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Análise da demanda e modelos de preços hedônicos - Banco do ...

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ANÁLISE DA DEMANDA E MODELOS DE PREÇOS HEDÔNICOS NO MERCADO<br />

IMOBILIÁRIO URBANO: O CASO DE FORTALEZA<br />

Edmar Honorato <strong>de</strong> Sousa Filho, MA<br />

Ronal<strong>do</strong> A. Arraes, PhD<br />

Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em Economia – CAEN/UFC<br />

Av. <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>, 2700 – 2º an<strong>da</strong>r<br />

60020-181 Fortaleza – CE<br />

Fone: (85) 288-7751; e-mail:edmar@capef.com.br; ronald@ufc.br<br />

Área <strong>de</strong> Interesse: Economia Regional


ANÁLISE DA DEMANDA E MODELOS DE PREÇOS HEDÔNICOS NO MERCADO<br />

IMOBILIÁRIO URBANO: O CASO DE FORTALEZA<br />

RESUMO<br />

O presente artigo consiste no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>terminantes econômicos que contribuem para a<br />

formação <strong>do</strong>s <strong>preços</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> imobiliário <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza, Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará, na<br />

ótica <strong>do</strong>s agentes econômicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> na teoria <strong>do</strong>s <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong> ou<br />

<strong>preços</strong> implícitos. O mo<strong>de</strong>lo proposto pelo trabalho investiga <strong>preços</strong> implícitos na curva <strong>de</strong><br />

utili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um agente <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> segmenta<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is grupos: consumi<strong>do</strong>r direto <strong>do</strong> bem<br />

habitação e o investi<strong>do</strong>r em imóveis, que incorpora adicionalmente atributos econômicofinanceiros<br />

que me<strong>de</strong>m o grau <strong>de</strong> risco e retorno na formação <strong>do</strong>s <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong>. O estu<strong>do</strong><br />

estima os <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong> através <strong>de</strong> uma regressão segmenta<strong>da</strong> por tipo <strong>de</strong> imóvel <strong>do</strong>s<br />

<strong>preços</strong> observa<strong>do</strong>s contra os diversos atributos distribuí<strong>do</strong>s nos vetores <strong>de</strong> características<br />

físicas, locacionais, econômicas e financeiras. A amostra seleciona<strong>da</strong> para estimação <strong>do</strong><br />

mo<strong>de</strong>lo é forma<strong>da</strong> pelas transações imobiliárias <strong>de</strong> lançamentos ocorri<strong>da</strong>s na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (perío<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> 1995 a 2003), bem como terrenos urbanos (perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1995 a 1998), perfazen<strong>do</strong> o<br />

montante <strong>de</strong> 4.467 ocorrências imobiliárias, sen<strong>do</strong> 876 apartamentos resi<strong>de</strong>nciais, 1969 flats,<br />

539 terrenos e 1622 salas comerciais. O trabalho também estima a função <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />

imobiliária e analisa o risco imobiliário <strong>do</strong>s bairros <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza.<br />

Palavras Chave: Merca<strong>do</strong> Imobiliário, Deman<strong>da</strong>, Preços Hedônicos, Fortaleza<br />

ABSTRACT<br />

The present paper consists of the study of the economic <strong>de</strong>terminants that contribute to the<br />

formation of the prices of the real estate market of the city of Fortaleza (Ceará), on the si<strong>de</strong> of<br />

the economical agents of <strong>de</strong>mand, based in the he<strong>do</strong>nic or implicit prices theory. The mo<strong>de</strong>l<br />

consi<strong>de</strong>red for the work investigates implicit prices in the curve of utility of an agent of<br />

<strong>de</strong>mand segmented in two groups: direct consumer of the good house and the investor in<br />

properties, that it incorporates economical-financial additionally that measure the <strong>de</strong>gree of<br />

risk and return in the formation of the he<strong>do</strong>nic prices. The study esteem the he<strong>do</strong>nic prices<br />

through a regression segmented by type of property of the prices observed against the several<br />

attributes distributed in the vectors of physical, location, economical and financial<br />

characteristics. The sample selected for estimate of the mo<strong>de</strong>l is formed by the real estate<br />

transactions of occured launchings in the city (period from 1995 to 2003), as well as urban<br />

lands (period from 1995 to 1998), totalize the sum of 4.467 real estate occurrences, being 876<br />

resi<strong>de</strong>ntial apartments, 1969 flats, 539 lands and 1622 commercial rooms. The work it esteem<br />

the function of real estate <strong>de</strong>mand for the city of Fortaleza and i<strong>de</strong>ntifies the behavior of real<br />

estate risk of the quarters of the city of Fortaleza.<br />

Key words: Real State Market, Demand, He<strong>do</strong>nic Prices, Fortaleza<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> habitação é inerente a to<strong>do</strong> ser humano, sen<strong>do</strong> caracteriza<strong>da</strong><br />

como básica e está intimamente liga<strong>da</strong> à busca <strong>de</strong> segurança. Segurança contra as<br />

adversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> meio-ambiente, o que maximiza bem-estar. O papel <strong>do</strong> bem habitação ocupa<br />

espaço relevante no contexto econômico, através <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> imobiliário que, por sua vez,<br />

envolve complexa interação entre os agentes <strong>de</strong> oferta e os agentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>.<br />

O consumi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> bem habitação po<strong>de</strong> ser segmenta<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s grupos:<br />

aqueles que possuem a intenção <strong>de</strong> utilizarem o bem imóvel para satisfação final <strong>de</strong> sua<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> básica <strong>de</strong> habitação e aqueles que o adquirem para compor cesta <strong>de</strong> bens <strong>de</strong><br />

investimento, por fatores específicos inerentes aos bens imobiliários.<br />

O preço final <strong>de</strong> equilíbrio para um imóvel entre oferta e <strong>de</strong>man<strong>da</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>composto em vetores <strong>de</strong> características intrínsecas <strong>do</strong> imóvel, como ativo real e <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

2


atributos físicos únicos, características <strong>de</strong> vizinhança e características ambientais inerentes à<br />

localização <strong>do</strong> imóvel. O capital imobiliário utiliza uma estratégia <strong>de</strong> ação para a realização<br />

<strong>do</strong>s ganhos fundiários traduzi<strong>do</strong>s através <strong>da</strong>s externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s que são incorpora<strong>da</strong>s aos <strong>preços</strong><br />

<strong>do</strong>s imóveis (ABRAMO; FARIA, 1998).<br />

Na análise <strong>do</strong> preço, <strong>de</strong>ssa forma, não somente características físicas <strong>do</strong> imóvel<br />

possuem importância. De acor<strong>do</strong> com o IBGE, itens como número médio <strong>de</strong> pessoas por<br />

<strong>do</strong>micílio e <strong>do</strong>rmitório, o acesso à água e ao esgotamento sanitário, o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação e<br />

a condição <strong>de</strong> ocupação são indica<strong>do</strong>res mais eficazes <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> bem-estar <strong>da</strong>s moradias <strong>do</strong><br />

que propriamente o tipo <strong>de</strong> material utiliza<strong>do</strong> na construção <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio.<br />

A busca <strong>do</strong> entendimento <strong>de</strong>sse novo conjunto <strong>de</strong> inter-relações e fenômenos<br />

observa<strong>do</strong>s em um merca<strong>do</strong> habitacional, que é influencia<strong>do</strong> pelos mesmos <strong>de</strong>terminantes<br />

econômicos, figura como relevante, sen<strong>do</strong> aqui escolhi<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza como objeto<br />

<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. Santos (1999) afirma que pouco se conhece realmente acerca <strong>da</strong>s características<br />

tanto <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> (elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>s, disposição a pagar por faixa <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> etc.), quanto <strong>da</strong> oferta<br />

habitacional, <strong>de</strong> tal maneira que uma série <strong>de</strong> explicações possíveis para o mau<br />

funcionamento <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scarta<strong>da</strong>.<br />

O presente trabalho classifica-se como um estu<strong>do</strong> centra<strong>do</strong> em <strong>preços</strong><br />

habitacionais e <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> centra<strong>do</strong> em duas questões principais: as características relevantes<br />

e a interação entre preço e características. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s finais utiliza<strong>do</strong>s para aplicação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo<br />

contêm cerca <strong>de</strong> 4.467 registros seleciona<strong>do</strong>s em uma base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s superior a 23 mil<br />

ocorrências <strong>de</strong> transações imobiliárias a partir <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1994 até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003.<br />

De acor<strong>do</strong> com Rosen (1974), uma classe <strong>de</strong> produtos diferencia<strong>do</strong>s po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>scrita completamente por um vetor <strong>de</strong> características objetivamente medi<strong>da</strong>s, sen<strong>do</strong> que os<br />

quantitativos <strong>da</strong>s características associa<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> produto geram os <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>preços</strong><br />

<strong>hedônicos</strong>, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> <strong>de</strong>cisões locacionais no consumi<strong>do</strong>r.<br />

No conjunto <strong>de</strong>ssas n características, nesse trabalho admite-se a existência <strong>de</strong><br />

agentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> imobiliária investi<strong>do</strong>res que observam acentua<strong>da</strong>mente as características<br />

financeiras <strong>do</strong> imóvel, sobressain<strong>do</strong>-se os seguintes indica<strong>do</strong>res financeiros: o custo <strong>de</strong><br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capital <strong>do</strong> bairro e a vacância, que influi no resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>quele investimento.<br />

O artigo encontra-se estrutura<strong>do</strong> em três seções, além <strong>da</strong> introdução e <strong>da</strong> conclusão. A<br />

primeira seção trata <strong>da</strong> caracterização <strong>do</strong> bem habitação e <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza, focos <strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong>. A segun<strong>da</strong> seção apresenta aspectos teóricos e meto<strong>do</strong>lógicos que dão suporte ao<br />

estu<strong>do</strong>. A terceira seção traz a meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> e os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, que são<br />

analisa<strong>do</strong>s, segui<strong>do</strong>s pelas consi<strong>de</strong>rações finais.<br />

2. MERCADO IMOBILIÁRIO URBANO E A CIDADE DE FORTALEZA<br />

2.1 Merca<strong>do</strong> Imobiliário Urbano<br />

O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> fenômeno <strong>da</strong> habitação nasce a partir <strong>do</strong>s clássicos trabalhos <strong>da</strong>ta<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> Século XIX, <strong>de</strong> VON THUNEN e SCHWABE, que realizaram as primeiras pesquisas<br />

relacionan<strong>do</strong> valores <strong>da</strong> terra e aluguéis. É o início <strong>da</strong> relação <strong>do</strong> bem habitação com sua<br />

variável fun<strong>da</strong>mental: a localização <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> a ren<strong>da</strong> fundiária urbana. Referi<strong>do</strong>s<br />

pensa<strong>do</strong>res concluíram que a localização próxima aos centros produtores diminui<br />

sensivelmente os custos <strong>de</strong> transportes. A partir <strong>da</strong>í, tem-se uma maximização <strong>da</strong> ren<strong>da</strong><br />

fundiária urbana (FERREIRA; LEMOS, 2001). Surgi<strong>do</strong>, então como, um problema <strong>de</strong><br />

localização espacial, Alonso (1964) sedimenta o conceito <strong>de</strong> acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao centro <strong>de</strong><br />

negócios <strong>da</strong> área urbana consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, fun<strong>da</strong>mental no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> bem habitação.<br />

A habitação po<strong>de</strong> ser vista como um processo em que três atores se <strong>de</strong>stacam:<br />

terra, estrutura e ofertante, em que o homem adiciona à terra crua uma estrutura física e vai ao<br />

merca<strong>do</strong> ofertar o produto final para locação ou reven<strong>da</strong>.<br />

O bem habitação <strong>de</strong>tem características acentua<strong>da</strong>mente específicas – o que impõe<br />

ao setor uma dinâmica também própria e imprimem uma lógica <strong>de</strong> funcionamento cujo<br />

entendimento se torna precípuo ao <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> políticas públicas para o setor (CRUZ;<br />

3


SANTOS, 2000). São essas as características, inclusive quan<strong>do</strong> imóveis são utiliza<strong>do</strong>s para<br />

investimentos:<br />

- Heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong>: a partir <strong>da</strong> diferenciação espacial e locacional, ca<strong>da</strong> bem seja<br />

precifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com essas características e seja visto no merca<strong>do</strong> como<br />

exclusivo, insubstituível (SMITH 1 apud GAZOLA, 2002);<br />

- Imobili<strong>da</strong><strong>de</strong> ou Fixação Espacial: condição que torna suas características<br />

locacionais únicas e ten<strong>do</strong> impacto na interação <strong>de</strong> <strong>preços</strong>;<br />

- Durabili<strong>da</strong><strong>de</strong>: condição que permite a formação <strong>de</strong> estoques que <strong>do</strong>mina o<br />

merca<strong>do</strong>, pois se tem um prazo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um largo espaço <strong>de</strong> tempo;<br />

- Preços Eleva<strong>do</strong>s: uma <strong>da</strong>s principais características, sen<strong>do</strong> que Lucena (1985)<br />

estimou que a ren<strong>da</strong> necessária para aquisição <strong>de</strong> um imóvel é equivalente, em<br />

média a 3 a 4 vezes a ren<strong>da</strong> anual <strong>de</strong> um indivíduo. Aqui nasce a forma<br />

alternativa <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> habitação, que é via locação. O financiamento aos<br />

serviços <strong>de</strong> habitação nasce <strong>do</strong> atributo <strong>do</strong> imóvel <strong>de</strong> ser um bem extremamente<br />

oneroso. Os <strong>de</strong>man<strong>da</strong>ntes por serviços <strong>de</strong> habitação recorrem aos instrumentos<br />

<strong>de</strong> financiamento, on<strong>de</strong> o setor público historicamente <strong>de</strong>sempenha papel<br />

prepon<strong>de</strong>rante. Esse financiamento po<strong>de</strong> ser efetua<strong>do</strong> objetivamente a partir <strong>de</strong><br />

bancos priva<strong>do</strong>s, <strong>da</strong> Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral (CEF) e, por fim, através <strong>do</strong><br />

autofinanciamento por partes <strong>da</strong>s construtoras e incorpora<strong>do</strong>ras;<br />

- Custos <strong>de</strong> Transferência. Os custos <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>do</strong> bem habitação são<br />

reconheci<strong>da</strong>mente eleva<strong>do</strong>s, como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s próprias características<br />

estruturais <strong>de</strong>sse ativo, além <strong>da</strong> tributação na transferência <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>;<br />

- Estabili<strong>da</strong><strong>de</strong>: estu<strong>do</strong>s científicos já realiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstram que os imóveis não<br />

possuem a volatili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> receitas presente em outros tipos <strong>de</strong> investimentos,<br />

como o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ações, naturalmente mais suscetível a choques econômicos -<br />

o que reduz a exposição ao risco <strong>do</strong> portfólio;<br />

- Divisibili<strong>da</strong><strong>de</strong>: efeito multiplica<strong>do</strong>r no processo analítico e <strong>de</strong> gestão (ex.: várias<br />

salas em uma mesma edificação);<br />

- Complexo gerenciamento administrativo; requeren<strong>do</strong> <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> várias<br />

habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s pessoais e utilização <strong>de</strong> recursos;<br />

- Posição Social: segun<strong>do</strong> Pitta (2000), preenche-se com os imóveis a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

individual <strong>de</strong> auto-afirmação social <strong>de</strong> uma pessoa física ou jurídica; e<br />

