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EM CONTRACORRENTE O valor da indagação da pedagogia na ...

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iamente a quali<strong>da</strong>de do ensino e que nem to<strong>da</strong>s as práticas supostamente reflexivas serão transformadoras.<br />

De facto, a reflexão profissio<strong>na</strong>l pode servir diferentes propósitos, incluindo a justificação<br />

e o reforço de práticas discrimi<strong>na</strong>tórias e anti-democráticas. Por outro lado, pode converter-<br />

-se numa forma de autismo se não se enquadrar em contextos de conhecimento mais alargados,<br />

como o «contexto partilhado» do conhecimento produzido <strong>na</strong>s situações de aprendizagem colaborativa,<br />

nomea<strong>da</strong>mente através <strong>da</strong> negociação e colectivização de saberes, e o «contexto público»<br />

<strong>da</strong>s teorias educacio<strong>na</strong>is (Rowland, 2000).<br />

O poder transformador <strong>da</strong> reflexão profissio<strong>na</strong>l dependerá, sobretudo, <strong>da</strong> visão de educação do<br />

professor, assim como do modo como as suas decisões e opções pe<strong>da</strong>gógicas incorporam uma crítica<br />

aos factores institucio<strong>na</strong>is e sociais que condicio<strong>na</strong>m a sua acção. Acreditar no poder transformador<br />

de uma prática reflexiva implica compreender e exercer a reflexão como prática histórica e ideologicamente<br />

situa<strong>da</strong>, passível de reproduzir ou transformar a ordem social domi<strong>na</strong>nte. Como afirma<br />

Kemmis (1999: 105), «La reflexión no carece de <strong>valor</strong> ni es neutral con respecto al <strong>valor</strong>; expresa y<br />

está al servicio de intereses humanos, sociales, culturales y políticos concretos». Assim, enquanto instrumento<br />

de acção crítica, a reflexão reconhece e denuncia a tensão entre o mundo como ele é e<br />

como poderia ser, implicando o conflito e a subversão. Nesta perspectiva, não só alicerça os processos<br />

de mu<strong>da</strong>nça, como pode garantir que essa mu<strong>da</strong>nça contribua para uma educação mais racio<strong>na</strong>l<br />

e justa. Não se trata, portanto, de uma reflexão de <strong>na</strong>tureza contemplativa ou especulativa, mas sim<br />

de uma reflexão comprometi<strong>da</strong> com a prática, problematizadora e emancipatória, que implica o professor<br />

em quatro tarefas de compreensão e transformação do ensino (Smyth, 1989):<br />

• descrição (o que faço? Como descrevo a minha prática?...);<br />

• interpretação (por que razões actuo dessa forma? Que significado posso atribuir ao que<br />

faço? Que princípios reflecte a minha prática?...);<br />

• confronto (como explico a minha acção enquanto prática historicamente situa<strong>da</strong>? O que diz<br />

acerca dos meus <strong>valor</strong>es e convicções e como se explicam as minhas escolhas e priori<strong>da</strong>des?<br />

Que interesses servem e porquê? O que condicio<strong>na</strong> o meu pensamento e acção?...);<br />

• reconstrução (o que quero e posso mu<strong>da</strong>r? Porquê, para quê e como?...).<br />

Estas tarefas implicam um posicio<strong>na</strong>mento crítico do professor face ao seu pensamento e<br />

acção e a consciência de como o seu pensamento e acção são socialmente determi<strong>na</strong>dos e determi<strong>na</strong>ntes:<br />

Being able to locate oneself both perso<strong>na</strong>lly and professio<strong>na</strong>lly in history in order to be clear about the forces<br />

that have come to determine one’s existence, is the hallmark of a teacher who has been able to harness the<br />

reflective processes and can begin to act on the world in a way that amounts to changing it. This amounts to<br />

see teaching realities not as immutable givens but as being defined by others, and as essentially contestable<br />

(Smyth, 1989: 7).<br />

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