento ao longo do t<strong>em</strong>po (ex-post facto); (3) posição; (4)<br />

perspectiva; e (5) truque (do inglês ploy), inicialmente, o conceito <strong>de</strong> estratégia neste estudo é<br />

tido como o relacionamento entre os planos e intenções da li<strong>de</strong>rança e o efetivo padrão da<br />

organização, quer seja pretendido ou não.<br />

A análise histórica das <strong>em</strong>presas requer a concepção <strong>de</strong> estratégia como um padrão <strong>em</strong><br />

um fluxo <strong>de</strong> ações (MINTZBERG, 2001). Por essa razão, o autor justifica que <strong>de</strong>finir<br />

estratégia como um plano seria insuficiente; é preciso uma <strong>de</strong>finição que abranja o<br />

comportamento resultante. As concepções <strong>de</strong> estratégia como plano ou padrão po<strong>de</strong>m ser<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes: planos po<strong>de</strong>m não ser atingidos e padrões po<strong>de</strong>m surgir s<strong>em</strong> intenção<br />

<strong>de</strong>clarada da organização.<br />

Diante do exposto, “as estratégias aparec<strong>em</strong> primeiro como padrões do passado; mais<br />

tar<strong>de</strong>, talvez, como planos para o futuro e, finalmente, como perspectiva para guiar o<br />

comportamento geral” (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 135). De acordo<br />

com os objetivos <strong>de</strong>ste trabalho, a estratégia é concebida como um padrão ou consistência <strong>de</strong><br />

comportamento ao longo do t<strong>em</strong>po (ex-post facto) (MINTZBERG; AHLSTRAND;<br />

LAMPEL, 2000, p. 27; MINTZBERG, 2001). Vale ressaltar que este padrão é composto pelas<br />

estratégias que efetivamente foram realizadas, a partir dos fluxos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e ações<br />

observadas no t<strong>em</strong>po, que tanto po<strong>de</strong>m ter sido <strong>de</strong>liberadas ou <strong>em</strong>ergentes (MINTZBERG;<br />

MCHUGH, 1985). Com vistas a aprofundar a concepção <strong>de</strong> estratégia necessária à realização<br />

<strong>de</strong>ste trabalho, serão ainda discutidos preceitos acerca <strong>de</strong> gestão da recuperação, mudanças<br />

estratégicas e escola do po<strong>de</strong>r.<br />

2.1 <strong>Estratégia</strong>s <strong>de</strong> Recuperação e Mudanças Estratégicas<br />

A partir do final dos anos 70, vários fluxos <strong>de</strong> pesquisa foram iniciados a fim <strong>de</strong><br />

enten<strong>de</strong>r como as organizações revert<strong>em</strong> ameaças e <strong>de</strong>clínio no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho (SCHENDEL;<br />

PATTON, 1976). Gestão <strong>de</strong> turnaround, ou a atuação da <strong>em</strong>presa <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong> crise, é<br />

um processo que envolve análises ambientais, a<strong>de</strong>quação dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação,<br />

preparação <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> ação, execução e avaliação dos resultados (BOYLE; DESAI, 1991).<br />

Os processos <strong>de</strong> recuperação são amplamente concebidos nas esferas econômicas <strong>de</strong><br />

reestruturação <strong>de</strong> custos e corte <strong>de</strong> pessoal (ROBBINS; PEARCE II, 1992), ligadas aos<br />

<strong>de</strong>clínios na performance financeira. A mudança estratégica advém especialmente da<br />

severida<strong>de</strong> com que a situação <strong>de</strong>sfavorável impacta nos resultados da <strong>em</strong>presa, simbolizada<br />

por prejuízos crescentes ou ameaça à sobrevivência. Os critérios e circunstâncias necessários<br />

ao <strong>de</strong>slocamento da firma são <strong>de</strong>finidos pela percepção dos executivos, ou <strong>de</strong>mais<br />

stakehol<strong>de</strong>rs, ou por indicadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho. Respostas b<strong>em</strong> sucedidas <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong><br />

4


turnaround exig<strong>em</strong> uma combinação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que percorr<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a ênfase mais<br />

operacional, com reajustes nas planilhas <strong>de</strong> custos e ativos, até às mercadológicas, diante <strong>de</strong><br />

um reposicionamento estratégico face às dinâmicas ambientais, por ex<strong>em</strong>plo. Robbins e<br />

Pearce II (1998) argumentam ainda que os objetivos principais <strong>de</strong>sse primeiro estágio<br />

(operacional) são a sobrevivência e o alcance <strong>de</strong> fluxos <strong>de</strong> caixa positivos: as principais linhas<br />

<strong>de</strong> ação <strong>de</strong>dicam-se a índices <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z, melhoria na produtivida<strong>de</strong> ou eliminação <strong>de</strong><br />

produtos <strong>de</strong>ficitários. Por outro lado, o segundo estágio (mercadológico) t<strong>em</strong> como principais<br />

metas a lucrativida<strong>de</strong> <strong>em</strong> longo prazo, crescimento <strong>de</strong> mercado, adotando estratégias <strong>de</strong><br />

segmentação, aquisições, novos produtos, entre outras.<br />

Uma assertiva consi<strong>de</strong>rada na construção <strong>de</strong> teorias <strong>de</strong> turnaround é a idéia que a<br />

mudança estratégica é adaptativa para firmas que sofreram quedas no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho (BARKER<br />

III; DUHAIME, 1997), muito <strong>em</strong>bora o aparente caráter <strong>em</strong>ergente não implique na ausência<br />

<strong>de</strong> uma sist<strong>em</strong>ática racional para reverter o quadro. A efetivida<strong>de</strong> da estratégia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong><br />

quão direcionadas estão as ações para o núcleo do probl<strong>em</strong>a, seja este operacional ou<br />

estratégico (posição <strong>em</strong> relação aos concorrentes); daí a necessida<strong>de</strong> do diagnóstico eficaz e<br />

a<strong>de</strong>quado escaneamento <strong>de</strong> variáveis internas e externas à organização acerca da fonte do<br />

probl<strong>em</strong>a. Um outro ponto <strong>de</strong> vista (HEDBERG; NYZTRON; STARBUCK, 1976 apud<br />

BARKER III; DUHAIME, 1997) mo<strong>de</strong>la o <strong>de</strong>clínio como uma patologia nos processos<br />

<strong>de</strong>cisórios da firma e natural adaptação. Os autores <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que crises na organização são<br />

conseqüências inevitáveis da estagnação ao longo do t<strong>em</strong>po como falhas gerenciais <strong>em</strong><br />

manter o alinhamento entre a estratégia, estrutura e i<strong>de</strong>ologia da <strong>em</strong>presa com as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong><br />

um ambiente <strong>em</strong> mudanças. De acordo com essa linha <strong>de</strong> raciocínio, turnarounds b<strong>em</strong><br />

sucedidos envolv<strong>em</strong> uma metamorfose evolutiva da organização <strong>em</strong> metas e operações.<br />

Ainda que sob diferentes perspectivas, as duas abordagens apresentadas compartilham<br />

conceitos ao associar mudança estratégica e adaptação <strong>em</strong> períodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong>clinante<br />

e que falhas na habilitação da mudança, frequent<strong>em</strong>ente são explicadas pela inabilida<strong>de</strong> das<br />

organizações <strong>em</strong> se <strong>de</strong>slocar<strong>em</strong>, dada rigi<strong>de</strong>z ou inércia excessiva e não sintonia com as<br />

variáveis ambientais (BARKER III; DUHAIME, 1997). Aspectos que permeiam a ação<br />

refer<strong>em</strong>-se ainda às variáveis idiossincráticas como história, cultura, mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão e<br />

estrutura da governança como importantes influências para impl<strong>em</strong>entar mudanças.<br />