- Segmentação geográfica: existência <strong>de</strong> nichos geográficos específicos <strong>de</strong><br />

valorização imobiliária.<br />

A avaliação <strong>do</strong> valor <strong>de</strong> uma habitação nasce <strong>da</strong> indiferença <strong>da</strong>s pessoas em<br />

relação Ao bem habitação que, rechea<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores, cria expectativas<br />

no homem que busca satisfazê-las. A avaliação <strong>de</strong> imóveis é justamente a tradução <strong>do</strong> valor<br />

que o ser humano atribui ao bem habitação, representan<strong>do</strong> a relação entre a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> bem econômico e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> existente.<br />

O valor <strong>do</strong> imóvel é <strong>de</strong>dutível a partir <strong>de</strong> uma avaliação direta <strong>do</strong> bem, <strong>de</strong> uma<br />

avaliação <strong>do</strong> que aquele bem po<strong>de</strong> produzir <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s, ou <strong>do</strong> simples preço <strong>de</strong> equilíbrio<br />

entre a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> oferta<strong>da</strong> e a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><strong>da</strong> (DANTAS, 1998). O valor <strong>do</strong> imóvel é<br />

forma<strong>do</strong> pela edificação (custos) e pelo terreno que, por sua vez, incorpora as vantagens e<br />

<strong>de</strong>svantagens espaciais, não sen<strong>do</strong> necessariamente igual ao preço <strong>do</strong> imóvel, gera<strong>do</strong> por<br />

condições adversas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> sob concorrência imperfeita.<br />

Entre os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> avaliação, <strong>de</strong>staca-se procedimento <strong>de</strong> comparação <strong>do</strong> imóvel<br />

avalian<strong>do</strong> com uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s semelhantes disponíveis no merca<strong>do</strong> com relação a características<br />

extrínsecas e intrínsecas. Para avaliar a habitação, necessita-se <strong>de</strong> vistoria local <strong>do</strong> bem<br />

1 SMITH, L., ROSEN, K. & FALLIS, G. Recent Development in Economic Mo<strong>de</strong>ls of Housing<br />

Markets. Journal of Economic Literature. v. XXVI, 1988. p.29-64.<br />

4


avalia<strong>do</strong> e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> variáveis que influenciam na formação <strong>do</strong> preço, levantamento <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e aplicação <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> homogeneização <strong>de</strong> valores ou inferência<br />

estatística, em que ca<strong>da</strong> característica, como aspectos observáveis <strong>de</strong> um fenômeno e<br />

apresentan<strong>do</strong> variações ou diferenças em relação ao mesmo ou a outros fenômenos, conforme<br />

Dantas (1998), é uma variável a ser investiga<strong>da</strong>.<br />

2.2 Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza<br />

A metrópole <strong>de</strong> Fortaleza, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará, possui uma área total <strong>de</strong> 335,165<br />

Km², <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com informações <strong>do</strong> IBGE. É a quinta maior ci<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira em número <strong>de</strong><br />

pessoas (1.965.513 habitantes), concentran<strong>do</strong> 28% <strong>da</strong> população geral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará,<br />

com <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica <strong>de</strong> 4.975,9 habitantes por km² e taxa <strong>de</strong> crescimento anual <strong>de</strong><br />

3,1%. Possui cerca <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> sua área urbaniza<strong>da</strong> e a ren<strong>da</strong> per capita <strong>do</strong>s habitantes é<br />

estima<strong>da</strong> em R$ 3.793,82. A População Economicamente Ativa (PEA) é estima<strong>da</strong> em<br />

1.573.739 pessoas, equivalente a 62% <strong>da</strong> população <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o IBGE.<br />

Fortaleza <strong>de</strong>tém uma diferenciação entre as zonas leste e oeste. Enquanto a zona<br />

leste é mais a<strong>de</strong>nsa<strong>da</strong> em função <strong>de</strong> fatores financeiros, sociais, climáticos, físicos e culturais,<br />

a oeste possui números bem mais mo<strong>de</strong>stos, com <strong>de</strong>staque para o pólo <strong>de</strong> valorização<br />

imobiliária <strong>da</strong> orla marítima.<br />

De acor<strong>do</strong> com o IBGE, o perfil populacional <strong>da</strong>s pessoas é marca<strong>do</strong> pela<br />

juventu<strong>de</strong>, pois 79% encontram-se na faixa <strong>de</strong> até 39 anos. Expressivo percentual <strong>de</strong> pessoas<br />

situa-se na faixa entre 20 a 50 anos, preenchen<strong>do</strong> o perfil espera<strong>do</strong> <strong>de</strong> consumo <strong>do</strong> bem<br />

habitação. Outra variável importante <strong>de</strong> influência direta na <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por serviços<br />

habitacionais, a maioria <strong>da</strong> população <strong>de</strong> Fortaleza (53%) pertence ao sexo feminino.<br />

A população <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza está distribuí<strong>da</strong> em 799.105 moradias, com<br />

uma taxa média <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> 4 habitantes por <strong>do</strong>micílio, próxima à média nacional, que é<br />

<strong>de</strong> 3,79. Pre<strong>do</strong>minam na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> as habitações próprias, assim como as habitações não<br />

verticaliza<strong>da</strong>s (casas). A participação <strong>de</strong> imóveis aluga<strong>do</strong>s é calcula<strong>da</strong> em cerca <strong>de</strong> 16%.<br />

Segun<strong>do</strong> o IBGE, a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza concentra ren<strong>da</strong>, abrigan<strong>do</strong> 72% <strong>do</strong>s<br />

empregos e participan<strong>do</strong> com 77% <strong>da</strong> arreca<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> ICMS. A ren<strong>da</strong> média <strong>do</strong>s chefes <strong>de</strong><br />

família fortalezenses é <strong>de</strong> 3,65 salários mínimos, com cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse número<br />

direciona<strong>da</strong> à informali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os bairros Montese, Joaquim Távora, Mucuripe e Al<strong>de</strong>ota<br />

figuram como os <strong>de</strong> maior expressão econômica para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. O nível <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>de</strong> bairros<br />

como José Walter, Mondubim, Siqueira ou Conjunto Ceará figura como o menor <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Das seis regiões oficiais <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, quatro <strong>de</strong>las possuem ren<strong>da</strong> abaixo <strong>da</strong> média e 70% <strong>do</strong>s<br />

chefes <strong>de</strong> família recebe até três salários mínimos.<br />

Porém, a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> apresenta vantagens comparativas <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> investimentos,<br />

quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong> a outras metrópoles 2. De acor<strong>do</strong> com Ferreira e Lemos (2001, p. 692), a<br />

análise <strong>do</strong> papel estruturante exerci<strong>do</strong> pelas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s tem si<strong>do</strong> “[...] o elemento <strong>de</strong><br />

continui<strong>da</strong><strong>de</strong> e convergência na literatura nos estu<strong>do</strong>s sobre a dinâmica urbana e regional”.<br />

Para os autores, o Ceará se <strong>de</strong>staca por utilizar capitais próprios, impedin<strong>do</strong> escoamento <strong>de</strong><br />

ren<strong>da</strong> e Fortaleza vem apresentan<strong>do</strong> um crescimento médio anual 2 vezes superior à ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Recife, superan<strong>do</strong> a média nacional <strong>de</strong> crescimento <strong>do</strong> PIB e <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se pelo maior<br />

dinamismo no conjunto <strong>da</strong>s regiões metropolitanas pesquisa<strong>da</strong>s. A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial <strong>de</strong>\<br />

Fortaleza concentra-se nos segmentos tradicionais têxtil, confecções, alimentos e,<br />

principalmente, calça<strong>do</strong>s. Os incentivos fiscais e a mão-<strong>de</strong>-obra barata e extremamente hábil<br />

funcionam como fatores aglomerativos.<br />

No tocante ao turismo, há <strong>de</strong>svantagem locacional pela falta <strong>de</strong> articulação <strong>da</strong><br />

ca<strong>de</strong>ia e integração com a mo<strong>de</strong>rna indústria, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com cita<strong>do</strong>s autores. Por fim,<br />

Fortaleza possui um hiato aglomerativo com relação aos indica<strong>do</strong>res produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> urbana e<br />

2 No Nor<strong>de</strong>ste, estu<strong>do</strong>s apontam as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Recife/PE, Salva<strong>do</strong>r/BA e Fortaleza/CE como os três<br />

principais macropólos regionais.<br />

5


taxa <strong>de</strong> participação 3 , mas compensa tal <strong>de</strong>svantagem com relação ao preço <strong>do</strong> solo urbano,<br />

calcula<strong>do</strong> como o mais “barato” entre as regiões metropolitanas <strong>do</strong> país.<br />

2.3 Comportamento Recente <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> Imobiliário<br />

No ano <strong>de</strong> 1997, o merca<strong>do</strong> imobiliário <strong>de</strong> Fortaleza representou o terceiro<br />

merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil com relação ao volume <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> as posições primazes para as<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o SECOVI-CE.<br />

De acor<strong>do</strong> com a Enti<strong>da</strong><strong>de</strong>, o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1995 a 2001 foi marca<strong>do</strong> pelo lançamento<br />

<strong>de</strong> 412 empreendimentos entre edificações resi<strong>de</strong>nciais, prédios comerciais (lojas, salas e<br />

shoppings), empreendimentos hoteleiros (flats) e conjuntos habitacionais <strong>de</strong> diferentes portes<br />

na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza. Cumpre enfatizar que se consi<strong>de</strong>ra lançamento a comercialização <strong>de</strong><br />

um imóvel edifica<strong>do</strong> ou “na planta”. No perío<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, há prédios lança<strong>do</strong>s que<br />

somente foram entregues em <strong>da</strong>ta posterior: é o caso <strong>de</strong> 73 empreendimentos imobiliários,<br />

com <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> entrega superior a 01/01/2002, sen<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s no banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s 52<br />

ocorrências <strong>de</strong> lançamentos suspensos.<br />

Como se evi<strong>de</strong>ncia pela leitura <strong>da</strong> tabela 1, a maior participação <strong>do</strong> novo estoque<br />

imobiliário <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza resi<strong>de</strong> no empreendimento <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à habitação<br />

resi<strong>de</strong>ncial típica, que é responsável por cerca <strong>de</strong> 85% <strong>do</strong>s lançamentos efetua<strong>do</strong>s. Outras<br />

inferências a respeito <strong>do</strong>s números <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> imobiliário <strong>de</strong> Fortaleza são: comportamento<br />

médio <strong>de</strong> 117 m² <strong>de</strong> área (apartamento) e 42 m² (sala), 2 quartos e 2 vagas <strong>de</strong> garagem por<br />

apartamento, um grupamento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 128 empresas construtoras atuan<strong>do</strong> como agentes<br />

econômicos <strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong>staque para o ano <strong>de</strong> 1995 como o mais representativo com relação<br />

a volume <strong>de</strong> lançamentos, concentran<strong>do</strong> 31% <strong>do</strong>s lançamentos, segui<strong>do</strong> pelo ano <strong>de</strong> 1996,<br />

com 18% <strong>do</strong>s lançamentos.<br />

Os bairros <strong>da</strong> Al<strong>de</strong>ota e Meireles, ti<strong>do</strong>s como nobres, protagonizam os<br />

lançamentos imobiliários, aglutinan<strong>do</strong> conjuntamente o percentual <strong>de</strong> 45% <strong>do</strong>s imóveis<br />

lança<strong>do</strong>s. Na Al<strong>de</strong>ota, região <strong>de</strong> notável <strong>de</strong>senvolvimento, há zona comercial nota<strong>da</strong>mente<br />

entre as aveni<strong>da</strong>s Des. Moreira e Sem. Virgílio Távora, e entre as aveni<strong>da</strong>s Santos Dumont e<br />

Dom Luiz. (CAVALCANTE, M., 2002).<br />

TABELA 1 - Lançamentos Imobiliários Fortaleza<br />

QUANTIDADE DE PARTICIPAÇÃO<br />

SEGMENTO<br />

LANÇAMENTOS<br />

(%)<br />

APARTAMENTO 350 85<br />

CASA 29 7<br />

FLAT 16 4<br />

LOJA 6 1<br />

SALA COMERCIAL 11 3<br />

Fonte: Tabulação própria <strong>do</strong> autor a partir <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> SECOVI-CE<br />

A figura 1 <strong>de</strong>staca os bairros que captaram os lançamentos imobiliários no<br />

perío<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, fican<strong>do</strong> claramente evi<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong> a concentração <strong>de</strong> lançamentos na<br />

Região Administrativa II.<br />

Nas negociações imobiliárias realiza<strong>da</strong>s, os bairros Al<strong>de</strong>ota, Meireles, Papicu,<br />

Cocó Dionísio Torres e Praia <strong>de</strong> Iracema li<strong>de</strong>ram escala <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s realiza<strong>da</strong>s, participan<strong>do</strong><br />

conjuntamente com 73% <strong>do</strong> valor, enquanto os apartamentos novamente possuem valor<br />

significativamente representativo, com participação <strong>de</strong> 83%, segui<strong>do</strong> pelos flats e pelas salas<br />

comerciais, com 4% ca<strong>da</strong> segmento.<br />

3 Utilizou-se na estimação <strong>da</strong>s variáveis o mo<strong>de</strong>lo a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> fundiária urbana vonthuneano.<br />

Maiores informações, ver Ferreira e Lemos (2001).<br />

6


Praia <strong>de</strong> Iracema<br />

Cais Porto<br />

Mucuripe<br />

Centro Meireles<br />

Quintino<br />

Pres.<br />

Cunha<br />

Kennedy<br />

Padre<br />

Andra<strong>de</strong> Parquelândia<br />

Al<strong>de</strong>ota<br />

Antônio<br />

Ama<strong>de</strong>u Ro<strong>do</strong>lfo<br />

Bezerra<br />

Furta<strong>do</strong> Teófilo J. Bonifácio J.Távora<br />

Pici<br />

Benfica<br />

Vila<br />

Dionisio<br />

Torres<br />

Velha<br />

Autran Dom<br />

Nunes Lustosa<br />

Jardim<br />

Damas AméricaFátima<br />

S.J. Tauape<br />

Vic. Pinzon<br />

Varjota<br />

Papicu<br />

Coco<br />

Ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

2000<br />

Dunas<br />

Genibaú<br />

Henrique<br />

Panamericano<br />

Jorge<br />

Couto<br />

Jóquei<br />

Bom<br />

Fernan<strong>de</strong>s Futuro<br />

Clube<br />

Demócrito<br />

João XVIII<br />

Montese<br />

Rocha<br />

V. União<br />

Salinas<br />

Cj. Ceará I<br />

Cj. Ceará II<br />

Bom<br />

Sucesso<br />

Itaoca<br />

Parangaba<br />

Serrinha<br />

Itaperi<br />

Aeroporto<br />

Luc.Cavalcante<br />

Alto Balança<br />

Aerolândia<br />

J.Oliveiras<br />

Edson Queiroz<br />

Granja<br />

Lisboa<br />

Siqueira<br />

Granja Vila Peri<br />

Portugal<br />

Maraponga<br />

São José<br />

Jardim<br />

Cearense<br />

Bom<br />

Manoel<br />

Jardim<br />

Sátiro<br />

Conj.<br />

Dendê<br />

Parque<br />

Dias Mace<strong>do</strong><br />

P. Manibura<br />

Cid. Funcs.<br />

Sapiranga<br />

Castelão<br />

Sabiaguaba<br />

Mata<br />

Cambeba<br />

Parque<br />

Galinha<br />

Iracema Alagadiço<br />

Cajazeiras<br />

Novo<br />

Lagoa Re<strong>do</strong>n<strong>da</strong><br />

Esperança<br />

Santa<br />

Rosa Mondubim<br />

Dois Irmãos Passaré<br />

Barroso<br />

Messejana<br />

Curió<br />

Parreão<br />

Vila Velha<br />

Carlito<br />

Álvaro<br />

Pamplona<br />

Weyne<br />

Jardim<br />

Moura<br />

Jacarecanga<br />

Iracema<br />

Brasil<br />

Vila Monte<br />

Jardim Floresta Ellery Castelo<br />

Guanabara<br />

Alagadiço<br />

Farias<br />

Brito<br />

Praia <strong>de</strong> Iracema<br />

Cais Porto<br />

Mucuripe<br />

São<br />

Gerar<strong>do</strong><br />

Centro Meireles<br />

Quintino<br />

Pres.<br />

Cunha<br />

Kennedy<br />

Parque<br />

Padre<br />

Araxá<br />

Andra<strong>de</strong> Parquelândia<br />

Al<strong>de</strong>ota<br />

Antônio<br />

Ama<strong>de</strong>u Ro<strong>do</strong>lfo<br />

Bezerra<br />

Furta<strong>do</strong> Teófilo J. Bonifácio J.Távora<br />

Pici<br />

Benfica<br />

Vila<br />

Dionisio<br />

Torres<br />

Velha<br />

Autran Dom<br />

Nunes Lustosa<br />

Jardim<br />

Damas AméricaFátima<br />

S.J. Tauape<br />

Vic. Pinzon<br />

Varjota<br />

Praia <strong>do</strong> Futuro I<br />

Papicu<br />

Coco<br />

Ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Praia <strong>do</strong> Futuro II<br />

