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Vem aí o<br />

VII ENAU<br />

O VII Encontro Nacional dos<br />

Advogados da União promete ser<br />

um marco na história da ANAUNI,<br />

que completa 10 anos em 2006. O<br />

evento será em Recife.<br />

Págs. 06 e 07<br />

Agosto de 2006 - Ano V - Edição 13<br />

MP 305/2006: Compromisso Ignorado<br />

Subsídio Já!<br />

A luta continua...<br />

Conheça a história do movimento Subsídio Já! e os<br />

próximos passos da categoria.<br />

Págs. 08 a 11<br />

Concurso de Monograa Roque Aras:<br />

Pelo fortalecimento da Advocacia Pública. Pág. 16<br />

Conselho Superior:<br />

Um espaço democrático. Pág. 15<br />

Entrevista:<br />

Uma entrevista com o jurista Walter Ceneviva. Pág. 13


Expediente<br />

ANAUNIInforma<br />

Diretoria da ANAUNI<br />

Biênio 2005/2006<br />

Presidente:<br />

José Wanderley Kozima (PU/SC)<br />

presidencia@anauni.org.br<br />

Vice-Presidente:<br />

Max Casado de Melo (PU/GO)<br />

vice.presidencia@anauni.org.br<br />

Secretário:<br />

André Augusto Dantas Motta Amaral<br />

(SGCT/GAB/AGU/DF)<br />

Suplentes:<br />

Bruno Moreira Fortes (CONJUR/MC/DF)<br />

Paulo Henrique Kuhn (CONJUR/MT/DF)<br />

secretaria.geral@anauni.org.br<br />

Diretor de Atividades Legislativas:<br />

Douglas Vitoriano Locateli (PGU/DF)<br />

Suplentes:<br />

José Mauro de Lima O’de Almeida (PU/PA)<br />

Michel Amazonas Cotta (NAJ/SC)<br />

diretoria.legislativa@anauni.org.br<br />

Diretor de Comunicação:<br />

Waldemir Ferrarez da Cunha (CGAU/DF)<br />

Suplentes:<br />

Bruno Leonardo Guimarães Godinho (PU/BA)<br />

Geomar André Bender (PRU4/RS)<br />

diretoria.comunicacao@anauni.org.br<br />

Diretor Administrativo:<br />

Rogério Telles Correia das Neves (PGU/DF)<br />

Suplentes:<br />

Daniel Rocha de Farias (SGCT/GAB/AGU/DF)<br />

Isabel Cecília de Oliveira Bezerra (PU/CE)<br />

diretoria.administrativa@anauni.org.br<br />

Diretor Social:<br />

Marcelo Ribeiro do Val (PRU4/RS - STF)<br />

Suplentes:<br />

Tiago Fontes Moretto (CONJUR/MT/DF)<br />

Vitor Pierantoni Campos (PU/PR)<br />

diretoria.social@anauni.org.br<br />

Assessor Jurídico:<br />

Valmir Scodro (PSU/MAR/PR)<br />

Suplentes:<br />

Alexandre Alves Feitosa (PU/SE)<br />

Lena Barcessat Lewinski (PRU3/SP)<br />

assessoria.juridica@anauni.org.br<br />

Assessoria Especial de Integração:<br />

Daniel Carlos Andrade (PRU2/RJ)<br />

Kaoru Ogata (PRU3/SP)<br />

Rafael Magalhães Furtado (CONJUR/MT/DF)<br />

Rommel Madeiro de Macedo Carneiro (CGAU/DF)<br />

assessoria.integracao@anauni.org.br<br />

Assessoria Especial Para Assuntos do Consultivo:<br />

Pedro Augusto Rodrigues Costa (PU/SC)<br />

Diana Miranda Barros (NAJ/BA)<br />

Renata Garcia Paiva (NAJ/RJ)<br />

assessoria.consultivo@anauni.org.br<br />

Assessoria Parlamentar - ANAUNI<br />

assessoria.parlamentar@anauni.org.br<br />

Assessoria de Imprensa - ANAUNI<br />

assessoria.imprensa@anauni.org.br<br />

ANAUNI Informa<br />

Jornalista Responsável:<br />

Hosana Seiffert (MTB DF 03644)<br />

hosana@superig.com.br<br />

Produção: Diretoria de Comunicação - ANAUNI<br />

Fotografia: Sérgio Seiffert/CFV<br />

Projeto Gráfico/Editoração: Alexandre Xavier<br />

Tiragem: 2.000 exemplares<br />

Impressão: Gráfica StarPrint<br />

Esta é uma publicação editorial da ANAUNI<br />

Associação Nacional dos Advogados da União<br />

Permitido o uso das informações, desde que citada a fonte.<br />

CLSW 303 Ed. Rhodes III Bloco B Sala 55<br />

Setor Sudoeste - Brasília DF<br />

(61) 3344-4386 - www.anauni.org.br<br />

egundo ano da atual Diretoria à<br />

frente da ANAUNI. Eleitos sob<br />

o signo da “participação”, que, segundo<br />

Juan E. Diaz Bordenave, quer significar<br />

“fazer parte, tomar parte e ter<br />

parte”, temos procurado realizar esse<br />

nível ideal de democracia, enquanto<br />

“estado de participação”. E, mais importante,<br />

os demais associados têm<br />

respondido com um grau de sensibi-<br />

lidade, maturidade e coesão de propósitos<br />

invejáveis, com iniciativas que<br />

marcam um novo paradigma associativo.<br />

Esta atitude coerente e responsável<br />

é, sem sombra de dúvida, imprescindível<br />

para a realização de muitos dos projetos e<br />

das ações que objetivam fazer com que a<br />

carreira alcance a tão merecida dignidade<br />

e que a Advocacia-Geral da União se fortaleça<br />

enquanto instituição indispensável ao<br />

Estado Brasileiro.<br />

Nossa principal bandeira tem sido a<br />

árdua luta em prol da fixação do subsídio<br />

constitucional, em patamares condizentes<br />

com as demais Funções Essencias à Justiça.<br />

Esta edição do ANAUNI Informa traz<br />

um histórico do movimento Subsídio Já! e<br />

relembra os principais momentos, ao mesmo<br />

tempo em que avalia os erros e acertos<br />

da luta pela valorização da categoria.<br />

Nesta edição, além de falar de luta,<br />

também trataremos de festa. A ANAUNI<br />

está em clima de aniversário. Em 2006,<br />

a Associação completa dez anos de<br />

Editorial S<br />

Mudanças no<br />

Estatuto<br />

presidente da ANAUNI bai-<br />

O xou a Resolução nº 03/2006,<br />

designando comissão especial de<br />

trabalhos para reunir sugestões,<br />

formular proposições e minuta de<br />

revisão geral do estatuto da ANAU-<br />

NI, para ser submetida à Assembléia<br />

Geral Ordinária dos Advogados<br />

da União que ocorrerá durante o VII<br />

ENAU, no próximo mês de novembro,<br />

em Recife/PE.<br />

A comissão revisora do estatuto<br />

é formada pelos Advogados da União<br />

André Dantas (GAB/AGU/DF), Lena<br />

Lewinsky (PRU3/SP) e Waldemir Ferrarez<br />

(CGAU/DF).<br />

existência e já estão em<br />

curso os preparativos<br />

para uma grande comemoração.<br />

O já famoso<br />

“Círculo da Confiança”<br />

uma vez mais será formado.<br />

Portanto, nossa<br />

homenagem, desde já,<br />

aos “Pais Fundadores”,<br />

os vinte e sete colegas<br />

que, por absoluta necessidade,<br />

fizeram nascer a<br />

Associação Nacional dos Advogados da<br />

União, lançando assim essa centelha.<br />

O VII ENAU, a ser realizado em Recife<br />

(PE), em novembro, mês de fundação<br />

da entidade, certamente será especial,<br />

sendo esperada uma presença recorde<br />

de Advogados da União de todos os<br />

cantos do País. Para tanto, já foi nomeada<br />

uma Comissão Especial (Resolução<br />

nº 08/2005), que está em campo cuidando<br />

dos preparativos.<br />

Enfim, temos algumas realizações a<br />

comemorar e muitas lutas ainda a serem<br />

empreendidas e vencidas. Esperamos<br />

que a leitura desta edição do ANAUNI<br />

Informa traga prazer e contentamento,<br />

mas principalmente a confiança de<br />

que a ANAUNI está no caminho certo<br />

e lutando o bom combate, algo que ninguém<br />

pode fazer por nós.<br />

José Wanderley Kozima<br />

Segundo o presidente da comissão,<br />

Waldemir Ferrarez, a proposta de revisão<br />

do estatuto foi aprovada na reunião<br />

de delegados e diretores da ANAUNI<br />

realizada em Brasília, no último mês de<br />

março, e tem por finalidade modernizar<br />

e ajustar os seus dispositivos às necessidades<br />

detectadas no decorrer da<br />

primeira década de existência da associação.<br />

“O aniversário de dez anos da<br />

ANAUNI será uma ótima oportunidade<br />

para realizar esse trabalho”, destaca.<br />

A comissão irá analisar todas as<br />

sugestões que forem apresentadas<br />

pelos associados, através do e-mail<br />

estatuto@anauni.org.br.


