Raquel Ferrari da Veiga - Sonia Afonso - UFSC

2. INTRODUÇÃO:
As residências dos arquitetos Lina Bo Bardi e Oscar Niemeyer foram escolhidas
como objetos de estudo por se tratarem de marcos na arquitetura moderna
residencial, apresentando características plásticas que fornecem a implantação
adequada ao terreno com grandes declividades.
Os exemplos selecionados permitiram a realização de levantamentos a fim de
conhecer sua história, suas proporções, suas funções, suas relações de integração com
o ambiente externo, entre outros aspectos explorados adiante.
Para a compreensão dos projetos desenvolvemos análise das plantas baixas,
cortes, fotos e textos. Para completa visualização é extremamente importante a
visitação destas, o que foi possível realizar com a Casa das Canoas. A confecção de
maquetes eletrônicas também se mostrou fundamental.
2.1. JUSTIFICATIVA:
As encostas são originadas pela ação de forças externas e internas à superfície
terrestre, “... podem ser consideradas como terrenos em equilíbrio transitório,
principalmente expostos à ação da gravidade e a agentes subsuperficiais e externos à
superfície terrestre, que tendem a remodelá-la, procurando transforma-las em
terrenos planos” (FARAH, Flávio p. 48)
Estes agentes podem provocar instabilizações e são classificados como
“PREDISPONENTES (geológicas, geométricas e ambientais) e EFETIVOS (chuvas
incomuns, ação do homem e erosão)”. (AFONSO, S., 1999).
Em alguns casos há a preferência de se estabelecer em altas declividades, como,
por exemplo, para se obter maior visualização do entorno e facilitar a defesa militar.
Todavia, embora o processo de urbanização aconteça prioritariamente em terrenos
planos, com o aumento populacional há uma pressão para a ocupação das encostas.
A princípio este fato não deveria ser um problema, pois existem formas corretas
de urbanização em terrenos acidentados. Porém isso requer estudos específicos,
fiscalização do órgão responsável, responsabilidades ecológicas por parte da
população, entre muitos outros aspectos que infelizmente não são cumpridos
rigorosamente no Brasil.
Os arquitetos possuem a obrigação de ter o conhecimento necessário para saber
lidar corretamente com terrenos acidentados. Infelizmente no curso de graduação não
existem disciplinas com o objetivo de preparar os profissionais para esta situação, o
que resulta em graduados que mesmo não tendo conhecimento sobre o assunto terão
permissão para projetar em encostas. Muitas vezes as cartas topográficas são
desconsideradas, agravando ainda mais a futura situação de ocupação nos morros.
Com o agravante da grande presença da população de baixa renda em encostas,
a segurança das construções, dos moradores e do meio ambiente está cada dia mais
preocupante. As conseqüências da ocupação imprópria podem ser devastadoras. A
permeabilidade e contenção do solo são prejudicadas quando não se preserva a
vegetação existente. Edificar em locais por onde passam os cursos d’água também é
um fator condicionante para desastres geológicos. Ou seja, para a implantação de
assentamentos em locais de alta declividade, deve-se saber como preservar as
características originais destes.
Por esses motivos, propusemos a análise de exemplos significativos de ocupação
adequada em encostas – Casa das Canoas e Casa de Vidro -, buscando características
de projeto que respeitassem as leis naturais de morfologia do terreno. A princípio
estudos bibliográficos nos propiciaram contato com as obras, e o maior e completo
entendimento será proporcionado por viagem ao local destas.
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