EM CONTRACORRENTE O valor da indagação da pedagogia na ...
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Para concluir…<br />
Tal como Barnett (1997, 2000), penso que é compreensível, mas não facilmente perdoável,<br />
que queiramos ver-nos livres <strong>da</strong>s preocupações do ensino. Se a pe<strong>da</strong>gogia implica um (auto)questio<strong>na</strong>mento<br />
continuado sobre o que é um bom ensino e uma boa aprendizagem, então a sua in<strong>da</strong>gação,<br />
tão crítica quanto possível, constitui um imperativo moral de todos os educadores. É nosso<br />
dever lutar por um futuro melhor para a pe<strong>da</strong>gogia <strong>na</strong>s universi<strong>da</strong>des, o que implica aprender a<br />
li<strong>da</strong>r com os paradoxos e dilemas <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de académica, reconfigurando continuamente as nossas<br />
identi<strong>da</strong>des profissio<strong>na</strong>is. O <strong>valor</strong> <strong>da</strong> in<strong>da</strong>gação <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia reside também nesta reconfiguração<br />
profissio<strong>na</strong>l continua<strong>da</strong>, a qual se tor<strong>na</strong> possível à medi<strong>da</strong> que nos vamos libertando <strong>da</strong><br />
nossa história de seguidores de caminhos e nos aventuramos numa história de descoberta, mais<br />
arrisca<strong>da</strong> e incerta, mas também mais promissora.<br />
Voltando à dúvi<strong>da</strong> que colocava acima, de saber se valerá a pe<strong>na</strong> envere<strong>da</strong>r pela in<strong>da</strong>gação <strong>da</strong><br />
pe<strong>da</strong>gogia em contextos que são adversos ao seu desenvolvimento e nos empurram em sentido<br />
contrário, creio que a resposta se encontrará, fun<strong>da</strong>mentalmente, no interior de ca<strong>da</strong> um de nós.<br />
Por mim, e com base no trabalho que tenho vindo a realizar com outros colegas, a resposta é:<br />
sim, vale a pe<strong>na</strong>, mas não é fácil, e teremos de estar preparados para os custos que pode trazer. A<br />
este propósito, as palavras de Paulo Freire, em diálogo com Ira Shor acerca <strong>da</strong>s implicações <strong>da</strong><br />
contestação de ideologias domi<strong>na</strong>ntes, são clarividentes (Freire & Shor, 1986: 29): «Na<strong>da</strong>r contra a<br />
corrente significa correr riscos e assumir riscos. Significa, também, esperar constantemente por<br />
uma punição. Sempre digo que os que <strong>na</strong><strong>da</strong>m contra a corrente são os primeiros a ser punidos<br />
pela corrente e não podem esperar ganhar de presente fins-de-sema<strong>na</strong> em praias tropicais!».<br />
Post-scriptum<br />
Enquanto coorde<strong>na</strong>dora dos projectos TPU, quero deixar uma palavra de reconhecimento a todos os colegas<br />
que neles têm vindo a participar, pela sua persistência e comprometimento profissio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> in<strong>da</strong>gação <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia.<br />
É a todos eles, e também aos alunos que nos foram acompanhando <strong>na</strong>s nossas experiências pe<strong>da</strong>gógicas, que<br />
dedico o presente texto.<br />
Contacto: Instituto de Educação e Psicologia, Universi<strong>da</strong>de do Minho, Campus de Gualtar, 4710-057 Braga –<br />
Portugal<br />
E-mail: flaviav@iep.uminho.pt<br />
Referências bibliográficas<br />
Alves, Rubem (2000). Por uma educação romântica: Brevíssimos excertos de imortali<strong>da</strong>de. Famalicão: Centro de<br />
Formação Camilo Castelo Branco.<br />
Barnett, Ro<strong>na</strong>ld (1997). Realizing the university. Londres: Institute of Education, University of London.<br />
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