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M. D. Amado | Adam<br />
1000 Universos<br />
andar pelas ruas e estradas, o que hoje conhecemos como vias <strong>de</strong><br />
tráfego humano. Como admirador <strong>de</strong> coisas antigas, conheço um<br />
pouco a respeito <strong>de</strong>sses rudimentares automóveis – era como eram<br />
chamados. Obviamente eles não se moviam mais, por falta <strong>de</strong><br />
combustível e baterias. Mas não são baterias como a <strong>de</strong> nossos<br />
híbridos. São <strong>de</strong> uma tecnologia completamente ultrapassada e eu<br />
não conseguiria adaptar nada parecido. Se meu cérebro artificial<br />
estivesse funcionando, eu saberia até como construir outra bateria<br />
idêntica. Porém, lendo alguns escritos antigos, <strong>de</strong>scobri como fazer<br />
que seus motores funcionem sem precisar <strong>de</strong>ssa bateria. Motores<br />
mecânicos inclusive. Cheios <strong>de</strong> peças estranhas e que não fazem o<br />
menor sentido para mim. O tal combustível que o fazia funcionar<br />
era originalmente feito com óleos vegetais ou algo assim. Não sei<br />
explicar como isso funciona na verda<strong>de</strong>, mas me lembrei que o<br />
etanol utilizado como fonte <strong>de</strong> energia <strong>de</strong>sses veículos, eram bem<br />
semelhantes ao álcool das bebidas <strong>de</strong>stiladas. Sabia que não era o<br />
i<strong>de</strong>al, mas o que eu podia fazer a não ser tentar? Roubei esse<br />
veículo <strong>de</strong> transporte. O empurrei com muito custo até a rua e<br />
invadi uma loja <strong>de</strong> bebidas. Depois <strong>de</strong> alguns minutos para<br />
<strong>de</strong>scobrir por on<strong>de</strong> eu colocaria aquelas bebidas, enchi seu<br />
recipiente energético e consegui fazer funcionar.<br />
E vou explicar porque fiz todo esse sacrifício. Assim que<br />
quebrei a porta <strong>de</strong> vidro do museu, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> achar estranho o<br />
alarme não soar, vi diante <strong>de</strong> mim uma pequena mesa, com uma<br />
carta presa por uma fita a<strong>de</strong>siva – essa é uma das poucas invenções<br />
<strong>de</strong> nossos antepassados que ainda nos é útil – E foi, inclusive, <strong>de</strong>sta<br />
carta, escrita também <strong>de</strong> forma arcaica, usando papel e caneta<br />
esferográfica que eu tirei a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> escrever esse pedido <strong>de</strong> ajuda.<br />
Também foi através <strong>de</strong>la que tomei ciência do que aconteceu com<br />
nossa civilização. Transcrevo aqui a carta.<br />
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