Por essa razão, o nível <strong>de</strong> mudança estratégica durante períodos <strong>de</strong> crise varia<br />

diretamente <strong>de</strong> acordo com as capacida<strong>de</strong>s da firma para impl<strong>em</strong>entação (BARKER III;<br />

DUHAIME, 1997).Contudo, a ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> Hannan e Fre<strong>em</strong>an (1984), teóricos <strong>em</strong> turnaround<br />

reconhec<strong>em</strong> que a reorientação não é, obviamente, ausente <strong>de</strong> custos para firmas que têm<br />

alteração nas rotinas e relacionamento <strong>de</strong> trabalhos <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong> ruptura. No entanto, o<br />

impacto amplo positivo, especialmente no longo prazo, da reorientação estratégica <strong>em</strong><br />

momentos <strong>de</strong> crise é geralmente menor que o custo da inércia quando a firma está<br />

<strong>de</strong>sconectada das <strong>de</strong>mandas ambientais. Decorre que necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reorientação precisam<br />

ser a<strong>de</strong>quadamente i<strong>de</strong>ntificadas, r<strong>em</strong>etendo o pensamento para o salto quântico <strong>de</strong> mudança<br />

estratégica (MINTZBERG, 1998, p. 429-430):<br />

Embora seja verda<strong>de</strong> que <strong>de</strong>terminadas estratégias possam estar constant<strong>em</strong>ente se<br />

alterando, parece igualmente verda<strong>de</strong>iro que gran<strong>de</strong>s mudanças estratégicas<br />

ocorram apenas raramente. [...] O ponto básico <strong>de</strong>ssa teoria é que as organizações<br />

adotam dois modos completamente distintos <strong>de</strong> comportamento, <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos<br />

diferentes. Na maior parte do t<strong>em</strong>po buscam uma <strong>de</strong>terminada orientação<br />

estratégica. [...] gradualmente ou repentinamente a orientação estratégica da<br />

organização per<strong>de</strong> a sincronia com o ambiente. [...] Esse longo período <strong>de</strong> mudança<br />

evolutiva é repentinamente marcado por breve período <strong>de</strong> tumulto revolucionário,<br />

durante o qual a organização, rapidamente, altera vários <strong>de</strong> seus padrões<br />

estabelecidos.<br />

5


Diante do exposto, o verda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>safio parece ser a <strong>de</strong>tecção prévia <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s sutis que po<strong>de</strong>m corroer um negócio no futuro, para não ser surpreendido<br />

pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reorientação (MINTZBERG, 1998). Uma analogia com a estratégia<br />

<strong>de</strong>liberadamente <strong>em</strong>ergente permite inferir que quando atores posicionam-se fora dos limites<br />

da estratégia guarda-chuva, a <strong>em</strong>presa po<strong>de</strong> trazê-los <strong>de</strong> volta ou simplesmente <strong>de</strong>slocar os<br />

limites para alcançar nova a<strong>de</strong>quação (MINZTBERG; WATERS, 1985). A ação gerencial<br />

segura <strong>em</strong> conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s organizacionais constitui <strong>em</strong> um passo necessário<br />

para otimizar o valor para os agentes, e acelerar a movimentação da <strong>em</strong>presa para além da<br />

situação <strong>de</strong>sfavorável (CLAUSEN, 1990).<br />

2.2 Escola do Po<strong>de</strong>r: A <strong>Estratégia</strong> como um <strong>Processo</strong> <strong>de</strong> Negociação<br />

As organizações são mutuamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes por estar<strong>em</strong> na mesma arena<br />

competitiva (PORTER, 1986). A escola do po<strong>de</strong>r percebe a formação da estratégia como um<br />

processo <strong>de</strong> negociação, ou seja, “aberto <strong>de</strong> influência, enfatizando o uso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e política<br />

para negociar estratégias favoráveis a <strong>de</strong>terminados interesses” (MINTZBERG,<br />

AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 174). Nesse sentido, os autores <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> o po<strong>de</strong>r como<br />

o exercício da influência, por meio <strong>de</strong> dois construtos, quais sejam macro e micro. Este último<br />

diz respeito aos grupos <strong>de</strong> interesse internos à organização, r<strong>em</strong>etendo o pensamento à<br />

coalizão do po<strong>de</strong>r (CHILD, 1972) e jogo político entre os m<strong>em</strong>bros da <strong>em</strong>presa. A noção da<br />

coalizão é vantajosa e relevante, na medida <strong>em</strong> que <strong>de</strong>staca a fonte imediata da principal<br />

variação estrutural nas organizações, não sendo necessariamente formalizada, tampouco<br />

implicando <strong>em</strong> que os m<strong>em</strong>bros não tenham po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> modificar os planos formulados.<br />

Quanto mais importante a estratégia e <strong>de</strong>scentralizada a organização, mais provável<br />

a existência <strong>de</strong> manobras políticas. [...]<strong>Estratégia</strong> <strong>de</strong>liberada significa a realização<br />

coletiva <strong>de</strong> intenções – pela organização como um todo. Mas como isso po<strong>de</strong><br />

acontecer quando percepções e interesses são disputados ao invés <strong>de</strong><br />

compartilhados? Quanto à estratégia <strong>em</strong>ergente, como po<strong>de</strong> haver consistência nas<br />

ações quando os acasos da barganha assum<strong>em</strong> o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

estratégia? (MINTZBERG, AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 178).<br />

Acerca da alocação <strong>de</strong> recursos escassos, da administração <strong>de</strong> conflitos e da concepção<br />

<strong>de</strong> que as metas, <strong>de</strong>cisões e estratégias <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> <strong>de</strong> negociações e manobras, Mintzberg,<br />

Ahlstrand e Lampel (2000) argumentam que a escola do po<strong>de</strong>r pressiona pela melhor<br />

compreensão do papel <strong>de</strong> indivíduos organizados ou não na formulação ou reformulação <strong>de</strong><br />

comportamentos. A estratégia refletiria, então, os interesses <strong>de</strong> grupos.<br />

Quanto ao po<strong>de</strong>r macro, este po<strong>de</strong> ser visto como adaptação e mudança para cumprir<br />

os requisitos ambientais e mais, influenciar e negociar com forças externas aos limites da<br />

<strong>em</strong>presa. O ponto central da escola do po<strong>de</strong>r é a idéia <strong>de</strong> que as organizações têm <strong>de</strong> ser<br />

sensíveis às conseqüências políticas dos movimentos econômicos (MINTZBERG,<br />

AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 191); como pr<strong>em</strong>issa, têm-se que a “formação da<br />

estratégia é moldada por po<strong>de</strong>r e política, seja como um processo <strong>de</strong>ntro da organização ou<br />

como o comportamento da própria organização <strong>em</strong> seu ambiente externo”. Nesse contexto, o<br />

po<strong>de</strong>r micro vê a formação <strong>de</strong> estratégia como a interação entre interesses e coalizões internas<br />

e o po<strong>de</strong>r macro como promovendo o seu b<strong>em</strong>-estar por meio <strong>de</strong> controle ou cooperação,<br />

manobras e estratégias coletivas com outras organizações. Por essa razão, estratégias<br />

resultantes <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> negociação ten<strong>de</strong>m a ser mais <strong>em</strong>ergentes. A ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong>ntre as<br />

organizações externas têm-se fornecedores, grupos <strong>de</strong> clientes, agentes governamentais,<br />

associações políticas, sindicatos <strong>de</strong>ntre outras.<br />

6


3 Aspectos Metodológicos<br />

Estudos que retratam a prática da estratégia estão sendo estimulados na tentativa <strong>de</strong><br />

trazer a tona uma série <strong>de</strong> métodos gerenciais que são utilizados pelos executivos<br />

