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Diário do Legislativo de 16/10/1999 - A Assembleia

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multinacional, não tenho nada com isso. Po<strong>de</strong> até virar, não sou contra, mas não po<strong>de</strong>mos dizer que isso não dá certo, porque não é economia <strong>de</strong> escala.<br />

Em Brasília, 70% das agroindústrias se <strong>de</strong>ram bem. Trinta por cento não <strong>de</strong>ram certo, porque o Governo não continuou apoian<strong>do</strong>. Mas já têm celular; a comercialização se faz porque<br />

o produto é bom; tem código <strong>de</strong> barras e outras coisas.<br />

Outro problema é a fiscalização. Quan<strong>do</strong> falo para melhorar a situação para que a pessoa possa fazer alguma coisa em sua proprieda<strong>de</strong>, não quero maracutaia. A fiscalização tem <strong>de</strong><br />

ser rígida. Os funcionários <strong>de</strong>vem ser uniformiza<strong>do</strong>s, ter carteira <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; o negócio <strong>de</strong>ve ser bem feito.<br />

Gostaria <strong>de</strong> passar algumas imagens. A esposa <strong>do</strong> Sr. Antônio Paraíba, aquele <strong>de</strong> bonezinho, teve dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r o fogão. Quan<strong>do</strong> acendia o fogão, dava uma chama forte e<br />

fazia um barulho. Ela pensava que ia explodir e corria. Foram quatro semanas para ver que o fogão não explodia. Em uma das visitas <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r Christóvam Buarque e <strong>do</strong> Vice-<br />

Governa<strong>do</strong>r Marco Maciel à agroindústria <strong>do</strong> Sr. Antônio, foram impedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> entrar, porque contaminava. Primeiramente, <strong>de</strong>i o perfil <strong>de</strong>sse público, o que falou e uma<br />

compreensão fácil sobre a questão <strong>de</strong> higiene. Falar que esse povo não po<strong>de</strong> é injusto. É só dar oportunida<strong>de</strong>. O Governa<strong>do</strong>r e o Marco Maciel tiveram <strong>de</strong> colocar a touca e a botinha,<br />

para não contaminarem.<br />

Essa fotografia mostra um coletivo familiar. D. Josa trabalhava com o mari<strong>do</strong>. De repente, apareceram todas aquelas pessoas para trabalhar. Ela tem uma fábrica <strong>de</strong> <strong>do</strong>ces. Uma<br />

agroindústria como essa gera, em média, seis empregos diretos e <strong>de</strong>z indiretos.<br />

Essa é a foto da nossa gran<strong>de</strong> agroindústria. É um abate<strong>do</strong>uro <strong>de</strong> frango, que tem uma entrada principal, a sala <strong>de</strong> processamento, a sala suja <strong>de</strong> abate, a sala limpa para <strong>de</strong>strinchar o<br />

frango, um <strong>de</strong>pósito e um banheiro.<br />

Essa é uma agroindústria <strong>de</strong> processamento vegetal. E aí está a agroindústria que o Banco tem <strong>de</strong> engolir. É um bem removível. Fizemos uma agroindústria, pusemos essa<br />

agroindústria em cima <strong>de</strong> um caminhão e a entregamos ao freguês. Se não pagar, toma-se <strong>de</strong>le direto. Não precisa pedir garantia, aval, essas coisas.<br />

Esse é o balcão da pequena agroindústria. Mais <strong>de</strong> 150 estão disponíveis por pessoa, em quantida<strong>de</strong>, acessível a preço <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

O próximo é o caixeiro-viajante. Vejam agora uma coisa simples e boba. Para fazer uma etiqueta <strong>de</strong>ssa, qualquer gráfica cobra R$1.000,00 ou R$2.000,00. Aquela maquininha ali<br />

custa R$3.000,00, mas existem mais baratas. Você compra uma máquina daquela, ven<strong>de</strong>, e ela se paga. Se se <strong>de</strong>ixar por conta <strong>de</strong>le, não terá R$3.000,00 para fazer uma etiqueta.<br />

