Fernando Pessoa - Antologia - Rotary Club Coimbra
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Assim se explica o aparecimento dos heterónimos<br />
Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos,<br />
Bernardo Soares, e muitos mais, todos com uma muito<br />
pessoal maneira de ser e exprimir. Obsecados pelo<br />
interesse suscitado na análise e relacionamento entre si<br />
destas fictícias personagens literárias, esqueceram alguns<br />
críticos de apontar o principal. É que Alberto Caeiro,<br />
Ricardo Reis, Álvaro de Campos, falando apenas nos<br />
poetas, não são partes distintas dum todo reconstituído<br />
através da sua leitura, mas sim a representação dum todo,<br />
obviamente <strong>Fernando</strong> <strong>Pessoa</strong>, fragmentado em múltiplas<br />
personalidades. No primeiro caso partimos da<br />
multiplicidade para a unidade e no segundo é<br />
precisamente o inverso que se verifica. Não devemos<br />
esquecer que as obras de Alberto Caeiro, Ricardo Reis,<br />
Álvaro de Campos fazem parte da obra de <strong>Fernando</strong><br />
<strong>Pessoa</strong> tanto quanto o Alberto Caeiro, o Ricardo Reis e o<br />
Álvaro de Campos. E estes mais não são afinal que o<br />
próprio <strong>Fernando</strong> <strong>Pessoa</strong> diversificado – ou outrado,<br />
como ele gostaria de dizer – nessas personagens por ele<br />
inventadas.<br />
Como surgiram estas personalidades no espírito de<br />
<strong>Fernando</strong> <strong>Pessoa</strong>? Nenhum estudioso da sua obra é capaz<br />
de dar uma melhor explicação do que ele próprio. Vamos<br />
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