(WITTINGTON, 2004). Os estudos sobre a prática gerencial têm <strong>de</strong>monstrado ser eficazes<br />

para a dinâmica organizacional, e a sua compreensão ten<strong>de</strong> a possibilitar um crescimento<br />

sustentável a partir das suas lições e aprendizados.<br />

Esta pesquisa t<strong>em</strong> como objetivo central analisar aspectos do processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

estratégias da Itamaracá Transportes, com ênfase às estratégias <strong>de</strong> recuperação b<strong>em</strong> sucedidas<br />

diante <strong>de</strong> crises, no período intencionalmente estabelecido entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2004.<br />

Trata-se, portanto, <strong>de</strong> uma pesquisa do tipo ex-post facto, <strong>em</strong> que foram investigadas variáveis<br />

que se formam espontaneamente, <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado contexto histórico, s<strong>em</strong> a intervenção do<br />

pesquisador (MATOS; VIEIRA, 2001, p. 44).<br />

Optou-se pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> caso qualitativo, acreditando-se que<br />

este seja o caminho para obter a essência do fenômeno social com a menor quebra possível do<br />

ambiente natural (MERRIAM, 1998, p. 5). Por meio da realização <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> caso<br />

qualitativo será possível realizar uma análise intensiva, <strong>em</strong>preendida numa única ou <strong>em</strong><br />

algumas organizações reais (BRUYNE; HERMAN; SCHOUTHEETE, 1977, p.224), que<br />

representam a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise, o objeto a ser estudado (STAKE, 1994). Trata-se, portanto,<br />

<strong>de</strong> uma investigação intensa, com <strong>de</strong>scrição holística e cuja análise ocorre <strong>em</strong> simples<br />

instância <strong>de</strong> um fenômeno ou unida<strong>de</strong> social (MERRIAM, 1998, p. 27).<br />

Dentre os critérios para seleção da organização, estão as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

aprendizado, a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> uma firma que tenha vivido momentos <strong>de</strong>sfavoráveis <strong>de</strong>ntro<br />

do período estabelecido, apresentado padrões <strong>de</strong> estratégia b<strong>em</strong> sucedidos dada necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reorientação, e facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aos dados relevantes para a pesquisa. Aten<strong>de</strong>ndo a<br />

estes critérios, a pesquisa fez a opção pelo estudo da Itamaracá Transportes, procurando<br />

respon<strong>de</strong>r à seguinte pergunta <strong>de</strong> pesquisa: Como caracterizar o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

estratégias da Itamaracá Transportes, no período <strong>de</strong> 2000 a 2004, com ênfase <strong>em</strong><br />

momentos <strong>de</strong> crise? Ressalta-se que o estudo <strong>de</strong> caso t<strong>em</strong> se tornado a estratégia mais<br />

utilizada quando os pesquisadores procuram respon<strong>de</strong>r questões do tipo “como” e “por que”<br />

(YIN, 1981; MERRIAM, 1998).<br />

A coleta dos dados foi feita por meio <strong>de</strong> entrevistas s<strong>em</strong>i-estruturadas e análise<br />

documental. As entrevistas s<strong>em</strong>i-estruturadas representam um mix entre padronização e<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condução, o que possibilitou com que os entrevistadores buscass<strong>em</strong> aprofundar<br />

novas informações que ultrapassass<strong>em</strong> os limites <strong>de</strong> um roteiro <strong>de</strong> entrevista previamente<br />

estabelecido. A seleção da amostra dos entrevistados é do tipo não-probabilística intencional<br />

por conveniência, adotando critérios <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> das informações, acessibilida<strong>de</strong> e<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po dos executivos, cujos perfis estão expressos no quadro 1 (3).<br />

Pseudônimo <strong>Formação</strong> Cargo Ocupado T<strong>em</strong>po na Empresa<br />

Francisco Beltrão Administração e Ciências Gerente Administrativo- 4 (quatro) anos<br />

Contábeis<br />

Financeiro<br />

Jorge Lima Administração e<br />

Engenharia Civil<br />

Gerente <strong>de</strong> Operações 8 (oito) anos<br />

Paulo Torres Técnico <strong>em</strong> programação Gerente <strong>de</strong> Tecnologia da 10 (<strong>de</strong>z) anos<br />

e suporte<br />

Informação<br />

Quadro 1 (3) – Perfil dos entrevistados.<br />

Foram realizadas quatro entrevistas (com duração aproximada <strong>de</strong> 60 minutos), sendo<br />

duas com o Senhor Francisco Beltrão e 1 (uma) com os <strong>de</strong>mais. As entrevistas foram<br />

categorizadas nos seguintes blocos: relação com a <strong>em</strong>presa, caracterização do padrão <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> estratégias no período compreendido entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2004, i<strong>de</strong>ntificação<br />

7


dos inci<strong>de</strong>ntes críticos ou crises que culminaram <strong>em</strong> estratégias <strong>de</strong> turnaround, análise da<br />

situação e políticas <strong>de</strong> negociação, <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> objetivos, impl<strong>em</strong>entação das estratégias e<br />

resultados, elaboração <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> controle e consi<strong>de</strong>rações finais. É pru<strong>de</strong>nte mencionar<br />

que, a pedido dos entrevistados, nos <strong>de</strong>poimentos apresentados na seção referente à análise<br />

dos dados não será feita alusão direta ao responsável pela informação.<br />

Quanto aos documentos, mesmo que não tenham sido <strong>de</strong>senvolvidos para o propósito<br />

da pesquisa (MERRIAM, 1998), foram <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia para a análise dos dados. Dentre as<br />

categorias utilizadas, estão registros majoritariamente escritos, provenientes <strong>de</strong> documentos<br />

internos da <strong>em</strong>presa, como planilhas <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> mercado, monitoramento<br />

do planejamento estratégico e indicadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, e fol<strong>de</strong>rs, datados no período <strong>de</strong><br />

2000 a 2004. Além <strong>de</strong>stes, os dados on-line, coletados no website da Itamaracá Transportes.<br />

Merriam (1998) argumenta ainda que na pesquisa qualitativa, a coleta e análise <strong>de</strong><br />

dados <strong>de</strong>ve acontecer <strong>de</strong> forma simultânea, seja <strong>de</strong>ntro ou fora do campo. Por essa razão,<br />

houve a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consultar e reforçar o arcabouço teórico no curso da coleta, a fim <strong>de</strong><br />

viabilizar a compreensão do fenômeno. Ressalta-se que a análise dos dados <strong>de</strong>ste trabalho é<br />

consi<strong>de</strong>rada interpretativista e indutiva (COOPER; SCHINDLER, 2003).<br />

As limitações metodológicas estão ligadas ao <strong>de</strong>lineamento do estudo. Estudos <strong>de</strong> caso<br />

qualitativos, por <strong>de</strong>dicar<strong>em</strong>-se ao entendimento particularista <strong>de</strong> um fenômeno, não permit<strong>em</strong><br />

generalizações estatísticas (MALHOTRA, 2004) e os dados provenientes são consi<strong>de</strong>rados<br />

não conclusivos, sendo ratificados pelo interesse no processo pelo qual se dá o fenômeno e<br />

não unicamente nos resultados.<br />

4 A Organização <strong>em</strong> Estudo<br />

A Itamaracá Transportes é uma <strong>em</strong>presa <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> familiar, fundada <strong>em</strong> 1958. A<br />

partir da década <strong>de</strong> 90 (noventa), foi intensificado o processo <strong>de</strong> profissionalização e início da<br />

