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Marcelo Paschoalin | Sangue em Suas Mãos<br />
1000 Universos<br />
elas a completassem. Ela até mesmo chegou a abrir a boca<br />
lentamente, como se sorvesse a emoção daqueles momentos...<br />
—Desculpe-me – a porta abriu novamente e ele entrou, cara<br />
fechada, olhos semicerrados. Eu... – ele a viu com as fotos nas<br />
mãos. O que você está fazendo?<br />
Ela <strong>de</strong>ixou que as fotos caíssem sobre a mesa <strong>de</strong> forma<br />
natural, embora levemente espalhadas. A reação tinha ocorrido um<br />
segundo <strong>de</strong>pois do que se po<strong>de</strong>ria classificar como genuína<br />
surpresa.<br />
—Eu... – ela abaixou os olhos, talvez por vergonha, ou talvez<br />
para continuar a olhar as fotos – só queria ter um último contato<br />
com essas pessoas que tiveram suas vidas ceifadas tão cedo.<br />
Ele sabia que tinha algo errado, mas não podia fazer nada.<br />
Havia o limite legal <strong>de</strong> sua atuação, e ele tinha sido atingido. Foi por<br />
isso que ele não disse mais nada. Recolheu as fotos, abriu as<br />
algemas e ficou ali, em pé, olhando para ela.<br />
—Estou livre para sair? – ela massageou os pulsos um pouco.<br />
—Sim, está – ele <strong>de</strong>u um passo para o lado. Talvez<br />
conversemos mais para frente, mas por enquanto você po<strong>de</strong> ir.<br />
—Obrigada – ela se ergueu e ajeitou o vestido, caminhando<br />
em direção à porta. Será que alguém po<strong>de</strong>ria me levar até em casa?<br />
Ele estava pronto para dizer não, mas percebeu aquilo como<br />
uma oportunida<strong>de</strong>. Mais do que ter um registro escrito <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ela<br />
morava, ele saberia realmente se ela vivia ali – e po<strong>de</strong>ria encontrar<br />
algo que lhe mostrasse o caminho a seguir caso ela fosse realmente<br />
culpada... E ela tinha <strong>de</strong> ser responsável por aquelas mortes!<br />
—Como forma <strong>de</strong> me <strong>de</strong>sculpar pelo incômodo – ele <strong>de</strong>ixou<br />
que suas chaves tilintassem –, eu mesmo a levarei.<br />
Não havia trânsito algum naquela hora, apesar da chuva leve<br />
que caía. Estavam no carro <strong>de</strong>le – por algum motivo ele nunca<br />
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