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RESPOSTA DO SR. MARCOS ALMIR MADEIRA 29<br />

rem concorrência às do acervo da Sra. Roberto Marinho, cuja ausência in<strong>vol</strong>untária<br />

todos lastimamos. Não me importo de repetir: finura pode estar em<br />

tudo. E o ponto mais alto: a palavra do cardeal Legado, também para encanto<br />

(não marcial) do Marechal Juarez Távora sobre o que Sua Eminência chamou<br />

a “força da natureza ciclópica na floresta da Tijuca” – uma página literária<br />

que deitou ouro puro na conversa inesperada.<br />

Vossa Eminência, Sr. D. Lucas, não frequenta o ensaio biográfico, mas,<br />

para algum observador surpreso por sua presença no gênero, já teria pronta a<br />

resposta, e seria colhida no relicário de Dante: Anche io sono pittore... Pintar foi o<br />

que fez o biógrafo do Santo Padre, a começar pela habilidade no jogo da cor,<br />

na dosagem dos matizes, como convinha ao Sumo Vigário de Cristo.<br />

Mas o Eminentíssimo confrade já incursionou por terreno escorregadio,<br />

e sem queda: fez traduções. Foi assim quando trasladou para o Português as<br />

ideias que o Cardeal Sueneus, da Bélgica, enfeixou no seu livro L’ Eglise en État<br />

de Mission. Assim, por igual, ao traduzir Prières, de Michael Quoist, título que<br />

teve a excelente lembrança de substituir por Poemas para Rezar. Mais um primoroso<br />

achado literário que brotou de sua pena, título que se diria repousante ou<br />

em que repousa a alma do leitor. E me vem agora à memória, a propósito da<br />

sua estilística nos títulos, certo diálogo entre Humberto de Campos e Mon teiro<br />

Lobato. Humberto informava do desejo de ver publicado novo livro seu. –<br />

Você é dos bons – expandiu-se Lobato, para logo indagar: – Como se chama<br />

o livro? E Humberto: – Ainda não escolhi título. O criador de Jeca Tatu<br />

fechou a conversa: – Então comece do começo. Escolha um título bem traquejado<br />

e depois me fale. O que o personalíssimo editor não poderia imaginar<br />

era que o seminarista Moreira Neves viesse a concorrer, precisamente na estilística<br />

dos títulos, com Gilberto de Mello Freyre, autor, dentre tantas outras<br />

obras, daquele Guia Prático, Histórico e Sentimental do Recife, único no gênero.<br />

Pensa agora a <strong>Academia</strong> nos serviços de peso que poderia Vossa<br />

Eminência prestar à Crítica Literária entre nós. Não creio que seria a Crítica<br />

Tradicional, fundada em análises particularistas. Sua exegese não seria também<br />

a anatomia do texto em termos apenas de estilo e tema. A rigor, seria a Crítica<br />

Literária a serviço da crítica de certas ideias; ou literária na forma e filosófica<br />

pelo curso do argumento. Em qualquer hipótese, lucraria a nossa Literatura,<br />

em termos de hermenêutica mais larga. Disso, aliás, temos já algumas mostras<br />

auspiciosas. A última, creio, foi a sua aguda reflexão, exatamente crítica, em

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