Consultivo forte,<br />

defesa eficaz<br />

área consultiva é uma das mais<br />

A importantes para a defesa dos<br />

interesses do Estado. Afinal, evitar uma<br />

ação judicial talvez seja a forma mais<br />

eficiente de promover a justiça. Este<br />

tem sido o trabalho dos Advogados da<br />

União que atuam nas Consultorias Jurídicas<br />

(CONJURs) dos Ministérios e nos<br />

Núcleos de Assessoramento Jurídico<br />

(NAJs) nos Estados.<br />

Muitos deles, no entanto, ainda se<br />

sentem à margem da AGU. A função<br />

consultiva é, historicamente, anterior à<br />

criação da Advocacia-Geral da União.<br />

Para se ter uma idéia, esses órgãos<br />

e sua estrutura ainda são vinculados<br />

administrativamente aos Ministérios.<br />

Ao longo do tempo, isso tem gerado<br />

um distanciamento, com conseqüências<br />

práticas. Advogados do consultivo,<br />

por exemplo, não têm acesso ao<br />

e-mail funcional da AGU e deixam de<br />

receber informações importantes que<br />

são divulgadas por comunicados eletrônicos<br />

oficiais. No fim de 2005, cada<br />

advogado do contencioso ganhou um<br />

conjunto de livros encomendado pela<br />

AGU. Os colegas do consultivo ainda<br />

não receberam. A AGU apontou dificuldades<br />

na transferência de patrimônio<br />

para os Ministérios. E mais: a Lei Orgânica<br />

da AGU (LC nº 73/93) estabelece<br />

que o regimento interno de cada Consultoria<br />

deve ser elaborado pela Advocacia-Geral<br />

da União. Até agora, só o<br />

Ministério da Defesa o fez. As Consul-<br />

Advogados da União da CONJUR/MT<br />

torias Jurídicas dos outros Ministérios<br />

até têm regimento interno, mas foram<br />

elaborados pela administração local.<br />

O Coordenador-Geral e Consultor<br />

Jurídico Substituto do Ministério dos<br />

Transportes, Rafael Magalhães Furtado,<br />

acredita que exemplos como estes<br />

mostram o distanciamento entre advogados<br />

do consultivo e a direção da Advocacia-Geral<br />

da União.<br />

Para buscar soluções para estes problemas,<br />

a ANAUNI criou, por meio da<br />

Resolução nº 02/2006, uma comissão<br />

específica para tratar de assuntos relacionados<br />

às Consultorias Jurídicas, com<br />

representação de todos os Ministérios.<br />

Batizada de CETACONS, o objetivo é<br />

fazer um mapeamento das dificuldades<br />

em todos os órgãos e encaminhar os<br />

dados para a AGU. Segundo Rafael Furtado,<br />

os pleitos isolados se perdem no<br />

caminho, por isso, o papel da ANAUNI<br />

é fundamental neste processo: “vamos<br />

qualificar as demandas dos advogados<br />

que atuam no consultivo e apoiar os pedidos”,<br />

explicou. A ANAUNI será o elo<br />

entre os advogados e a AGU.<br />

O apoio à área consultiva vai, certamente,<br />

resultar em benefícios para a<br />

defesa do Estado. A atuação preventiva<br />

adequada é mais econômica e evita demandas<br />

judiciais. Além disso, a interação<br />

entre o consultivo e o contencioso é<br />

fundamental para o trabalho da AGU. “É<br />

necessário buscar o equilíbrio entre as<br />

duas áreas”, lembra Rafael Furtado.<br />

Associação Nacional dos Advogados da União<br />

Consultivo &<br />

Contencioso<br />

a união que fortalece<br />

Não existe defesa de Estado eficiente<br />

sem harmonia de trabalho<br />

entre as áreas consultiva e contenciosa.<br />

Um exemplo dessa integração<br />

foi o processo de extinção da Rede<br />

Ferroviária Federal, onde houve colaboração<br />

e troca de informações entre<br />

todos os profissionais. Para o Adjunto<br />

do AGU e PGU Substituto, João<br />

Carlos Benevides, o fortalecimento<br />

da carreira irá diminuir sensivelmente<br />

qualquer tipo de disputa entre<br />

as duas áreas. E neste processo, o<br />

papel da Associação Nacional dos<br />

Advogados da União é fundamental.<br />

“Só com uma associação forte é que<br />

teremos uma categoria forte e reconhecida<br />

pelo Governo”, afirmou.<br />

Pensando neste fortalecimento,<br />

segundo Benevides, a AGU tem buscado<br />

ocupar os cargos de direção<br />

e de adjuntos com Advogados da<br />

União. “As pessoas que passaram<br />

por aqui contribuíram muito para o<br />

crescimento da AGU, mas já estava<br />

na hora desses cargos serem assumidos<br />

por Advogados da União”. Um<br />

dos maiores desafios da Advocacia<br />

Pública, na ótica de João Carlos Benevides,<br />

é tornar conhecido o trabalho<br />

de defesa do Estado, já que a<br />

sociedade, na maioria das vezes, não<br />

sabe sequer o que faz um procurador<br />

ou advogado público. “Estamos em<br />

uma carreira de grande importância,<br />

mas o desconhecimento, até mesmo<br />

por parte de algumas autoridades,<br />

diminui a auto-estima dos profissionais”.<br />

Justamente por isso, é preciso<br />

que a AGU atue de forma ainda mais<br />

pro-ativa, entrando com ações civis<br />

públicas e com ações de improbidade.<br />

Para agir de forma cada vez mais<br />

vigorosa, precisamos de advogados<br />

e servidores bem qualificados, num<br />

grande esforço de defesa judicial.<br />

A recuperação de ativos é um dos<br />

exemplos desta atuação forte e de<br />

resultado positivo.


