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V - Jornal de Leiria

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DR<br />

Talentos<br />

André Sá Pessoa<br />

<strong>de</strong>signer <strong>de</strong> joalharia<br />

Formado em <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> joalharia clássica<br />

e contemporânea, Paris foi uma escolha<br />

incontornável para este natural <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>,<br />

que há 15 anos colabora com<br />

Christian Lacroix. Positivo,<br />

obstinado e <strong>de</strong> convicções<br />

fortes, André Sá Pessoa<br />

inspira-se no ser humano e<br />

nas viagens que faz para<br />

criar as suas peças.<br />

Empresário por conta<br />

própria, intitula-se cidadão<br />

do mundo, mas<br />

orgulhosamente português.<br />

A sua ida para Paris teve<br />

a ver com a falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />

existentes em Portugal?<br />

Não. A minha escolha <strong>de</strong><br />

trabalhar na moda foi pragmática.<br />

Era esse o meu <strong>de</strong>sejo<br />

e não há muitas soluções.<br />

Paris é uma escolha incontornável,<br />

dado que é a capital<br />

mundial da alta costura e<br />

do pronto-a-vestir. Todos os<br />

criadores <strong>de</strong> moda vêm a paris<br />

apresentar as suas colecções.<br />

Eu estou cá e esse facto abreme<br />

portas, para, eventualmente<br />

voltar a Portugal com<br />

um estatuto mais privilegiado.<br />

Quais as principais dificulda<strong>de</strong>s<br />

que encontrou em<br />

todo o seu percurso até hoje?<br />

Em paris, como em todo o<br />

lado, é difícil ser empreen<strong>de</strong>dor.<br />

Mas eu sou positivo por<br />

natureza, obstinado e a minha<br />

máxima é: não há problemas<br />

sem solução. Partindo <strong>de</strong>ste<br />

princípio, e como não suporto<br />

a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ter um superior<br />

hierárquico, tive que montar<br />

a minha empresa. Não foi fácil<br />

mas não foi mais difícil se<br />

tivesse escolhido Lisboa ou<br />

<strong>Leiria</strong> para o mesmo efeito.<br />

Quais as principais diferenças<br />

que reconhece no<br />

actual mundo da moda em<br />

relação há quinze anos?<br />

Fundamentalmente nenhu-<br />

Quinze anos com Christian Lacroix<br />

André Sá Pessoa tem 39 anos<br />

e nasceu em <strong>Leiria</strong>. Cedo foi para<br />

Lisboa on<strong>de</strong> se formou em artes<br />

do fogo, na Escola <strong>de</strong> Artes Decorativas<br />

António Arroio e em Joalharia<br />

Clássica e Contemporânea<br />

no Arco, Centro <strong>de</strong> Arte e Comunicação<br />

Visual. Em 1990, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> concluir os estudos emigrou<br />

para França, on<strong>de</strong>, há 15 anos<br />

colabora com o <strong>de</strong>signer Cristian<br />

Lacroix, dono <strong>de</strong> uma das<br />

mais famosas casas <strong>de</strong> alta costura<br />

parisienses. Christian Dior,<br />

Givenchy, Torrent e Hanae Mori<br />

DECORAÇÃO DE UM SMART COM PEÇAS DE JOALHARIA foram outras das casas com quem<br />

já colaborou. Na comédia “Divorce”,<br />

realizada por James Ivory em 1997, a actriz Glenn Close usou criações da sua autoria em<br />

parceria com dois <strong>de</strong>signers búlgaros, Livia Stoiavana e Yassen Samouilav. Estes três criadores<br />

têm actualmente um atelier no Palais Royal, em Paris, on<strong>de</strong> criam peças <strong>de</strong> joalharia extravagantes<br />

para marcas como Christian Lacroix, Dior e Givenchy, entre outras. A primeira colecção<br />

<strong>de</strong> alta costura <strong>de</strong>nominada “Guerriére Urbane”, data <strong>de</strong> 2002. RR<br />

DR<br />

ma. Objectivamente, graças<br />

aos media, os potenciais clientes<br />

<strong>de</strong> moda estão mais informadas<br />

e por conseguinte mais<br />

exigentes.<br />

O que o inspira nas suas<br />

criações?<br />

A minha inspiração vem<br />

da beleza dos seres humanos<br />

em geral, e <strong>de</strong> todas as viagens<br />

que fiz à volta do mundo.<br />

Não há nada mais inspirador<br />

para mim que o encontro<br />

com outras historias e outras<br />

culturas. No fim <strong>de</strong> contas os<br />

seres humanos nascem mais<br />

ou menos iguais.<br />

Consegue imaginar-se a<br />

viver e a trabalhar em Portugal<br />

neste momento?<br />

A gran<strong>de</strong> fantasia da minha<br />

vida é imaginar que eventualmente<br />

po<strong>de</strong>ria voltar ao<br />

meu País, <strong>de</strong> que tanto me<br />

orgulho. Falta-me a maresia<br />

e o nosso sol. Mas a vida é<br />

assim, não se po<strong>de</strong> ter tudo,<br />

e o que tenho já e bem mais<br />

do que esperava.<br />

E que imagem tem <strong>de</strong> Portugal<br />

actualmente?<br />

Sem ser falsamente mo<strong>de</strong>sto,<br />

a imagem que me chega é<br />

que somos governados por<br />

um grupo <strong>de</strong>“vacões” que não<br />

se dão conta do potencial<br />

extraordinário da população<br />

portuguesa. Fiquei triste <strong>de</strong><br />

ver a direita no governo e a<br />

subserviência do imbecil que<br />

presi<strong>de</strong> a União Europeia, <strong>de</strong>ixando<br />

o nosso pais aos cães.<br />

Sente-se emigrante ou vê<br />

França como o seu País?<br />

Eu sinto-me um cidadão do<br />

mundo, profundamente português<br />

e orgulhoso <strong>de</strong> o ser.<br />

Tem sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Portugal?<br />

As sauda<strong>de</strong>s são o meu<br />

motor e estão omnipresentes.<br />

Acordo e <strong>de</strong>ito-me com o nosso<br />

sol no coração e os meus<br />

amigos no pensamento.<br />

Tem alguma história curiosa<br />

que queira partilhar?<br />

Não creio que a minha vida<br />

tenha algo <strong>de</strong> mais interessante<br />

que o simples facto <strong>de</strong><br />

ser artista, num país rico <strong>de</strong><br />

arte e inspiração. Não obstante,<br />

o melhor momento da<br />

minha vida foi ter sido aceite<br />

pela fe<strong>de</strong>ração francesa da alta<br />

costura, e isto só com três <strong>de</strong>sfiles.<br />

Fiquei orgulhoso, pois é<br />

particularmente difícil entrar<br />

na fe<strong>de</strong>ração. Esta faz-se através<br />

dos votos <strong>de</strong> casas como<br />

a Dior, Lacroix ou Chanel, que<br />

me respeitam e consi<strong>de</strong>ram o<br />

meu trabalho <strong>de</strong> artista.<br />

Que projectos e objectivos<br />

tem para o futuro?<br />

Tudo o que a vida me quiser<br />

dar será bem vindo. Tenho<br />

aversão a tudo o que é feio e<br />

negativo. Sem projectar o futuro,<br />

tudo o que vier a re<strong>de</strong> é<br />

peixe, tendo sempre como critério<br />

<strong>de</strong> exigência, a excelência<br />

da minha formação artística.<br />

Ricardo Rodrigues<br />

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JORNAL DE LEIRIA | 9 DE JUNHO DE 2005

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