1 Processo de Formação de Estratégia em Tempos de Crise - Anpad
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Diante do exposto, o verda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>safio parece ser a <strong>de</strong>tecção prévia <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s sutis que po<strong>de</strong>m corroer um negócio no futuro, para não ser surpreendido<br />
pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reorientação (MINTZBERG, 1998). Uma analogia com a estratégia<br />
<strong>de</strong>liberadamente <strong>em</strong>ergente permite inferir que quando atores posicionam-se fora dos limites<br />
da estratégia guarda-chuva, a <strong>em</strong>presa po<strong>de</strong> trazê-los <strong>de</strong> volta ou simplesmente <strong>de</strong>slocar os<br />
limites para alcançar nova a<strong>de</strong>quação (MINZTBERG; WATERS, 1985). A ação gerencial<br />
segura <strong>em</strong> conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s organizacionais constitui <strong>em</strong> um passo necessário<br />
para otimizar o valor para os agentes, e acelerar a movimentação da <strong>em</strong>presa para além da<br />
situação <strong>de</strong>sfavorável (CLAUSEN, 1990).<br />
2.2 Escola do Po<strong>de</strong>r: A <strong>Estratégia</strong> como um <strong>Processo</strong> <strong>de</strong> Negociação<br />
As organizações são mutuamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes por estar<strong>em</strong> na mesma arena<br />
competitiva (PORTER, 1986). A escola do po<strong>de</strong>r percebe a formação da estratégia como um<br />
processo <strong>de</strong> negociação, ou seja, “aberto <strong>de</strong> influência, enfatizando o uso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e política<br />
para negociar estratégias favoráveis a <strong>de</strong>terminados interesses” (MINTZBERG,<br />
AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 174). Nesse sentido, os autores <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> o po<strong>de</strong>r como<br />
o exercício da influência, por meio <strong>de</strong> dois construtos, quais sejam macro e micro. Este último<br />
diz respeito aos grupos <strong>de</strong> interesse internos à organização, r<strong>em</strong>etendo o pensamento à<br />
coalizão do po<strong>de</strong>r (CHILD, 1972) e jogo político entre os m<strong>em</strong>bros da <strong>em</strong>presa. A noção da<br />
coalizão é vantajosa e relevante, na medida <strong>em</strong> que <strong>de</strong>staca a fonte imediata da principal<br />
variação estrutural nas organizações, não sendo necessariamente formalizada, tampouco<br />
implicando <strong>em</strong> que os m<strong>em</strong>bros não tenham po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> modificar os planos formulados.<br />
Quanto mais importante a estratégia e <strong>de</strong>scentralizada a organização, mais provável<br />
a existência <strong>de</strong> manobras políticas. [...]<strong>Estratégia</strong> <strong>de</strong>liberada significa a realização<br />
coletiva <strong>de</strong> intenções – pela organização como um todo. Mas como isso po<strong>de</strong><br />
acontecer quando percepções e interesses são disputados ao invés <strong>de</strong><br />
compartilhados? Quanto à estratégia <strong>em</strong>ergente, como po<strong>de</strong> haver consistência nas<br />
ações quando os acasos da barganha assum<strong>em</strong> o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />
estratégia? (MINTZBERG, AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 178).<br />
Acerca da alocação <strong>de</strong> recursos escassos, da administração <strong>de</strong> conflitos e da concepção<br />
<strong>de</strong> que as metas, <strong>de</strong>cisões e estratégias <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> <strong>de</strong> negociações e manobras, Mintzberg,<br />
Ahlstrand e Lampel (2000) argumentam que a escola do po<strong>de</strong>r pressiona pela melhor<br />
compreensão do papel <strong>de</strong> indivíduos organizados ou não na formulação ou reformulação <strong>de</strong><br />
comportamentos. A estratégia refletiria, então, os interesses <strong>de</strong> grupos.<br />
Quanto ao po<strong>de</strong>r macro, este po<strong>de</strong> ser visto como adaptação e mudança para cumprir<br />
os requisitos ambientais e mais, influenciar e negociar com forças externas aos limites da<br />
<strong>em</strong>presa. O ponto central da escola do po<strong>de</strong>r é a idéia <strong>de</strong> que as organizações têm <strong>de</strong> ser<br />
sensíveis às conseqüências políticas dos movimentos econômicos (MINTZBERG,<br />
AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 191); como pr<strong>em</strong>issa, têm-se que a “formação da<br />
estratégia é moldada por po<strong>de</strong>r e política, seja como um processo <strong>de</strong>ntro da organização ou<br />
como o comportamento da própria organização <strong>em</strong> seu ambiente externo”. Nesse contexto, o<br />
po<strong>de</strong>r micro vê a formação <strong>de</strong> estratégia como a interação entre interesses e coalizões internas<br />
e o po<strong>de</strong>r macro como promovendo o seu b<strong>em</strong>-estar por meio <strong>de</strong> controle ou cooperação,<br />
manobras e estratégias coletivas com outras organizações. Por essa razão, estratégias<br />
resultantes <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> negociação ten<strong>de</strong>m a ser mais <strong>em</strong>ergentes. A ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong>ntre as<br />
organizações externas têm-se fornecedores, grupos <strong>de</strong> clientes, agentes governamentais,<br />
associações políticas, sindicatos <strong>de</strong>ntre outras.<br />
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