ANAUNIInforma<br />

AGU tem potencial, mas está<br />

aprisionada pela legislação *<br />

Não seria exagerado dizer que,<br />

desde quando os descobridores,<br />

na busca de ouro, especiarias e<br />

pau-brasil, tentaram seduzir os nativos<br />

com quinquilharias, vem o Brasil atravessando<br />

crises éticas.<br />

A percepção desta atual crise, de<br />

certo modo restrita ainda aos veículos<br />

de comunicação, é, sem dúvida, mais<br />

bem-vinda que o “dar de ombros”, a falsa<br />

indignação ou o descarado deboche.<br />

Perdidas para a vida as últimas vestais,<br />

possam ser extraídas boas lições disso<br />

que alguns ilustram como um “mar de<br />

lama” e buscados mecanismos para o<br />

aperfeiçoamento das instituições.<br />

Neste contexto, penso que o Parlamento,<br />

enredado tanto quanto o Executivo<br />

nessa crise, deve voltar seus<br />

olhos para a advocacia pública, mais<br />

precisamente para a Advocacia-Geral<br />

da União. Não por menos, dia desses,<br />

certo líder da oposição sinalizava no<br />

sentido de dar mais poderes à AGU<br />

como resposta à corrupção.<br />

Responsável pela defesa do patrimônio<br />

público e pela recuperação e<br />

economia de bilhões de reais para o<br />

país — mais de R$ 150 bilhões apenas<br />

no governo atual —, a AGU está<br />

presente nos momentos fundamentais<br />

da atividade governamental, da<br />

arrecadação das receitas à efetivação<br />

das políticas públicas, representando o<br />

país, ainda, nas discussões jurídicas no<br />

plano internacional.<br />

No exercício da atividade de consultoria<br />

e assessoramento ao Poder<br />

Executivo, faz-se presente em todos<br />

os Ministérios, realizando o controle da<br />

juridicidade dos atos da administração<br />

pública, que consiste em confrontá-los<br />

com a lei e os princípios e regras inscri-<br />

tos na Constituição, o que é da essência<br />

de um Estado de Direito.<br />

Desenvolvida sob condições adequadas,<br />

esta atuação tem potencial<br />

para reduzir sensivelmente os desvios<br />

na atividade pública e elevar o padrão<br />

ético da República. Se tal ainda não<br />

ocorre no patamar esperado, é porque<br />

a AGU encontra-se aprisionada por uma<br />

legislação inservível, de certo modo associada<br />

à visão patrimonialista que ainda<br />

persiste no Estado brasileiro.<br />

Criada pela Constituição de 1988 a<br />

partir de uma das costelas do Ministério<br />

Público Federal, com vistas principalmente<br />

a resolver o inconveniente<br />

bifrontismo que consistia na atuação<br />

daquele órgão como advogado da sociedade,<br />

sendo-o ao mesmo tempo<br />

do Estado, à AGU, possivelmente por<br />

receio de que pudesse vir a se tornar<br />

tão “ameaçadora” quanto aquele, foi<br />

recusada a necessária autonomia.<br />

Na mesma trilha, a Lei Complementar<br />

73/93 (Lei Orgânica da AGU) privou<br />

os membros da novel instituição das<br />

prerrogativas necessárias ao exercício<br />

pleno da função de advogados do Estado,<br />

cuidando ainda de amordaçá-los,<br />

ao restringir a possibilidade de darem<br />

entrevistas. Não bastasse isso, os<br />

membros da AGU, sujeitos a regime de<br />

dedicação exclusiva, percebem remuneração<br />

de cerca de 40% daqueles pagos<br />

aos membros do Ministério Público<br />

Federal (até o final da década de 1990,<br />

segundo dados disponíveis, um procurador<br />

da Fazenda Nacional, membro da<br />

AGU, percebia valor superior ao pago a<br />

um juiz federal).<br />

Caberia, portanto, a pergunta: a<br />

quem assusta uma advocacia de Estado<br />

atuante, independente, forte e<br />

por José Wanderley Kozima<br />

valorizada? É dizer, a quem interessa a<br />

fragilização de uma instituição vocacionada<br />

à defesa das rendas e do patrimônio<br />

público federal e ao controle da juridicidade<br />

dos atos da administração?<br />

Anote-se que, embora não expressamente<br />

concedida a necessária autonomia<br />

no plano constitucional, teve o<br />

constituinte, contudo, a preocupação<br />

de situar a AGU, assim como o Ministério<br />

Público e a Defensoria Pública,<br />

fora de qualquer do Poderes tradicionais,<br />

inserindo-a em capítulo próprio<br />

(Capítulo IV — Das funções essenciais<br />

à Justiça) do Título IV (Da organização<br />

dos poderes), o que permitiu que fosse<br />

identificado nas “Funções essenciais à<br />

Justiça” um novo centro do poder estatal,<br />

um “poder em formação”.<br />

É certo que nem o Ministério Público<br />

nem a Defensoria Pública, tampouco<br />

a AGU, são integradas por anjos ou<br />

uma casta elite. Estando sujeitos às<br />

mesmas dificuldades de outras instituições,<br />

parece induvidoso, contudo, que<br />

a forma de seleção de seus quadros,<br />

por rigorosos concursos públicos de<br />

provas e de títulos, permite o ingresso<br />

de cidadãos não apenas objetivamente<br />

bem qualificados como simpáticos<br />

às mais diversas ideologias, o que as<br />

torna, a princípio, menos propícias a<br />

aparelhamentos partidários, à subserviência<br />

e práticas clientelistas.<br />

De outra parte, atuam sob o império<br />

da lei, tendo a Constituição por<br />

ápice, o que favorece a formação de<br />

uma cultura voltada para o interesse<br />

público, sem prejuízo de que eventuais<br />

desvios e excessos tenham que<br />

ser resolvidos no âmbito do Poder<br />

Judiciário e atualmente também, no<br />

caso do parquet, do Conselho Nacio-


nal do Ministério Público, exemplo de<br />

aperfeiçoamento institucional de que<br />

procuramos tratar aqui.<br />

Não bastasse, contudo, o amordaçamento<br />

a priori de seus membros,<br />

a lei permite que as funções<br />

mais elevadas da AGU possam ser<br />

exercidas por pessoas estranhas aos<br />

seus quadros e, às vezes, ao próprio<br />

serviço público, dos quais sequer exige<br />

sejam advogados.<br />

Realmente, a instituição abriu-se,<br />

na cúpula, aos cargos em comissão<br />

e funções de confiança, outro grande<br />

problema associado a uma visão patrimonialista<br />

de Estado, na mesma senda<br />

das pretensões de eliminar ou flexibilizar<br />

o concurso como única forma de<br />

ingresso no serviço público compatível<br />

com o ideal republicano. Não por menos,<br />

a redução desses cargos e funções<br />

foi uma das recomendações que<br />

emergiram do pacote anticorrupção da<br />

CPMI dos Correios.<br />

Por essa via, constata-se, em alguns<br />

Ministérios, situações em que<br />

atividades de consultoria e assessoramento,<br />

privativas de membros efetivos<br />

das carreiras da AGU, chegam a<br />

ser desempenhadas por pessoas não<br />

objetivamente qualificadas e/ou devedoras<br />

de favores e simpatias. Aqui a<br />

situação chega a ser tão grave quanto<br />

a prática do nepotismo, que se tem<br />

procurado debelar por alterações legislativas<br />

e culturais.<br />

É importante considerar, sem precisarmos<br />

nos demorar em tipologias<br />

weberianas ou nas contribuições de<br />

Sergio Buarque de Holanda e Raymundo<br />

Faoro, que a existência de servidores<br />

estáveis, admitidos por concurso<br />

público específico, consagra o modelo<br />

legal-burocrático que corresponde à<br />

superação do Estado patrimonialista<br />

— solo fértil à corrupção, inclusive de<br />

valores —, com tudo aquilo que implica<br />

(nepotismo, clientelismo, apadrinhamentos,<br />

etc.).<br />

Não por menos, acabar com o serviço<br />

público assim integrado, como<br />

pretendem alguns, constitui crime<br />

contra o ideal republicano, tanto quanto<br />

eleger os servidores públicos como<br />

os responsáveis pelos piores males do<br />

país ou legar à iniciativa privada o papel<br />

fundamental de construção de uma sociedade<br />

livre, justa e solidária.<br />

A dupla vinculação das consultorias<br />

(à AGU, tecnicamente, e aos Ministérios,<br />

administrativamente) é outro<br />

fator que favorece a interferência política.<br />

Felizmente, no momento atual, a<br />

AGU tem como chefe alguém dotado<br />

de elevado senso de responsabilidade<br />

e que vem insistindo na natureza eminentemente<br />

técnica das atribuições da<br />

instituição, o que, embora não elimine<br />

totalmente tentativas de ingerência,<br />

impede ao menos seja ela cooptada<br />

por interesses políticos menores.<br />

Esta situação, contudo, não se<br />

encontra assegurada juridicamente,<br />

tanto mais porque não se exige a participação<br />

do Senado no processo de<br />

escolha do advogado-geral da União,<br />

tampouco que o indicado seja egresso<br />

de uma das carreiras da instituição. É<br />

dizer, a opção pela atuação eminentemente<br />

técnico-jurídica da AGU e<br />

de seus membros é questão<br />

não resolvida estruturalmente,<br />

o que se faz urgente<br />

e necessário.<br />

O aperfeiçoamento<br />

da AGU, tornando-a<br />

apta a um controle<br />

de juridicidade<br />

mais efetivo, não<br />

tem por pretensão,<br />

portanto, cercear<br />

o exercício da<br />

discricionariedade<br />

pelos governantes,<br />

retirando-lhes a capacidade<br />

de tomar<br />

as decisões políticas<br />

necessárias, para o que<br />

Associação Nacional dos Advogados da União<br />

foram democraticamente eleitos, mas<br />

aceitar a existência de limitações<br />

constitucionais e legais previamente<br />

estabelecidas pela mesma vontade democrática<br />

e que, como bem lembrado<br />

pela recém-empossada presidente do<br />

Supremo Tribunal Federal, “não há autoridade<br />

dotada de poderes ilimitados<br />

nem imune à devida fiscalização, controle<br />

e responsabilização”.<br />

Desta forma, o aperfeiçoamento da<br />

AGU poderá se constituir uma contribuição<br />

fundamental para que as crises<br />

sejam menos sistêmicas e fazer com<br />

que o Estado, independentemente do<br />

tamanho que tenha, seja ético e forte<br />

o suficiente para impedir que grupos de<br />

interesse dele se assenhorem. Fica aqui,<br />

portanto, o exemplo dos chineses para<br />

quem crise e oportunidade são idéias<br />

que se contém no mesmo ideograma.<br />

* Artigo publicado pela Revista Consultor<br />

Jurídico, na íntegra, em 22/06/06, e pela<br />

Folha de São Paulo, em versão resumida,<br />

em 29/05/06.


