Diário do Legislativo de 16/10/1999 - A Assembleia
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treinamento, melhorias adicionais daquilo que a legislação prevê. Hoje, <strong>de</strong> alguma forma, o Banco acaba financian<strong>do</strong> isso.<br />
Com relação a essa questão <strong>do</strong> microcrédito, como já disse, estamos <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> isso da forma mais a<strong>de</strong>quada possível, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da ação <strong>do</strong> Banco. Já recebi mais <strong>de</strong><br />
300 representantes <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público municipal, e, na verda<strong>de</strong>, só fizemos 20 operações. Então, se não seguirmos aqueles preceitos, que i<strong>de</strong>ntificamos como fundamentais, não se<br />
estará fazen<strong>do</strong> essa operação. O que queremos é construir esse novo canal <strong>de</strong> distribuição. Agora, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte ou complementarmente às ações tradicionais <strong>do</strong> BNDES, <strong>de</strong> que não<br />
po<strong>de</strong>mos fugir, enquanto representante e técnico <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público.<br />
A minha formação é <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> capitais, lá atrás fiz operação com a COTEMINAS. Tentamos <strong>de</strong>senvolver o trabalho <strong>de</strong> uma forma mais a<strong>de</strong>quada, com perspectiva <strong>de</strong><br />
continuida<strong>de</strong>. Agora, o Banco não tem como se privar disso. Quan<strong>do</strong> financiamos as exportações da EMBRAER nessas condições, melhoran<strong>do</strong> o custo <strong>do</strong> recurso, negocian<strong>do</strong> e<br />
sofren<strong>do</strong> retaliações, como sofremos da Cana<strong>de</strong>nse, por conta <strong>de</strong>ssa melhoria <strong>do</strong> custo Brasil, quan<strong>do</strong> oferecemos um recurso com taxas mais subsidiadas, estamos tentan<strong>do</strong> trabalhar<br />
essa economia local.<br />
O Sena<strong>do</strong>r José Alencar Gomes da Silva - Como foi citada a minha empresa pelo ilustre representante <strong>do</strong> BNDE, gostaria <strong>de</strong> perguntar-lhe se essa experiência com a COTEMINAS<br />
<strong>de</strong>u lucro ao Banco, ou se foi uma experiência negativa.<br />
O Sr. Pedro Duncan - Deu bastante lucro.<br />
O Sr. Presi<strong>de</strong>nte - Então vamos às perguntas para o Sr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho. Do Sr. Rogério Carvalho <strong>de</strong> Castro: Como está o processo <strong>de</strong> implantação <strong>do</strong> PROVE no<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais? Já existe previsão <strong>de</strong> recursos financeiros e humanos para a sua operacionalização? Como o PROVE será implanta<strong>do</strong> em Minas Gerais? Do Sr. Geral<strong>do</strong><br />
Nobre: De que maneira o Governo <strong>de</strong> Minas Gerais está pensan<strong>do</strong> em implementar o PROVE no Esta<strong>do</strong>? Em que pé está o processo, o que ainda precisa ser feito e como po<strong>de</strong>mos<br />
ter o PROVE para os setores urbanos? Da Sra. Vanessa Torino, da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Matozinhos: Como conseguir mais informações sobre a agroindústria? Quan<strong>do</strong> Minas<br />
Gerais terá contato com o PROVE? Há previsão? Da Sra. Lucilene, <strong>do</strong> Sind-Ute, subse<strong>de</strong> em Sete Lagoas: Como se inscrever e participar <strong>do</strong> PROVE?<br />
O Sr. João Luiz Homem <strong>de</strong> Carvalho - Gostaria apenas <strong>de</strong> frisar que não sou contra o processo <strong>de</strong> globalização da economia. Sou contra o processo <strong>de</strong> globalização exclu<strong>de</strong>nte.<br />
Des<strong>de</strong> pequeno gostaria <strong>de</strong> ter um canivete da Suécia. Aspiração <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, mas que não exclua.<br />
Outra coisa importante <strong>do</strong> PROVE, que temos que discutir, e não temos tempo aqui, é a questão <strong>de</strong> gênero. É a carta <strong>de</strong> alforria para as mulheres <strong>do</strong> meio rural. É impressionante,<br />
