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O cancioneiro popular brasileiro deslocando ... - Ippur - UFRJ

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narrativa, mas como reação ao texto – traição da traição do subjétil. E digo dessas<br />

possibilidades porque se constata a presença de um labirinto que, não vamos entrar de fato,<br />

mas, deixá-lo operar, como tal, ao redor e entre e adiante. Também não se tratam de brumas<br />

que ao se dissiparem nos revelam as paredes e percursos. Paredes, corredores e passagens se<br />

formam simultaneamente à leitura/escrita/fala/escuta do jogo, como ações que reinventam o<br />

jogo que as erguem à medida que vai sendo jogado. Por fim, não se trata de uma dialética<br />

entre pólos, mas da desconstrução da lógica, do logos, que os permitiu especificar-se<br />

enquanto tais 2 . Não se trata de um jogo de anulação estético/ético, moderno/pós-moderno,<br />

dominador/dominado, mas da rearticulação dessas palavras, termos, conceitos, lógicas sob<br />

outra condição que apela à participação, à democratização do uso do pensamento expresso<br />

como forma, como jogo político, atento às dominações que palavras e nomes operam, mesmo<br />

na melhor das intenções, muitas vezes ao preterir o labirinto à linha reta, intencionalmente ou<br />

não. O jogo, em termos gerais, diria então respeito a operar revoluções, para muito além do<br />

materialismo-histórico, no entanto e, à primeira vista, paradoxalmente, sem desqualificá-lo<br />

como prática e método de percepção e transformação das condições materiais que se nos<br />

apresentam aqui e agora como origem inventada. Por outro lado, o papel nos desafiaria<br />

perguntando se constatar essas condições e o exercício sobre elas já seria suficiente. Entre o<br />

Lado A e o Lado B apresenta-se em termos gerais um percurso que aos poucos parece aceitar<br />

a subtituição, assim como o amálgama, do método de inspiração bakhtiniana aos efeitos de<br />

desconstrução que Deleuze e Derrida propõem articulando questões conceituais e<br />

fenomenológicas, a ponto de re-qualificar inclusive as diferenças conceito/fenômeno ou<br />

teoria/prática, ou a oposição substituir/plasmar, entre muitas outras diferenças e oposições que<br />

se apresentarão ao longo do jogo. Rizoma ou khôra, no lugar de contexto, especificam-se<br />

como formas de operação de espaço/tempo, propondo-se como movimento e efeito de<br />

deslocamento entre as categorias de sujeito, identidade, fronteira, modernidade e tradição.<br />

Entre o Lado A e o Lado B não se passa exatamente um abandono, substituição de um método<br />

por outro, mas um efeito de contaminação do mesmo método que se repercute como um<br />

movimento do corpus, do pensamento que eu que já seríamos ao menos dois se não três<br />

pretendíamos e fomos re-pretendendo efetuar. Esse movimento não vai de um ponto A para<br />

um ponto B, mas, se expressa na forma, ou não-forma, de um feixe, rizoma, que possibilita<br />

entrar inclusive pelo Lado B, se a curiosidade for maior que a curiosidade do gato.<br />

2 Por isso o neologismo “desurbaRuralidade” do título não se acomoda ao termo Rururbano de<br />

Gilberto Freyre, nem se especifica no debate entre Brasil urbano e agrícola como proposto por Milton<br />

Santos.<br />

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