2000<br />

Dunas<br />

Genibaú<br />

Henrique<br />

Panamericano<br />

Jorge<br />

Couto<br />

Jóquei<br />

Bom<br />

Fernan<strong>de</strong>s Futuro<br />

Clube<br />

Demócrito<br />

João XVIII<br />

Montese<br />

Rocha<br />

V. União<br />

Salinas<br />

Guararapes<br />

Cj. Ceará I<br />

Cj. Ceará II<br />

Bom<br />

Sucesso<br />

Itaoca<br />

Parangaba<br />

Serrinha<br />

Itaperi<br />

Aeroporto<br />

Luc.Cavalcante<br />

Alto Balança<br />

Aerolândia<br />

J.Oliveiras<br />

Edson Queiroz<br />

Granja<br />

Lisboa<br />

Siqueira<br />

Granja Vila Peri<br />

Portugal<br />

Maraponga<br />

São José<br />

Jardim<br />

Cearense<br />

Bom<br />

Manoel<br />

Jardim<br />

Sátiro<br />

Conj.<br />

Dendê<br />

Parque<br />

Dias Mace<strong>do</strong><br />

P. Manibura<br />

Cid. Funcs.<br />

Sapiranga<br />

Castelão<br />

Sabiaguaba<br />

Mata<br />

Cambeba<br />

Parque<br />

Galinha<br />

Iracema Alagadiço<br />

Cajazeiras<br />

Novo<br />

Lagoa Re<strong>do</strong>n<strong>da</strong><br />

Esperança<br />

Santa<br />

Rosa Mondubim<br />

Dois Irmãos Passaré<br />

Barroso<br />

Messejana<br />

Curió<br />

Parreão<br />

Vila Velha<br />

Carlito<br />

Álvaro<br />

Pamplona<br />

Weyne<br />

Jardim<br />

Moura<br />

Jacarecanga<br />

Iracema<br />

Brasil<br />

Vila Monte<br />

Jardim Floresta Ellery Castelo<br />

Guanabara<br />

Alagadiço<br />

Farias<br />

Brito<br />

São<br />

Gerar<strong>do</strong><br />

Parque<br />

Araxá<br />

Praia <strong>do</strong> Futuro I<br />

Praia <strong>do</strong> Futuro II<br />

Guararapes<br />

-<br />

Canin<strong>de</strong>zinho<br />

Canin<strong>de</strong>zinho<br />

Presi<strong>de</strong>nte<br />

Vargas<br />

-Bairros <strong>de</strong> Incidência <strong>de</strong> Lançamentos Imobiliários<br />

Barra <strong>do</strong><br />

Ceará<br />

Cristo<br />

Re<strong>de</strong>ntor<br />

Pirambu<br />

Prefeito José<br />

Walter<br />

Jangurussu<br />

Figura 1 - Distribuição Geográfica <strong>do</strong> Comportamento <strong>do</strong> Novo Estoque Imobiliário em Fortaleza<br />

3. ASPECTOS TEÓRICOS DO MERCADO HABITACIONAL<br />

3.1 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Deman<strong>da</strong> Habitacional<br />

Como é caracteriza<strong>do</strong> como um merca<strong>do</strong> que possui quadro severo <strong>de</strong> assimetria<br />

<strong>de</strong> informações, há necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> como os fluxos <strong>de</strong> ativos imobiliários se<br />

ajustam às variações endógenas e exógenas <strong>da</strong> economia, que são la<strong>de</strong>a<strong>da</strong>s por tendências<br />

mundiais <strong>de</strong> envelhecimento <strong>da</strong> população e a diminuição <strong>da</strong> natali<strong>da</strong><strong>de</strong> - potenciais<br />

causa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> choques na <strong>de</strong>man<strong>da</strong> pelo ativo imobiliário.<br />

DiPasquale e Wheaton (1994) <strong>de</strong>senvolveram um mo<strong>de</strong>lo simples <strong>de</strong> análise <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> e oferta no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> bem habitacionais, refina<strong>do</strong> por Cruz e Santos (2000). Os<br />

autores norte-americanos questionam conclusões acerca <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> curta duração, ten<strong>do</strong><br />

encontra<strong>do</strong> fortes evidências <strong>de</strong> que o merca<strong>do</strong> precisa <strong>de</strong> vários anos para <strong>de</strong>monstrar uma<br />

tendência. Registram ain<strong>da</strong> a importância <strong>da</strong> formação <strong>de</strong> expectativas por parte <strong>do</strong><br />

consumi<strong>do</strong>r a partir <strong>da</strong> análise <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> próximo e a análise <strong>do</strong> vetor <strong>de</strong> variáveis liga<strong>da</strong>s à<br />

construção <strong>de</strong> moradias.<br />

Para DiPasquale e Wheaton (1994), a teoria preocupa-se excessivamente com a<br />

questão <strong>do</strong>s <strong>preços</strong> como singular <strong>de</strong>terminante <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, relegan<strong>do</strong> a um quadro<br />

secundário a análise <strong>do</strong> aproveitamento espacial <strong>do</strong> fator terra. Protagoniza suas conclusões,<br />

porém a importância que dá à investigação e construção <strong>do</strong>s coeficientes <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />

o bem habitação, como melhor alternativa <strong>de</strong> análise para que os agentes econômicos não<br />

tenham a<strong>de</strong>rência apenas ao senso comum <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> (esse comportamento seria<br />

<strong>de</strong>terminante em um movimento <strong>de</strong> que<strong>da</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> habitacional).<br />

O merca<strong>do</strong> possuiria uma correlação serial <strong>de</strong> <strong>preços</strong> no curto prazo po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

mostrar significantes <strong>de</strong>sequilíbrios (situação que qualifica como insuficiente à análise<br />

exclusiva basea<strong>da</strong> em <strong>preços</strong>), fun<strong>da</strong>mentan<strong>do</strong> sua tese em três gran<strong>de</strong>s inovações na teoria:<br />

gradual ajuste <strong>de</strong> <strong>preços</strong>, formação <strong>de</strong> expectativas <strong>do</strong>s agentes <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e análise <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> terras como fator <strong>de</strong> influência no custo final <strong>de</strong> construção.<br />

A premissa básica <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> DiPasquale e Wheaton consiste na análise <strong>de</strong><br />

como ca<strong>da</strong> equilíbrio <strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong>man<strong>da</strong> observa<strong>da</strong> afeta os <strong>de</strong>mais equilíbrios em uma<br />

Ancuri<br />

Pedras<br />

Paupina<br />

Guajeru<br />

Coaçu<br />

7


trajetória, privilegian<strong>do</strong> a vertente <strong>do</strong> bem habitação não só como bem <strong>de</strong> consumo durável,<br />

mas participante <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ativos.<br />

A estimação empírica <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lagem proposta DiPasquale e Wheaton permite a<br />

visualização <strong>do</strong> fluxo-estoque <strong>da</strong>quele merca<strong>do</strong> habitacional investiga<strong>do</strong>, além <strong>de</strong> fornecer,<br />

não obstante sua simplici<strong>da</strong><strong>de</strong>, a previsão <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong>s principais fatores <strong>de</strong><br />

influência nos <strong>preços</strong> <strong>de</strong> moradia.<br />

De acor<strong>do</strong> com o mo<strong>de</strong>lo, DiPasquale e Wheaton (1994), a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por serviços<br />

habitacionais sofre influências <strong>de</strong> variáveis endógenas e exógenas. A variável endógena<br />

básica na formação <strong>da</strong> curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> seria a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> famílias (Ht), enquanto que as<br />

variáveis exógenas <strong>de</strong> influência seriam a ren<strong>da</strong> familiar média <strong>da</strong> família (Yt), o preço médio<br />

<strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> habitacional (Pt) e o custo associa<strong>do</strong> àquela habitação (Ut). O mo<strong>de</strong>lo proposto,<br />

para medir o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por habitação ou quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> imóveis (Qd), então,<br />

assume a seguinte forma linear:<br />

Qd = f (Ht, Yt , Pt , Ut ) (1)<br />

As <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s parciais <strong>da</strong> equação <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por habitação, espera-se, sejam<br />

negativas paras as variáveis custo <strong>de</strong> aquisição e preço <strong>da</strong> habitação e positiva para a variável<br />

ren<strong>da</strong>. Para Cruz e Santos (2000) as variáveis exógenas aponta<strong>da</strong>s por DiPasquale e Wheaton<br />

afetam a opção que uma família tem entre alugar ou comprar uma moradia (as duas<br />

alternativas <strong>de</strong> acesso aos serviços <strong>de</strong> habitação), influencian<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa forma, a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por<br />

habitações. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> famílias, naturalmente, por sua vez, influenciará positivamente<br />

na <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por serviços habitacionais, uma vez que a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> habitação é inerente a<br />

to<strong>do</strong> ser humano.<br />

A variável (Ut) po<strong>de</strong> ser calcula<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> soma anual <strong>do</strong>s juros que o<br />

consumi<strong>do</strong>r se serviços habitacionais paga, assumin<strong>do</strong>-se a hipótese <strong>de</strong> empréstimo para<br />

financiamento à habitação, ou a mensuração <strong>de</strong> quanto o consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ganhar no<br />

merca<strong>do</strong> (na hipótese <strong>de</strong> possuir o capital necessário) por ter opta<strong>do</strong> por comprar um bem<br />

imóvel, menos a apreciação futura <strong>do</strong> imóvel 4 .<br />

Assim, a variável (Ut) po<strong>de</strong> ser assim especifica<strong>da</strong>:<br />

Ut = Pt ( Mt - It ) (2)<br />

on<strong>de</strong>:<br />

Pt = preço <strong>da</strong> moradia<br />

Mt = taxa <strong>de</strong> juros <strong>do</strong> financiamento habitacional<br />

It = expectativa <strong>de</strong> valorização <strong>da</strong> habitação.<br />

Ocorre que no equilíbrio <strong>de</strong> curto prazo, tem-se que Dt = St [ou seja, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> (Dt) iguala-se à quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> oferta<strong>da</strong> (St)]. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a oferta está <strong>da</strong><strong>da</strong>, ela<br />

justamente é igual ao estoque <strong>de</strong> moradias St. Igualan<strong>do</strong>-se, pois, a equação resultante <strong>da</strong><br />

função <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> anteriormente especifica<strong>da</strong> Dt = Ht (β0 - β1Ut - β2Pt + β3Yt) a St e<br />

isolan<strong>do</strong>-se a variável Pt, chega-se ao preço <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, estima<strong>do</strong> pela equação<br />

abaixo especifica<strong>da</strong>:<br />

Pt = 1 /β2 (β0 - β1Ut + β3Yt - St / Ht ) (3)<br />

Cruz e Santos (2000), apresentan<strong>do</strong> contribuições à abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> DiPasquale e<br />

Wheaton, levantam a importância <strong>da</strong> variável estrutura etária <strong>da</strong> população, convergin<strong>do</strong><br />

com <strong>de</strong>monstração empírica conduzi<strong>da</strong> por Dantas (2003), que utiliza a i<strong>da</strong><strong>de</strong> como variável<br />

explicativa <strong>da</strong> função <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por imóveis. Em média, a ren<strong>da</strong> familiar aumenta e o grau <strong>de</strong><br />

mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> no consumo <strong>de</strong> serviços habitacionais diminui em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o aumento<br />

<strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r. Os autores revisam a mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> DiPasquale e Wheaton,<br />

propon<strong>do</strong> a inclusão <strong>de</strong> uma variável – a taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> por i<strong>da</strong><strong>de</strong> (OWN) –<br />

4 Esses ganhos adviriam <strong>da</strong> valoração <strong>do</strong> imóvel (ciclo positivo), sen<strong>do</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro também o<br />

inverso, ou seja, a <strong>de</strong>svalorização sobrecarregaria Ut.<br />

8


medi<strong>da</strong> em um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> ano e aplica<strong>da</strong> à distribuição <strong>da</strong>s famílias por faixa etária <strong>do</strong>s<br />

chefes nos <strong>de</strong>mais anos. A variável seria encontra<strong>da</strong> pela razão entre o número <strong>de</strong> famílias,<br />

proprietárias <strong>de</strong> suas casas, cujos chefes estão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> faixa etária e o total<br />

<strong>de</strong> famílias cujo chefe estão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa mesma faixa etária.<br />

Também os autores apontam como relevante a influência <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> preço <strong>do</strong><br />

aluguel (Rt), pois a interação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> habitação com o <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

habitação se processa principalmente através <strong>do</strong> comportamento <strong>de</strong>sse indica<strong>do</strong>r: quanto<br />

maior o valor <strong>do</strong> aluguel, maior será a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por habitação em forma <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Dessa<br />

forma, como sugerem os autores, a função <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> fica revista para a notação abaixo<br />

especifica<strong>da</strong>, on<strong>de</strong> a estimação <strong>de</strong>ve fornecer sinais positivos para as novas variáveis incluí<strong>da</strong>s<br />

no mo<strong>de</strong>lo (Rt e OWN):<br />

Qd = f ( Ht, Yt , Pt , Ut , Rt , OWN ) (04)<br />

3.2 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Preços Hedônicos<br />

A função <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> imobiliária tem como um <strong>do</strong>s principais componentes o<br />

preço, acerca <strong>do</strong> qual a literatura <strong>de</strong> economia urbana centra suas investigações. Para Lucena<br />

(1985), o bem habitação é <strong>de</strong>composto em uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> finita <strong>de</strong> categorias, acerca <strong>da</strong> qual<br />

se <strong>de</strong>riva utili<strong>da</strong><strong>de</strong>. O preço final <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> característica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> pela<br />

mesma. A dinâmica no composto entre ren<strong>da</strong> e preferências individuais, segun<strong>do</strong> o autor,<br />

levaria os indivíduos a comporem seus estoques individuais.<br />

A análise <strong>de</strong> preço exce<strong>de</strong> o que comumente é objetivamente utiliza<strong>do</strong> como<br />

característica importante na formação <strong>do</strong> preço pelos agentes <strong>de</strong> avalia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> -<br />

geralmente características físicas, existin<strong>do</strong> um composto <strong>de</strong> bens associa<strong>do</strong>s àquela habitação<br />

com <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> nível <strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> no consumi<strong>do</strong>r.<br />