mas 98% das iniciativas <strong>de</strong> pequenas agroindústrias no Brasil é comandada por mulheres, o que é importante, porque a limitação <strong>de</strong> empregos para as mulheres no campo é enorme.<br />
Rogério, cheguei aqui em Minas Gerais a convite <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r Itamar Franco, e também <strong>do</strong> Secretário Manoel Costa, e fui para a Secretaria. A minha função aqui é fazer. Acho<br />
que a melhor maneira <strong>de</strong> dizer é fazen<strong>do</strong>. Hoje alguém já disse, que nas práticas se comprovam as verda<strong>de</strong>s.<br />
O programa vai ser lança<strong>do</strong> pelo Governa<strong>do</strong>r, que assinará um <strong>de</strong>creto nos próximos dias. Enquanto isso, estamos inauguran<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> 20 agroindústrias em Minas Gerais, nos<br />
Municípios <strong>de</strong> Viçosa, Sacramento, Padre Paraíso, Betim, Luz - esses são os municípios que sei <strong>de</strong> cor. Só em Sacramento temos quatro, em Viçosa três, em Betim uma, Lagoa Santa<br />
uma.<br />
Vamos centralizar a coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> PROVE, na Secretaria <strong>do</strong> Planejamento, forman<strong>do</strong> uma equipe entre a Secretaria <strong>do</strong> Comércio, Secretaria da Agricultura e Secretaria <strong>do</strong><br />
Planejamento. Na minha opinião, aqui, em Minas Gerais, a operacionalização <strong>do</strong> PROVE tem que ser feita com a Prefeitura. O Prefeito é que tem que dar a gran<strong>de</strong> mão para o<br />
programa. É assim que <strong>de</strong>ve ser feito.<br />
Outro dia, em Viçosa, vi uma senhora fazen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>ce cristaliza<strong>do</strong> muito bom, num quarto fora da sua casa. Eu estava com o Prefeito <strong>de</strong> Viçosa e disse-lhe: "Prefeito, se ela fizer<br />
uma puxada para cá, uma para lá e tal e tal, ela tem a pequena agroindústria." O Prefeito perguntou: "Quanto você gasta? Ela respon<strong>de</strong>u: "R$1.200,00. Liberou lá uma verba, fez um<br />
contrato com ela e fez a primeira agroindústria <strong>de</strong> Viçosa. E lá todas serão feitas assim.<br />
Já, em Sacramento, eles usam o nosso mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Brasília. Então, fico à disposição <strong>do</strong>s senhores. Vim para Minas Gerais, exclusivamente para cuidar <strong>do</strong> PROVE. Sain<strong>do</strong> daqui,<br />
agora, vou para o interior <strong>de</strong> Minas. Não paro em Belo Horizonte.<br />
Embora minha mãe more aqui, não paro em Belo Horizonte, fico sempre rodan<strong>do</strong>. Estou à disposição <strong>do</strong>s senhores. Se alguém quiser anotar, o meu telefone é o seguinte:<br />
(61)9859931 e, na SEPLAN, (31)2904882.<br />
No papel, as pessoas não acreditam nesses programas. Um Prefeito quer fazer uma indústria; é necessário dizer a esse Prefeito que se ele quiser tentar reeleição ano seguinte, <strong>de</strong>veria<br />
tirar 8 "mil-réis" da Prefeitura e instalar uma agroindústria para ver como é que fica. Já pensou se fizermos isso em to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais? Serão geradas 850 agroindústrias,<br />
da maneira mais boba <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, <strong>de</strong> oito a <strong>de</strong>z mil empregos. Os Prefeitos com quem tenho conversa<strong>do</strong> têm banca<strong>do</strong> isso. Como exemplo, temos os Prefeitos <strong>de</strong> Padre Paraíso, <strong>de</strong><br />
Betim, <strong>de</strong> Luz, <strong>de</strong> Lagoa Santa, <strong>de</strong> Viçosa. Na hora em que fica pronta uma agroindústria, bonitinha, com a pessoa ven<strong>de</strong>n<strong>do</strong> na gôn<strong>do</strong>la <strong>do</strong> supermerca<strong>do</strong>, com código <strong>de</strong> barra, tu<strong>do</strong><br />
certinho, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> fala: "Não é que esse negócio dá certo!". Enquanto estou falan<strong>do</strong> aqui, acham muito bonita a minha fala, mas acham que isso é coisa <strong>de</strong> Brasília, que sou<br />