ANAUNIInforma<br />

Estão abertas as inscrições para o VII ENAU – Encontro<br />

Nacional dos Advogados da União e o III Seminário Nacional<br />

de Advocacia de Estado. Seguindo o rodízio de regiões, o<br />

local escolhido foi Recife, Pernambuco, no período de 15<br />

a 19 de novembro de 2006. A data foi cuidadosamente<br />

planejada: depois das eleições e aproveitando o feriado da<br />

Proclamação da República.<br />

O Hotel Atlante Plaza<br />

(www.antlanteplaza.com.br),<br />

onde será realizado o evento,<br />

fica localizado na praia de<br />

Boa Viagem, a apenas 5 km<br />

do aeroporto Internacional<br />

de Guararapes e a 15 minutos<br />

do badalado bairro do<br />

Recife Antigo, com sua vida<br />

noturna diversificada.<br />

A organização do VII<br />

ENAU está sendo realizada<br />

num clima de grande expectativa,<br />

afinal, durante o Encontro,<br />

serão comemorados<br />

os dez anos de fundação da<br />

ANAUNI. “Este promete ser<br />

o melhor ENAU de todos os<br />

tempos”, garante a Comissão<br />

Organizadora. A programação<br />

prevê, além das palestras,<br />

seminários e da Assembléia<br />

O Hotel Atlante Plaza<br />

Geral, um dia livre em Porto de Galinhas<br />

e uma grande festa pelos dez<br />

anos da Associação.<br />

Vários convidados já confirmaram<br />

a presença, como o Desembargador<br />

Federal, Francisco<br />

Cavalcanti, presidente do TRF, da<br />

5ª região e o Professor Leonardo<br />

José Carneiro da Cunha, procura-


dor do Estado de Pernambuco e<br />

autor do livro “A Fazenda Pública<br />

em Juízo”. Até o momento, o<br />

evento já conta com o patrocínio<br />

da Petrobrás.<br />

No site da ANAUNI (www.<br />

anauni.org.br) você encontra todos<br />

os detalhes sobre o VII ENAU,<br />

como os preços da hospedagem,<br />

pacotes de viagem e formas de<br />

pagamento. Marque na sua agenda<br />

e programe-se para participar do<br />

Encontro. Vai valer a pena!<br />

“Só tenho a dizer que o VI ENAU<br />

foi mesmo um SUCESSO. Palestras,<br />

assembléias e a vasta programação<br />

sócio-cultural serviram para revitalizar<br />

os ânimos e fazer crer que estamos no<br />

caminho certo. O Encontro faz com que<br />

percebamos que temos colegas imbuídos<br />

dos mais sinceros propósitos de<br />

melhorar a nossa carreira. Todo o pessoal<br />

da diretoria da ANAUNI e de Floripa<br />

está de parabéns, especialmente o<br />

nosso presidente JK e o Caio.”<br />

Everton Pacheco – São Luís/MA<br />

.....<br />

“Em minha opinião, se este não<br />

foi o maior Encontro, foi sem dúvida o<br />

melhor. Bem organizado, tivemos uma<br />

série de reuniões prévias de diretores e<br />

delegados, que enxugaram e tornaram<br />

coesas as manifestações e, por sua<br />

vez, mais eficiente a Assembléia-Geral.<br />

Foi, sobretudo, um encontro que demonstrou<br />

que estamos amadurecendo<br />

como grupo. Volto revigorado e com o<br />

coração motivado e cheio de esperança<br />

de que faremos da nossa, uma grande<br />

carreira.”<br />

Mauro O’ de Almeida – Belém/PA<br />

.....<br />

“A ANAUNI cresce e a cada dia fica<br />

mais organizada, forte e madura! Parabéns<br />

aos organizadores”.<br />

Gerson Camerino – Maceió/AL<br />

.....<br />

“O VI ENAU foi muito proveitoso, divertido,<br />

grande em participação e muito<br />

compensador para quem compareceu.<br />

O Encontro cresce e melhora a cada<br />

ano. Em 2006, comemoraremos os 10<br />

anos da ANAUNI, e o nosso evento será<br />

ainda melhor!”<br />

Waldir Santos – Salvador/BA<br />

Associação Nacional dos Advogados da União<br />

Os comentários* sobre o VI ENAU<br />

vieram de todos os Estados:<br />

.....<br />

“O VI ENAU foi nota mil! Quero<br />

registrar aqui o imenso prazer que<br />

tive em conhecer todos os que compareceram<br />

ao Encontro. São momentos<br />

como este que nos revigoram e<br />

nos dão força para continuar na luta<br />

diária. Abraços a todos! E parabéns<br />

aos organizadores!”<br />

Renata Paiva – Rio de Janeiro/RJ<br />

.....<br />

“Realmente, o ENAU ‘bombô’! Esse<br />

encontro foi especial”.<br />

Erasmo Oliveira Junior – Campos/RJ<br />

.....<br />

“Sinto pelos colegas que, embora<br />

tivessem propostas e problemas locais<br />

e regionais a solucionar, não foram, pois<br />

perderam a grande e anual oportunidade<br />

de serem atendidos pela força da<br />

unidade nacional ali presente.”<br />

Marcelo R. do Val – Brasília/DF<br />

.....<br />

“Gostaria de ser mais uma voz a<br />

registrar o sucesso do VI ENAU. O Encontro<br />

serviu, sobretudo, para reanimar<br />

todos aqueles que acreditam em<br />

nossa carreira. A Assembléia- Geral da<br />

ANAUNI foi uma aula de democracia,<br />

onde todas as decisões tomadas foram<br />

previamente e amplamente debatidas.<br />

Parabéns!”<br />

André Gustavo de Souza – Recife/PE<br />

.....<br />

“Quero aqui registrar o meu agradecimento<br />

à hospitalidade dos catarinenses,<br />

que deram o melhor de si para o<br />

sucesso do encontro.“<br />

Lena Lewinsky – São Paulo/SP<br />

* Manifestações extraídas do grupo virtual de discussões da ANAUNI.


Destaque<br />

ANAUNIInforma<br />

Subsídio Já!<br />

Março de 2005. Posse da diretoria<br />

da ANAUNI para o biênio<br />

2005/2006. Na pauta, um dos principais<br />

pontos de trabalho: a luta pelo<br />

reconhecimento da categoria por meio<br />

da implementação do preceito constitucional<br />

da remuneração por subsídio.<br />

Três meses depois da posse, no dia 6<br />

de maio, o Advogado-Geral da União,<br />

ministro Alvaro Augusto Ribeiro Costa,<br />

parecia abraçar a causa da ANAUNI<br />

ao enviar para o Ministério do Planejamento,<br />

Orçamento e Gestão (MPOG) o<br />

anteprojeto de Lei com a mudança da<br />

forma de remuneração dos ocupantes<br />

de cargos das carreiras de Advogado<br />

da União, Procurador da Fazenda Nacional,<br />

Procurador Federal, Procurador<br />

do Banco Central do Brasil e Defensor<br />

Público da União.<br />

A proposta da AGU era favorável às<br />

categorias e coerente com a situação<br />

econômica brasileira. O projeto previa<br />

a adoção de uma tabela de subsídio<br />

com aumentos escalonados, com o<br />

objetivo de evitar impacto brusco no<br />

orçamento público e estabelecer,<br />

de forma progressiva,<br />

um tratamento simétrico às<br />

demais Funções Essenciais<br />

à Justiça – magistratura e<br />

Ministério Público.<br />

Mais de um ano se passou,<br />

com intensificação do movimento,<br />

paralisações, greves e<br />

entrega de cargos de chefia. O<br />

resultado chegou numa sextafeira,<br />

30 de junho, em forma de Medida<br />

Provisória. Em vez de ter sua remuneração<br />

aproximada à dos membros da Ma-<br />

gistratura e do Ministério Público da União<br />

- para quem mais perde seus quadros -,<br />

conforme previa o projeto original, os Advogados<br />

Públicos Federais passaram a ser<br />

os que têm a pior remuneração entre carreiras<br />

de Estado, situação esta que, pelo<br />

texto da MP 305/2006, estará congelada,<br />

no mínimo, pelos próximos quatro anos.<br />

É impossível encontrar o mais tênue<br />

vínculo entre a tabela publicada e a justificativa<br />

apresentada pelo Advogado-Geral<br />

da União ao projeto original, elaborado<br />

sob autorização e determinação do Presidente<br />

da República e que tinha como<br />

objetivo principal enfrentar a crescente<br />

migração dos profissionais da AGU para<br />

outras carreiras jurídicas federais, estaduais<br />

e até mesmo municipais, situação<br />

reconhecida inclusive pelo Tribunal de<br />

Contas da União.<br />

04/05/2005<br />

A direção da ANAUNI não perdeu<br />

tempo. Tão logo o anteprojeto foi encaminhado<br />

para o MPOG, os diretores da<br />

Associação buscaram o apoio de parla-<br />

mentares. O primeiro encontro de uma<br />

série foi com o então presidente da Câmara,<br />

Deputado Severino Cavalcanti.<br />

A luta ainda não terminou<br />

Decepção e indignação. Talvez esta seja a melhor expressão do sentimento dos Advogados da União diante da Medida<br />

Provisória que instituiu o tão esperado subsídio constitucional. Afinal, o sonho se transformou em pesadelo. Nem de<br />

longe a MP do subsídio reflete o compromisso firmado entre a AGU e as autoridades governamentais, que foi passado às<br />

entidades de classe, depois de mais de um ano de negociações. O dia 30 de junho de 2006 ficará registrado na história da<br />

Advocacia Pública como o marco do descaso do governo federal com a Advocacia de Estado. A luta travada nos gabinetes<br />

do Executivo passa, agora, para os corredores do Congresso Nacional.<br />

11/05/2005<br />

ANAUNI encaminha ofício ao<br />

AGU manifestando apoio ao projeto<br />

de subsídio e inicia estado permanente<br />

de mobilização.<br />

28/06/2005<br />

Min. Alvaro Costa defende proposta<br />

de subsídio em Audiência Pública<br />

na Câmara dos Deputados, em evento<br />

agendado pela Diretoria de Atividades<br />

Legislativas da ANAUNI.<br />

05/07/2005<br />

Primeira reunião entre representantes<br />

das carreiras jurídicas, o Ministro do Planejamento,<br />

Paulo Bernardo, e o Secretário<br />

de Recursos Humanos do Ministério, Sérgio<br />

Mendonça, para diiscussão do Anteprojeto<br />

de Lei do subsídio.


