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1 Processo de Formação de Estratégia em Tempos de Crise - Anpad

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muitas vezes falha ou incompleta, é disponibilizado à estratégia um caráter flexível,<br />

inviabilizando a análise puramente sist<strong>em</strong>ática.<br />

Daí advém o fato <strong>de</strong> o incr<strong>em</strong>entalismo lógico refutar estilos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança mais<br />

<strong>de</strong>terministas, posto que, mesmo visualizando um objetivo, este t<strong>em</strong> no cerne a cultura<br />

organizacional, abordag<strong>em</strong> do po<strong>de</strong>r, habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negociação, estabelecimento <strong>de</strong> políticas<br />

<strong>de</strong> relacionamento com agentes internos e externos, entre outros (QUINN, 1978). A<br />

organização é constituída <strong>de</strong> subsist<strong>em</strong>as; o inter-relacionamento entre estes faz com que a<br />

estratégia surja; mesmo que a direção orientadora seja única, a forma <strong>de</strong> articulação ou<br />

processo a partir da perspectiva e experiência dos subsist<strong>em</strong>as é presente, além do estímulo<br />

contínuo do aprendizado e construção da realida<strong>de</strong> coletiva.<br />

A palavra estratégia, portanto, t<strong>em</strong> sido utilizada no meio <strong>em</strong>presarial <strong>de</strong> muitas<br />

maneiras distintas, <strong>de</strong> modo que múltiplas <strong>de</strong>finições po<strong>de</strong>m coerent<strong>em</strong>ente auxiliar os<br />

executivos na articulação dos pensamentos nesse campo (MINTZBERG, 2001). Dos cinco<br />

P’s sumarizados por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) e Mintzberg (2001), para o que<br />

po<strong>de</strong> ser estratégia, quais sejam: (1) plano ou direção, (ex-ante facto); (2) padrão ou<br />

consistência <strong>de</strong> comportamento ao longo do t<strong>em</strong>po (ex-post facto); (3) posição; (4)<br />

perspectiva; e (5) truque (do inglês ploy), inicialmente, o conceito <strong>de</strong> estratégia neste estudo é<br />

tido como o relacionamento entre os planos e intenções da li<strong>de</strong>rança e o efetivo padrão da<br />

organização, quer seja pretendido ou não.<br />

A análise histórica das <strong>em</strong>presas requer a concepção <strong>de</strong> estratégia como um padrão <strong>em</strong><br />

um fluxo <strong>de</strong> ações (MINTZBERG, 2001). Por essa razão, o autor justifica que <strong>de</strong>finir<br />

estratégia como um plano seria insuficiente; é preciso uma <strong>de</strong>finição que abranja o<br />

comportamento resultante. As concepções <strong>de</strong> estratégia como plano ou padrão po<strong>de</strong>m ser<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes: planos po<strong>de</strong>m não ser atingidos e padrões po<strong>de</strong>m surgir s<strong>em</strong> intenção<br />

<strong>de</strong>clarada da organização.<br />

Diante do exposto, “as estratégias aparec<strong>em</strong> primeiro como padrões do passado; mais<br />

tar<strong>de</strong>, talvez, como planos para o futuro e, finalmente, como perspectiva para guiar o<br />

comportamento geral” (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 135). De acordo<br />

com os objetivos <strong>de</strong>ste trabalho, a estratégia é concebida como um padrão ou consistência <strong>de</strong><br />

comportamento ao longo do t<strong>em</strong>po (ex-post facto) (MINTZBERG; AHLSTRAND;<br />

LAMPEL, 2000, p. 27; MINTZBERG, 2001). Vale ressaltar que este padrão é composto pelas<br />

estratégias que efetivamente foram realizadas, a partir dos fluxos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e ações<br />

observadas no t<strong>em</strong>po, que tanto po<strong>de</strong>m ter sido <strong>de</strong>liberadas ou <strong>em</strong>ergentes (MINTZBERG;<br />

MCHUGH, 1985). Com vistas a aprofundar a concepção <strong>de</strong> estratégia necessária à realização<br />

<strong>de</strong>ste trabalho, serão ainda discutidos preceitos acerca <strong>de</strong> gestão da recuperação, mudanças<br />

estratégicas e escola do po<strong>de</strong>r.<br />

2.1 <strong>Estratégia</strong>s <strong>de</strong> Recuperação e Mudanças Estratégicas<br />

A partir do final dos anos 70, vários fluxos <strong>de</strong> pesquisa foram iniciados a fim <strong>de</strong><br />

enten<strong>de</strong>r como as organizações revert<strong>em</strong> ameaças e <strong>de</strong>clínio no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho (SCHENDEL;<br />

PATTON, 1976). Gestão <strong>de</strong> turnaround, ou a atuação da <strong>em</strong>presa <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong> crise, é<br />

um processo que envolve análises ambientais, a<strong>de</strong>quação dos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> informação,<br />

preparação <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> ação, execução e avaliação dos resultados (BOYLE; DESAI, 1991).<br />

Os processos <strong>de</strong> recuperação são amplamente concebidos nas esferas econômicas <strong>de</strong><br />

reestruturação <strong>de</strong> custos e corte <strong>de</strong> pessoal (ROBBINS; PEARCE II, 1992), ligadas aos<br />

<strong>de</strong>clínios na performance financeira. A mudança estratégica advém especialmente da<br />

severida<strong>de</strong> com que a situação <strong>de</strong>sfavorável impacta nos resultados da <strong>em</strong>presa, simbolizada<br />

por prejuízos crescentes ou ameaça à sobrevivência. Os critérios e circunstâncias necessários<br />

ao <strong>de</strong>slocamento da firma são <strong>de</strong>finidos pela percepção dos executivos, ou <strong>de</strong>mais<br />

stakehol<strong>de</strong>rs, ou por indicadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho. Respostas b<strong>em</strong> sucedidas <strong>em</strong> momentos <strong>de</strong><br />

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