Está aí o emblema <strong>do</strong> "Prove Minas", que será lança<strong>do</strong> pelo Governa<strong>do</strong>r Itamar Franco, mas que já está a mil por hora. Essa é uma coisa fácil, ninguém está inventan<strong>do</strong> a roda! To<strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> sabe fazer <strong>do</strong>ce, etc., é só viabilizar essas coisas.<br />

O gran<strong>de</strong> "marketing" é que to<strong>do</strong>s têm sua marca personalizan<strong>do</strong> o produto. E há o emblema <strong>do</strong> programa PROVE, que é a marca <strong>de</strong> fantasia. É como se fosse a Coca-Cola; há a<br />

Coca-Cola marca <strong>de</strong> fantasia, e, no mun<strong>do</strong> inteiro, existem diferenças.<br />

Você tem <strong>de</strong> ser agressivo, tem que ter "out<strong>do</strong>or", etc. Alguém po<strong>de</strong> se perguntar se existe merca<strong>do</strong> para isso. O nicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para esses produtos é incalculável. Po<strong>de</strong>m achar<br />

que não ven<strong>de</strong>m, mas posso citar o exemplo da carne seca. Em Brasília, aprendi a comer carne seca com feijão. A<strong>do</strong>ro carne seca, mas parei <strong>de</strong> comê-la, porque sabemos como é<br />

vendida. É <strong>de</strong>pendurada no varal, à frente <strong>do</strong> açougue, e ali vai mosquito, pó, etc. Estava contan<strong>do</strong> isso para um amigo, e ele me dizia: "Na minha terra não precisa ficar preocupa<strong>do</strong>,<br />

porque não tem mosquito". Falei: "por quê não tem"? Respon<strong>de</strong>u: "Jogamos um inseticida na carne, e não vai nenhum mosquito nela".<br />

Então, se se faz uma embalagem bonita, po<strong>de</strong>-se virar o homem mais rico <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, que continua compran<strong>do</strong> esses produtos. Existe uma certa nostalgia, e há outra coisa: não é um<br />

produto feito em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>. Desse mo<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se embale direito, que se coloque a marca da saú<strong>de</strong>, o nicho <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> é muito gran<strong>de</strong> para esse produto.<br />

O que se faz primeiro, então, é o quiosque <strong>do</strong> produtor, que é o início, e <strong>de</strong>pois parte-se para a disputa nos gran<strong>de</strong>s supermerca<strong>do</strong>s. Aqui vemos frangos <strong>do</strong> PROVE junto <strong>de</strong> outros<br />

frangos, disputan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>.<br />

Só tirei essa fotografia para mostrar a moça com o telefone celular <strong>de</strong>la. Qual era o público excluí<strong>do</strong>, para o qual fizemos isso? Não podiam ganhar mais <strong>de</strong> R$50,00 "per capita", têm<br />

<strong>de</strong> morar na proprieda<strong>de</strong>, etc. Naquela época, era R$50,00; agora, po<strong>de</strong>-se passar para R$<strong>10</strong>0,00 "per capita". Eram pessoas miseráveis, e agora ela está com telefone celular.<br />

Quero encerrar dizen<strong>do</strong> que ninguém está brincan<strong>do</strong> <strong>de</strong> passar a mão na cabeça, <strong>de</strong> fazer assistencialismo. O que queríamos falar é que, com esse programa, que é a síntese <strong>de</strong> um<br />

programa que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em qualquer lugar, que está sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> graças ao apoio <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r Itamar Franco e <strong>do</strong> Secretário Manoel Costa, e que será<br />

implanta<strong>do</strong> em Minas Gerais, há uma dinamização da economia pela base. Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> discutir isso.<br />