19/08/2005<br />

Resultado da primeira enquete<br />

com os associados sobre a mobilização<br />

aponta que, para a maioria,<br />

era preciso acirrar o movimento,<br />

sem ainda iniciar uma greve.<br />

21/09/2005<br />

Um mês depois, acontecia a primeira<br />

grande mobilização, com um<br />

dia de paralisação. A concentração<br />

foi em frente ao Ministério do Trabalho<br />

e Emprego (MTE), na Esplanada<br />

dos Ministérios. Uma comissão de<br />

representantes das entidades de<br />

classe foi recebida pelo ministro da<br />

pasta, Luiz Marinho.<br />

29/09/2005<br />

Representantes dos Advogados<br />

Públicos são recebidos por Subchefe<br />

da Casa Civil.<br />

12/10/2005<br />

Durante o VI ENAU, o ministro<br />

Alvaro Augusto Ribeiro Costa falou<br />

sobre a construção de uma nova<br />

AGU, citando ações práticas como a<br />

reestruturação da carreira e a remuneração<br />

por subsídio.<br />

23 e 24/11/2005<br />

Mobilização de 48 horas: encampando<br />

orientações da ANAUNI, as entidades<br />

seguiram uma nova estratégia de luta.<br />

Foram colocadas inserções institucionais<br />

no horário nobre dos principais telejornais<br />

do país, além da publicação de uma Carta<br />

Aberta ao Presidente da República sobre a<br />

luta pelo Subsídio, no Correio Braziliense.<br />

A mídia respondeu bem à divulgação. A<br />

paralisação foi notícia em praticamente<br />

todos os jornais, redes de TV, programas<br />

de rádio e sites brasileiros.<br />

07 a 15/12/2005<br />

A indefinição do Governo a respeito<br />

da proposta de implantação<br />

gradual do subsídio constitucional<br />

irritou ainda mais as categorias. A<br />

paralisação de uma semana mobilizou<br />

vários Estados. Enquanto isso, a<br />

ANAUNI prosseguiu na estratégia de<br />

utilizar a mídia na luta pelo subsídio<br />

Associação Nacional dos Advogados da União<br />

Os próximos passos da<br />

luta pelo subsídio<br />

Ao contrário do que pensam<br />

alguns, o movimento Subsídio Já!<br />

é uma luta em defesa do Estado.<br />

O descaso do Governo Federal<br />

gera enorme evasão dos quadros<br />

de Advogado da União para outras<br />

carreiras jurídicas com remuneração<br />

mais atrativa.<br />

Com a MP 305/2006, este quadro<br />

de sucateamento da AGU só<br />

tende a se agravar. É por isso que,<br />

em nome de todos os associados, a<br />

ANAUNI continua em franca campanha<br />

pelo reconhecimento da categoria,<br />

ao lado de outras entidades de<br />

classe das carreiras contempladas<br />

pelo mesmo ato.<br />

A luta, agora, é para mudar o texto<br />

da Medida Provisória no Congresso<br />

Nacional. Continua a peregrinação<br />

pelos gabinetes e o contato com os<br />

parlamentares, vários deles já sensíveis<br />

aos problemas enfrentados pela<br />

Advocacia Pública Federal.<br />

Mas é preciso envolvimento. Assim<br />

como a carreira de Advogado da<br />

União, que tem pouco mais de dez<br />

anos, a ANAUNI também está em<br />

formação. Nossa entidade prima pela<br />

participação conjunta democrática<br />

dos associados, sem o que qualquer<br />

diretoria não vai muito longe.<br />

e instalou outdoors com a campanha<br />

Subsídio Já! em Brasília, Curitiba e<br />

Londrina.<br />

12/12/2005<br />

Neste dia, as entidades entregaram<br />

ao AGU um relato sobre a mobilização<br />

em torno do subsídio constitucional, a<br />

realização de atos públicos e audiências<br />

com autoridades dos Poderes Executivo,<br />

Legislativo e Judiciário. O ministro<br />

Alvaro prometeu entregar o documento,<br />

pessoalmente, ao presidente Lula.<br />

15/12/2005<br />

Encontro do AGU com o Presidente<br />

Lula e o Ministro do Planejamento,<br />

Orçamento e Gestão, onde teria sido


10<br />

ANAUNIInforma<br />

selado o apoio do Presidente da República<br />

ao projeto constitucional de<br />

remuneração por subsídio.<br />

13/02/2006<br />

O Ministro Alvaro Augusto Ribeiro<br />

Costa divulgou nota oficial relatando a<br />

1. Que avaliação você faz do movimento<br />

Subsídio Já!? Quais foram os<br />

erros e os acertos?<br />

Diagnósticos retrospectivos são sempre<br />

mais fáceis de realizar do que definir<br />

estratégias; achar culpados também é<br />

fácil, mas não é o caso. Acreditamos que,<br />

ante o grau de mobilização alcançado,<br />

fizemos o que foi possível e acertamos<br />

mais que erramos. Penso que acertamos<br />

ao buscar a implementação do regime<br />

remuneratório previsto na Constituição<br />

Federal para a Advocacia Pública, projeto<br />

no qual estamos trabalhando desde<br />

a gestão passada, com idas e vindas ao<br />

MPOG e à Casa Civil, e em que muitos<br />

não acreditavam. Agora, os valores em<br />

que fixados foram realmente frustrantes.<br />

O próprio processo de “negociação”, que<br />

não houve, foi um grande erro, para o<br />

qual pode ter contribuído a confiança demonstrada<br />

pelo Chefe da Instituição no<br />

acordo firmado com o MPOG e na palavra<br />

do Presidente da República.<br />

2. O tão esperado subsídio não saiu<br />

como o esperado. O movimento fracassou?<br />

Ou é possível ver avanços conquistados<br />

pela categoria?<br />

Não, o movimento não fracassou,<br />

mas também não pode ser considerado<br />

vitorioso, haja vista que a dignidade da<br />

Advocacia Pública, enquanto “Função<br />

Essencial à Justiça”, ficou longe de ser<br />

resgatada. Todo movimento tem sua<br />

intensificação dos contatos técnicos<br />

entre a AGU e o MPOG no sentido do<br />

detalhamento da decisão Presidencial e<br />

diz que a medida “será capaz de operar<br />

significativa transformação na política remuneratória<br />

dos integrantes da Advocacia<br />

e da Defensoria Pública, que exercem<br />

funções essenciais à Justiça, conforme<br />

define a Constituição Federal”.<br />

22/03/2006<br />

No meio de uma semana muito<br />

movimentada, representantes da<br />

ANAUNI tiveram audiência com o<br />

Presidente do Senado, Renan Calheiros,<br />

que reafirmou seu apoio ao<br />

projeto de subsídio.<br />

dinâmica específica. No nosso caso, tivemos<br />

momentos de mobilização forte<br />

e crescente, mas também enfrentamos<br />

revezes e situações de apatia, o que é<br />

normal em face do longo percurso envolvido.<br />

Há avanços, sim, a exemplo da<br />

percepção que muitos tiveram de que<br />

nós é que somos os artífices do nosso<br />

futuro, enquanto carreira e enquanto<br />

instituição. Nossas representações têm<br />

como dever principal apontar caminhos<br />

e estratégias, canalizar e coordenar a<br />

energia e as possibilidades que surgem<br />

dessa percepção.<br />

3. Quem falhou? A direção do movimento?<br />

Os associados? A AGU? O Governo<br />

Federal? Ou ninguém? Afinal, a<br />

Advocacia Pública Federal ainda está<br />

em construção.<br />

Acho que todos falhamos. Diz-se<br />

por aí que quando um projeto não se<br />

realiza, ou ele era irrealizável ou foi mal<br />

planejado/executado. Não acho que a<br />

primeira hipótese seja a correta, mas<br />

também é difícil falar em planejamento<br />

equivocado, em especial pela existência<br />

de muitas variáveis e situações<br />

de contorno. Sem querer distribuir culpas,<br />

penso que a falha maior decorreu<br />

do nebuloso processo de informação<br />

havido entre as associações e os interlocutores<br />

da AGU, estes pessoas<br />

estranhas às carreiras envolvidas.<br />

Neste contexto, também falharam as<br />

22/05/2006<br />

Greve Nacional por tempo indeterminado:<br />

o movimento se intensifica.<br />

Advogados da União entram em greve<br />

nacional e fazem manifestação em<br />

praticamente todos os Estados.<br />

ENTREVISTA - ENTREVISTA Entrevista - ENTREVISTA com - ENTREVISTA José Wanderley - ENTREVISTA Kozima<br />

