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Decomposição das diferenças na distribuição dos salários do setor ...

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1. Introdução<br />

A literatura sobre a determi<strong>na</strong>ção de <strong>salários</strong> proporcio<strong>na</strong> várias motivos teóricos para<br />

elucidar a existência de hiatos salariais entre diferentes grupos de trabalha<strong>do</strong>res. Sob o<br />

arcabouço que permeia toda a teoria <strong>do</strong> capital humano, os modelos neoclássicos preveem que<br />

<strong>diferenças</strong> nos <strong>salários</strong> em merca<strong><strong>do</strong>s</strong> competitivos podem surgir de <strong>diferenças</strong> em habilidades<br />

observáveis e não observáveis (experiência e qualificações) <strong><strong>do</strong>s</strong> trabalha<strong>do</strong>res. Diferenças<br />

entre <strong>salários</strong> e produtividade também podem resultar de fatores como poder de merca<strong>do</strong> e<br />

desigualdades sociais.<br />

Como bem afirmam Arbache e De Negri (2004), “não há como classificar as teorias de<br />

diferencial de <strong>salários</strong> por ordem de importância, já que uma teoria pode ser mais adequada<br />

que outra para explicar fenômenos de merca<strong><strong>do</strong>s</strong> de trabalho específicos.”<br />

No atual debate sobre a reforma previdenciária <strong>do</strong> <strong>setor</strong> público emprega-se<br />

recorrentemente o argumento de que os atuais servi<strong>do</strong>res públicos aceitam <strong>salários</strong> inferiores<br />

aos <strong>salários</strong> de merca<strong>do</strong> por que consideram a expectativa de aposenta<strong>do</strong>ria integral como<br />

elemento compensa<strong>do</strong>r desse diferencial negativo. Embora o raciocínio esteja correto, e de<br />

acor<strong>do</strong> com a percepção geral <strong>na</strong> sociedade brasileira de que os <strong>salários</strong> no <strong>setor</strong> público são<br />

inferiores aos <strong>do</strong> <strong>setor</strong> priva<strong>do</strong>, o argumento é refuta<strong>do</strong> de maneira veemente pelas evidências<br />

empíricas encontra<strong>das</strong> <strong>na</strong> literatura (BELUZZO et. al., 2005).<br />

Ao contrário dessa intuição econômica, to<strong><strong>do</strong>s</strong> os estu<strong><strong>do</strong>s</strong> empíricos referentes ao caso<br />

brasileiro demonstram a existência de um prêmio salarial positivo para os trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

<strong>setor</strong> público. Ou seja, além da estabilidade no emprego e da aposenta<strong>do</strong>ria integral,<br />

trabalha<strong>do</strong>res no <strong>setor</strong> público brasileiro recebem, em média, maiores <strong>salários</strong> <strong>do</strong> que os<br />

trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>setor</strong> priva<strong>do</strong> (HOLANDA, 2009).<br />

No Brasil as desigualdades econômicas regio<strong>na</strong>is são particularmente acentua<strong>das</strong>, fato<br />

que se reflete sobre as intensas disparidades de salário entre as regiões <strong>do</strong> país e sobre a<br />

dinâmica <strong><strong>do</strong>s</strong> merca<strong><strong>do</strong>s</strong> de trabalho locais. Apesar da existência de controvérsias quanto ao<br />

fato <strong>das</strong> desigualdades regio<strong>na</strong>is de renda no Brasil apresentarem ou não tendência de<br />

redução, observa-se a persistência de significativos diferenciais regio<strong>na</strong>is de salário mesmo<br />

com a maior integração econômica <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (FONTES et.al., 2006).<br />

O objetivo deste trabalho é prover elementos adicio<strong>na</strong>is para a explicação <strong><strong>do</strong>s</strong><br />

diferenciais de <strong>salários</strong> público-priva<strong>do</strong> observa<strong><strong>do</strong>s</strong> no Brasil, e, de forma mais especifica,<br />

procura-se determi<strong>na</strong>r a importância <strong><strong>do</strong>s</strong> atributos pessoais e <strong>das</strong> características <strong>das</strong> regiões <strong>na</strong><br />

variabilidade da <strong>distribuição</strong> salarial <strong>do</strong> país.<br />

Esse artigo está organiza<strong>do</strong> em três seções, além dessa Introdução. A próxima seção<br />

apresenta uma breve revisão de literatura, depois temos uma seção com a meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong><br />

trabalho. A terceira seção descreve os da<strong><strong>do</strong>s</strong> emprega<strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>na</strong> análise e apresenta os resulta<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

empíricos encontra<strong><strong>do</strong>s</strong> e a quarta e última seção traz as conclusões.<br />

2. Revisão da literatura<br />

Há uma crescente literatura olhan<strong>do</strong> para análise <strong>do</strong> hiato salarial em que o maior<br />

interesse são os impactos distributivos de várias programas ou intervenções. Em to<strong><strong>do</strong>s</strong> estes<br />

casos, a questão fundamental de interesse econômico são quais os fatores responsáveis pelas<br />

mudanças (ou <strong>diferenças</strong>) <strong>na</strong>s distribuições.<br />

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