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1 Processo de Formação de Estratégia em Tempos de Crise - Anpad

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havendo uma mudança gran<strong>de</strong> entre a <strong>em</strong>presa e os funcionários, a ponto <strong>de</strong> você<br />

ter que <strong>de</strong>flagrar uma greve para ser escutado. [...] A partir daí, t<strong>em</strong>os nos<br />

aproximado mais <strong>de</strong>les e perceb<strong>em</strong>os o quanto isso traz vantagens para ambos os<br />

lados (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

Outro momento marcante ocorreu <strong>em</strong> 2003, com uma grave crise financeira,<br />

corroborando com os teóricos da turnaround acerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho. Mas antes<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>talhar tal momento, é necessário chamar atenção mais profundamente para as políticas<br />

<strong>de</strong> negociação e jogos <strong>de</strong> interesses que envolv<strong>em</strong> as operações da <strong>em</strong>presa. Por se tratar <strong>de</strong><br />

um serviço <strong>de</strong> concessão pública, alguns indícios <strong>de</strong>monstram claramente os princípios<br />

apregoados pela Escola do Po<strong>de</strong>r. A ex<strong>em</strong>plo, cabe à Empresa Metropolitana <strong>de</strong> Transportes<br />

Urbanos (EMTU) a criação e programação das linhas e itinerários, b<strong>em</strong> como o número <strong>de</strong><br />

veículos, horário das viagens, estabelecimento dos pontos <strong>de</strong> parada e r<strong>em</strong>uneração das<br />

<strong>em</strong>presas. Às <strong>em</strong>presas operadoras, são cobradas regularida<strong>de</strong> e pontualida<strong>de</strong> da linha,<br />

qualida<strong>de</strong> do atendimento e gerenciamento das reclamações, manutenção e renovação da frota<br />

(ITAMARACÁ TRANSPORTES, 2005). É possível perceber o caráter <strong>de</strong>terminista com que<br />

o ambiente por vezes impera sobre as ações da <strong>em</strong>presa. A<strong>de</strong>mais, o fato <strong>de</strong> ser uma <strong>em</strong>presa<br />

privada prestando serviço público faz com que fique a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> “carrasca” da população,<br />

com o <strong>de</strong>corrente aumento <strong>de</strong> tarifas necessário para que os custos sejam cobertos. Exist<strong>em</strong><br />

muitos grupos <strong>de</strong> interesse na formulação da estratégia da Itamaracá: o governo, a socieda<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong> geral, os acionistas e funcionários, que perceb<strong>em</strong> diretamente os efeitos das ações da<br />

<strong>em</strong>presa; também os sindicatos, associações e representantes sociais, cujas negociações<br />

muitas vezes <strong>de</strong>terminam o curso <strong>de</strong> ação da firma.<br />

A gente sabe que a população não po<strong>de</strong> pagar, inclusive a gente passa muito t<strong>em</strong>po<br />

do nosso planejamento (preparação) analisando nossa influência externa,<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> incentivos, subsídio governamental, menos impostos. [...]como é<br />

que a gente dá um serviço público, presta um serviço <strong>de</strong> caráter constitucional que<br />

qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> que dar é o Estado e ainda paga pra ele? Transporte público não é grátis,<br />

é pago e caro (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

A situação era <strong>de</strong>sfavorável e os custos crescentes: a estratégia adotada diante <strong>de</strong>sse<br />

cenário, <strong>em</strong> 2003, foi a clássica turnaround <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> pessoal, esten<strong>de</strong>ndo os efeitos para<br />

redução da frota <strong>em</strong> circulação. A dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> ajustar interesses por entre os grupos,<br />

interferência <strong>de</strong> variáveis externas como o aumento do óleo diesel à época, sob o ponto <strong>de</strong><br />

vista dos entrevistados, não <strong>de</strong>ixou alternativas para a <strong>em</strong>presa.<br />

O terceiro momento elencado diz respeito ao transporte clan<strong>de</strong>stino e sua retirada <strong>de</strong><br />

circulação na Região Metropolitana do Recife, no início <strong>de</strong> 2004. Novamente, as ações<br />

geradas na <strong>em</strong>presa partiram <strong>de</strong> agentes externos:<br />

Kombi e Van eram um probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, porque eles não pagavam tributo n<strong>em</strong><br />

encargo, não registram o funcionário, e outra: só circulavam on<strong>de</strong> dá dinheiro, nos<br />

horários <strong>de</strong> pico. Ônibus não po<strong>de</strong> fazer isso. Então, era fácil para a Kombi ganhar<br />

dinheiro, puxando a tarifa lá para baixo. [...] A prefeitura <strong>de</strong> Recife, <strong>em</strong> conjunto<br />

com o governo do Estado tiveram que se posicionar firm<strong>em</strong>ente, pois muitas<br />

<strong>em</strong>presas estavam ameaçadas <strong>de</strong> fechar. E se isso acontecesse, como é que a<br />

população iria se transportar? Ia ser um caos! (Respon<strong>de</strong>nte).<br />

Com a retirada, o efeito gerado foi o aumento da <strong>de</strong>manda, e conseqüente revolta da<br />

população, que estava habituada a pagar uma baixa tarifa pelo transporte e dispor <strong>de</strong> maior<br />

velocida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>slocamento. Maior <strong>de</strong>manda gerou aumento na receita, tal como a <strong>em</strong>presa<br />

estava esperando; no entanto um aumento nos custos <strong>de</strong>correntes da estratégia <strong>de</strong> turnaround<br />

ao disponibilizar mais veículos para circulação (para aten<strong>de</strong>r e minimizar a revolta da<br />

população) gerou custos totais maiores que a nova receita. E a <strong>em</strong>presa ainda está vivendo<br />

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