<strong>de</strong>mocratização da gestão; a partir <strong>de</strong> 1995 houve um maior investimento nas relações<br />

<strong>em</strong>presariais, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pessoas, comunicação e responsabilida<strong>de</strong> social. O<br />

principal ramo <strong>de</strong> negócios consiste na prestação <strong>de</strong> serviços essenciais à população no<br />

transporte público <strong>de</strong> passageiros. Aten<strong>de</strong> à Região Metropolitana Norte do Recife, ligando<br />

esta capital aos municípios <strong>de</strong> Olinda, Paulista, Abreu e Lima, Araçoiaba, Igarassu,<br />

Itapissuma, e Ilha <strong>de</strong> Itamaracá. Dispõe <strong>de</strong> 36 (trinta e seis) linhas <strong>em</strong> operação, sendo 26<br />

(vinte e seis) <strong>de</strong>stas componentes do Sist<strong>em</strong>a Estrutural Integrado (SEI). Sua frota é <strong>de</strong> <strong>de</strong> 220<br />

(duzentos e vinte) veículos, transportando 160 (cento e sessenta) mil pessoas por dia. Conta<br />

atualmente com 9% (nove por cento) <strong>de</strong> participação no mercado, ocupando o terceiro lugar<br />

no setor. Vale ressaltar que a primeira e segunda <strong>de</strong>têm parcelas equivalentes a 18% (<strong>de</strong>zoito<br />

por cento) e 11% (onze por cento) respectivamente.<br />

A <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> como missão, transportar pessoas com segurança, conforto,<br />

regularida<strong>de</strong>, pontualida<strong>de</strong> e cordialida<strong>de</strong>. Como visão, ser uma <strong>em</strong>presa mo<strong>de</strong>rna,<br />

socialmente responsável, com resultados que assegur<strong>em</strong> seu crescimento; satisfação pessoal e<br />

profissional, garantindo a excelência dos serviços para os clientes. A <strong>em</strong>presa adota um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão colegiada <strong>em</strong> cinco níveis, sendo: (1) Direção, com reuniões mensais entre<br />

diretores para balanço estratégico da <strong>em</strong>presa; (2) Gerentes, com reuniões s<strong>em</strong>anais entre<br />

diretores e gerentes para acompanhamento e encaminhamento <strong>de</strong> ações; (3) Equipes, com<br />

reuniões s<strong>em</strong>anais entre gerentes e lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> equipes para acompanhamento e<br />

encaminhamento <strong>de</strong> ações; (4) Operacional, com reuniões mensais entre lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> equipes<br />

para integração e <strong>de</strong>senvolvimento gerencial; e (5) Estratégico, com reuniões mensais para<br />

avaliação e monitoração <strong>de</strong> resultados a partir do planejamento estratégico. Dentre as políticas<br />

<strong>de</strong> gestão mais fort<strong>em</strong>ente presentes, <strong>de</strong>stacam-se Recursos Humanos, Marketing e<br />

Comunicação e Responsabilida<strong>de</strong> Social. Ao público interno, programas <strong>de</strong> capacitação<br />

permanente, com cursos e oficinas regulares, escolas profissionais, R.H. Estratégico e<br />

8


preocupação com o clima interno, simbolizada nos investimentos permanentes <strong>em</strong> aspectos<br />

como massoterapia e ginástica laboral, campos <strong>de</strong> futebol e espaços <strong>de</strong> convivência<br />

(ITAMARACÁ TRANSPORTES, 2005, 2006).<br />

5 Análise e Discussão dos Resultados<br />

A partir da opinião <strong>de</strong> Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p. 147), <strong>em</strong> que afirmam<br />

que “somente colocando um do lado do outro é que fica claro que todo comportamento<br />

estratégico real precisa combinar controle <strong>de</strong>liberado com aprendizado <strong>em</strong>ergente”, este<br />

trabalho procurou encontrar tendências na direção <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong>liberadas e <strong>em</strong>ergentes,<br />

com ênfase nos momentos <strong>de</strong> turnaround vividos pela Itamaracá Transportes entre 2000 e<br />

2004. Contudo, para aprimorar o entendimento do fenômeno, buscou-se também permear o<br />

padrão <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégias da <strong>em</strong>presa <strong>de</strong> forma ampla. Princípios apregoados pela<br />

Escola do Po<strong>de</strong>r foram amplamente utilizados para a compreensão do caso, b<strong>em</strong> como<br />

variáveis do Incr<strong>em</strong>entalismo Lógico.<br />

Ao ser<strong>em</strong> questionados sobre antecipação a eventos futuros e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sist<strong>em</strong>atizar o ambiente <strong>em</strong> planos <strong>de</strong> ação, os entrevistados, <strong>em</strong> um primeiro momento,<br />

<strong>de</strong>monstraram <strong>de</strong>scrença quanto à eficácia <strong>de</strong>ssa possibilida<strong>de</strong>. A dinamicida<strong>de</strong> das mudanças<br />

e ausência <strong>de</strong> um padrão uniforme, além da forte intervenção governamental põe <strong>em</strong> cheque a<br />

consistência plena das estratégias planejadas. Como revisto na literatura apresentada, é<br />

improvável que as organizações sejam capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir acerca <strong>de</strong> eventos que não estão sob<br />

controle direto. Corroborando, percebeu-se pelos <strong>de</strong>poimentos coletados, que as ações<br />

praticadas muitas vezes são <strong>de</strong> sobrevivência, “advinhação” e criação <strong>de</strong> conjunturas para<br />

minimizar a surpresa com que os efeitos ambientais interfer<strong>em</strong> na <strong>em</strong>presa. Criação <strong>de</strong><br />

conjunturas <strong>de</strong>nota tentativas <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>atizar a complexida<strong>de</strong>, mesmo afirmando que se<br />

traçam uma boa estratégia, capaz <strong>de</strong> gerar resultados robustos, po<strong>de</strong> vir um fator externo e<br />

mudar completamente o cenário.<br />

As pessoas que têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer isso (previsão e criação <strong>de</strong> cenários)<br />

muitas vezes estão tão envolvidas <strong>em</strong> resolver os probl<strong>em</strong>as passados e atuais, que<br />

já <strong>de</strong>mandam muito t<strong>em</strong>po, e realmente não se preocupam muito com isso, e, às<br />

vezes, acabam sendo surpreendidos com algumas coisas. Realmente, po<strong>de</strong>m<br />

acontecer situações que vão provocar gran<strong>de</strong>s transformações na <strong>em</strong>presa e que<br />

<strong>de</strong>veríamos estar nos planejando melhor. Além disso, um outro motivo é o fato <strong>de</strong><br />

estarmos suscetíveis a tantas mudanças que é difícil estabelecer um padrão, eu não<br />

sei <strong>de</strong> on<strong>de</strong> virá a próxima mudança, se ela vai ser boa ou ruim, se será uma<br />

oportunida<strong>de</strong> ou uma ameaça, se daqui a um mês ou daqui a um ano. Como é que<br />

funciona um trabalho <strong>de</strong>sses <strong>de</strong> previsão? Creio que você <strong>de</strong>ve levar <strong>em</strong><br />

consi<strong>de</strong>ração um padrão passado do que v<strong>em</strong> acontecendo. O nosso padrão, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, é uma loucura, então, principalmente, porque o histórico <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas <strong>de</strong><br />

transporte aqui <strong>em</strong> Recife s<strong>em</strong> a atuação clan<strong>de</strong>stina é muito recente, apenas dois<br />

anos. Se for olhar <strong>de</strong> 2003 para trás, é um cenário completamente diferente, porque<br />

você tinha a atuação clan<strong>de</strong>stina atuando numa concorrência <strong>de</strong>sleal, então, <strong>de</strong> dois<br />

anos para cá, tudo mudou. Essas mudanças <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> r<strong>em</strong>uneração, [...] <strong>de</strong><br />

diminuição <strong>de</strong> linha, criação <strong>de</strong> novas linhas são todas <strong>de</strong>correntes do fato <strong>de</strong><br />

estarmos conhecendo o mercado s<strong>em</strong> o clan<strong>de</strong>stino, ainda estamos conhecendo o<br />

setor (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

No entanto, a influência política da <strong>em</strong>presa junto aos órgãos externos, como será<br />

