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A CINDERELA NO MUNDO DA DANÇA - Curso de Dança

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própria po<strong>de</strong> emprestar a sua personalida<strong>de</strong> ao leitor que acompanha a narrativa e<br />

completa “Gata Borralheira tem essa alcunha porque suas irmãs invejosas obrigam-na<br />

a dormir no borralho (cinza), significado <strong>de</strong> on<strong>de</strong> também vem seu outro nome,<br />

Cin<strong>de</strong>rela”.<br />

Os irmãos Grimm também tem uma versão para moradores das cinzas, como<br />

<strong>de</strong>fine Bettelheim 44 abaixo:<br />

“Na Alemanha, por exemplo, havia estórias on<strong>de</strong> um menino que<br />

vivia entre as cinzas mais tar<strong>de</strong> tornava-se rei, <strong>de</strong> forma comparável<br />

à Borralheira.“Aschenputtel” é o título que os irmãos Grimm <strong>de</strong>ram<br />

ao conto.” 45<br />

No conto da Cin<strong>de</strong>rela há uma substituição das relações fraternas, pela relação<br />

entre irmãos adotivos e relata <strong>de</strong> maneira clara e precisa as experiências internas da<br />

criança pequena quando se sente <strong>de</strong>sesperadamente marginalizada por irmãos e irmãs.<br />

“Borralheira é humilhada e rebaixada pelas irmãs adotivas; a<br />

madrasta sacrifica os interesses <strong>de</strong> Borralheira em favor dos das<br />

irmãs; <strong>de</strong>ve executar os trabalhos mais sujos e mesmo fazendo-os<br />

bem, não é aceita por eles; só lhe fazem mais exigências.” 46<br />

A expressão rivalida<strong>de</strong> fraterna refere-se a uma constelação complexa <strong>de</strong><br />

sentimentos e suas causas 47 . O que vale ressaltar é que a fonte real <strong>de</strong>sse complexo <strong>de</strong><br />

emoções é o sentimento da criança pelos pais. A criança <strong>de</strong>vastada por esse sentimento<br />

não se sente aliviada se lhe dissermos que crescerá tão capaz quanto seus irmãos, por<br />

mais que queira acreditar ela só enxerga os fatos <strong>de</strong> maneira subjetiva e não crê que<br />

sozinha consiga alcançar o patamar <strong>de</strong>les.<br />

Superficialmente, Borralheira é uma história simples. Fala dos sofrimentos<br />

vividos pela protagonista <strong>de</strong>vido à rivalida<strong>de</strong> fraterna, da exaltação dos humil<strong>de</strong>s, do<br />

mérito reconhecido <strong>de</strong>ntre os que vivem sob os farrapos, da bonda<strong>de</strong> recompensada e da<br />

malda<strong>de</strong> castigada. O que está escondido sob esse conteúdo manifesto é um complexo<br />

<strong>de</strong> relações, na gran<strong>de</strong> parte inconscientes, na qual os <strong>de</strong>talhes ajudam o suficiente para<br />

as nossas associações, e conseqüentes associações infantis. Sobre esse processo <strong>de</strong><br />

assimilação e i<strong>de</strong>ntificação Marly Amarilha 48 nos diz:<br />

“Através do processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação com os personagens, a criança<br />

passa a viver o jogo ficcional projetando-se na trama da narrativa.<br />

44<br />

BETTELHEIM. Op Cit.<br />

45<br />

BETTELHEIM. Op Cit, p. 277.<br />

46<br />

BETTELHEIM. Op Cit, p. 278.<br />

47<br />

BETTELHEIM. Op Cit, p. 279.<br />

48<br />

AMARILHA, Marly. Estão mortas as fadas? – literatura infantil e prática pedagógica. Petrópolis:<br />

Vozes, 1997.

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