- ENTREVISTA - ENTREVISTA<br />

representações que não quiseram ou<br />

puderam se impor com vistas a abrir<br />

um canal direto de negociação com<br />

o MPOG e Casa Civil. Nossa carreira<br />

continua em construção, como tantas<br />

outras, e os associados devem acreditar<br />

que, construí-la adequadamente<br />

depende do engajamento e compromisso<br />

dos que a integram. Eu diria que<br />

a nossa categoria tem lá suas peculiaridades,<br />

pois há muita capacidade de<br />

reflexão e de análise crítica, mas às<br />

vezes falta um pouco de participação<br />

concreta, efetiva e duradoura através<br />

de ações, sem esmorecimento ante<br />

eventuais reveses. Em alguns momentos<br />

essa participação, surgida da<br />

indignação, explode em grandes atos;<br />

noutros não vai muito longe. Acho que<br />

a categoria se comprometeu na medida<br />

de suas possibilidades concretas<br />

– não a que sonhamos, mas a possível.<br />

Não foi suficiente.<br />

4. Qual a sua avaliação da greve e da<br />

entrega de cargos de chefia e assessoramento?<br />

Isso causou impacto realmente?<br />

Valeu a pena?<br />

A entrega dos DAS, em que muitos<br />

não acreditavam como possibilidade ou<br />

como ação de efeito concreto, causou o<br />

impacto esperado. Foi um ato registrado<br />

pela imprensa, inclusive em entrevista<br />

coletiva, e demonstrou claramente que<br />

ao menos cerca de cento e vinte colegas


08/06/2006<br />

Enterro simbólico da Advocacia<br />

Pública Federal: a ANAUNI coordena<br />

uma grande manifestação na Praça<br />

dos Três Poderes. O evento foi marcado<br />

pela entrega de mais de cem<br />

cargos de chefia e assessoramento,<br />

conseguem ter uma visão clara dos grandes<br />

gestos e esforços que são necessários<br />

em prol de um movimento conjunto<br />

e da construção de uma verdadeira Advocacia<br />

de Estado. Já a destituição imediata,<br />

essa não era mesmo previsível que<br />

ocorresse, tampouco o mero abandono<br />

dos cargos, que em momento algum foi<br />

pretendido pelas associações.<br />

5. Como você avalia o empenho (ou falta<br />

de empenho) do Advogado-Geral da<br />

União em todo este processo?<br />

Todas as informações de que dispomos<br />

no curso desse processo são no<br />

sentido de que, realmente, houve um<br />

empenho muito grande do Min. Alvaro,<br />

principalmente junto ao Presidente da<br />

República, para que o projeto acordado<br />

com o MPOG fosse respeitado. Contudo,<br />

há também informações de que<br />

esse empenho não se reproduziu relativamente<br />

aos interlocutores designados,<br />

faltando-lhes habilidade na condução do<br />

processo, de modo a que restasse minimamente<br />

preservado o projeto original.<br />

Parece-nos que faltou habilidade políticonegocial,<br />

principalmente no que se refere<br />

à construção de pontes e alternativas<br />

junto ao MPOG, Casa Civil e Ministério<br />

da Fazenda. O resultado é que a União<br />

sinalizou, para a Advocacia de Estado,<br />

uma nítida perspectiva de desvalorizála,<br />

na contramão do que vêm fazendo as<br />

demais Unidades da Federação. Isso para<br />

ocupados por Advogados da União<br />

de todo o país.<br />

30/06/2006<br />

Nesta data, é publicada no DOU<br />

a MP 305/2006, que implementa a<br />

remuneração por subsídio. Porém, a<br />

não falar na manutenção do fosso relativamente<br />

às demais carreiras integrantes<br />

das “Funções Essenciais à Justiça”.<br />

6. Depois da assinatura da MP 305/2006,<br />

ainda dá para resgatar algum item de luta<br />

dos Advogados da União? Como?<br />

Com certeza. No caso, houve nítida<br />

quebra da palavra do Ministro do Planejamento<br />

e, até onde nos foi informado,<br />

desatendimento à determinação do Presidente<br />

da República, de que a Advocacia<br />

Pública Federal, pelo que representa<br />

para o Estado e para o patrimônio público<br />

e rendas públicas federais, teria um<br />

tratamento prioritário e à altura de suas<br />

importantes atribuições. A MP 305 tem<br />

que passar ainda pelo crivo do Congresso<br />

Nacional, e não há dúvida de que haverá<br />

espaço para se desfazer os grandes<br />

equívocos em que incorre. Penso que é<br />

de interesse do governo, tanto quanto<br />

da oposição, que esses equívocos e<br />

distorções sejam corrigidos, sob pena<br />

de agravar-se ainda mais a situação<br />

da Advocacia Pública Federal. Estamos<br />

viabilizando um processo de negociação<br />

direta com o governo, estando em pauta<br />

diversos outros itens envolvendo modelos<br />

de Advocacia Pública.<br />

7. Quais são as perspectivas da Advocacia<br />

Pública?<br />

Descobrimos, neste processo de<br />

luta pela fixação do subsídio, que temos<br />

muitos inimigos, dentro e fora<br />

Associação Nacional dos Advogados da União<br />

tabela apresentada não correspondeu<br />

aos anseios e expectativas da categoria.<br />

A greve nacional foi suspensa no<br />

dia 13 de julho e, a partir de então, a<br />

batalha passa a ter como palco, mais<br />

intensamente, o Congresso Nacional,<br />

onde a ANAUNI continua a buscar o<br />

tratamento condigno com as demais<br />

Funções Essenciais à Justiça.<br />

- ENTREVISTA - ENTREVISTA - ENTREVISTA - ENTREVISTA - ENTREVISTA - ENTREVISTA - ENTREVISTA<br />

do governo, e que precisamos urgentemente<br />

buscar aliados e defensores,<br />

que ainda são poucos, caso se pretenda<br />

evitar que o Estado continue a ser<br />

espoliado por interesses de indivíduos<br />

e grupos de toda a espécie, ante a fragilidade<br />

das carreiras às quais incumbe<br />

a sua defesa. A perspectiva é de que,<br />

apontando claramente quem são os inimigos<br />

da Advocacia de Estado e quais<br />

são os seus interesses, bem como<br />

quais as atribuições e os resultados<br />

apresentados, possamos avançar em<br />

direção à valorização das carreiras e<br />

instituições envolvidas.<br />

8. E as perspectivas da ANAUNI?<br />

A ANAUNI continuará sendo o que<br />

tem sido desde seu surgimento em 1996:<br />

uma associação absolutamente comprometida<br />

com a carreira que representa e<br />

confortável no seu papel de voz ativa dos<br />

Advogados da União, buscando, tanto<br />

quanto possível em conjunto com as demais<br />

carreiras da Advocacia Pública Federal,<br />

a valorização da carreira e da Advocacia-Geral<br />

da União. Continuará seguindo<br />

e aperfeiçoando seu perfil democrático<br />

e republicano, visando melhor se equipar<br />

para enfrentar os inimigos da Advocacia<br />

do Estado e também estabelecer pontes<br />

com as autoridades governamentais e<br />

com o Parlamento para a construção de<br />

um futuro à altura das relevantes atribuições<br />

dos Advogados da União.<br />

11


1<br />

ANAUNIInforma<br />

Uma questão de democracia<br />

primeiro ano de gestão da atual diretoria foi marcado<br />

O pelo progressivo aumento do número de associados<br />

da ANAUNI. Na posse, realizada em 1º de março de 2005,<br />

eram cerca de 400. Um ano depois, contabilizavam-se 714<br />

associados – um crescimento de quase 80% no quadro associativo.<br />

E não parou por aí: hoje, são mais de 800 associados,<br />

o que representa mais de 70% dos Advogados da União<br />

1 2<br />

4<br />

que ingressaram na carreira através de concursos públicos<br />

específicos da AGU. E melhor: o crescimento não é apenas<br />

numérico. A participação efetiva também aumentou, com sugestões,<br />

críticas e apoio em todas as frentes. A democracia<br />

prevê a troca de idéias. Este é o nosso ideal. Registramos,<br />

nesta galeria, os principais momentos da ANAUNI nos últimos<br />

meses. Das festas e comemorações aos dias de luta...<br />

5 6<br />

7 8 9<br />

10 11 12<br />

13 14<br />

(1) VI ENAU;<br />

(2) Reunião ANAUNI com novos AUs;<br />

(3 e 4) Reunião de Diretores/Delegados da<br />

ANAUNI (mar/2006);<br />

(5, 6 e 7) Posse de novos AUs (set/2005);<br />

(8, 9 e 10) Posse de novos AUs (nov/2005);<br />

(11, 12 e 13) Vigília de 48h em frente<br />

ao MPOG;<br />

(14) Posse CSAGU (jun/2006).<br />

3


Associação Nacional dos Advogados da União<br />

Walter Ceneviva Um jurista renomado<br />

ANAUNI Informa – Setenta e sete<br />

anos, uma família numerosa, uma carreira<br />

bem sucedida. O sucesso tem algum<br />

segredo?<br />

Ceneviva - Dona Eva, minha esposa.<br />

Este é o segredo. Tudo gira<br />

em torno dela. Ela é o ponto de referência<br />

de toda a família. É o sol que<br />

nos ilumina. Somos casados há 52<br />

anos. Eu tinha 21 e me apaixonei<br />

por uma menina de 15. O resultado<br />

é uma família numerosa, de cinco<br />

filhos. Três deles, advogados como<br />

eu. Dois trabalham no escritório,<br />

comigo. O outro, na área de telecomunicação.<br />

ANAUNI Informa – Além de advogado,<br />

o senhor se consagrou como<br />

professor e escritor.<br />

Ceneviva - Compartilhar o conhecimento<br />

é uma forma de devolver um<br />

pouco do muito o que a advocacia me<br />

deu. Dei aula até os 69 anos. Quanto<br />

ao mercado editorial, sou autor de 10<br />

livros, 6 deles individuais. O que mais<br />

vende é a Lei dos Registros Públicos<br />

Comentada. É uma verdadeira ferramenta<br />

de trabalho.<br />

ANAUNI Informa – O que seria,<br />

hoje, um dos principais problemas do<br />

direito moderno?<br />

Ceneviva - O Governo. Ele não cumpre<br />

com aquilo que promete. É o grande<br />

caloteiro do país. E o que é pior: tira a<br />

esperança de quem espera nele.<br />

Anauni Informa – E no ensino da<br />

advocacia?<br />

Walter Ceneviva - professor, escritor, colunista do jornal Folha de São Paulo há<br />

quase trinta anos. Um dos juristas mais renomados do Brasil. O currículo demonstra<br />

o conhecimento adquirido ao longo dos anos. Mas é a sabedoria o que, de fato,<br />

impressiona. Walter Ceneviva recebeu, para uma conversa, membros da diretoria da<br />

ANAUNI durante o VI ENAU – o Encontro Nacional de Advogados da União – realizado<br />

em outubro de 2005 na cidade de Florianópolis/SC. E, num misto de alegria e<br />

simplicidade, falou sobre a vida, a família, contou histórias e revelou planos.<br />