<strong>de</strong>stacada nas variáveis categorizadas sobre a Escola do Po<strong>de</strong>r, permit<strong>em</strong> que <strong>de</strong>terminados<br />

sinais na arena competitiva sejam percebidos. O contato com o po<strong>de</strong>r público, associações e<br />

outras <strong>em</strong>presas fornec<strong>em</strong> uma leve indicação dos movimentos das instituições que impactam<br />

nas ativida<strong>de</strong>s da Itamaracá.<br />

9


Nas reuniões <strong>de</strong> planejamento estratégico, os diretores participam dando a visão<br />

<strong>de</strong>les <strong>de</strong> mercado; o foco é saber como está a conversa política nesse meio. Até<br />

porque, para o nosso mercado crescer, por ex<strong>em</strong>plo, t<strong>em</strong> que ter licitação <strong>de</strong> linhas.<br />

Daí se não houver, é melhor adotar uma estratégia <strong>de</strong> contenção, melhorando isso<br />

ou aquilo, para não per<strong>de</strong>r o espaço que eu tenho. <strong>Estratégia</strong>s macro mudam muito<br />

<strong>de</strong> uma hora pra outra (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

Quanto ao clima <strong>de</strong> trabalho, pesquisas internas realizadas (ITAMARACÁ, 2005)<br />

<strong>de</strong>monstram que, sob a perspectiva do funcionário, a Itamaracá é melhor <strong>de</strong> se trabalhar,<br />

quando comparada a outras no setor. O sentimento <strong>de</strong> permanecer na equipe, e<br />

consequent<strong>em</strong>ente os esforços para fazer com que a organização gere bons resultados<br />

consist<strong>em</strong> <strong>em</strong> po<strong>de</strong>rosos insumos para formação <strong>de</strong> estratégias. Não se percebe a dicotomia<br />

pensamento e execução na condução das ativida<strong>de</strong>s; a flexibilida<strong>de</strong> e a freqüente revisão <strong>de</strong><br />

objetivos e estratégias, alcançando os cinco níveis do colegiado gestor, permit<strong>em</strong> que as<br />

mudanças sejam rapidamente <strong>de</strong>tectadas e o fluxo <strong>de</strong> informações transite s<strong>em</strong> maiores<br />

barreiras. E com isso, é possível visualizar que a <strong>de</strong>corrente coalizão do po<strong>de</strong>r, então<br />

consi<strong>de</strong>rada o colegiado gerencial e estratégico da organização, transita por entre os jogos<br />

políticos internos; percebe-se uma fragmentação <strong>de</strong> interesses permeando a Itamaracá, a partir<br />

do momento que variáveis como aprendizado, cultura, coletivida<strong>de</strong> e construtivismo estão<br />

presentes no pensamento estratégico. Decorre que há uma negação da visão clássica da<br />

administração estratégica:<br />

...a gente monta nossas estratégias <strong>em</strong> conluio com o funcionário, baseados nas<br />

informações diretas ou pesquisas internas. [...] esse ano, tiv<strong>em</strong>os resultados muito<br />

bons na satisfação, mas menor que no ano passado. Opa, acen<strong>de</strong>u o sinal <strong>de</strong> alerta!<br />

Nos reunimos com grupos estratégicos <strong>de</strong> funcionários <strong>de</strong>ntro da <strong>em</strong>presa,<br />

elencamos alguns pontos-chave <strong>de</strong> interesse e isso certamente vai estar com peso<br />

prepon<strong>de</strong>rante no planejamento do ano que v<strong>em</strong> (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

Acerca do setor <strong>de</strong> transportes urbanos, é latente no <strong>de</strong>poimento dos entrevistados o<br />

quão esse é <strong>de</strong>ficitário. No momento que os pesquisadores solicitaram que alguns inci<strong>de</strong>ntes<br />

críticos ocorridos entre 2000 e 2004 na <strong>em</strong>presa, foi unânime a idéia <strong>de</strong> que “inclusive, a<br />

gente até tenta difundir no funcionário a idéia <strong>de</strong> que a gente não está passando por crises,<br />

apesar do setor notadamente <strong>de</strong>ficitário” (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

Dentre os períodos <strong>de</strong> crise citados pelos entrevistados, três padrões <strong>em</strong>ergiram como<br />

sendo mais evi<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong>correndo <strong>em</strong> uma mudança na postura estratégica na <strong>em</strong>presa. O<br />

primeiro <strong>de</strong>les, ocorreu <strong>em</strong> 2001; tratou-se <strong>de</strong> uma época <strong>de</strong> forte insatisfação interna,<br />

culminado <strong>em</strong> uma greve dos funcionários. Os entrevistados argumentaram que a principal<br />

diferença <strong>de</strong>sta para as <strong>de</strong>mais greves, é que não houve interferência governamental no que<br />

tange às políticas <strong>de</strong> r<strong>em</strong>uneração e incentivos, afetando todas as <strong>em</strong>presas. Foi um caso<br />

específico na Itamaracá (no setor <strong>de</strong> transportes urbanos, apenas ela parou as ativida<strong>de</strong>s), com<br />

o pleito <strong>de</strong> algumas coisas pontuais dos funcionários para com a <strong>em</strong>presa, como o término da<br />

cobrança pelas avarias, por ex<strong>em</strong>plo, e a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> revolta pela <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> um<br />

funcionário, mesmo que por justa causa, já que ele estava comercializando ilegalmente vales<br />

transporte. Os efeitos <strong>de</strong>sse período relatado permit<strong>em</strong> inferir o quanto a organização<br />

valorizou o aprendizado e abriu marg<strong>em</strong> para que estratégias <strong>em</strong>ergentes corrigiss<strong>em</strong> a rota<br />

ora tomada, com impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> fortes sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> comunicação internos, a ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong><br />

um programa <strong>de</strong> integração chamado Gestão Aberta e institucionalização <strong>de</strong> um setor staff <strong>de</strong><br />

Recursos Humanos e a atual política <strong>de</strong> valorização dos colaboradores. A <strong>em</strong>presa sentia à<br />

época que a estratégia planejada não estava sendo eficaz, no entanto, poucas atitu<strong>de</strong>s haviam<br />

sido tomadas para mudar a situação.<br />

Des<strong>de</strong> aquele momento, a relação da gente com os funcionários mudou bastante,<br />

porque os motivos po<strong>de</strong>m ter sido errados na greve, mas a gente viu que estava<br />

10


havendo uma mudança gran<strong>de</strong> entre a <strong>em</strong>presa e os funcionários, a ponto <strong>de</strong> você<br />

ter que <strong>de</strong>flagrar uma greve para ser escutado. [...] A partir daí, t<strong>em</strong>os nos<br />

aproximado mais <strong>de</strong>les e perceb<strong>em</strong>os o quanto isso traz vantagens para ambos os<br />

lados (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

Outro momento marcante ocorreu <strong>em</strong> 2003, com uma grave crise financeira,<br />

corroborando com os teóricos da turnaround acerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho. Mas antes<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>talhar tal momento, é necessário chamar atenção mais profundamente para as políticas<br />

