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FGV-SP - Anglo Vestibulares

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Análise da proposta<br />

Nesta prova, a Banca da <strong>FGV</strong>, em vez de avaliar a capacidade de articular conhecimentos interdisciplinares<br />

por meio de questões específicas (como foi no exame anterior), optou por mesclá-los numa só proposta de<br />

redação: solicitou a elaboração de uma dissertação em prosa, com cerca de 50 linhas, a partir de um fragmento<br />

do Manifesto Comunista, escrito no século XIX por Marx e Engels. O enunciador deveria demonstrar competência<br />

não só de apreender a questão posta em debate, mas também de acrescentar à redação informações<br />

de seu repertório cultural, particularmente conhecimentos de História e Geografia.<br />

O excerto expõe transformações ocorridas na passagem do Antigo Regime para a Idade Contemporânea,<br />

focalizando, sobretudo, aspectos econômicos, num contraponto entre esses dois momentos:<br />

• capitalismo comercial — caracterizado por emprego de matéria-prima autóctone; produção manufatureira,<br />

voltada principalmente para o mercado interno; intervencionismo do Estado monárquico, assegurando<br />

os monopólios para o fortalecimento do poder central; auto-suficiência das nações.<br />

• capitalismo imperialista — caracterizado por emprego de matéria-prima estrangeira; produção mecanizada<br />

e não-absorvível apenas pelo mercado interno; livre-concorrência; “intercâmbio e interdependência universais”.<br />

Entre as conseqüências dessa passagem, estão dois aspectos que, por determinação da Banca, não poderiam<br />

deixar de ser citados:<br />

• necessidade de expansão geográfica das nações industrializadas, no século XIX, em busca de novos mercados<br />

fornecedores e consumidores (Ásia e África);<br />

• reações organizadas da classe operária contra o desemprego (provocado pela mecanização), as condições<br />

de trabalho abusivas e a desigualdade social evidenciada no contraste entre seu progressivo empobrecimento<br />

e o enriquecimento dos detentores do capital (burgueses).<br />

Quanto à atualidade do tema, considerando os seus conhecimentos de Geopolítica, o candidato poderia<br />

associar o termo “um intercâmbio e uma interdependência universais”, citado no texto, com o que hoje se denomina<br />

“globalização”: assim como havia uma relação predatória entre impérios e colônias, é inegável que,<br />

no mundo contemporâneo, existe uma divisão entre países centrais e periféricos — embora esteja em discussão<br />

a quais nações se aplica um ou outro adjetivo, dado o expressivo crescimento econômico dos chamados<br />

emergentes (como China e Índia).<br />

Valeria citar também a semelhança entre a pretensão da burguesia do século XIX de criar “um mundo à sua<br />

imagem” e a homogeneização contemporânea de modelos de cultura, de consumo, de organização política, etc.<br />

Ao afirmar que “aceitará qualquer posição ideológica do candidato”, a Banca abriu a possibilidade de que<br />

se discordasse da linha de raciocínio traçada no excerto, o que significaria argumentar em favor de aspectos<br />

positivos da mundialização capitalista (como, por exemplo, a difusão de recursos tecnológicos que, bem<br />

explorados por países “secundários”, podem aumentar seu poder de barganha no cenário mundial e favorecer<br />

seu desenvolvimento).<br />

14<br />

GV – ADMINISTRAÇÃO/2006 ANGLO VESTIBULARES

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