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Discursos academicos vol vii.correcao.indd - Academia Brasileira ...

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RESPOSTA DO SR. MARCOS ALMIR MADEIRA 31<br />

seu óleo cristão, justiça para todos, extensiva, sólida, social; justiça profunda e<br />

larga, para que a liberdade, a suspirada liberdade das criaturas, não se dilua<br />

num vago estado de espírito ou não se perca em simples agitação no espaço,<br />

sem realidade no tempo.<br />

Livre-nos Deus do pecado político de pregarmos o imobilismo, o<br />

enquistamento em conceitos e preceitos que a vida foi denunciando e afinal<br />

revogou. Um belo exemplo de receptividade aos imperativos de retificação<br />

social e política está na atitude histórica da Igreja Católica ante os direitos<br />

propriamente sociais. E o contraste passou também à História: enquanto a<br />

Constituição <strong>Brasileira</strong> de 1891 não continha um só dispositivo sobre relações<br />

entre capital e trabalho, patrão e empregado, assistência e proteção ao operariado,<br />

a encíclica Rerum Novarum entrava no debate do século, lançando urbi et<br />

orbi, no mesmo ano de 1891, quatro meses após a promulgação da nossa Lei<br />

Magna, um legítimo e avisado código de justiça social. Corrigia-se a hipertrofia<br />

do individualismo. Socializavam-se as oportunidades de acesso ao<br />

bem-estar coletivo, aquilo que para Jacques Maritain era “dever e reclamo”<br />

e, no Brasil, só a Re<strong>vol</strong>ução de 1930 viria institucionalizar, incorporando<br />

cristãmente ao centro do Estado valores humanos dispersos na vida:<br />

o proletário, a mulher e a criança.<br />

Mas a festa desta noite aviva nosso compromisso de fidelidade aos valores<br />

que plasmaram nossa formação. Como Graça Aranha, em seu libelo sob<br />

este mesmo teto, não queremos a insularidade no painel cultural do passado,<br />

só por ser passado. Mas teremos de reconhecer, bem especialmente nesta Casa,<br />

que o processo de desespiritualização e alienação, notadamente nas camadas<br />

jovens do País, vai crescendo numa temperatura de febre, ostentando, não<br />

raro, feições de um paroxismo tragicômico.<br />

Estão no auge a poluição da palavra, a licenciosidade programada, a<br />

mediocrização estabelecida, erigida até mesmo em gênero literário; a imbecilização<br />

do humor, o embrutecimento ou a quase animalização do gosto na música,<br />

na recreação mecanizada, na decoração da casa e do corpo, nas vestes tanto mais<br />

regressivas ou selvagens quanto mais sumárias; na culinária tanto menos alimentícia<br />

quanto mais anunciada e às vezes tão sintética como amostra grátis.<br />

É triste verificar que tudo isso perfaz um grosseiro processo de transplantação<br />

cultural, em que a menos culpada é nossa gente moça, como a maior<br />

parte da própria porção madura do povo, já intoxicadas pelo mais insidioso

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