A CINDERELA NO MUNDO DA DANÇA - Curso de Dança
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4.1 CAPÍTULO 1: BREVE HISTORIOGRAFIA DOS CONTOS DE<br />
FA<strong>DA</strong>S.<br />
Os contos <strong>de</strong> fadas são nada mais que escritos <strong>de</strong> histórias já existentes na<br />
tradição oral. Estão presentes em diversas culturas, em todos os continentes com<br />
estruturas e narrativas semelhantes aos contos que conhecemos hoje, e que são <strong>de</strong><br />
origem européia, para citar um exemplo a história da Cin<strong>de</strong>rela, tem um registro <strong>de</strong><br />
narrativa muito semelhante registrada na China do século IX d.C. 16 . A origem da<br />
própria literatura infantil se confun<strong>de</strong> com o registro escrito dos contos <strong>de</strong> fadas, pois<br />
estes já existiam na oralida<strong>de</strong> muito antes disso.<br />
Essas histórias fantásticas caracterizam-se por uma narrativa curta, on<strong>de</strong> o herói<br />
ou heroína tem que enfrentar gran<strong>de</strong>s obstáculos e situações <strong>de</strong> puro sofrimento até<br />
triunfar contra o mal - núcleo problemático existencial. Envolvem ainda um caráter<br />
mágico, algum tipo <strong>de</strong> metamorfose ou encantamento.<br />
Ao contrário do que pensamos, são versões relativamente recentes que <strong>de</strong>rivam<br />
<strong>de</strong> contos folclóricos <strong>de</strong> regiões específicas do planeta, transmitidos oralmente aos<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. No entanto, através <strong>de</strong>ssas adaptações, os textos são revisados, reescritos<br />
e modificados segundo o espírito da época <strong>de</strong> seus autores. Kátia Canton 17 afirma que:<br />
“São trabalhos criados por autores específicos, projetados em contexto sócio-históricos<br />
e culturais particulares” 18 . Por essas razões é que os contos <strong>de</strong>vem ser encarados não só<br />
como um resultado <strong>de</strong> criação pessoal, como também um documento sócio-histórico.<br />
Até o século XVI os contos <strong>de</strong> fadas não foram escritos para crianças, muito<br />
menos para transmitir ensinamentos morais. Em sua forma original, os textos traziam<br />
doses fortes <strong>de</strong> adultério, incesto, canibalismo e mortes hediondas. Conforme registra<br />
Sheldon Cashdan 19 :<br />
Ainda segundo Cashdan :<br />
“Originalmente concebidos como entretenimento para adultos, os<br />
contos <strong>de</strong> fadas eram contados em reuniões sociais, nas salas <strong>de</strong> fiar,<br />
nos campos e em outros ambientes on<strong>de</strong> os adultos se reuniam - não<br />
nas creches.” 20<br />
"Alguns folcloristas acreditam que os contos <strong>de</strong> fadas transmitem<br />
'lições' sobre comportamento correto e, assim, ensinam aos jovens<br />
16<br />
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1995.<br />
17<br />
CANTON, Katia. E o Príncipe Dançou. São Paulo: Ática, 1994.<br />
18<br />
CANTON. Op. Cit, p. 12.<br />
19<br />
CASH<strong>DA</strong>N, Sheldon. Os sete pecados capitais nos contos <strong>de</strong> fadas: como os contos <strong>de</strong> fadas<br />
influenciam nossas vidas. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Campus, 2000.<br />
20<br />
CASH<strong>DA</strong>N. Op. Cit, p. 20.