A abor<strong>da</strong>gem <strong>do</strong>s <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong> ou <strong>preços</strong> implícitos <strong>de</strong>riva <strong>da</strong> contribuição<br />

ofereci<strong>da</strong> por Lancaster (1971), o qual afirmou que as intrínsecas características que fazem <strong>de</strong><br />

um bem particularmente diferente <strong>de</strong> outro estavam omiti<strong>da</strong>s <strong>de</strong> teoria. Para o autor, os bens<br />

são medi<strong>do</strong>s pelas suas características (restritas àquelas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s que se mostram<br />

relevantes para a escolha <strong>da</strong>s pessoas) e o consumi<strong>do</strong>r exerce preferências a partir <strong>de</strong>sses<br />

fatores, maximizan<strong>do</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O autor conclui que os bens possuem a eles intrínsecos, ou po<strong>de</strong>m oferecer,<br />

múltiplas características em proporções fixas e são essas características, não os produtos em<br />

si, que geram preferências nos consumi<strong>do</strong>res, residin<strong>do</strong> nesse ponto a principal inovação<br />

teórica <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> Lancaster.<br />

Porém, a abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong> foi marca<strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mentalmente com o<br />

trabalho <strong>de</strong> Rosen (1974), que fun<strong>da</strong>menta sua tese em <strong>do</strong>is pilares básicos: o fato <strong>do</strong> produto<br />

ser objetivamente medi<strong>do</strong> por um vetor <strong>de</strong> características e tais <strong>preços</strong> <strong>do</strong>s produtos<br />

observa<strong>do</strong>s e suas características ou atributos <strong>de</strong>finirem o chama<strong>do</strong> preço hedônico ou preço<br />

implícito. Bens seriam valora<strong>do</strong>s pelo leque <strong>de</strong> produtos ofereci<strong>do</strong>s porque essa diferenciação<br />

é importante para os agentes. Esses bens, por fim, po<strong>de</strong>m ser trata<strong>do</strong>s como um pacote <strong>de</strong><br />

características e os observa<strong>do</strong>s <strong>preços</strong> <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser compara<strong>do</strong>s com essas<br />

características, revelan<strong>do</strong> a estrutura <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>.<br />

O merca<strong>do</strong> concorrencial, segun<strong>do</strong> a teoria, se caracteriza por uma classe <strong>de</strong> bens<br />

que são <strong>de</strong>scritos por n atributos ou características. Os componentes <strong>de</strong>sse vetor são assim<br />

medi<strong>do</strong>s como se ca<strong>da</strong> característica fosse avalia<strong>da</strong> igualmente por ca<strong>da</strong> consumi<strong>do</strong>r. Porém,<br />

há diferenças <strong>de</strong> valoração <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> “pacote <strong>de</strong> características” por ca<strong>da</strong> agente <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

Ca<strong>da</strong> produto possui parcela <strong>de</strong> participação no preço <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e está associa<strong>do</strong><br />

a um valor fixo <strong>do</strong> vetor q, revelan<strong>do</strong> implicitamente uma função p(q) = p (q1, q2, ..., qn)<br />

relacionan<strong>do</strong> <strong>preços</strong> e características. Essa função equivale a uma regressão <strong>de</strong> <strong>preços</strong><br />

<strong>hedônicos</strong>, obti<strong>da</strong> <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> comparação entre <strong>preços</strong> com diferentes características.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong>, com relação à <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, supõe a<br />

existência <strong>de</strong> um bem com um valor particular <strong>do</strong> vetor q <strong>de</strong> características. A função<br />

9


utili<strong>da</strong><strong>de</strong> (estritamente côncava) assume, então, a notação U (c, q1, q2, ...,qn), em que c<br />

representa to<strong>do</strong>s os outros bens consumi<strong>do</strong>s e q o vetor <strong>de</strong> características associa<strong>da</strong>s.<br />

De acor<strong>do</strong> com Dantas (2003, p. 19-20), a restrição orçamentária <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r é<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> pela expressão y = c + p(q). A maximização <strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r requer a<br />

escolha ótima <strong>de</strong> c e (q1, q2, ...,qn), <strong>de</strong> tal forma que satisfaça a restrição orçamentária <strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Formalmente, tem-se, na ótica <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> 5 , a função:<br />

Max U ( c , q ), sujeito a y = c + p(q) (05)<br />

A condição <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> problema <strong>de</strong> maximização <strong>da</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> acima<br />

especifica<strong>do</strong> <strong>de</strong>riva na relação especifica<strong>da</strong> em (06):<br />

∂ ∂q<br />

= P = U U i = 1,<br />

2,.....,<br />

n.<br />

06)<br />

P i q c<br />

i i<br />

on<strong>de</strong> Pi é o preço hedônico <strong>do</strong> atributo i <strong>da</strong> habitação, sen<strong>do</strong> que as condições <strong>de</strong> segun<strong>da</strong><br />

or<strong>de</strong>m são satisfeitas, sob hipóteses simples, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Rosen (1974).<br />

P, θ<br />

P*, θ∗<br />

u < u*<br />

q* 1<br />

P(q 1 , q* 2 ... , q* n, u*),<br />

∂p/q 1 = p 1<br />

u > u*<br />

θ (q 1 , q* 2 ... , q* n, u*),<br />

Característica q 1<br />

Preço hedônico<br />

Figura 2 - Função Dispêndio e o Preço Hedônico<br />

O problema requer essencialmente uma contextualização espacial. Rosen (1974),<br />

nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>fine a função dispêndio (bid function), como sen<strong>do</strong> θ (q1, q2, ...,qn; u, y), <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com :<br />

U( y – θ, q1, q2, ...,qn ) = u* (07)<br />

on<strong>de</strong> u* é uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> ótima <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong>. O consumi<strong>do</strong>r pagará por alternativos<br />

valores <strong>de</strong> (q1, q2, ...,qn) a um nível <strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> e ren<strong>da</strong> representa<strong>do</strong> por θ (q; u, y). Temse,<br />

então, uma família <strong>de</strong> curvas <strong>de</strong> indiferença relacionan<strong>do</strong> a característica qi e o preço pago<br />

(figura 3). Diferencian<strong>do</strong> 6 a função <strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong>, são obti<strong>da</strong>s as seguintes relações:<br />

θqi =Uqi /Uc > 0, θu = – 1 / Uc < 0, e θy = 1 (08)<br />

Para o mo<strong>de</strong>lo, θqi é a taxa marginal <strong>de</strong> substituição entre a característica qi e o<br />

dinheiro, revelan<strong>do</strong> o preço <strong>de</strong> reserva <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r por uma porção adicional<br />

<strong>do</strong> vetor <strong>de</strong> características qi.<br />

5<br />

Uma apresentação <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> oferta e o equilíbrio <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para a abor<strong>da</strong>gem hedônica<br />

po<strong>de</strong>m ser vistos em Rosen (1974).<br />

6<br />

Defini<strong>da</strong> uma bid function θ (q1, ... , qn) para uma utili<strong>da</strong><strong>de</strong> u*, as seguintes relações são<br />

encontra<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Goodman (2000):<br />

U (c, q) = U ( y - θ, q) = u*<br />

1. ∂θ / ∂qi = Uqi /Uc 2. ∂ θ / ∂ y = 1 3. ∂ θ / ∂ u* = -1/Uc.<br />

10


P, θ<br />

Figura 4 - Dimensão <strong>do</strong> Equilíbrio <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r<br />

Fonte: Rosen (1974, p. 39)<br />

P(q P(q1, 1, q* 2... 2... , q* n, u*),<br />

θ 2 θ (q1 , q* 2 ... , q* n, u* q )<br />

2 (q1 , q* 2 ... , q* n, u* q )<br />

θ 1 θ (q1 , q* 2 ... , q* n; u* 1 )<br />

1 (q1 , q* 2 ... , q* n; u* 1 )<br />

O nível <strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> é maximiza<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> θ (q*; u*, y) = p (q*) e θqi (q*; u*, y)<br />

= pi*(q*), i = 1, ..., n, on<strong>de</strong> q* e u* são as quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s ótimas. Com efeito, a localização<br />

ótima no plano (q) ocorre quan<strong>do</strong> as curvas p(q) e θ (q*; u*, y) se tangenciam, como mostra a<br />

figura 4, on<strong>de</strong> <strong>do</strong>is consumi<strong>do</strong>res são representa<strong>do</strong>s com diferentes valores para θ.<br />

O trabalho <strong>de</strong> Rosen (1974) coinci<strong>de</strong> com a segmentação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

concorrencial nos valores <strong>da</strong><strong>do</strong>s aos produtos e busca <strong>do</strong>s mesmos nas especificações a eles<br />

inerentes, como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> equilíbrio espacial. Merca<strong>do</strong>s implícitos, portanto,<br />

são cria<strong>do</strong>s para características como “oferta <strong>de</strong> serviços públicos”, “acesso a comércio”,<br />

“quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> quartos” etc.<br />

As preferências individuais po<strong>de</strong>m compor a função utili<strong>da</strong><strong>de</strong> com a notação U (c1,<br />

q1, ..., .qn; α), em que α é o parâmetro que diferencia um consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> outro, na vertente <strong>de</strong><br />

seus gostos individuais. O equilíbrio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá tanto <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> (y), como <strong>de</strong> (α) e o conjunto<br />

<strong>da</strong>s famílias, nesse ponto, <strong>de</strong>termina um conjunto <strong>de</strong> <strong>preços</strong> implícitos <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para a<br />

característica q.<br />

O mo<strong>de</strong>lo proposto por Rosen, por fim, admite a influência <strong>de</strong> variáveis exógenas<br />

<strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> (vetor Y1) e <strong>da</strong> oferta (vetor Y2), sen<strong>do</strong> que os <strong>preços</strong> marginais são estima<strong>do</strong>s<br />

pela função Fi (q, Y1) para <strong>de</strong>man<strong>da</strong> e Gi (q, Y2) para oferta, assumin<strong>do</strong> a seguinte notação no<br />

equilíbrio <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que i = 1, ..., n e ignoran<strong>do</strong>-se os termos aleatórios:<br />

on<strong>de</strong>:<br />

pi (q) = Fi(q1, ..., qn, Y1) (<strong>de</strong>man<strong>da</strong>) (09)<br />

pi (q) = Gi(q1, ..., qn, Y2) (oferta) (10)<br />

pi = preço <strong>do</strong>s i argumentos<br />

Fi = função aos argumentos <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />

Qn = n atributos que compõem <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> bem<br />

Y1 = vetor <strong>de</strong> variáveis exógenas <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><br />

Y2 = vetor <strong>de</strong> variáveis exógenas <strong>da</strong> oferta<br />

Gi = função aos argumentos <strong>da</strong> oferta.<br />

As etapas para estimação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo são discrimina<strong>da</strong>s a seguir: inicialmente,<br />

estima-se p(q), sem consi<strong>de</strong>rar Y1 e Y2, calculan<strong>do</strong>-se uma regressão <strong>do</strong>s <strong>preços</strong> P, conforme<br />

os diversos atributos observa<strong>do</strong>s, registran<strong>do</strong>-se a estimação resultante <strong>da</strong> função p(q) como<br />

p^(q). Os diversos <strong>preços</strong> implícitos marginais ∂p(q)/ ∂qi = pi^(q) são computa<strong>do</strong>s para,<br />

finalmente, utilizar-se os <strong>preços</strong> pi^(q) como variáveis endógenas, no segun<strong>do</strong> estágio <strong>da</strong><br />

q1<br />

11


estimação simultânea <strong>da</strong>s equações <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> e oferta.<br />

3.3 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Custo <strong>de</strong> Oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Capital Ajusta<strong>do</strong> ao Risco<br />

A abor<strong>da</strong>gem <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Determinação <strong>de</strong> Preços <strong>do</strong>s Ativos <strong>de</strong> Capital<br />

(CAPM) para carteiras imobiliárias é justificável, em razão <strong>da</strong> representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que os<br />

imóveis tem no merca<strong>do</strong> global <strong>de</strong> ativos, sen<strong>do</strong> também influencia<strong>do</strong>s por níveis <strong>de</strong> risco e<br />

retorno (KULLMANN, 2003). Tal mo<strong>de</strong>lo auxilia o cálculo <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

capital <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r para ajudá-lo a consi<strong>de</strong>rar o risco em situações práticas sobre <strong>de</strong>cisões<br />

<strong>de</strong> investimento (BREALEY; MYERS, 1992). Como o risco <strong>de</strong>termina <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong><br />

investimento, <strong>de</strong>ve exercer influência no preço a que está disposto a pagar pela habitação.<br />

Porém, como a função-preço também é uma série <strong>de</strong> <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong>, há provavelmente<br />

influência <strong>de</strong>ssa variável na formação <strong>do</strong> preço para maximização <strong>da</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> agente.<br />

Nesse contexto, Varian (2000, p.251) explica que, na escolha ótima <strong>do</strong> risco e<br />

retorno, a inclinação <strong>da</strong> curva <strong>de</strong> indiferença <strong>de</strong>ve ser igual à inclinação <strong>da</strong> reta orçamentária.<br />

(figura 4). Segun<strong>do</strong> o autor, essa inclinação po<strong>de</strong>ria ser chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> preço <strong>do</strong> risco, uma vez<br />

que mensura como o consumi<strong>do</strong>r aloca suas preferências a partir <strong>do</strong> momento que monta o<br />

seu portfólio. Formalmente, esse preço <strong>do</strong> risco é <strong>da</strong><strong>do</strong> por: P = ( rm<br />

− rf<br />

) σ m (11)<br />

on<strong>de</strong>: P = preço <strong>do</strong> risco; rm = retorno <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para uma alocação x; rf = retorno <strong>do</strong> ativo<br />

sem risco; σm = <strong>de</strong>svio-padrão <strong>do</strong> retorno.<br />

Na escolha ótima, a taxa marginal <strong>de</strong> substituição entre risco e retorno tem <strong>de</strong> ser<br />

igual ao preço <strong>do</strong> risco. Conclui ain<strong>da</strong> que risco é um bem como outro qualquer, uma vez<br />

que as pessoas negociam no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> ativos o nível individual <strong>de</strong> exposição ao risco.<br />

Retorno<br />

médio<br />

r m<br />

r x<br />

r f<br />

Curvas <strong>de</strong> Indiferença<br />

σ x<br />

σ m<br />

Reta orçamentária<br />

Inclinação = r m - r f<br />

σ m<br />

Desvio-padrão <strong>do</strong> retorno<br />

Figura 4 - Risco e Retorno <strong>de</strong> Ativos<br />

Fonte: Varian (2000, p. 251)<br />

O valor <strong>de</strong> um ativo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>da</strong> forma como ele se relaciona com os outros<br />

ativos. O risco <strong>de</strong> um ativo com relação ao merca<strong>do</strong> como um to<strong>do</strong> é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pelo seu<br />

Beta, que é formalmente calcula<strong>do</strong> como: β i = Cov( ri<br />

, rm<br />

) Var( rm<br />

)<br />

(12)<br />

on<strong>de</strong>: βi = risco <strong>do</strong> ativo i; ri = retorno <strong>do</strong> ativo i; rm = retorno <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

Para medir a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> total <strong>de</strong> risco inerente a qualquer ativo, <strong>de</strong>ve-se<br />

multiplicar o β pelo risco <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> (σ), sen<strong>do</strong> o risco <strong>do</strong> ativo <strong>da</strong><strong>do</strong> pela expressão βiσm.<br />