<strong>de</strong> negociação e jogos <strong>de</strong> interesses que envolv<strong>em</strong> as operações da <strong>em</strong>presa. Por se tratar <strong>de</strong><br />

um serviço <strong>de</strong> concessão pública, alguns indícios <strong>de</strong>monstram claramente os princípios<br />

apregoados pela Escola do Po<strong>de</strong>r. A ex<strong>em</strong>plo, cabe à Empresa Metropolitana <strong>de</strong> Transportes<br />

Urbanos (EMTU) a criação e programação das linhas e itinerários, b<strong>em</strong> como o número <strong>de</strong><br />

veículos, horário das viagens, estabelecimento dos pontos <strong>de</strong> parada e r<strong>em</strong>uneração das<br />

<strong>em</strong>presas. Às <strong>em</strong>presas operadoras, são cobradas regularida<strong>de</strong> e pontualida<strong>de</strong> da linha,<br />

qualida<strong>de</strong> do atendimento e gerenciamento das reclamações, manutenção e renovação da frota<br />

(ITAMARACÁ TRANSPORTES, 2005). É possível perceber o caráter <strong>de</strong>terminista com que<br />

o ambiente por vezes impera sobre as ações da <strong>em</strong>presa. A<strong>de</strong>mais, o fato <strong>de</strong> ser uma <strong>em</strong>presa<br />

privada prestando serviço público faz com que fique a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> “carrasca” da população,<br />

com o <strong>de</strong>corrente aumento <strong>de</strong> tarifas necessário para que os custos sejam cobertos. Exist<strong>em</strong><br />

muitos grupos <strong>de</strong> interesse na formulação da estratégia da Itamaracá: o governo, a socieda<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong> geral, os acionistas e funcionários, que perceb<strong>em</strong> diretamente os efeitos das ações da<br />

<strong>em</strong>presa; também os sindicatos, associações e representantes sociais, cujas negociações<br />

muitas vezes <strong>de</strong>terminam o curso <strong>de</strong> ação da firma.<br />

A gente sabe que a população não po<strong>de</strong> pagar, inclusive a gente passa muito t<strong>em</strong>po<br />

do nosso planejamento (preparação) analisando nossa influência externa,<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> incentivos, subsídio governamental, menos impostos. [...]como é<br />

que a gente dá um serviço público, presta um serviço <strong>de</strong> caráter constitucional que<br />

qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> que dar é o Estado e ainda paga pra ele? Transporte público não é grátis,<br />

é pago e caro (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

A situação era <strong>de</strong>sfavorável e os custos crescentes: a estratégia adotada diante <strong>de</strong>sse<br />

cenário, <strong>em</strong> 2003, foi a clássica turnaround <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> pessoal, esten<strong>de</strong>ndo os efeitos para<br />

redução da frota <strong>em</strong> circulação. A dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> ajustar interesses por entre os grupos,<br />

interferência <strong>de</strong> variáveis externas como o aumento do óleo diesel à época, sob o ponto <strong>de</strong><br />

vista dos entrevistados, não <strong>de</strong>ixou alternativas para a <strong>em</strong>presa.<br />

O terceiro momento elencado diz respeito ao transporte clan<strong>de</strong>stino e sua retirada <strong>de</strong><br />

circulação na Região Metropolitana do Recife, no início <strong>de</strong> 2004. Novamente, as ações<br />

geradas na <strong>em</strong>presa partiram <strong>de</strong> agentes externos:<br />

Kombi e Van eram um probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, porque eles não pagavam tributo n<strong>em</strong><br />

encargo, não registram o funcionário, e outra: só circulavam on<strong>de</strong> dá dinheiro, nos<br />

horários <strong>de</strong> pico. Ônibus não po<strong>de</strong> fazer isso. Então, era fácil para a Kombi ganhar<br />

dinheiro, puxando a tarifa lá para baixo. [...] A prefeitura <strong>de</strong> Recife, <strong>em</strong> conjunto<br />

com o governo do Estado tiveram que se posicionar firm<strong>em</strong>ente, pois muitas<br />

<strong>em</strong>presas estavam ameaçadas <strong>de</strong> fechar. E se isso acontecesse, como é que a<br />

população iria se transportar? Ia ser um caos! (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

Com a retirada, o efeito gerado foi o aumento da <strong>de</strong>manda, e conseqüente revolta da<br />

população, que estava habituada a pagar uma baixa tarifa pelo transporte e dispor <strong>de</strong> maior<br />

velocida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>slocamento. Maior <strong>de</strong>manda gerou aumento na receita, tal como a <strong>em</strong>presa<br />

estava esperando; no entanto um aumento nos custos <strong>de</strong>correntes da estratégia <strong>de</strong> turnaround<br />

ao disponibilizar mais veículos para circulação (para aten<strong>de</strong>r e minimizar a revolta da<br />

população) gerou custos totais maiores que a nova receita. E a <strong>em</strong>presa ainda está vivendo<br />

11


esse momento até os dias atuais, adotando como postura a contínua negociação com órgãos <strong>de</strong><br />

interesse para articular uma situação favorável, seja para reduzir o lucro das <strong>em</strong>presas<br />

fornecedoras <strong>de</strong> combustível, incentivos fiscais e outras medidas que venham permitir a<br />

contínua qualida<strong>de</strong> nos serviços que a <strong>em</strong>presa se propõe a prestar.<br />

Trazendo à tona os argumentos discutidos acerca <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> recuperação, foi<br />

solicitado que os entrevistados avaliass<strong>em</strong> a conduta estratégica da <strong>em</strong>presa, quanto à<br />

ruptura e evolução:<br />

A primeira (crise), a da greve, certamente foi um momento <strong>de</strong> ruptura, porque foi<br />

um “tapa na cara” para acordarmos, porque a Itamaracá estava andando por um<br />

caminho que julgava mais a<strong>de</strong>quado, mas <strong>em</strong> um dado momento tiv<strong>em</strong>os que dar<br />

meia volta, não foi um <strong>de</strong>svio, tiv<strong>em</strong>os realmente que mudar, já outro, como a crise<br />

financeira e o que passamos com os clan<strong>de</strong>stinos, não. Isso foi a evolução natural<br />

do negócio já que seguimos o mesmo caminho que vínhamos buscando<br />

(Respon<strong>de</strong>nte).<br />

Como visto na segunda sessão <strong>de</strong>ste artigo, as estratégias <strong>em</strong>ergentes surg<strong>em</strong> s<strong>em</strong> que<br />

haja uma previsão preliminar, dada a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operacionalizar todas as variáveis<br />

necessárias. A primeira vista, estratégias <strong>de</strong> turnaround estariam ligadas àqueles momentos<br />

que surpreen<strong>de</strong>m a <strong>em</strong>presa porque caso contrário, elas agiriam antes, s<strong>em</strong> que houvesse<br />

prejuízo no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho. No entanto, essa pr<strong>em</strong>issa não foi observada (tal como <strong>de</strong>stacado na<br />

revisão da literatura) no caso ora estudado. Ao ser<strong>em</strong> questionados, se os sinais referentes às<br />

crises po<strong>de</strong>riam ter sido captados <strong>de</strong> alguma forma e traduzidos <strong>em</strong> planos <strong>de</strong> ação:<br />

Sim, po<strong>de</strong>riam ser captados. Principalmente as crises financeiras. A <strong>de</strong> pessoal, a<br />

gente comodamente ‘achava’ que funcionário reclama s<strong>em</strong>pre, mas que ia chegar<br />

uma hora que ele ia baixar a cabeça. Não foi o que aconteceu, <strong>de</strong> fato nos<br />

surpreen<strong>de</strong>u. Quanto às financeiras, a gente sabia, mas ficava s<strong>em</strong>pre esperando que<br />

algum fato externo mudasse tudo; resultado, não aconteceu. Agora mesmo, a gente<br />

parece estar rumando para uma nova crise financeira. E aí? (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

