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EM CONTRACORRENTE O valor da indagação da pedagogia na ...

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• Embora tenha no horizonte uma pe<strong>da</strong>gogia humanista e emancipatória, não advoga métodos<br />

uniformes nem supõe a ruptura com práticas anteriores; aceita a plurali<strong>da</strong>de e a continui<strong>da</strong>de<br />

nos processos de inovação, respeitando a experiência prévia, interesses e expectativas<br />

de ca<strong>da</strong> professor (ca<strong>da</strong> professor deve encontrar o seu caminho, embora em diálogo<br />

com outros);<br />

• Acredita nos professores e nos alunos, <strong>valor</strong>iza as relações interpessoais, respeita diferenças<br />

de experiência e perspectiva, incentiva a partilha de ideais e linguagens… procurando criar<br />

microcomuni<strong>da</strong>des de aprendizagem (entre os professores e com os alunos);<br />

• Contraria o isolamento (quarente<strong>na</strong> e autismo) profissio<strong>na</strong>l, fomentando o diálogo interdiscipli<strong>na</strong>r<br />

e a colaboração interpares (equipas interdepartamentais, multidiscipli<strong>na</strong>res);<br />

• Procura desocultar factores de constrangimento <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia, denuncia as condições que a<br />

dificultam e <strong>valor</strong>iza a criativi<strong>da</strong>de profissio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> procura de soluções, assumindo-se como<br />

espaço de resistência e transformação.<br />

A operacio<strong>na</strong>lização dos aspectos acima referidos tem sido lenta e difícil, implicando uma<br />

«descoberta de caminhos» (Shulman, 2004) em contracorrente face a <strong>valor</strong>es e práticas domi<strong>na</strong>ntes<br />

<strong>na</strong> academia, e portanto uma tensão maior ou menor entre subversão e conformismo perante<br />

esses <strong>valor</strong>es e práticas. Vejamos algumas circunstâncias adversas à in<strong>da</strong>gação <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia que<br />

estão presentes no nosso contexto local e mais alargado:<br />

• A relação entre as activi<strong>da</strong>des de ensino e investigação tende a ser conflitual ou nula, ou<br />

seja, o investimento numa reduz o investimento <strong>na</strong> outra, sem que entre ambas se desenhem<br />

intersecções epistemológicas; uma vez que a carreira académica depende sobretudo<br />

<strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de investigativa, o ensino é des<strong>valor</strong>izado em seu favor (cf. Hattie & Marsh, 1996;<br />

Gottlieb & Keith, 1997; Lebaron, 2001; Morley, 2003; Vi<strong>da</strong>l & Quintanilla, 2000);<br />

• A investigação que interessa para a promoção <strong>na</strong> carreira académica é sobretudo de <strong>na</strong>tureza<br />

discipli<strong>na</strong>r, e é também esta que é favoreci<strong>da</strong> pelas práticas de avaliação e fi<strong>na</strong>nciamento;<br />

sendo a pe<strong>da</strong>gogia (e o ensino superior em geral) um campo parcialmente não-discipli<strong>na</strong>r,<br />

não representa um terreno de investigação legítimo e institucio<strong>na</strong>lizado;<br />

• A territorialização e departamentalização <strong>da</strong>s áreas de conhecimento e de investigação dificultam<br />

fortemente a constituição de equipas multidiscipli<strong>na</strong>res, pois se é ver<strong>da</strong>de que as discipli<strong>na</strong>s<br />

representam o «lar» dos investigadores, não é menos ver<strong>da</strong>de que constituem também<br />

as suas «barrica<strong>da</strong>s» (Poole, 2009);<br />

• A investigação sobre as questões do currículo no ensino superior é escassa, o que, no<br />

entender de Barnett e Coate (2005), tende a legitimar lógicas instrumentais, favorecer uma<br />

visão tecnicista do ensino e <strong>da</strong> aprendizagem e ocultar as questões que realmente importa<br />

colocar – para que serve o ensino superior? Em que direcções deve desenvolver-se a expe-<br />

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