Por sua vez, o custo <strong>de</strong>sse risco é obti<strong>do</strong> pelo produto entre a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> total <strong>de</strong> risco (βiσm)<br />

e o preço <strong>do</strong> risco (P), fornecen<strong>do</strong> o chama<strong>do</strong> ajuste <strong>do</strong> risco:<br />

ajuste <strong>do</strong> risco = βiσm P (13)<br />

Substituin<strong>do</strong>-se na equação (13) a notação <strong>de</strong> preço <strong>do</strong> risco (P) <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> na<br />

equação (11), a seguinte relação é obti<strong>da</strong>:<br />

ajuste <strong>do</strong> risco = βi(rm – rf ) (14)<br />

on<strong>de</strong>: βi = risco <strong>do</strong> ativo i; rf = retorno <strong>do</strong> ativo sem risco; rm = retorno <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

Na condição <strong>de</strong> equilíbrio <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ativos <strong>de</strong> risco, to<strong>do</strong>s os ativos<br />

12


possuem similar taxa <strong>de</strong> retorno ajusta<strong>da</strong> ao risco 7 . Para <strong>do</strong>is ativos i e j com taxas <strong>de</strong> retorno<br />

ri e rj e betas βi e βj, a equação (15) terá <strong>de</strong> ser satisfeita no equilíbrio<br />

ri - βi (rm - rf ) = rj - βj (rm - rf )<br />

No ponto <strong>de</strong> equilíbrio, os retornos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is ativos ajusta<strong>do</strong>s pelo risco <strong>de</strong>vem (15) ser<br />

iguais, sen<strong>do</strong> que o ajuste <strong>do</strong> risco é <strong>da</strong><strong>do</strong> pela equação (14). Com efeito, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a<br />

proposição <strong>de</strong> que o β <strong>de</strong> um ativo sem risco (aqui <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> βf) é igual a 0 (sem risco),<br />

para qualquer ativo i, no equilíbrio, <strong>de</strong>ve-se ter:<br />

ri - βi (rm - rf ) = rf - βf (rm - rf ) = rf<br />

a qual, reor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>, resulta na equação (17), inferin<strong>do</strong>-se que o retorno espera<strong>do</strong> (16) <strong>de</strong><br />

qualquer ativo tem <strong>de</strong> ser igual à taxa <strong>de</strong> retorno sem risco mais o ajuste <strong>do</strong> risco.<br />

ri = rf + βi (rm - rf )<br />

O último termo <strong>da</strong> equação mensura o grau <strong>de</strong> retorno adicional que as pessoas (17)<br />

exigem para incorrerem no risco intrínseco a esse ativo <strong>de</strong> risco (VARIAN, 2000). O termo ri<br />

também representa a taxa <strong>de</strong> remuneração <strong>do</strong>s acionistas <strong>da</strong> empresa. É a taxa a qual<br />

<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>sconta<strong>do</strong>s os fluxos <strong>de</strong> caixa gera<strong>do</strong>s por um projeto analisa<strong>do</strong>.<br />

No processo <strong>de</strong> estimação empírica aqui pretendi<strong>do</strong>, que busca estimar essa<br />

ameni<strong>da</strong><strong>de</strong> por parte <strong>do</strong> agente <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> investi<strong>do</strong>r, utiliza-se, porém, <strong>de</strong> hipóteses <strong>de</strong><br />

simplificação porque consi<strong>de</strong>ra somente o risco <strong>do</strong> ativo. Dessa forma, optou-se pela<br />

convenção <strong>de</strong> cálculo <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capital (ri) restrita ao Beta <strong>do</strong> ativo (βia).<br />

Formalmente, a equação que calcula o custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capital ajusta<strong>do</strong> ao risco<br />

assume no mo<strong>de</strong>lo econômico-financeiro <strong>de</strong> <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong> a seguinte notação a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> ao<br />

merca<strong>do</strong> imobiliário para mensuração <strong>de</strong>ssa variável:<br />

ri = rf + βia (rm - rf )<br />

on<strong>de</strong>:<br />

(18)<br />

ri = retorno <strong>do</strong> bairro i ajusta<strong>do</strong> ao risco ou custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capital; rf =<br />

retorno médio <strong>de</strong> um título <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> fixa; βia = beta ou nível <strong>de</strong> risco associa<strong>do</strong> ao bairro i;<br />

rm = retorno médio <strong>da</strong> carteira <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

4. ASPECTOS METODOLÓGICOS DOS MODELOS PARA O MERCADO<br />

IMOBILIÁRIO DE FORTALEZA<br />

4.1 A Função Deman<strong>da</strong><br />

A mo<strong>de</strong>lagem Fluxo-Estoque <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> na seção anterior foi aplica<strong>da</strong> para<br />

exercício <strong>de</strong> estimação empírica <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong> estoque imobiliário <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Fortaleza, utilizan<strong>do</strong>-se a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><strong>da</strong> em uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais 8 como série<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e calculan<strong>do</strong>-se as elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>s ren<strong>da</strong> e preço <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por habitações <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, avalian<strong>do</strong>-se o impacto sobre o merca<strong>do</strong> habitacional <strong>de</strong> variações na ren<strong>da</strong> familiar,<br />

no custo <strong>de</strong> aquisição e nos <strong>preços</strong>. A a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo simplifica<strong>do</strong> <strong>de</strong>u-se essencialmente<br />

pela indisponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> séries <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s paras as variáveis IDADE e ALUGUEL 9 para o<br />

perío<strong>do</strong> amostral seleciona<strong>do</strong>: meses <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1998 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1999. Referi<strong>do</strong> corte<br />

temporal foi realiza<strong>do</strong> em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse ter si<strong>do</strong> o único perío<strong>do</strong> sem que houvesse cortes<br />

abruptos na série <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong>s variáveis escolhi<strong>da</strong>s como <strong>de</strong>terminantes na função <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong>, que são: 1) Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> famílias (Ht); 2) Ren<strong>da</strong> média (Yt); 3) Custo associa<strong>do</strong> à<br />

habitação ou Utili<strong>da</strong><strong>de</strong> (Ut); 4) Preço médio <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> imobiliária (Pt).<br />

7 Caso um ativo possua taxa <strong>de</strong> retorno ajusta<strong>da</strong> ao risco maior <strong>do</strong> que <strong>de</strong> outro, to<strong>do</strong>s os<br />

investi<strong>do</strong>res optarão pelo ativo com maior taxa <strong>de</strong> retorno ajusta<strong>da</strong> pelo nível <strong>de</strong> risco. Portanto, no equilíbrio, as<br />

taxas <strong>de</strong>vem ser equaliza<strong>da</strong>s.<br />

8 Nas simulações realiza<strong>da</strong>s, a variável medi<strong>da</strong> em uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s mostrou um ajuste superior com<br />

relação à outra alternativa, que era a utilização <strong>do</strong> total <strong>de</strong> transações.<br />

9 O SECOVI-CE, embora reúna empresas <strong>do</strong> ramo <strong>de</strong> administração <strong>de</strong> locações, não possui em<br />

sua base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>preços</strong> <strong>de</strong> locação. Como a pesquisa <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> foi restringi<strong>da</strong> ao perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

24 meses, não se obteve fonte <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s para o preço médio <strong>do</strong> aluguel, assim como i<strong>da</strong><strong>de</strong>, que não era<br />

disponibiliza<strong>da</strong> nos <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong>quela Enti<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

13


Foi aqui introduzi<strong>da</strong> modificação no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> DiPasquale e Wheaton, a fim <strong>de</strong><br />

mensurar a existência <strong>de</strong> possíveis efeitos <strong>de</strong> ajustamento dinâmico na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

(ex.: uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> maior <strong>de</strong> pessoas compran<strong>do</strong> imóvel em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong><br />

merca<strong>do</strong>), como é <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> adiante. Dessa forma, testa-se se um possível indica<strong>do</strong>r<br />

disponível, o Índice <strong>de</strong> Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s (IVV) seria <strong>de</strong>terminante na formação <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong>, assumin<strong>do</strong> a função estima<strong>da</strong> a notação:<br />

Qd = f ( Ht, Yt , Pt , Ut , IVV ) (19)<br />

A pesquisa <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s é efetua<strong>da</strong> toman<strong>do</strong>-se por base a procura por imóveis<br />

efetivamente construí<strong>do</strong>s, ou seja, a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> imóveis <strong>de</strong>man<strong>da</strong><strong>da</strong> referente a metros<br />

quadra<strong>do</strong>s edifica<strong>do</strong>s. A base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s refere-se exclusivamente a imóveis novos (reposição),<br />

uma vez que não houve acesso a registros <strong>de</strong> imóveis usa<strong>do</strong>s, embora se reconheça a pouca<br />

representativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa parcela no estoque total.<br />

Ren<strong>da</strong>. Para a variável RENDA foi escolhi<strong>da</strong> como proxy a evolução <strong>do</strong> consumo<br />

médio por medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> energia elétrica na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza, referente ao perío<strong>do</strong><br />

seleciona<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com informações cedi<strong>da</strong>s pela COELCE. A base <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s original<br />

forneci<strong>da</strong> foi agrupa<strong>da</strong> por lotes (número total <strong>de</strong> 40 diferentes lotes) <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s a critério<br />

<strong>da</strong>quela concessionária, os quais foram <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente agrupa<strong>do</strong>s. A escolha <strong>da</strong> proxy consumo<br />

<strong>de</strong> energia elétrica para <strong>de</strong>monstrar variações na ren<strong>da</strong> já foi amplamente anteriormente pela<br />

literatura, como po<strong>de</strong> ser visto nas estimações empíricas conduzi<strong>da</strong>s por Lucena (1985) e<br />

Balarine (1996) 10 .<br />

Família. Para a variável FAMÍLIA, que estima o impacto <strong>do</strong> crescimento <strong>de</strong><br />

famílias na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> imóveis, foi utiliza<strong>da</strong> como proxy a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

medi<strong>do</strong>res disponíveis para faturamento na concessionária <strong>de</strong> energia elétrica. Na série<br />

utiliza<strong>da</strong>, o número médio mensal observa<strong>do</strong> é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1,5 milhão <strong>de</strong> famílias<br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> mensalmente por serviços habitacionais, com um <strong>de</strong>svio-padrão <strong>de</strong> 80.334.<br />

Utili<strong>da</strong><strong>de</strong>. De acor<strong>do</strong> com Rosen (1979), as taxas <strong>de</strong> juros hipotecárias têm si<strong>do</strong><br />

indica<strong>da</strong>s como influente na formação <strong>de</strong> ciclos habitacionais. A variável UTILIDADE foi<br />

aqui construí<strong>da</strong> com a composição <strong>da</strong> taxa básica divulga<strong>da</strong> pelo BACEN <strong>de</strong> 12% a.a. 11<br />

(capitalização mensal), utiliza<strong>da</strong> pelo SFH, conjuga<strong>da</strong> à aplicação <strong>da</strong> equação (20), geran<strong>do</strong><br />

um fator <strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> mensal par o consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> serviços habitacionais, <strong>de</strong>sconta<strong>do</strong>s os<br />

custos incorri<strong>do</strong>s.No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, a variável UTILIDADE (Ut) é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> com base<br />

na hipótese <strong>de</strong> que os agentes se comportarão <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o ciclo mais próximo. A média<br />

<strong>do</strong>s <strong>preços</strong> <strong>do</strong>s últimos <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s 12 é, <strong>de</strong>ssa forma, calcula<strong>da</strong> para a construção <strong>de</strong>ssa<br />

variável <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> a seguinte notação:<br />

Ut = Mt –1 / 2 [( Pt -1 - Pt –2 ) / (Pt –2 )+ (Pt -2 - Pt –1 ) / (Pt –1 )] (20)<br />

on<strong>de</strong> Mt é a taxa <strong>de</strong> juros utiliza<strong>da</strong> nos boletins <strong>do</strong> BACEN (CRUZ; SANTOS, 2000).<br />

Preço. A variável Preço Médio (Pt) é calcula<strong>da</strong>, segun<strong>da</strong> a SECOVI-CE, a partir<br />

<strong>do</strong> preço médio <strong>do</strong> imóvel negocia<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> imobiliário <strong>de</strong> Fortaleza, atualiza<strong>do</strong> pelo<br />

INCC <strong>da</strong> FGV para <strong>de</strong>zembro/2003, contra o valor médio <strong>da</strong> área privativa, geran<strong>do</strong> um<br />

preço-padrão <strong>do</strong> metro quadra<strong>do</strong> como estimativa <strong>de</strong> valoração <strong>da</strong> construção na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Fortaleza, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> o comportamento <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><strong>da</strong> total <strong>de</strong> imóveis.<br />

Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>s ou Ritmo <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong>. De acor<strong>do</strong> com DiPasquale e<br />

Wheaton (1994, p.6), “There is compelling evi<strong>de</strong>nce that the <strong>de</strong>mand si<strong>de</strong> of the market also<br />

10 Balarine (1996), porém, utiliza o consumo <strong>de</strong> energia elétrica como variável <strong>de</strong> controle, além <strong>da</strong><br />

própria ren<strong>da</strong> mensal média, tentan<strong>do</strong> explicar a contribuição macroeconômica na formação <strong>do</strong> estoque. Há<br />

indicações, porém, <strong>de</strong> forte correlação entre as variáveis ren<strong>da</strong> e consumo <strong>de</strong> energia, como <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> por<br />

Lucena (1985).<br />

11 Informação disponível em . Acesso em: 20 mar. 2004.<br />

12 Cruz e Santos (2000, p. 19) qualificam essa hipótese como “forte”, to<strong>da</strong>via fun<strong>da</strong>mentam sua<br />

utilização a partir <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s empíricos satisfatórios obti<strong>do</strong>s em trabalhos anteriores, inclusive por estimações<br />

realiza<strong>da</strong>s pelos próprios autores <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo original.<br />

14


<strong>do</strong>es not clear quicky. […] Gradual market clearing can easily be incorporated into the<br />

basic stock-flow mo<strong>de</strong>l with the addition of a price adjustment mechanism” (grifo nosso).<br />

A inclusão <strong>do</strong> ajustamento dinâmico é fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> nas características <strong>de</strong> heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

presentes no bem habitacional, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s fatores como custos, o tempo <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> 13 e a<br />

informação assimétrica por parte <strong>do</strong>s agentes – o que contribui para uma variância<br />

significativa nos <strong>preços</strong> até o alcance <strong>do</strong> equilíbrio. A estimação <strong>da</strong> função <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, para a<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza, portanto, po<strong>de</strong>ria requerer uma mensuração <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> ajustamento<br />

dinâmico <strong>do</strong>s agentes, evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> nas variações <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>. Para referi<strong>do</strong>s autores, não se<br />

po<strong>de</strong> aferir se a celeri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> serviços habitacionais <strong>de</strong>ve-se<br />

simplesmente à questão eminentemente merca<strong>do</strong>lógica ou à falta <strong>de</strong> sorte, pressupon<strong>do</strong>-se<br />

que, diante <strong>de</strong>sse contexto, ajustes rápi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>preços</strong> po<strong>de</strong>m não ser racionais. As estimações<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> e oferta, portanto, <strong>de</strong>vem levar esse fato em consi<strong>de</strong>ração. Com efeito, <strong>de</strong>ntre<br />

os indica<strong>do</strong>res disponíveis no merca<strong>do</strong> imobiliário <strong>da</strong> metrópole <strong>de</strong> Fortaleza, a série <strong>do</strong> IVV<br />

mostrou-se mais a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> para mensurar esse ajustamento dinâmico <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> habitação,<br />

passan<strong>do</strong> também a <strong>de</strong>terminar formação <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong> imóveis.<br />