Analisando os períodos <strong>de</strong> crise <strong>de</strong>scritos, cabe ainda reforçar a instabilida<strong>de</strong> da<br />

política como complicador do estabelecimento <strong>de</strong> previsões e estratégias <strong>de</strong>liberadas. As<br />

estratégias impostas exig<strong>em</strong> que as organizações estejam ‘espertas’ para que as ações<br />

adaptativas surtam o efeito <strong>de</strong>sejado. Ações adaptativas r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> o pensamento para<br />

flexibilida<strong>de</strong> e aprendizado contínuo na formação <strong>de</strong> estratégias. Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>liberar que a<br />

organização aprenda com os erros. Para isso, é necessário um padrão que suporte, dê subsídio<br />

às ações no presente; o que não significa um comportamento linear, mas um comportamento<br />

que prepare as organizações para momentos <strong>de</strong> reorientação.<br />

Acho que a organização t<strong>em</strong> que se fortalecer com o que t<strong>em</strong> <strong>de</strong> bom. No nosso<br />

caso, a nossa equipe é boa, t<strong>em</strong>os competência para prestar um serviço <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>, nossa <strong>em</strong>presa é esperta. A gente se consi<strong>de</strong>ra pronto para enfrentar os<br />

probl<strong>em</strong>as. Nossa sobrevivência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das pessoas, por isso que flexibilida<strong>de</strong> do<br />

planejamento e fortalecimento da equipe são cruciais. Minha estratégia é estar<br />

preparado para mudar s<strong>em</strong>pre que for preciso (Respon<strong>de</strong>nte, grifo dos<br />

pesquisadores).<br />

Mesmo diante do cenário social <strong>de</strong>scrito, com ampla abertura para estratégias<br />

<strong>em</strong>ergentes especialmente <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong> crise, os entrevistados ratificaram a importância<br />

do planejamento, como difusão <strong>de</strong> uma intenção, como que, na ausência <strong>de</strong>sta, a organização<br />

estivesse acéfala, s<strong>em</strong> direcionamento e objetivos. No entanto, reconhec<strong>em</strong> que variáveis<br />

subjetivas, comportamentais e ligadas ao aprendizado são amplamente consi<strong>de</strong>radas como<br />

insumo para a programação das ações.<br />

12


Gostaria <strong>de</strong> acrescentar que há um sentimento e uma certeza na <strong>em</strong>presa da<br />

importância do planejamento estratégico. Uma <strong>em</strong>presa <strong>de</strong> quarenta e oito anos no<br />

mercado, como a nossa é mais fácil medir isso, até seis ou sete anos atrás, não<br />

trabalhávamos com esse tipo <strong>de</strong> ferramenta, a <strong>em</strong>presa era menor com uma gestão<br />

muito familiar, ia b<strong>em</strong>, mas o padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong> excelência<br />

que t<strong>em</strong>os hoje é superior <strong>de</strong>pois que passamos a trabalhar com ferramentas como<br />

essa (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

...quanto à mudança, foi só por causa do planejamento estratégico? Não. Existiu<br />

também toda uma mudança cultural, base histórica, aprendizado, informações <strong>de</strong><br />

todas as áreas, uma mudança <strong>de</strong> políticas e procedimentos (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

A intenção também fornece pistas que permit<strong>em</strong> i<strong>de</strong>ntificar preceitos do<br />

Incr<strong>em</strong>entalismo Lógico na Itamaracá. O planejamento estratégico é feito <strong>de</strong> forma ampla,<br />

com as priorida<strong>de</strong>s da <strong>em</strong>presa, para <strong>em</strong> seguida, i<strong>de</strong>ntificar como as áreas po<strong>de</strong>m contribuir<br />

para o alcance dos objetivos maiores. Essa i<strong>de</strong>ntificação ocorre a partir da perspectiva do<br />

incr<strong>em</strong>entalismo progressivo, não rompendo bruscamente com as formas <strong>de</strong> como a<br />

organização se adapta ao seu meio ambiente (MOTTA, 2001). As margens, ou limites, são<br />

construídos e apresentados formalmente no plano. Cada setor, r<strong>em</strong>etendo o pensamento aos<br />

subsist<strong>em</strong>as revisados na literatura (QUINN, 1978), se articula e inter-relaciona com os<br />

<strong>de</strong>mais, permitindo que a <strong>em</strong>presa reoriente sua meta, alargando ou estreitando suas margens.<br />

Os respon<strong>de</strong>ntes afirmam que estratégias são formadas também a partir do reconhecimento <strong>de</strong><br />

idéias e conseqüentes rea<strong>de</strong>quações no planejamento. Nessa linha, as áreas que são voltadas<br />

mais para o público interno, como a administração, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m mais da <strong>em</strong>presa que do setor e<br />

há uma facilida<strong>de</strong> maior <strong>em</strong> impl<strong>em</strong>entação dos planos <strong>de</strong> ação. Mas aquelas áreas <strong>de</strong> maior<br />

interface com o ambiente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da sist<strong>em</strong>ática da EMTU e outros agentes externos.<br />

O monitoramento do planejamento estratégico é uma das priorida<strong>de</strong>s centrais da<br />

<strong>em</strong>presa. Por meio <strong>de</strong> indicadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho e cronogramas, a <strong>em</strong>presa acompanha<br />

variáveis que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o consumo médio dos veículos até a satisfação do funcionário. Os<br />

sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> medida são <strong>de</strong>senvolvidos internamente e avaliados s<strong>em</strong>estralmente, mesmo<br />

havendo flexibilida<strong>de</strong> para que este seja revisado s<strong>em</strong>pre que a conjuntura apresentar algo<br />

novo. Consi<strong>de</strong>rando o período <strong>de</strong> 2000 a 2004, documentos internos <strong>de</strong>monstram que,<br />

estatisticamente, a organização atinge cerca <strong>de</strong> 50% (cinqüenta por cento) das metas<br />

estipuladas, <strong>em</strong> torno da vigência do planejamento, o que, concebendo estratégia como um<br />

plano, já é excelente diante do quadro ambiental hostil e instável traçado pelos entrevistados.<br />

As <strong>de</strong>mais estratégias não realizadas são atribuídas às causas internas e às externas, com esta<br />

última superando a primeira.<br />

Quanto à avaliação dos resultados associada à orig<strong>em</strong> das estratégias (se<br />

majoritariamente <strong>de</strong>liberadas ou <strong>em</strong>ergentes), os entrevistados discorreram amplamente<br />

acerca <strong>de</strong> variações no contínuo discutido na sessão dois <strong>de</strong>ste artigo. O padrão <strong>de</strong> formação<br />

<strong>de</strong> estratégias da Itamaracá Transportes, entre 2000 e 2004, é largamente disforme, quanto à<br />

consistência homogênea das ações.<br />

L<strong>em</strong>bro dos casos <strong>em</strong> que não havia um planejamento estratégico e a gente teve que<br />

agir <strong>de</strong> forma estratégica, teve que fazer um projeto, dando um resultado bom ou<br />

ruim. Teve casos <strong>em</strong> que tava tudo planejado e que mesmo assim a gente não<br />

conseguiu um resultado. [...] é muito comum termos ações, termos projetos que não<br />

entraram no planejamento estratégico, pela <strong>em</strong>ergência da ativida<strong>de</strong> (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

Durante a coleta e a análise dos dados, foi possível perceber a ocorrência freqüente <strong>de</strong><br />

ações adaptativas, apregoadas pelos preceitos <strong>em</strong>ergentes na Itamaracá Transportes. B<strong>em</strong> é<br />

verda<strong>de</strong> que isso foi mais evi<strong>de</strong>nte nos períodos <strong>de</strong> crise e reorientação; contudo, mesmo<br />