"louquinho da silva", que lá a pessoa ganha bem, compram muito.<br />
Outro dia, entrou em meu gabinete a Prefeita <strong>de</strong> Mun<strong>do</strong> Novo, no Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, e falou assim: "Vou fazer isso". Você me ven<strong>de</strong> uma agroindústria <strong>de</strong>ssas? Perguntei qual<br />
<strong>de</strong>las e disse que po<strong>de</strong>ria colocá-la em cima <strong>de</strong> um caminhão e levá-la para lá. Ela montou. São 17 mil habitantes, e o programa <strong>de</strong>u certo lá.<br />
Então, vocês saem daqui e falam para o Prefeito tirar um dinheirinho e fazer a primeira, aí vem a pergunta: com a primeira, você faz a força <strong>de</strong> pressão <strong>do</strong> programa e aí vai<br />
conversar com o BDMG, com o apoio <strong>do</strong> BNDES. Discor<strong>do</strong> <strong>de</strong> pessoas que julgam as instituições pelas pessoas que estão nelas. Nada é monolítico. Este País será modifica<strong>do</strong> pelas<br />
pessoas e pelas instituições que serão modificadas. Não se po<strong>de</strong> acabar com a EMBRAPA ou com o BNDES. Temos é <strong>de</strong> mudar <strong>de</strong> rumo. Há muita gente boa lá <strong>de</strong>ntro.<br />
Então, chegamos ao BNDES para financiar um programa. Semana que vem vou conversar com ele para aceitar a agroindústria com total garantia, e aí o programa <strong>de</strong>slancha. O<br />
BDMG está reservan<strong>do</strong> um dinheiro, só falta combinar essas coisinhas, aqueles <strong>de</strong>grauzinhos. Já existe dinheiro no PRONAF, no Banco <strong>do</strong> Brasil.<br />
Para terem uma idéia, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mercês, cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> meu pai, estará lá, com pimenta. Com perdão <strong>do</strong>s meus conterrâneos, mas tem gosto para tu<strong>do</strong>, até para quem planta pimenta.<br />
Plantar pimenta é fácil, mas colher pimenta... Não se po<strong>de</strong> pôr a mão em lugar nenhum, aquela confusão toda. Mercês estará lá com pimenta. Coronel Pacheco também, vou<br />
lembran<strong>do</strong> aqui.<br />
Terminan<strong>do</strong>, quero dizer uma coisa: o dinheiro está aí. O pequeno produtor morre <strong>de</strong> se<strong>de</strong> com o bico n’água. Existe uma palavra na agricultura que é quase tenebrosa, chama-se<br />
"renda". Depois <strong>do</strong> Plano Real, o agricultor parou <strong>de</strong> gerar renda. Temos <strong>de</strong> gerar renda. Se você tem um empreendimento que gere renda, esse dinheiro serve. O dinheiro <strong>do</strong><br />
PRONAF-investimento serve. O PRONAF-investimento não serve para plantar arroz, feijão, mandioca, tirar leite e vendê-lo a R$0,08 o litro, mas serve para ven<strong>de</strong>r <strong>do</strong>ce cristaliza<strong>do</strong><br />
a R$6,00 o quilo. O dinheiro está aí, e é necessário haver uma mobilização, tem-se <strong>de</strong> canalizar energia popular para fazer pressão para sair esse dinheiro.<br />
O Sr. Marcos Landa - Farei uma consi<strong>de</strong>ração sobre a exposição <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>r José <strong>de</strong> Alencar, mas gostaria <strong>de</strong> ouvir o comentário <strong>do</strong> Prof. João Luiz. Na exposição, ele expôs uma<br />
coisa que temos <strong>de</strong> <strong>de</strong>smitificar neste <strong>de</strong>bate - temos feito isso em Minas Gerais -, é a questão <strong>de</strong> empresário pagar impostos. Quem paga impostos neste País hoje são duas<br />
categorias: os trabalha<strong>do</strong>res cujo imposto já vem <strong>de</strong>sconta<strong>do</strong> no contracheque, e o consumi<strong>do</strong>r final. Nenhum empresário, neste País, paga imposto.<br />
To<strong>do</strong> imposto já está embuti<strong>do</strong> no produto final, sen<strong>do</strong> repassa<strong>do</strong> ao consumi<strong>do</strong>r. Essa história <strong>de</strong> que empresário paga imposto não é verda<strong>de</strong>. Digo isso <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ira, porque fui