4.2 Equações <strong>de</strong> Preços Hedônicos<br />

Para <strong>de</strong>limitar a pesquisa, consi<strong>de</strong>rou-se que somente se habilitariam a serem<br />

testa<strong>da</strong>s pelo mo<strong>de</strong>lo as observações cujas <strong>da</strong>tas <strong>de</strong> ocorrência ultrapassavam o marco<br />

cronológico convenciona<strong>do</strong> <strong>de</strong> 01/01/1995. A opção dá-se <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> a estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> propicia<strong>da</strong><br />

pelo Plano Real, <strong>de</strong>flagra<strong>do</strong> em julho <strong>de</strong> 1994, servin<strong>do</strong> como marco cronológico inicial para<br />

a pesquisa e propician<strong>do</strong> observações mais consistentes para matriz final <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s.<br />

Os imóveis seleciona<strong>do</strong>s para teste <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo apresenta<strong>do</strong> na seção anterior<br />

situam-se em diferentes en<strong>de</strong>reços <strong>do</strong>s bairros evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s na figura 1, no tocante a<br />

lançamentos imobiliários (apartamentos, salas e flat’s). Essa população possui como<br />

característica comum o fato <strong>de</strong> terem si<strong>do</strong> comercializa<strong>da</strong>s por empresas construtoras filia<strong>da</strong>s<br />

ao SECOVI-CE, além <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s ain<strong>da</strong> disponíveis em janeiro/2004 14 . No total <strong>de</strong><br />

edificações observa<strong>da</strong>s, foram observa<strong>da</strong>s 4.467 ocorrências, sen<strong>do</strong> 876 apartamentos<br />

resi<strong>de</strong>nciais, 1969 flats e 1622 salas comerciais. Ficaram excluí<strong>da</strong>s <strong>da</strong> amostra as casas e as<br />

lojas comerciais. O alcance <strong>da</strong> pesquisa no comportamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> edificações se<br />

mostra significante, incluin<strong>do</strong> 41 <strong>do</strong>s 112 bairros <strong>de</strong> Fortaleza.<br />

A seleção <strong>do</strong>s imóveis testa<strong>da</strong> pelo mo<strong>de</strong>lo buscou i<strong>de</strong>ntificar entre os macrosegmentos<br />

resi<strong>de</strong>ncial, comercial e terrenos, os componentes mais representativos - revelan<strong>do</strong><br />

preferências relevantes <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ssas habitações. Kullmann (2003) ressalta a<br />

importância <strong>da</strong> distinção entre essas categorias <strong>de</strong> imóveis, haven<strong>do</strong> [...] empirical evi<strong>de</strong>nce<br />

shows that these are different asset classes that are only weakly correlated with each other and<br />

respond to different economic forces”, enquanto Cruz e Santos (2000) afirmam que os fatores<br />

que influenciam os merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> habitação resi<strong>de</strong>ncial e não resi<strong>de</strong>ncial são distintos na ótica<br />

<strong>da</strong> oferta e <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>.<br />

Os terrenos mereceram um tratamento especial, em razão <strong>da</strong> inexistência <strong>de</strong><br />

registros pertinentes a esse segmento no SECOVI-CE, sen<strong>do</strong> reutiliza<strong>do</strong> banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

anteriormente tabula<strong>do</strong> por Sousa Filho (2002), colhi<strong>do</strong> através <strong>de</strong> pesquisa primária e<br />

constituí<strong>do</strong> pelas ofertas <strong>de</strong> terrenos em anúncios classifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> periódicos no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

1995 a 1998. Dessa forma, os elementos referentes a terrenos totalizaram 539 diferentes<br />

observações, alcançan<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 70 bairros na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Quanto à <strong>de</strong>finição <strong>da</strong>s variáveis <strong>de</strong> influência, é consenso que existe relevância<br />

na extrapolação <strong>da</strong> investigação <strong>do</strong>s <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong> com relação àquela ti<strong>da</strong>s como físicas,<br />

13 Para Abreu (2002), é necessário um lapso <strong>de</strong> tempo para que a transação imobiliária ocorra,<br />

sen<strong>do</strong> o comportamento ótimo <strong>do</strong>s compra<strong>do</strong>res e ven<strong>de</strong><strong>do</strong>res inconsistente com a imediata realização <strong>de</strong>ssas<br />

transações. Estima ain<strong>da</strong> o autor que os imóveis são ativos ilíqui<strong>do</strong>s, haven<strong>do</strong> um prazo médio <strong>de</strong> oito meses a<br />

três anos para que sejam negocia<strong>do</strong>s.<br />

14 Nesse caso, tomou-se como preço o valor <strong>de</strong> oferta <strong>do</strong> bem, como orienta<strong>do</strong> pelo SECOVI-CE.<br />

15


<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se a presença <strong>da</strong>s características locacionais como <strong>de</strong>terminantes. Tais<br />

características trariam em seu bojo a medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um elemento clássico em mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong><br />

economia urbana: o consumo <strong>de</strong> acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong> <strong>de</strong>ve ser<br />

especifica<strong>do</strong> o mais irrestrito possível, para se obter estimações fortes. As ameni<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou<br />

atrativos, como <strong>de</strong>nominam, sempre estarão incorpora<strong>da</strong>s no valor <strong>do</strong>s terrenos (CHESHIRE;<br />

SHEPPARD 15 apud FERREIRA NETO, 2002).<br />

No presente artigo, as regressões foram segmenta<strong>da</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os segmentos<br />

componentes <strong>de</strong> lançamentos realiza<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong>. A pesquisa é efetua<strong>da</strong> toman<strong>do</strong>-se por<br />

base a procura por imóveis componentes <strong>do</strong> novo estoque, uma vez que não foi possível o<br />

acesso a imóveis usa<strong>do</strong>s. Tal procedimento foi utiliza<strong>do</strong> por Ferreira Neto (2002) e<br />

Cavalcante, M. (2002). As variáveis escolhi<strong>da</strong>s foram as seguintes:<br />

Características Físicas. As variáveis físicas têm se mostra<strong>do</strong> como vetor<br />

significante para explicar preço <strong>da</strong> habitação, como amplamente divulga<strong>do</strong> pela literatura <strong>de</strong><br />

<strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong>. Foram seleciona<strong>do</strong>s aqui os seguintes indica<strong>do</strong>res: área privativa <strong>do</strong><br />

apartamento, quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> total <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> blocos <strong>da</strong> edificação (quan<strong>do</strong><br />

con<strong>do</strong>mínio), quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> apartamentos por pavimento e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> total <strong>de</strong> pavimentos.<br />

Trata-se <strong>de</strong> variáveis utiliza<strong>da</strong>s por Ferreira Neto (2002), Lucena (1985), Dantas(2003) e<br />

Rosiers e Thérriault (1995). Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram colhi<strong>do</strong>s no banco <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s disponibiliza<strong>do</strong> pelo<br />

SECOVI-CE, através <strong>da</strong> Central <strong>de</strong> Pesquisas e Informações (CENPIS), sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>spreza<strong>do</strong>s<br />

indica<strong>do</strong>res importantes, como a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong>res, número <strong>de</strong> quartos e números <strong>de</strong><br />

vagas <strong>de</strong> garagem, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> indícios <strong>de</strong> inconsistência nos registros. A variável i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

imóvel não foi avalia<strong>da</strong>, em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> amostra <strong>do</strong> SECOVI-CE restringir-se ao novo estoque.<br />

Ren<strong>da</strong>. Balarine (1995) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a Ren<strong>da</strong> <strong>de</strong>sempenha papel importante na<br />

composição <strong>do</strong> estoque habitacional. Para essa variável, foi aqui escolhi<strong>da</strong> como proxy <strong>da</strong><strong>do</strong><br />

disponibiliza<strong>do</strong> pela PMF referente à ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> chefe <strong>de</strong> família <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> bairro, referente ao<br />

ano <strong>de</strong> 1991, uma vez que o Censo IBGE 2000 não oferecia esse indica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> maneira<br />

objetiva, mas agrupa<strong>do</strong> em faixas <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que parte <strong>da</strong>s variáveis<br />

seleciona<strong>da</strong>s para o mo<strong>de</strong>lo foi coleta<strong>da</strong> no ano <strong>do</strong> Censo (principalmente as ameni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong>s<br />

bairros), proce<strong>de</strong>u-se à atualização <strong>do</strong>s valores vigentes em 1991 até o mês <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro/2000, numa tentativa <strong>de</strong> aproximação <strong>de</strong>ssa ren<strong>da</strong> média <strong>do</strong> responsável pela<br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong> familiar. No tocante, por fim, a essa variável, Lucena (1985) afirma que há<br />

suposições <strong>de</strong> que o indivíduo pon<strong>de</strong>ra com bastante relevância os aspectos <strong>de</strong> vizinhança,<br />

dispon<strong>do</strong>-se a pagar mais para se localizar em um local com padrão <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> mais eleva<strong>do</strong>.<br />

Consumo <strong>de</strong> Acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A interação com a vizinhança faz parte <strong>do</strong> cotidiano<br />

<strong>da</strong>s pessoas, <strong>de</strong> tal forma que os atributos <strong>da</strong> vizinhança afetam a constituição pessoal e a<br />

acumulação <strong>de</strong> capital econômico. Essa interação <strong>da</strong>s pessoas com o ambiente têm si<strong>do</strong> um<br />

<strong>do</strong>s principais pontos <strong>de</strong> investigação por parte <strong>do</strong>s <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem <strong>do</strong>s <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong><br />

(BAJARI; KAHN, 2003). O conjunto <strong>de</strong> ameni<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou consumo <strong>de</strong> acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s foi aqui<br />

segmenta<strong>do</strong> em UTILIDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE E LAZER. O valor encontra<strong>do</strong> para ca<strong>da</strong><br />

bairro (quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamentos urbanos) é pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pela população <strong>do</strong> bairro e, no caso<br />

<strong>da</strong>s escolas, esse número é revisto para a população com i<strong>da</strong><strong>de</strong> inferior a 19 anos. Com<br />

exceção <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> escolas, informa<strong>da</strong> pela SEDUC, os <strong>de</strong>mais <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

vetor <strong>de</strong> ameni<strong>da</strong><strong>de</strong>s foram levanta<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> pesquisa primária realiza<strong>da</strong> na Lista<br />

Telefônica Ano 2000 16 através <strong>de</strong> consulta às páginas amarelas 17 , que agrupariam os<br />

principais equipamentos urbanos gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> influência nos consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> imóveis,<br />

15<br />

CHESHIRE, P. & SHEPPARD S. On Price of Land and the Value of Amenities Economica, v.<br />

62, p.247-67, 1995.<br />

16<br />

Publicação <strong>da</strong> TELEMAR - Telecomunicações <strong>do</strong> Ceará S/A disponível para assinantes.<br />

17<br />

Embora não haja uma real garantia <strong>de</strong> que to<strong>do</strong>s os equipamentos urbanos no bairro estejam<br />

lista<strong>do</strong>s no catálogo, uma vez eu o serviço é pago. Porém, parte-se <strong>da</strong> hipótese <strong>de</strong> que os principais equipamentos<br />

urbanos representativos estariam presentes na lista telefônica oficial.<br />

16


segun<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia aqui a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> especificação <strong>de</strong><br />

localização correta <strong>do</strong> equipamento urbano no logra<strong>do</strong>uro informa<strong>do</strong> 18 foi cria<strong>do</strong> critério<br />

especial <strong>de</strong> compartilhamento <strong>de</strong> ameni<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o acesso a esses vetores <strong>de</strong> acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

visan<strong>do</strong> eliminar eventuais distorções 19 . A composição <strong>de</strong>ssa variável explicativa pesquisa a<br />

existência para os vetores utili<strong>da</strong><strong>de</strong> (supermerca<strong>do</strong>s, farmácias, pa<strong>da</strong>rias, postos <strong>de</strong> gasolina,<br />

agências bancárias e shopping centers), educação (escolas públicas ou particulares), saú<strong>de</strong><br />

(hospitais públicos e particulares, casas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e clínicas), lazer<br />

(restaurantes, bares, barracas, cafés, lancheterias, pizzarias, churrascarias, galeterias, cinemas,<br />

teatros, casas <strong>de</strong> espetáculo, clubes, estádios e boates).<br />

Distância ao Centro <strong>de</strong> Negócios. Em trabalhos anteriores <strong>de</strong> <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong>, a<br />

variável Distância ao CBD é constantemente incluí<strong>da</strong>, ten<strong>do</strong> se mostra<strong>do</strong> como uma <strong>da</strong>s mais<br />

significativas. De acor<strong>do</strong> com Ferreira e Lemos (2001), as variáveis chaves que explicam a<br />

alocação <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica no entorno <strong>do</strong> núcleo urbano são a ren<strong>da</strong> fundiária e os<br />

custos <strong>de</strong> transporte. Alonso (1964) a<strong>da</strong>ptou a abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> Von Thünen explican<strong>do</strong> a<br />

distribuição <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em torno <strong>de</strong> um lugar central. Para Lucena (1985), que analisou o<br />

merca<strong>do</strong> imobiliário <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, o processo <strong>de</strong> crescimentos <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s fez com que<br />

áreas mais antigas se localizassem em torno <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong> Negócios. No caso <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Fortaleza, <strong>da</strong><strong>do</strong> seu florescimento em torno <strong>de</strong> uma vila, esse fenômeno foi observa<strong>do</strong>,<br />

agrupan<strong>do</strong>-se essa urbanização em torno <strong>do</strong> centro as edificações e equipamentos urbanos<br />

mais antigos (GIRÃO, 1984). Atualmente, como se evi<strong>de</strong>ncia o fenômeno <strong>do</strong> multicentrismo<br />

na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza, o agrupamento em torno <strong>de</strong> um lugar central tem se <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong> para a<br />

região <strong>da</strong> Al<strong>de</strong>ota. Então, para construção <strong>de</strong>ssa variável explicativa, as distâncias <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

bairro foram aqui obti<strong>da</strong>s pela medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma linha reta no mapa cartográfico (escala<br />

1:21.0000) <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza ligan<strong>do</strong>-se o centro <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> bairro a <strong>do</strong>is pontos <strong>de</strong><br />

referência nos centros <strong>de</strong> negócios.<br />

Segurança. Buscan<strong>do</strong> mensurar o custo econômico <strong>da</strong> criminali<strong>da</strong><strong>de</strong> imposto ao<br />

indivíduo nos <strong>preços</strong> <strong>do</strong>s imóveis, foi realiza<strong>da</strong> consulta ao CIOPS para construção <strong>de</strong>ssa<br />

variável explicativa, que forneceu para os anos <strong>de</strong> 2002 e 2003 o único indica<strong>do</strong>r setoriza<strong>do</strong><br />

por bairro por ele, que são os homicídios em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrências por ca<strong>da</strong> bairro<br />

oficial <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza, que também é pon<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pela população <strong>do</strong> bairro.<br />

Densi<strong>da</strong><strong>de</strong> e Verticalização. A presença <strong>de</strong> altos índices <strong>de</strong> verticalização resulta<br />

em duas externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s negativas: o indício <strong>de</strong> alta concentração populacional e impacto<br />

ambiental no nível <strong>de</strong> ventilação <strong>do</strong> bairro. A construção <strong>da</strong> variável explicativa utilizou a<br />

área <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> bairro, em hectare, informa<strong>da</strong> pela SEINF, sen<strong>do</strong> calcula<strong>da</strong> a razão entre a<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>micílio e essa área ou a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas resi<strong>de</strong>ntes e a área. Para<br />

verticalização, foi colhi<strong>do</strong> no IBGE <strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> residências <strong>do</strong> tipo “apartamento” por<br />

ca<strong>da</strong> bairro oficial.<br />

Saneamento e Limpeza Urbana. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> saneamento foram colhi<strong>do</strong>s na<br />