13


diante disso, a intenção s<strong>em</strong>pre esteve presente. O planejamento estratégico, por natureza<br />

<strong>de</strong>liberado, forneceu as margens necessárias para que os processos incr<strong>em</strong>entais foss<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvidos. O aprendizado é constante e guiado na organização. Por haver notável<br />

valorização cultural e do funcionário, a partir do momento <strong>em</strong> que características<br />

comportamentais são consi<strong>de</strong>radas no estabelecimento das diretrizes, po<strong>de</strong>-se afirmar que o<br />

padrão <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégias da <strong>em</strong>presa é <strong>de</strong>liberadamente <strong>em</strong>ergente, com oscilações<br />

entre estratégias impostas e frutos <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> negociação. A clássica dicotomia entre<br />

pensamento e ação não foi evi<strong>de</strong>nciada no caso e n<strong>em</strong> po<strong>de</strong>ria; mesmo sob tentativas <strong>de</strong><br />

estabelecer um planejamento racional, a <strong>em</strong>ergência das situações e imprevisibilida<strong>de</strong><br />

ambiental mesmo durante a vigência do plano impediam que as intenções foss<strong>em</strong> plenamente<br />

traduzidas <strong>em</strong> planos <strong>de</strong> ação; e se o foss<strong>em</strong>, po<strong>de</strong>riam não ser eficazes.<br />

É interessante ainda resgatar o conceito <strong>de</strong> estratégia guarda-chuva, sendo esta<br />

<strong>de</strong>liberada na perspectiva geral e <strong>em</strong>ergente <strong>em</strong> suas posições específicas, alinhada a<br />

princípios do incr<strong>em</strong>entalismo lógico. Tanto no padrão <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> modo<br />

amplo, quanto <strong>em</strong> momentos específicos <strong>de</strong> crise, crê-se que o fenômeno po<strong>de</strong> ser<br />

interpretado sob essa perspectiva, mesmo que estratégias impostas e planejadas coexistam na<br />

realida<strong>de</strong> da <strong>em</strong>presa. Ressalta-se a forte presença <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> negociação, sendo estes<br />

internos e externos, imbuídos <strong>de</strong> influência política e jogos <strong>de</strong> interesses. Por fim, não se<br />

percebeu a separação entre o foco no controle e foco no aprendizado; os dois construtos,<br />

segundo a perspectiva dos entrevistados, se alimentavam mutuamente: processos <strong>de</strong><br />

aprendizado <strong>de</strong>monstravam como os indicadores po<strong>de</strong>riam ser estabelecidos e estes<br />

indicavam, dada alguma ina<strong>de</strong>quação, o que a organização precisaria fazer para reverter o<br />

quadro, recaindo sobre métodos <strong>de</strong> tentativa e erro.<br />

6 Reflexões Finais<br />

De acordo com os resultados, o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia foi tido então<br />

como multidimensional, envolvendo ambas as análises intuitivas e racionais. Por essa razão,<br />

ao passo que o caráter <strong>em</strong>ergente <strong>de</strong>va fazer parte do cotidiano das <strong>em</strong>presas, não se po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado a importância do guia e da sist<strong>em</strong>atização <strong>de</strong> objetivos apregoada pela<br />

concepção <strong>de</strong>liberada; o que varia <strong>em</strong> momentos específicos é o grau <strong>de</strong> engessamento e<br />

rigi<strong>de</strong>z. É difícil imaginar estratégias posicionadas como plenamente <strong>de</strong>liberadas ou<br />

<strong>em</strong>ergentes, dado que a previsão acurada e a ausência total <strong>de</strong> intenções não são padrões<br />

frequent<strong>em</strong>ente percebidos no cotidiano das <strong>em</strong>presas. Estas estratégias combinam várias<br />

dimensões como precisão das intenções da li<strong>de</strong>rança, graus <strong>de</strong> controle e persuasão sobre as<br />

ações, previsibilida<strong>de</strong> do ambiente, entre outros.<br />

O princípio básico <strong>de</strong>fendido aqui é que não existe uma taxonomia rígida, afirmando<br />

que a estratégia <strong>de</strong>va ser totalmente <strong>de</strong>liberada ou totalmente <strong>em</strong>ergente (BORGES JR.;<br />

LUCE, 2000) <strong>em</strong> períodos <strong>de</strong> crise. O planejamento a longo prazo é assaz difícil; a ausência<br />

<strong>de</strong> um equilíbrio estável faz com que os sist<strong>em</strong>as organizacionais sejam por <strong>de</strong>mais sensíveis<br />

aos movimentos dos agentes externos. No entanto, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudanças drásticas<br />

provenientes do inesperado não impe<strong>de</strong>m as previsões a curto prazo e o estabelecimento <strong>de</strong><br />

diretrizes para se lidar com a complexida<strong>de</strong> e incerteza.<br />

O fenômeno aqui <strong>de</strong>scrito <strong>de</strong>monstrou que a verda<strong>de</strong> para a <strong>em</strong>presa é então t<strong>em</strong>poral<br />

e condicionada pelas mudanças, consi<strong>de</strong>rando o setor <strong>de</strong> transportes urbanos da Região<br />

Metropolitana do Recife (RMR) e sua influência no processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégias da<br />

Itamaracá. Vale ressaltar, no entanto, que este foi um trabalho exploratório inicial; pouco se<br />

conhecia sobre a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise e a sondag<strong>em</strong> <strong>de</strong>u-se <strong>em</strong> um nível preliminar. Crê-se que<br />

o objetivo central proposto foi alcançado, suscitando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um maior<br />

aprofundamento <strong>em</strong> aspectos referentes à escola do po<strong>de</strong>r, na consulta aos outros agentes<br />

externos ou grupos <strong>de</strong> interesse, como os clientes, agentes governamentais, fornecedores,<br />

14


sindicatos, <strong>de</strong>mais <strong>em</strong>presas, além <strong>de</strong> captar perspectivas <strong>em</strong> todo o âmbito organizacional,<br />

com <strong>de</strong>mais m<strong>em</strong>bros do colegiado <strong>de</strong> gestão.<br />

A<strong>de</strong>mais, como sugestão para pesquisas futuras está a elaboração <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong><br />

múltiplos casos, para confrontar os padrões <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégia nas <strong>em</strong>presas <strong>de</strong><br />

transporte urbano da RMR e as influências <strong>de</strong> um setor externo <strong>em</strong> comum: Dado que várias<br />

estratégias da Itamaracá Transportes são categorizadas como <strong>em</strong>ergentes e impostas, como se<br />

comportam as <strong>de</strong>mais <strong>em</strong>presas do setor quanto ao padrão <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégias, com<br />

ênfase <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong> crise?<br />

Vale ainda mencionar a contribuição significativa <strong>de</strong>sse trabalho para um maior<br />

entendimento <strong>em</strong>pírico acerca <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> estratégias e gestão <strong>de</strong> transportes urbanos,<br />

consi<strong>de</strong>rando peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma <strong>em</strong>presa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância para socieda<strong>de</strong> local. A<br />

parte conceitual consistiu <strong>em</strong> um esforço na aproximação <strong>de</strong> teorias e concepções,<br />

relacionando sob um mesmo fenômeno, escola do po<strong>de</strong>r e políticas <strong>de</strong> negociação e<br />

estratégias <strong>de</strong> turnaround, <strong>em</strong>basadas pelo amplo lastro já <strong>de</strong>senvolvido na literatura quanto<br />

estratégias <strong>de</strong>liberadas e <strong>em</strong>ergentes.<br />

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