Numa pirâmi<strong>de</strong> <strong>de</strong> estratificação social, a população excluída está embaixo. Quan<strong>do</strong> se dirige uma ação à população excluída, libera-se tu<strong>do</strong> para cima. Alguém aqui, neste Plenário,<br />

foi contempla<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se fez no Brasil a gran<strong>de</strong> ação <strong>do</strong> PROER? Ninguém, porque foi uma ação feita no topo da estrutura social. Ela não <strong>de</strong>sce, está prova<strong>do</strong>. Já uma<br />

agroindústria <strong>de</strong>ssa, que gera para a família em torno <strong>de</strong> R$300,00 livres, permite que se mobilizem pelo menos R$1.200,00. Ela vai ter que comprar mais saquinho, mais ro<strong>do</strong>, mais<br />

pano <strong>de</strong> chão, mais açúcar, enfim, dinamiza-se a economia.<br />

Outra coisa: quan<strong>do</strong> se faz lei para essa população excluída, a classe média se aproveita <strong>de</strong>la. Em Brasília, fizemos 129 agroindústrias. Sabem quantas pequenas agroindústrias, que<br />

não são <strong>do</strong> Programa, foram feitas? Foram feitas 124, porque foi aproveita<strong>do</strong> to<strong>do</strong> esse esquema da lei, da comercialização, etc. Então, não estou brincan<strong>do</strong>. Quero dinamizar a<br />

economia pela base, com a inclusão social. E o primeiro ponto que sempre <strong>de</strong>vemos colocar em qualquer pauta para discussão é "acabar com a pobreza no Brasil". Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

Esclarecimentos sobre os <strong>de</strong>bates<br />

O Sr. Presi<strong>de</strong>nte (Deputa<strong>do</strong> Miguel Martini) - Neste instante, daremos início à fase <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates. A Presidência informa ao Plenário que os participantes po<strong>de</strong>rão formular perguntas<br />

aos conferencistas e que as questões po<strong>de</strong>rão ser encaminhadas por escrito ou oralmente. Os microfones estão aí, no Plenário, e to<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rão se utilizar <strong>de</strong>les, mediante inscrição<br />

prévia. Para que possamos agilizar os <strong>de</strong>bates, solicitamos aos participantes que fizerem uso <strong>do</strong> microfone que se i<strong>de</strong>ntifiquem, sejam objetivos e sucintos. Está dispensada qualquer<br />

formalida<strong>de</strong>, como o tratamento: senhor, Sena<strong>do</strong>r, etc. Cada participante disporá <strong>de</strong> até 2 minutos para fazer sua intervenção, sen<strong>do</strong> garanti<strong>do</strong> o mesmo tempo para as respostas.<br />

Debates<br />

O Sr. Evaristo Garcia <strong>de</strong> Matos - Sou membro <strong>do</strong> Conselho Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Segurança Alimentar <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais - CONSEA. São duas perguntas,<br />

<strong>de</strong> um minuto cada. A primeira é sobre as medidas práticas para gerar trabalho e para combater o <strong>de</strong>semprego, a fome, a exclusão e a violência. Parece que esse é o nosso objetivo<br />

aqui. A União arrecada das empresas, nos municípios, como se fosse uma bomba <strong>de</strong> sucção e leva os recursos arrecada<strong>do</strong>s para Brasília, on<strong>de</strong> são coloca<strong>do</strong>s nos fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

segurida<strong>de</strong> social. Deveriam retornar aos municípios, 70% <strong>de</strong>sses recursos, para que os Prefeitos pu<strong>de</strong>ssem realizar as obras sociais e urbanas a fun<strong>do</strong> perdi<strong>do</strong>. Mas existe um<br />

exército <strong>de</strong> especialistas em <strong>de</strong>sviá-los <strong>do</strong>s municípios, on<strong>de</strong> chegam apenas 15%. Os outros 55% ficam para<strong>do</strong>s na Secretaria <strong>do</strong> Tesouro Nacional. Esse total chegou, antes da<br />

<strong>de</strong>svalorização <strong>do</strong> real, a R$70.000.000.000,00. O recurso da segurida<strong>de</strong> é para enriquecer os municípios e acabar com a pobreza. Infelizmente, existem intermediários, quadrilhas, o<br />

diabo para impedir que chegue ao município aquilo a que ele tem direito. Esse patrimônio é fruto <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> povo <strong>do</strong>s municípios e pertence a eles, conforme o art. 195 da<br />

Constituição Fe<strong>de</strong>ral, e é um acha<strong>do</strong> para os Bancos.<br />

Quer dizer, os Prefeitos não foram buscar esses recursos. Deram para os banqueiros, que levaram a melhor.

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