1 Processo de Formação de Estratégia em Tempos de Crise - Anpad
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Nas reuniões <strong>de</strong> planejamento estratégico, os diretores participam dando a visão<br />
<strong>de</strong>les <strong>de</strong> mercado; o foco é saber como está a conversa política nesse meio. Até<br />
porque, para o nosso mercado crescer, por ex<strong>em</strong>plo, t<strong>em</strong> que ter licitação <strong>de</strong> linhas.<br />
Daí se não houver, é melhor adotar uma estratégia <strong>de</strong> contenção, melhorando isso<br />
ou aquilo, para não per<strong>de</strong>r o espaço que eu tenho. <strong>Estratégia</strong>s macro mudam muito<br />
<strong>de</strong> uma hora pra outra (Respon<strong>de</strong>nte).<br />
Quanto ao clima <strong>de</strong> trabalho, pesquisas internas realizadas (ITAMARACÁ, 2005)<br />
<strong>de</strong>monstram que, sob a perspectiva do funcionário, a Itamaracá é melhor <strong>de</strong> se trabalhar,<br />
quando comparada a outras no setor. O sentimento <strong>de</strong> permanecer na equipe, e<br />
consequent<strong>em</strong>ente os esforços para fazer com que a organização gere bons resultados<br />
consist<strong>em</strong> <strong>em</strong> po<strong>de</strong>rosos insumos para formação <strong>de</strong> estratégias. Não se percebe a dicotomia<br />
pensamento e execução na condução das ativida<strong>de</strong>s; a flexibilida<strong>de</strong> e a freqüente revisão <strong>de</strong><br />
objetivos e estratégias, alcançando os cinco níveis do colegiado gestor, permit<strong>em</strong> que as<br />
mudanças sejam rapidamente <strong>de</strong>tectadas e o fluxo <strong>de</strong> informações transite s<strong>em</strong> maiores<br />
barreiras. E com isso, é possível visualizar que a <strong>de</strong>corrente coalizão do po<strong>de</strong>r, então<br />
consi<strong>de</strong>rada o colegiado gerencial e estratégico da organização, transita por entre os jogos<br />
políticos internos; percebe-se uma fragmentação <strong>de</strong> interesses permeando a Itamaracá, a partir<br />
do momento que variáveis como aprendizado, cultura, coletivida<strong>de</strong> e construtivismo estão<br />
presentes no pensamento estratégico. Decorre que há uma negação da visão clássica da<br />
administração estratégica:<br />
...a gente monta nossas estratégias <strong>em</strong> conluio com o funcionário, baseados nas<br />
informações diretas ou pesquisas internas. [...] esse ano, tiv<strong>em</strong>os resultados muito<br />
bons na satisfação, mas menor que no ano passado. Opa, acen<strong>de</strong>u o sinal <strong>de</strong> alerta!<br />
Nos reunimos com grupos estratégicos <strong>de</strong> funcionários <strong>de</strong>ntro da <strong>em</strong>presa,<br />
elencamos alguns pontos-chave <strong>de</strong> interesse e isso certamente vai estar com peso<br />
prepon<strong>de</strong>rante no planejamento do ano que v<strong>em</strong> (Respon<strong>de</strong>nte).<br />
Acerca do setor <strong>de</strong> transportes urbanos, é latente no <strong>de</strong>poimento dos entrevistados o<br />
quão esse é <strong>de</strong>ficitário. No momento que os pesquisadores solicitaram que alguns inci<strong>de</strong>ntes<br />
críticos ocorridos entre 2000 e 2004 na <strong>em</strong>presa, foi unânime a idéia <strong>de</strong> que “inclusive, a<br />
gente até tenta difundir no funcionário a idéia <strong>de</strong> que a gente não está passando por crises,<br />
apesar do setor notadamente <strong>de</strong>ficitário” (Respon<strong>de</strong>nte).<br />
Dentre os períodos <strong>de</strong> crise citados pelos entrevistados, três padrões <strong>em</strong>ergiram como<br />
sendo mais evi<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong>correndo <strong>em</strong> uma mudança na postura estratégica na <strong>em</strong>presa. O<br />
primeiro <strong>de</strong>les, ocorreu <strong>em</strong> 2001; tratou-se <strong>de</strong> uma época <strong>de</strong> forte insatisfação interna,<br />
culminado <strong>em</strong> uma greve dos funcionários. Os entrevistados argumentaram que a principal<br />
diferença <strong>de</strong>sta para as <strong>de</strong>mais greves, é que não houve interferência governamental no que<br />
tange às políticas <strong>de</strong> r<strong>em</strong>uneração e incentivos, afetando todas as <strong>em</strong>presas. Foi um caso<br />
específico na Itamaracá (no setor <strong>de</strong> transportes urbanos, apenas ela parou as ativida<strong>de</strong>s), com<br />
o pleito <strong>de</strong> algumas coisas pontuais dos funcionários para com a <strong>em</strong>presa, como o término da<br />
cobrança pelas avarias, por ex<strong>em</strong>plo, e a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> revolta pela <strong>de</strong>missão <strong>de</strong> um<br />
funcionário, mesmo que por justa causa, já que ele estava comercializando ilegalmente vales<br />
transporte. Os efeitos <strong>de</strong>sse período relatado permit<strong>em</strong> inferir o quanto a organização<br />
valorizou o aprendizado e abriu marg<strong>em</strong> para que estratégias <strong>em</strong>ergentes corrigiss<strong>em</strong> a rota<br />
ora tomada, com impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> fortes sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> comunicação internos, a ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong><br />
um programa <strong>de</strong> integração chamado Gestão Aberta e institucionalização <strong>de</strong> um setor staff <strong>de</strong><br />
Recursos Humanos e a atual política <strong>de</strong> valorização dos colaboradores. A <strong>em</strong>presa sentia à<br />
época que a estratégia planejada não estava sendo eficaz, no entanto, poucas atitu<strong>de</strong>s haviam<br />
sido tomadas para mudar a situação.<br />
Des<strong>de</strong> aquele momento, a relação da gente com os funcionários mudou bastante,<br />
porque os motivos po<strong>de</strong>m ter sido errados na greve, mas a gente viu que estava<br />
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