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O cancioneiro popular brasileiro deslocando ... - Ippur - UFRJ

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também vai sendo rasurada ao ser submetida à passagem, que nunca se completa da<br />

hermenêutica dialógica para a sua rasura com base na desconstrução derridiana.<br />

De forma embrionária, tomei por objeto investigativo o <strong>cancioneiro</strong> <strong>popular</strong> <strong>brasileiro</strong> que<br />

segundo minha interpretação tratava de questões relativas aos movimentos de significação que<br />

os termos urbanidade, modernidade, ruralidade e tradição especificando signos de Identidade<br />

Nacional sofreram segundo os dialogismos que sujeitos discursivos, de dentro e de fora do<br />

campo da música, propuseram ao país na primeira metade do século XX. A partir do<br />

levantamento das fontes primárias me foi possível eleger os discursos do <strong>cancioneiro</strong> <strong>popular</strong><br />

dialogizando entre si sob a interferência do contexto que propunha construções e formulações<br />

relativas às bases identitárias do país, onde construções de urbano, moderno e novas<br />

expressões de poder digladiavam-se com outras relativas à tradição e a manutenção de<br />

modelos de dominação a muito estabelecidos. Em resumo, esse <strong>cancioneiro</strong> se constitui de<br />

forma dialógica, isto é, através de discursos internos que dialogizam entre si sob a marcação<br />

cerrada do contexto (discursos externos ao campo da música que também fazem referência às<br />

mesmas questões temáticas: identidade, ruralidade, tradição, urbanidade e modernidade). A<br />

construção discursiva do <strong>cancioneiro</strong> pode se dar tanto através de uma postura de adesão aos<br />

discursos hegemônicos do poder quanto através de uma postura de transgressão a esses<br />

mesmos discursos. O recorte dialógico-discursivo referente aos discursos que aderem e aos<br />

que transgridem, dentro do campo da música <strong>popular</strong>, considerando, claro, o repertório<br />

discursivo localizado como contexto, (discursos de ordem política, intelectual, acadêmica,<br />

jornalística, literária, etc. expressando-se fora do campo da música, mas, interferindo no<br />

dialogismo interno do <strong>cancioneiro</strong>) constitui o que tomaremos como campo investigativo. É<br />

importante acrescentar que, os discursos localizados como contexto, isto é, fora do campo do<br />

<strong>cancioneiro</strong> <strong>popular</strong>, serão considerados à medida que exercerem algum tipo de poder, relação<br />

de dominação, sobre os discursos internos ao campo do <strong>cancioneiro</strong> <strong>popular</strong>. Por isso, serão<br />

eleitos no contexto apenas os discursos localizados socialmente acima da fala do <strong>cancioneiro</strong><br />

<strong>popular</strong>. Estes seriam, grosso modo, os discursos políticos, literários, acadêmicos,<br />

intelectuais, científicos, legais e midiáticos.<br />

É importante atentar para o objeto investigado: o dialogismo produzido pelos discursos do<br />

<strong>cancioneiro</strong> <strong>popular</strong> que trata da identidade, ruralidade, tradição, urbanidade e modernidade,<br />

como algo que se constitui, não como representação 9 , mas, como campo reflexivo o que<br />

9 Representação como algo que representaria um real dado, oposto e completamente outro em<br />

relação dicotômica com o que dele se diz, representação, mas, não se trata disso. Não se trata disso,<br />

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