Ceneviva - A quantidade exagerada<br />

de escolas e o perfil industrial delas.<br />

A falta de qualidade do ensino acaba<br />

repercutindo em todas as áreas do<br />

pensamento jurídico. Há insuficiência<br />

cultural, falta de leitura e até mesmo<br />

de experiências de vida.<br />

ANAUNI Informa – E a responsabilidade<br />

disso recairia sobre o Estado?<br />

Ceneviva - A responsabilidade final<br />

é do Estado, sim. Ele tem promovido<br />

e incentivado a criação de novas faculdades.<br />

Um número incompatível com a<br />

realidade nacional.<br />

ANAUNI Informa – Na sua opinião,<br />

como está a Advocacia Pública no Brasil?<br />

“Um dos maiores<br />

problemas enfrentados<br />

pela Advocacia<br />

Pública são os baixos<br />

salários. A questão da<br />

remuneração tem grande<br />

influência na qualidade<br />

da defesa do Estado.”<br />

Ceneviva - Um dos maiores problemas<br />

enfrentados pela Advocacia<br />

Pública são os baixos salários. A<br />

questão da remuneração tem grande<br />

influência na qualidade da defesa do<br />

Estado. É comum tomar conhecimento<br />

de advogados públicos que se bandearam<br />

para outras carreiras. Este é<br />

apenas um aspecto.<br />

ANAUNI Informa – Como pensar na<br />

Advocacia Pública de modo que ela seja<br />

eficiente?<br />

Ceneviva – Este é um projeto a<br />

longo prazo, talvez para a próxima<br />

década. E não há solução se pensarmos<br />

apenas em termos da AGU. É<br />

preciso entender o contexto. Em pouco<br />

tempo, o mundo passou por grandes<br />

transformações. Até 1945, 80%<br />

da população brasileira morava no<br />

campo. Depois da década de 60, teve<br />

início uma mudança demográfica. A<br />

população hoje é predominantemente<br />

urbana. Além disso, o mundo gira<br />

globalizado. A pílula ajuda a mudar o<br />

papel da mulher. E no meio de todas<br />

essas transformações está o aparelho<br />

do Estado, que não se adequou. O<br />

Estado é insuficiente. A AGU é só um<br />

dos exemplos disso. A prática judicial<br />

acaba esbarrando na deficiência<br />

do aparato, na volúpia tributária do<br />

Estado, que quer cobrar muito e, se<br />

possível, não pagar nada.<br />

ANAUNI Informa – E o povo fica no<br />

meio de tudo isso...<br />

Ceneviva – Exato. A “justiça oficial”<br />

é a causa da angústia de cerca<br />

de 12 milhões de pessoas só no<br />

Estado de São Paulo. Grande parte<br />

dos processos envolve o INSS, por<br />

exemplo. Essa situação gera o caos<br />

para juízes que têm uma carga de<br />

trabalho dura de ser vencida.<br />

ANAUNI Informa – Isso também é<br />

reflexo da quantidade de leis brasileiras?<br />

Ceneviva – O complexo legislativo<br />

brasileiro é confuso, excessivo e<br />

apresenta leis por vezes contraditórias.<br />

Não é de se espantar todos os<br />

problemas que o país e os cidadãos<br />

enfrentam.<br />

ANAUNI Informa – A Advocacia<br />

Pública poderia contribuir para amenizar<br />

este quadro?<br />

Ceneviva – Certamente, sim. Só<br />

um exemplo prático: a AGU poderia<br />

desempenhar um importante papel<br />

para os cidadãos na área do aconselhamento,<br />

criando foros de conciliação.<br />

Não há paz social num clima de<br />

constante disputa. O poder judiciário<br />

tem a tarefa de promover a paz. Mas<br />

só vai conseguir isso com agilidade.<br />

Entrevista<br />

1


1<br />

ANAUNIInforma<br />

Representante da ANAUNI é recebido<br />

pela Avvocatura dello Stato<br />

No dia 20 de julho, o Advogado<br />

da União e diretor da<br />

ANAUNI, Marcelo Ribeiro do Val,<br />

foi recebido por autoridades da<br />

Avvocatura dello Stato, Instituição<br />

pública da Itália que equivale à Advocacia-Geral<br />

da União.<br />

A reunião foi promovida por uma<br />

iniciativa da ANAUNI, visando a estabelecer<br />

contatos e trocar experiências<br />

com outras instituições<br />

e entidades<br />

de classe nacionais<br />

ligadas à Advocacia<br />

de Estado em outros<br />

países que possuem<br />

sistema jurídico semelhante<br />

ao brasileiro.<br />

O contato inicial contou<br />

com a participação<br />

direta do Advogado da<br />

União, diretor do Departamento<br />

Internacional<br />

da AGU, Milton Toledo.<br />

Na reunião, estavam<br />

presentes o Vice-<br />

Avvocato Generale, Glauco Nori,<br />

representando o Avvocato Generale,<br />

Oscar Filmara, que naquela data<br />

não se encontrava na Itália, e as<br />

Avvocati Wally Ferrante e Marina<br />

Russo, que atuam nas instâncias<br />

superiores e internacionais.<br />

Os colegas italianos receberam<br />

o visitante brasileiro na condição de<br />

autoridade estrangeira graduada.<br />

Aproveitaram para destacar a excepcional<br />

atuação do Dr. Milton Toledo<br />

e da Dra. Danielle Aleixo, perante<br />

uma corte de arbitragem em Paris,<br />

no caso Rolls-Royce, demanda que<br />

envolveu os Estados brasileiro e italiano,<br />

sócios do projeto conjunto dos<br />

aviões de caça AMX, acentuando<br />

que, embora jovens, os advogados<br />

brasileiros demonstraram uma grande<br />

experiência jurídica.<br />

Sobre a Instituição italiana,<br />

apresentaram várias semelhanças<br />

com relação à brasileira, como o<br />

fato de só admitirem membros<br />

previamente concursados e que a<br />

representação abrange todos os<br />

poderes do ente central, mas a atuação<br />

é menor do que a dos Advogados<br />

da União, não apenas pelas<br />

proporções territoriais do país, mas<br />

Marcelo R. do Val, Wally Ferrante, Glauco Nori e Marina Russo<br />

pelo fato de os poderes atribuídos<br />

ao ente central serem menores do<br />

que aqueles outorgados às prefeituras,<br />

valendo lembrar que, diferentemente<br />

do Brasil, a Itália adotou o<br />

modelo de Estado unitário.<br />

O cargo de chefe da Instituição,<br />

Avvocato Generale, é de livre<br />

nomeação pelo Conselho de Ministros,<br />

dentre pessoas de ilibada<br />

reputação e de notável saber jurídico,<br />

mas desde o fim do fascismo,<br />

na década de 1940, foram nomeados<br />

para o cargo apenas membros<br />

da própria Instituição.<br />

No âmbito internacional, atuam<br />

com exclusividade nos litígios internacionais<br />

levados à Corte Européia,<br />

à Corte Internacional de Justiça e às<br />

cortes arbitrais, quando a diplomacia<br />

não obtém êxito.<br />

São reconhecidos como detentores<br />

de alto grau de capacitação jurídica,<br />

com nível de importância superior<br />

ao Ministério Público italiano,<br />

que atua apenas nas ações penais.<br />

Com relação aos juízes, as funções<br />

são quase equivalentes em importância,<br />

mas destacaram que estes últimos<br />

tiveram um aumento nas prerrogativas<br />

e vencimentos para tornar a carreira<br />

mais atrativa, devido ao<br />

alto grau de periculosidade.<br />

Todavia, os ganhos<br />

dos advogados superam<br />

sazonalmente os da magistratura,<br />

em virtude de<br />

receberem honorários<br />

advocatícios.<br />

Os representantes<br />

da Avvocatura dello<br />

Stato demonstraram<br />

muito interesse em<br />

conhecer mais sobre<br />

a Instituição brasileira,<br />

afirmando que a iniciativa<br />

da ANAUNI, se levada<br />

adiante, será extremamente<br />

positiva para o aperfeiçoamento<br />

dos profissionais que atuam no sistema<br />

europeu-continental, modelo<br />

jurídico adotado na maioria das países<br />

da América Latina.<br />

A ANAUNI, em contrapartida,<br />

demonstrou interesse em divulgar<br />

com maiores detalhes e para uma<br />

quantidade maior de Advogados<br />

da União o modelo italiano exposto<br />

na reunião de duas horas. As autoridades<br />

italianas se dispuseram a<br />

participar da divulgação, caso haja<br />

um convite formal para tanto.<br />

Após a reunião, o representante<br />

da ANAUNI foi apresentado às<br />

instalações da Avvocatura dello<br />

Stato, que fica abrigado em um<br />

antigo e elegante prédio de Roma,<br />

a capital italiana.