CAGECE, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1995 a 2003, enquanto a análise <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> limpeza foi<br />

colhi<strong>da</strong> no IBGE, restringin<strong>do</strong>-se ao ano <strong>de</strong> 2000 e representa<strong>da</strong> pelo índice <strong>de</strong> <strong>do</strong>micílios<br />

atendi<strong>do</strong> por coleta <strong>do</strong>miciliar.<br />

Variáveis Qualitativas. Foram incluí<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> três variáveis qualitativas (dummy) para<br />

verificar se o imóvel: situa-se em corre<strong>do</strong>r comercial, localiza-se em área nobre ou o se o<br />

bairro possui praias.<br />

Custo <strong>de</strong> Oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Capital Ajusta<strong>do</strong> ao Risco. Para os bairros <strong>de</strong> Fortaleza,<br />

admite-se aqui a possível existência <strong>de</strong> um novo vetor <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminantes para um tipo especial<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>nte (o investi<strong>do</strong>r) revela que esse agente po<strong>de</strong>rá buscar o ajuste <strong>do</strong> risco em ca<strong>da</strong><br />

18 A lista telefônica não disponibiliza o nome <strong>do</strong> Bairro, somente <strong>do</strong> logra<strong>do</strong>uro.<br />

19 Essa distorção po<strong>de</strong> ser visualiza<strong>da</strong> com um equipamento urbano entre os bairros Farias Brito e<br />

Alagadiço, que po<strong>de</strong>ria gerar um erro <strong>de</strong> especificação entre essas locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s. O agrupamento, porém, elimina<br />

essa distorção e os <strong>do</strong>is bairros passam a compartilhar <strong>do</strong> mesmo vetor <strong>de</strong> acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

17


airro em que aplicar seus recursos, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> suas estimativas <strong>de</strong> fluxo <strong>do</strong> investimento<br />

e, portanto, <strong>de</strong>terminar esses <strong>preços</strong> finais negocia<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> imobiliário. O coeficiente<br />

Beta <strong>da</strong> equação é calcula<strong>do</strong> pelo crescimento espera<strong>do</strong> <strong>do</strong> valor patrimonial, ou seja, como o<br />

preço se comporta em relação ao merca<strong>do</strong>, como admiti<strong>do</strong> por Damo<strong>da</strong>ran (1997) e Brealey e<br />

Myers (1992). O merca<strong>do</strong> na análise é forma<strong>do</strong> pelo conjunto <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as negociações <strong>de</strong><br />

imóveis novos registra<strong>da</strong>s pelo SECOVI-CE (perío<strong>do</strong> 1995 a 200, que se mostrava mais<br />

completo e consistente) e o metro quadra<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> bairro é uma opção <strong>de</strong><br />

aplicação para o agente <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>. O retorno <strong>do</strong> bairro é calcula<strong>do</strong> pela variação média<br />

entre a variação <strong>de</strong> preço médio <strong>do</strong> metro quadra<strong>do</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> bairro analisa<strong>do</strong> mensalmente, na<br />

forma <strong>da</strong> equação (21), on<strong>de</strong> Pt é o preço <strong>de</strong> metro quadra<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> t e Pt-1 é o preço <strong>do</strong><br />

metro quadra<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> ou mês imediatamente anterior, replican<strong>do</strong>-se cotações <strong>de</strong> metro<br />

quadra<strong>do</strong> na hipótese <strong>de</strong> inexistir registros <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s:<br />

rb = [ ( 'pt / pt-1 ) – 1 ] x 100 (21)<br />

on<strong>de</strong>: rb = retorno <strong>do</strong> metro quadra<strong>do</strong> <strong>do</strong> bairro analisa<strong>do</strong>; pt = preço médio <strong>do</strong> metro<br />

quadra<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> t, pt-1 = preço médio <strong>do</strong> metro quadra<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> anterior a t.<br />

Vacância. A vacância é traduzi<strong>da</strong> pela proporção entre imóveis vagos e imóveis<br />

<strong>de</strong>socupa<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> espera<strong>do</strong> que o valor <strong>do</strong>s aluguéis varie inversamente com relação aos<br />

níveis <strong>de</strong> vacância. Buscou-se aqui uma aproximação <strong>da</strong> mensuração <strong>de</strong> imóveis <strong>de</strong>socupa<strong>do</strong>s<br />

por bairro através <strong>de</strong> cruzamento <strong>de</strong> duas diferentes fontes <strong>de</strong> informações para criação <strong>de</strong>ssa<br />

variável explicativa: a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>micílios existentes por bairros informa<strong>da</strong> pela SEINF<br />

(PMF) 20 e a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>micílios particulares permanentes com 1 até infinitos mora<strong>do</strong>res<br />

estima<strong>do</strong>s pelo IBGE (<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> Censo <strong>de</strong> 2000) e, assumin<strong>do</strong>-se a hipótese <strong>de</strong> que a diferença<br />

encontra<strong>da</strong> representa uma aproximação <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> imóveis vagos que, quan<strong>do</strong><br />

compara<strong>da</strong> ao estoque total, forneces indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> vacância setoriza<strong>do</strong>s por bairro.<br />

5. RESULTADOS DOS MODELOS PARA O MERCADO IMOBILIÁRIO DE<br />

FORTALEZA<br />

5.1 A Equação <strong>de</strong> Deman<strong>da</strong><br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> foi ajusta<strong>do</strong> por mínimos quadra<strong>do</strong>s ordinários, optan<strong>do</strong>-se<br />

pela aplicação <strong>de</strong> transformação logarítmica nos <strong>da</strong><strong>do</strong>s, uma vez que os coeficientes<br />

informa<strong>do</strong>s seriam as próprias elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>s calcula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> maneira direta com utilização <strong>do</strong><br />

procedimento <strong>de</strong> White para correção <strong>da</strong> heteroce<strong>da</strong>stici<strong>da</strong><strong>de</strong>. No ajustamento <strong>da</strong> equação na<br />

forma espera<strong>da</strong>, não se obteve o ajustamento espera<strong>do</strong>, não ten<strong>do</strong> as variáveis UTILIDADE e<br />

RENDA se mostra<strong>do</strong> significativas (ver tabela 2) e o sinal encontra<strong>do</strong> para FAMÍLIAS não<br />

tem suporte teórico (aumento <strong>de</strong> famílias implica o aumento <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><strong>da</strong>, ao<br />

invés <strong>do</strong> contrário). A UTILIDADE possui um impacto negativo na procura por imóveis<br />

(menor expectativa <strong>de</strong> valorização <strong>do</strong> preço <strong>do</strong> metro quadra<strong>do</strong> inferior ao custo <strong>do</strong> sistema<br />

financeiro resulta em menor disposição à <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por imóveis). Balarine (1995) justifica o<br />

sinal negativo <strong>de</strong> RENDA pela proxy escolhi<strong>da</strong> (o consumo <strong>de</strong> energia elétrica), uma vez que<br />

po<strong>de</strong>rá manter relação inversa com a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por imóveis, em razão <strong>do</strong> efeito<br />

substituição (consumo <strong>de</strong> outros bens faz diminuir os investimentos em habitações).<br />

TABELA 2 - Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Deman<strong>da</strong> por Imóveis na Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza<br />

Variáveis<br />

C Ren<strong>da</strong> Preço IVV UT Famílias<br />

Coeficientes 97.7661* -0.2145 -3.8193* 0.8199* -1.0795 -4.6702*<br />

N=24 R 2 =0,68 F=7,6* DW=1,7<br />

(*) significantes a, no máximo, 3%.<br />

Dessa forma, a forma funcional que se mostrou mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> assume a notação<br />

<strong>da</strong> tabela 3, e exclusão <strong>da</strong> variável UTILIDADE. Como se percebe, a variável FAMÍLIA<br />

20 Disponível em . Acesso em: 10 mar. 2004.<br />

18


continuou apresentan<strong>do</strong> sinal contrário ao espera<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> atribuí<strong>do</strong> a possíveis <strong>de</strong>ficiências<br />

na proxy utiliza<strong>da</strong> (número <strong>de</strong> medi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> energia). Também a amostra possui um tamanho<br />

reduzi<strong>do</strong> (24 meses), ten<strong>do</strong> Cruz e Santos (2000) qualifica<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>s curtos como uma<br />

fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> na estimação <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>. O sinal <strong>da</strong> variável PREÇO é o espera<strong>do</strong> (a alta<br />

precificação <strong>do</strong>s imóveis tem impacto negativo na função <strong>de</strong>man<strong>da</strong>). A variável IVV também<br />

possui o sinal espera<strong>do</strong> (maior a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, maior a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por imóveis).<br />

Pelos números estima<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>-se concluir que o merca<strong>do</strong> imobiliário <strong>de</strong> Fortaleza<br />

possui uma elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>-preço <strong>de</strong> 3,07, revelan<strong>do</strong> que o preço <strong>do</strong> metro quadra<strong>do</strong> tem<br />

influência significativa sobre o fluxo <strong>de</strong> novas habitações. A elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> atrela<strong>da</strong> à<br />

veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 0,88 revela que a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong><strong>da</strong> por imóveis na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Fortaleza mantém <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> ritmo <strong>de</strong> negócios <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. Tal observação empírica<br />

confirma proposição teórica <strong>de</strong> que os agentes atuam também <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a criação <strong>de</strong> um<br />

conjunto <strong>de</strong> percepções não necessariamente racionais <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

imobiliário. Por fim, a variável RENDA apresentou um coeficiente <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 0,09 na<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza, embora não tenha apresenta<strong>do</strong> significância estatística, provavelmente<br />

em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> possíveis <strong>de</strong>ficiências <strong>da</strong> proxy. Também o sinal negativo contrapõe a teoria,<br />

não obstante admitir-se a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> efeito <strong>de</strong> substituição. Para essa variável-chave, o<br />

exercício <strong>de</strong> estimação <strong>de</strong>ve ser refeito a partir <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> um outro medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> e,<br />

possivelmente, com prazo maior <strong>de</strong> análise, <strong>de</strong> forma a se corrigir os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s.<br />

TABELA 3 - Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>lo Final <strong>de</strong> Deman<strong>da</strong> por Imóveis na Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza<br />

Variáveis<br />

C Preço Ren<strong>da</strong> Famílias IVV<br />

Coeficientes 103.5736* -3.0739* -0.0944 -5.4876* 0.8882*<br />

N=24 R 2 =0,66 F=9,1 DW=1,8<br />

(*) Significantes a, no máximo, 2%.<br />

5.2 Equações <strong>de</strong> Preços Hedônicos<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong> foi ajusta<strong>do</strong> por mínimos quadra<strong>do</strong>s ordinários,<br />

optan<strong>do</strong>-se pela forma funcional semi-log utilização <strong>do</strong> procedimento <strong>de</strong> White, para correção<br />

<strong>do</strong> problema <strong>da</strong> heteroce<strong>da</strong>stici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Inicialmente, a estimação foi efetua<strong>da</strong> pela sua forma<br />

irrestrita, os resulta<strong>do</strong>s são analisa<strong>do</strong>s e, a partir <strong>da</strong>í, parte-se para a busca <strong>da</strong> melhor ajuste<br />

àquele segmento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> imobiliário.<br />

As tabelas 4, 5, 6 e 7 apresentam os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s apurações individuais<br />

realiza<strong>da</strong>s para o mo<strong>de</strong>lo, segui<strong>da</strong> pelas principais inferências sobre o comportamento <strong>da</strong>quele<br />

segmento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> imobiliário.<br />

Apartamentos. Foram excluí<strong>da</strong>s as variáveis nobreza, utili<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

populacional, praia, corre<strong>do</strong>r comercial, verticalização, quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> total <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

segurança que não se mostraram estatisticamente significantes. Deve ain<strong>da</strong> haver indícios <strong>de</strong><br />

preocupação com externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s ambientais (ex.: praias e grau <strong>de</strong> maresia) e aos tráfegos<br />

presentes em gran<strong>de</strong>s corre<strong>do</strong>res comerciais. A presença <strong>de</strong> escolas no bairro, para esse<br />

consumi<strong>do</strong>r, parecer comprometer a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> vizinhança. O consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> apartamentos<br />

resi<strong>de</strong>nciais busca espaços maiores e menor concentração <strong>de</strong> pessoas, no que diz respeito à<br />

micro-concentração (gran<strong>de</strong>s con<strong>do</strong>mínios) e concentração <strong>do</strong>miciliar alta. Destaca-se a<br />

importância <strong>da</strong><strong>da</strong> por este consumi<strong>do</strong>r ao grau <strong>de</strong> lazer que é ofereci<strong>do</strong> pelo bairro, enquanto a<br />

proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> a centros comerciais assume importância primaz. As variáveis ren<strong>da</strong> e<br />

saneamento apresentaram sinal contrapon<strong>do</strong> a teoria. Por fim, a exclusão <strong>da</strong> variável utili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

parece indicar que o consumi<strong>do</strong>r não consi<strong>de</strong>ra o acesso a esses tipos <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s um<br />

aspecto importante. Talvez porque tenha essa necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> supri<strong>da</strong> apenas pela característica<br />

distância ao centro.<br />

Flats. Os números <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo para os flats espelham importância a fatores como<br />

espaço interno, saneamento, presença em corre<strong>do</strong>res comerciais, limpeza, como é espera<strong>do</strong><br />

19


pela teoria. A presença <strong>de</strong> escolas parece atuar como fonte <strong>de</strong> <strong>de</strong>saglomeração no bairro para<br />

o consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> flats, que se dispõe a pagar pela distância <strong>do</strong>s centros comerciais (talvez em<br />

virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> perfil <strong>do</strong> mora<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> imóvel). Para esse segmento, a variável uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

totais não foi consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> importante, o que é espera<strong>do</strong> teoricamente, uma vez que o mora<strong>do</strong>r<br />

<strong>de</strong> flat já sabe que tem implícito à sua <strong>de</strong>cisão a eleva<strong>da</strong> vizinhança <strong>de</strong> apartamentos.<br />

Salas comerciais. O ajuste <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>u-se com a exclusão <strong>da</strong>s variáveis<br />

segurança e escolas, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> novamente que a presença <strong>de</strong> escolas parece atuar como<br />

um fator que <strong>de</strong>sfavorece a atração <strong>do</strong> capital imobiliário – nesse caso comercial. O sinal <strong>da</strong><br />

variável saneamento está em contraponto à teoria econômica e o consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> salas<br />

comerciais <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza parece estar fortemente influencia<strong>do</strong> pela presença em um<br />

corre<strong>do</strong>r comercial, como se espera na teoria. A relação <strong>de</strong> maior uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s (variáveis<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pavimentos e uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s totais) traduz-se em maior precificação provavelmente<br />

pelo fato <strong>de</strong> tal condição representar um menor custo <strong>de</strong> con<strong>do</strong>mínio. Por fim, como se<br />

espera, o efeito ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> bairro na precificação <strong>do</strong>s imóveis é positivo.<br />

Terrenos. Esse segmento apresentou problemas <strong>de</strong> multicolineari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas<br />

variáveis (distância Al<strong>de</strong>ota, distância Centro, coleta, <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> populacional, lazer, nobreza,<br />

praia, saú<strong>de</strong>, segurança, utili<strong>da</strong><strong>de</strong> e verticalização), que foram <strong>de</strong>spreza<strong>da</strong>s. Para as <strong>de</strong>mais<br />

variáveis, os resulta<strong>do</strong>s são espera<strong>do</strong>s, uma vez que, como terrenos, alguns insumos afetos à<br />

ocupação não <strong>de</strong>vem se mostrar importantes, como é o exemplo <strong>da</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Enquanto a<br />

ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> bairro exerce importância, confronta a teoria e o comportamento típico <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> a<br />

presença <strong>de</strong> um sinal negativo na variável corre<strong>do</strong>r, indican<strong>do</strong> supostamente que a presença<br />

em um corre<strong>do</strong>r se traduziria em diminuição <strong>de</strong> <strong>preços</strong>.<br />

TABELA 4 – Estimativa Final <strong>da</strong> Equação <strong>de</strong> Preço para Apartamentos<br />

Variável Coeficiente Variável Coeficiente<br />

C 12.5113*<br />

ARACTERÍSTICAS FÍSICAS CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS<br />

AREA 0.0064* COLETA -0.5395*<br />

QTDPAV 0.0044* DENSID -0.0019** N=876<br />

APTPAV -0.0324* RENDA -0.00012** R 2 =0,84<br />

BLOCOS -0.0448* SANEAMENTO -0.0803* F=351,3<br />

CARACTERÍSTICAS LOCACIONAIS SAÚDE -35.7822* DW=1,5<br />

DISTALDEOTA -0.1014* ESCOLAS -29.7899*<br />

DISTCENTRO -0.0264*<br />

LAZER 16.396*<br />

(*) Significante a 1%; (**) Significante a 3%.<br />

TABELA 5 – Estimativa Final <strong>da</strong> Equação <strong>de</strong> Preço para Flats<br />

Variável Coeficiente Variável Coeficiente<br />

C 3.8050*<br />

ARACTERÍSTICAS FÍSICAS CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS<br />

AREA 0.0219* COLETA 3.7472*<br />

QTDPAV 0.0220* RENDA 0.00105* N=1969<br />

APTPAV 0.0206* SANEAMENTO 0.1073* R 2 =0,61<br />

BLOCOS ESCOLAS -174.462* F=311,3<br />

CARACTERÍSTICAS LOCACIONAIS DW=0,89<br />

DISTALDEOTA 1.1383*<br />

DISTCENTRO 0.1191*<br />

CORREDOR 0.0619*<br />

(*) Significante a 1%.<br />

20


TABELA 6 – Estimativa Final <strong>da</strong> Equação <strong>de</strong> Preço para Salas Comerciais<br />

Variável Coeficiente Variável Coeficiente<br />

C 9.6503* CARACTERÍSTICAS LOCACIONAIS<br />

ARACTERÍSTICAS FÍSICAS DISTALDEOTA 0.1020* N=1622<br />

AREA 0.0186* CORREDOR 0.1367* R 2 =0,63<br />

QTDPAV 0.0128* CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS F=387,5<br />

UNITOT 0.00013* RENDA 0.0005* DW=1,2<br />

SANEAMENTO -0.4817*<br />

(*) Significante a 0,2%.<br />

TABELA 7 – Estimativa Final <strong>da</strong> Equação <strong>de</strong> Preço para Terrenos<br />

Variável Coeficiente Variável Coeficiente<br />

C 10.675* CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS<br />

ARACTERÍSTICAS FÍSICAS RENDA 8.61E-05* N=539<br />

AREA 0.0212* SANEAMENTO -0.2274* R 2 =0,73<br />

CARACTERÍSTICAS LOCACIONAIS ESCOLAS 232.59* F=286,8<br />

CORREDOR -0.1752* DW=1,3<br />

(*) Significante a 0,1%.<br />

Porém, parece haver alteração <strong>da</strong> composição <strong>da</strong>s variáveis hedônicas <strong>do</strong> imóvel,<br />

agora altera<strong>da</strong> pelo fato <strong>do</strong> agente <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> ter migra<strong>do</strong> para o outro segmento: utilização<br />

<strong>do</strong> bem habitação como investimento, ao invés <strong>do</strong>s serviços habitação, quan<strong>do</strong> diferentes<br />

<strong>preços</strong> são forma<strong>do</strong>s. Incorporan<strong>do</strong>-se o CUSTO DE OPORTUNIDADE DE CAPITAL e a<br />

TAXA DE VACÂNCIA, como variáveis <strong>de</strong> peso na cesta <strong>de</strong> bens <strong>do</strong> agen<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, ele<br />

parece se <strong>de</strong>slocar na curva <strong>de</strong> indiferença, indican<strong>do</strong> a possível realização <strong>de</strong> substituições 21 .<br />

Ficam excluí<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s componentes <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> preço fatores como ren<strong>da</strong>, ou<br />

seja, o investi<strong>do</strong>r, talvez pelo fato <strong>de</strong> não ir consumir diretamente os serviços habitacionais,<br />

exercen<strong>do</strong> somente o papel <strong>de</strong> proprietário, parece renunciar os atributos <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>do</strong> bairro,<br />

assim como a distância ao centro <strong>de</strong> negócios tradicional, quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pavimento e índice<br />

<strong>de</strong> saneamento. Por sua vez, incorporam-se ao mo<strong>de</strong>lo o custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capital<br />

como variável explicativa na formação <strong>do</strong> preço <strong>da</strong>quele imóvel, assim como a taxa <strong>de</strong><br />

vacância que, para o investi<strong>do</strong>r, representa uma ameaça à manutenção <strong>do</strong> seu fluxo <strong>de</strong><br />

receitas. O mo<strong>de</strong>lo ganha ain<strong>da</strong> o reforço <strong>de</strong> mais 4 outras variáveis econômicas não presentes<br />

na equação anterior: <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> populacional, segurança, quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> total <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

utili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Essas condições parecem indicar que esse agente <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> forma <strong>preços</strong> a partir<br />

<strong>de</strong> variáveis que influenciam diretamente no grau <strong>de</strong> atrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>quele imóvel: a facili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

a acessos comerciais, a segurança <strong>do</strong> bairro e a concentração populacional.<br />

No novo mo<strong>de</strong>lo, é importante ressaltar, to<strong>do</strong>s os sinais tiveram o comportamento<br />

espera<strong>do</strong>, em especial as 2 novas variáveis explicativas: à medi<strong>da</strong> em que aumenta a taxa <strong>de</strong><br />

vacância, os proprietários, pressiona<strong>do</strong>s pelo maior risco <strong>de</strong> quebra <strong>de</strong> fluxos <strong>de</strong> receitas,<br />

passarão a valorizar negativamente os imóveis. Quanto ao retorno, o raciocínio é <strong>de</strong> que os<br />

agentes investi<strong>do</strong>res, quanto maior for o custo <strong>de</strong> capital, ou seja, a que taxa ele <strong>de</strong>verá<br />

calcular os fluxos <strong>da</strong>quele projeto, menos atrativo será o imóvel. Se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa raiz <strong>de</strong><br />

valoração, o imóvel é menos atrativo, ele (investi<strong>do</strong>r) vai ao merca<strong>do</strong> oferecen<strong>do</strong> quantia<br />

abaixo <strong>do</strong> valor que equilibra oferta e <strong>de</strong>man<strong>da</strong> em condições perfeitas.<br />

Os terrenos também apresentam situação <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> composição <strong>de</strong> equação<br />

que explica os <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong>: na equação ajusta<strong>da</strong> para a formatação restrita <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo,<br />

observa-se que um <strong>do</strong>s fatores explicativos não possui significância: a taxa <strong>de</strong> vacância - uma<br />

observação empírica <strong>de</strong> uma situação condizente com a teoria, uma vez que uma <strong>da</strong>s<br />

21 Não foi possível a estimação <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> flats e salas comerciais, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s a fortes problemas <strong>de</strong><br />

multicolineari<strong>da</strong><strong>de</strong> entre as variáveis.<br />

21


TABELA 8 – Estimativas <strong>da</strong> Equação <strong>de</strong> Preço para Apartamentos<br />

Variável Coeficiente Variável Coeficiente<br />

C 12.799* CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS<br />

ARACTERÍSTICAS FÍSICAS COLETA -0.7658*<br />

AREA 0.0064* DENSID -0.0199*<br />

UNITOT 0.00038* DENSPOP 0.0067* N=879<br />

APTPAV -0.0384* SAÚDE -60.659* R 2 =0,84<br />

BLOCOS -0.0508* SEGURANCA -317.34** F=305,7<br />

CARACTERÍSTICAS LOCACIONAIS ESCOLAS -25.666* DW=1,9<br />

DISTALDEOTA -0.1034* CARACTERÍSTICAS FINANCEIRAS<br />

UTILIDADE 35.232* VACÂNCIA -0.2886*<br />

LAZER 23.613* COC -0.1413**<br />

(*) Significante a 0,5%; (**) significante a 1%.<br />

TABELA 9 – Novas Estimativas <strong>da</strong> Equação Final <strong>de</strong> Preço para Terrenos<br />

Variável Coeficiente<br />

C 11.075*<br />

ARACTERÍSTICAS FÍSICAS<br />

AREA 0.0001*<br />

CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS N=539<br />

RENDA 0.0016* R 2 =0,39<br />

CARACTERÍSTICAS FINANCEIRAS F=114,3<br />

COC -0.4749* DW=1,4<br />

(*) Significante a 0,02%.<br />

características principais <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> terrenos é a expectativa <strong>de</strong> valorização, passan<strong>do</strong><br />

a variável nível <strong>de</strong> vacância inerente àquele bairro específico per<strong>de</strong>r importância. Há<br />

incorporação <strong>da</strong> variável explicativa custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, porém parecem não haver<br />

importância ao nível <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> áreas edifica<strong>da</strong>s. Nesse caso, talvez o interesse<br />

esteja centra<strong>do</strong> nas condições <strong>de</strong> infra-estrutura urbana. Note-se, por fim, que as variáveis<br />

anteriormente componentes <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo corre<strong>do</strong>r, saneamento e escolas passaram a não ter<br />

mais significância estatística.<br />

CONCLUSÕES<br />

A análise microeconômica <strong>do</strong> perfil <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ativos possui importância porque auxilia na i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong>s preferências individuais,<br />

geran<strong>do</strong> menor assimetria <strong>de</strong> informações, tão comum ao merca<strong>do</strong> imobiliário, principalmente<br />

quan<strong>do</strong> se interage com um segmento i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> pela heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> em várias vertentes:<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s agentes, gostos individuais, forma <strong>de</strong> tributação, gestão administrativa,<br />

valoração etc. Daí a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s ativos imobiliários.<br />

O presente trabalho inicialmente teve a preocupação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar a função principal<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>da</strong> qual esse preço <strong>de</strong>rivaria, sen<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> um coeficiente <strong>de</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong>preço<br />

<strong>de</strong> (3,07) e elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> atrela<strong>da</strong> à veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 0,88, <strong>de</strong>notan<strong>do</strong> que o preço<br />

<strong>do</strong> metro quadra<strong>do</strong> tem forte influência sobre o fluxo <strong>de</strong> novas habitações e que a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong><strong>da</strong> por imóveis na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza mantém <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> ritmo <strong>de</strong> negócios <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong>, corroboran<strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> teorias que afirmam que os agentes atuam também <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com a criação <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> percepções não necessariamente racionais <strong>do</strong><br />

comportamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> imobiliário.<br />

Para a análise <strong>de</strong> <strong>preços</strong> <strong>hedônicos</strong>, o merca<strong>do</strong> imobiliário foi segmenta<strong>do</strong> em grupos<br />

individuais, forma<strong>do</strong> por flats, casas, terrenos e apartamentos, sen<strong>do</strong> que este último<br />

grupamento protagoniza os lançamentos imobiliários <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. As estimações revelaram que<br />

o consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> imóveis Fortaleza possui um perfil on<strong>de</strong> o nível <strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> ofereci<strong>do</strong> pela<br />

micro-localização, aqui entendi<strong>do</strong> como acesso a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s comerciais importantes, não se<br />

mostra como variável <strong>de</strong> importância para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> <strong>preços</strong> <strong>de</strong> equilíbrio.<br />

Houve evidências empíricas <strong>de</strong> que o consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> imóveis na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> leva aos<br />

22


<strong>preços</strong> sua preocupação com as externali<strong>da</strong><strong>de</strong>s negativas causa<strong>da</strong>s por alguns equipamentos<br />

urbanos, como é o caso <strong>do</strong>s equipamentos urbanos escolas (problemas <strong>de</strong> tráfego e poluição<br />

sonora), hospitais (lixo hospitalar) e até mesmo ambientais (caso <strong>da</strong>s praias). Por outro la<strong>do</strong>,<br />

os resulta<strong>do</strong>s levam a crer que o consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> imóveis prioriza o nível <strong>de</strong> lazer ofereci<strong>do</strong><br />

pelo bairro, o que <strong>de</strong>ve ser leva<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração por parte <strong>da</strong> curva <strong>de</strong> oferta. Também<br />

parece <strong>da</strong>r extrema importância ao fator <strong>de</strong> distância física aos <strong>do</strong>is principais centros <strong>de</strong><br />

negócios <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (bairros Al<strong>de</strong>ota e Centro), provavelmente substituin<strong>do</strong> sua necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

consumo <strong>de</strong> acessibili<strong>da</strong><strong>de</strong> por esses fatores, ti<strong>do</strong>s como prioritários.<br />

A questão <strong>da</strong> segurança, inicialmente ti<strong>da</strong> como relevante medi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> comportamento<br />

<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> imóveis, acabou se revelan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> uma maneira geral, pouco importante<br />

para a formação <strong>do</strong> preço, muito em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> fato <strong>da</strong>s ocorrências <strong>de</strong> homicídios centraremse<br />

em regiões urbanas periféricas que, em sua maioria, não captaram os lançamentos<br />

imobiliários aqui trata<strong>do</strong>s.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s indicam ain<strong>da</strong> que o consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> imóveis <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza<br />

parece estar leva<strong>do</strong> a procurar regiões que ofertem uma boa estrutura urbana, mas sem a<br />

presença massiva <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s equipamentos urbanos, edifican<strong>do</strong> e confirman<strong>do</strong> uma<br />

característica essencialmente bucólica no processo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> serviços habitacionais.<br />

O outro componente <strong>da</strong> curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por serviços habitacionais, forma<strong>do</strong> pelo<br />

público <strong>de</strong> investi<strong>do</strong>res, parece agregar à sua cesta <strong>de</strong> bens fatores pontua<strong>do</strong>s pelo binômio<br />

risco e retorno, renuncian<strong>do</strong> a características marcantes e que anteriormente atuavam como<br />

<strong>de</strong>terminantes na formação <strong>de</strong> <strong>preços</strong>. Desse estu<strong>do</strong> específico, foram extraí<strong>do</strong>s relevantes<br />

aspectos <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> imobiliário <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza, como a confirmação <strong>da</strong> supremacia<br />

<strong>de</strong> alguns bairros nobres (Meireles, Edson Queiroz, Praia <strong>de</strong> Iracema e Cocó ), exercen<strong>do</strong><br />

influência primaz no merca<strong>do</strong> e a indicação <strong>de</strong> que a gran<strong>de</strong> região <strong>da</strong> Al<strong>de</strong>ota, provavelmente<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao pouco espaço ain<strong>da</strong> edificável, não possuiu participação relevante na análise <strong>de</strong><br />

evolução <strong>do</strong> preço médio <strong>do</strong> novo estoque ou estoque <strong>de</strong> reposição imobiliário, no perío<strong>do</strong><br />

analisa<strong>do</strong>. No caso <strong>de</strong>sses investi<strong>do</strong>res, variáveis importantes como distância ao centro,<br />

altura <strong>da</strong> edificação e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pavimentos parecem per<strong>de</strong>r sua posição para atributos<br />

liga<strong>do</strong>s ao comportamento financeiro <strong>do</strong> imóvel.<br />

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