Associação Nacional dos Advogados da União<br />

Posse do Conselho Superior<br />

O Conselho Superior e a Representação da Carreira de Advogado da União<br />

responsabilidade, a humildade e o<br />

A respeito aos Advogados da União,<br />

no mister de bem representar a Carreira<br />

no Conselho Superior da AGU, serão as<br />

linhas mestras destes dois anos de mandato<br />

que se iniciam. Também a idéia da<br />

prevenção de conflitos e da comunicação<br />

eficaz do Conselho Superior com as Carreiras<br />

da AGU serão a tônica de nossa<br />

atuação no CS-AGU, sendo ilustrativa a<br />

recente proposta formulada pelos Representantes<br />

da Carreira de Advogado<br />

da União, para aclaramento da regra do<br />

artigo 17, da Portaria AGU 459, que trata Membros do CSAGU: Elmar Kichel (CGAU), Luís Inácio Adams (PGFN), José Valter Toledo (PFN), Alvaro Costa<br />

(AGU), Tania Patrícia Vaz (AU), Moacir Machado (PGU), Volkmer de Castilho (CGU), Ricardo Souza (PFN).<br />

de Unidades de difícil provimento. Em síntese,<br />

por iniciativa dos Representantes da Parabenizamos, a propósito, a Presidente mulação de propostas e votos, é preciso<br />

Carreira de Advogado da União, e com o da Comissão de Promoção dos Procurado- que os Representantes elejam a opção<br />

fito de permitir aos colegas interessados res da Fazenda Nacional, Dra. Juliana de que melhor concretize os interesses do<br />

na remoção a verificação de suas oportu- Melo Vilar Pitta Pinheiro, jovem Procura- todo, ou seja, que tragam os benefícios de<br />

nidades, levando em conta essa regra, dedora da Fazenda Nacional.<br />

valorização e reconhecimento à Carreira.<br />

finiu-se que todos os Advogados da União Concluídas as promoções dos Procu- Nesta linha, a página eletrônica<br />

lotados ou removidos para tais Unidades radores da Fazenda Nacional e também as criada pelos Representantes da Carreira<br />

farão jus ao benefício, após dois anos de dos Advogados da União, após o julgamen- de Advogado da União pretende ser o<br />

efetivo exercício na Unidade.<br />

to dos diversos recursos apresentados, já espaço para debates e proposições,<br />

Os desafios são enormes podemos compreender que há ingredien- além de conter informações atualizadas<br />

Desde a sua posse, em 1º de junho tes essenciais à boa representação: a sere- sobre as deliberações e as atividades do<br />

último, os novos Representantes da nidade e o bom senso, ao lado da postura CS-AGU, e toda a legislação pertinente.<br />

Carreira já participaram de diversas reu- sempre firme na defesa dos interesses da A finalidade é facilitar a compreensão<br />

niões ordinárias e extraordinárias, para Carreira. A importância do Conselho Supe- dos colegas acerca dos temas postos<br />

tratar das promoções dos Advogados rior da AGU sobreleva-se pela constatação em discussão, com imediato acesso aos<br />

da União e Procuradores da Fazenda de que este é o único órgão da AGU que atos normativos pertinentes. Há também<br />

Nacional e também dos concursos de é integrado por Representantes das Car- campo para envio de mensagens aos<br />

ingresso para ambas as Carreiras. reiras, necessariamente, por previsão da Representantes Titular e Suplente. O site<br />

Parece-nos importante informar, ainda, Lei Complementar nº 73/93. É preciso re- é www.advogadodauniao-csagu.adv.br.<br />

que as promoções de Procuradores da Faconhecer, assim, que o CS-AGU é o fórum Quanto aos próximos passos da Rezenda<br />

Nacional e de Advogados da União de maior legitimidade para discussão de presentação da Carreira perante o CSreceberam<br />

igual tratamento e dedicação questões institucionais e de carreira. E, ain- AGU, há questões que precisam ser en-<br />

pelo CS-AGU. O ligeiro atraso no procesda que sejam apenas dois representantes frentadas em breve, porque parece haver<br />

samento das promoções de Advogados da – um de cada Carreira da AGU, não cremos consenso, entre os colegas, acerca da<br />

União decorre, primeiramente, do número haver espaço mais democrático dentro da necessidade de sua revisão e reformula-<br />

mais expressivo de recursos em relação Instituição, onde a Carreira tem voz e opina ção. Dentre elas, o Regulamento das Pro-<br />

aos Procuradores da Fazenda. Também, e na condução da Casa.<br />

moções, com a discussão séria e ampla<br />

principalmente, a sistemática de trabalho Daí a seriedade do compromisso as- sobre os critérios de promoção por mere-<br />

adotada pela Comissão de Promoção dos sumido, para mediar os interesses, nem cimento, e também o Decreto nº 4.434,<br />

Procuradores da Fazenda Nacional mere- sempre coincidentes, da Administração que dispõe sobre a apuração da antigüidace<br />

nota, tendo facilitado muito o trabalho da AGU, de um lado, e dos Advogados de, com destaque para o seu artigo 3º.<br />

do CS-AGU no julgamento dos recursos, da União e Procuradores da Fazenda A colaboração efetiva de todos os cole-<br />

e também o processamento das promo- Nacional, de outro.<br />

gas será essencial e decisiva para o sucesções<br />

no âmbito da PGFN. A interação Também os interesses individuais dos so do nosso mandato.<br />

permanente com a área administrativa da colegas, por vezes, podem ser conflitan-<br />

PGFN foi essencial e foi, a nosso ver, o que tes. Nessas situações, além da ampla<br />

Tania Patricia de Lara Vaz<br />

permitiu a agilização dos procedimentos. transparência na discussão do tema e for-<br />

André Augusto Dantas Motta Amaral<br />

1


Fique por dentro<br />

1<br />

ANAUNIInforma<br />

Prêmio Advogado da União Roque Aras<br />

ANAUNI vai lançar, durante o<br />

A VII ENAU, em comemoração<br />

aos 10 anos da associação, o Prêmio<br />

de Artigos e Monografias Roque<br />

Aras, que promete distribuir prêmios<br />

em dinheiro para os melhores trabalhos<br />

apresentados. Poderão participar<br />

do concurso estudantes e bacharéis<br />

em Direito. O objetivo é fortalecer e<br />

divulgar a Advocacia Pública, assim<br />

como difundir e estimular a sua pesquisa,<br />

no âmbito dos estudiosos das<br />

ciências jurídicas.<br />

Os trabalhos serão avaliados por uma<br />

comissão julgadora composta por três<br />

integrantes, entre professores universitários,<br />

membros de carreiras jurídicas e<br />

advogados militantes, de notório saber<br />

jurídico e reputação ilibada, nomeados<br />

pela diretoria da ANAUNI. Conforme o<br />

número de trabalhos inscritos, podem<br />

ser constituídas subcomissões estaduais,<br />

que irão auxiliar na análise dos<br />

textos de unidades federativas diversas<br />

daquelas em que funcionarem.<br />

Sempre melhor<br />

O objetivo da ANAUNI é se estruturar<br />

cada vez mais para atender<br />

melhor o associado. Nossa sede<br />

passou por uma pequena reforma,<br />

com mudanças nas instalações.<br />

Também contratamos mais uma<br />

secretária para dar agilidade ao<br />

trabalho da ANAUNI e às deman-<br />

Pelo fortalecimento da Advocacia Pública<br />

Os critérios de avaliação são:<br />

originalidade dos temas abordados,<br />

conteúdo científico, forma de<br />

apresentação e potencial intelectual<br />

revelado pelo candidato.<br />

Homenagem – Não foi difícil<br />

escolher o nome do Prêmio de<br />

Monografias e Artigos da ANAUNI.<br />

Afinal, Roque Aras é uma das principais<br />

vozes de defesa da Advocacia<br />

da União. É o primeiro e, até agora,<br />

único Advogado da União aposentado,<br />

entre os que prestaram concurso<br />

das dos associados. Qualquer dúvida<br />

ou informação, você<br />

pode falar com Ana Cláudia<br />

ou Daienne Cézar.<br />

Atualize seus<br />

dados cadastrais<br />

Muitas correspondências<br />

(postais e eletrônicas)<br />

enviadas pela<br />

ANAUNI não têm chegado<br />

ao seu destino devido<br />

à grande quantidade de endereços<br />

e informações dos associados<br />

desatualizados. Para que isso não<br />

aconteça, a secretaria da ANAU-<br />

NI está sempre à disposição para<br />

receber as atualizações cadastrais<br />

dos associados, por meio do<br />

telefone (61) 3344-4386 ou pelo<br />

público específico da AGU. EIe iniciou<br />

a carreira de advogado em Feira<br />

de Santana/BA, em 1962, cuidando<br />

das causas da assistência judiciária,<br />

numa época em que não havia Defensoria<br />

Pública. Foi sindicalista, Juiz<br />

do Trabalho, Vereador e, mais tarde,<br />

Deputado Estadual e Deputado Federal.<br />

Mas era a advocacia a grande<br />

paixão deste jurista e escritor.<br />

A despeito de todo o seu extenso<br />

currículo e dos mais altos contatos,<br />

Roque é exemplo de profissional que<br />

não entrou na AGU por antigas amizades<br />

ou ingerências políticas. Pelo<br />

contrário, fez questão de submeterse<br />

ao concurso público (1996), ao<br />

invés de pretender se servir da Instituição<br />

sem a ela pertencer.<br />

Hoje, ele se levanta na luta por<br />

uma Advocacia Pública autônoma e<br />

eficiente. Roque Aras ocupou lugar<br />

legítimo e representa para os Advogados<br />

da União um exemplo de conduta<br />

que deve ser seguida.<br />

e-mail anauni@anauni.org.br.<br />

Além dessas opções, através<br />

do acesso restrito do site da<br />

ANAUNI, o associado também<br />

pode alterar os seus dados automaticamente,<br />

clicando na opção<br />

“Atualização Cadastral”.<br />

Convênios<br />

Uma das principais metas da<br />

ANAUNI para os próximos meses<br />

é ampliar a rede de empresas<br />

conveniadas, para que o associado<br />

possa desfrutar de descontos<br />

e promoções nos produtos e serviços<br />

oferecidos. Confira no site<br />

da ANAUNI a relação das empresas<br />

que já são nossas parceiras<br />

e os novos convênios que serão<br />

fechados.

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