You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
vírus desde o nascimento. "Descobri<br />
que tinha o HIV porque escutava algumas<br />
conversas quando era<br />
menor e fui juntando as peças. Nunca<br />
tocamos nesse assunto <strong>em</strong><br />
família. Só durante as brigas a gente<br />
solta alguma coisa", conta Sandra.<br />
Segundo a psicóloga, quando a<br />
família aceita a aids com mais<br />
naturalidade e se abre para o diálogo,<br />
a relação familiar se torna muito<br />
melhor.<br />
“Já posso me virar sozinho!”<br />
Será?<br />
Com ou s<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>as, ter a<br />
família por perto é importante. Ainda<br />
mais quando se t<strong>em</strong> um vírus<br />
que deixa a pessoa mais sensível a<br />
doenças e obrigada a seguir um<br />
tratamento tão complexo quanto o<br />
anti-aids. Vamos admitir: proteção,<br />
às vezes, cai b<strong>em</strong>. E para isso não<br />
t<strong>em</strong> idade. Rosa, 17 anos, de São<br />
Paulo, sente falta do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que<br />
sua mãe tomava conta dela. "Gosto<br />
de ter liberdade, mas queria que<br />
minha mãe ligasse mais para mim.<br />
Vou ao médico sozinha e vivo esquecendo<br />
dos r<strong>em</strong>édios. Sinto falta dela<br />
ficar <strong>em</strong> cima", diz.<br />
Por outro lado, quando a proteção<br />
é exagerada, ninguém agüenta!<br />
Mas, dê um desconto. No fundo,<br />
seus familiares só quer<strong>em</strong> evitar<br />
que você prejudique sua saúde. O<br />
jeito é você ir mostrando aos poucos<br />
que não é mais aquele ser frágil e<br />
que pode tomar conta sozinho do<br />
seu tratamento. Com Sandra aconteceu<br />
assim. "Quando era mais<br />
nova, minha mãe me controlava<br />
muito e quase não me deixava sair",<br />
diz ela. "Aos poucos ela foi me<br />
liberando e eu agora sou bastante<br />
responsável. Hoje, saio com minhas<br />
amigas à noite, viajo, e não esqueço<br />
de tomar r<strong>em</strong>édios. Mas de vez <strong>em</strong><br />
quando minha mãe ainda liga para<br />
me l<strong>em</strong>brar", conta ela.<br />
Segundo a psicóloga Camila<br />
Perez, é importante que os pais incentiv<strong>em</strong><br />
seus filhos a se tornar<strong>em</strong><br />
independentes. "Alguns adolescentes<br />
soropositivos são exagerada-<br />
mente protegidos pela família, o que<br />
os torna muito imaturos", diz a<br />
psicóloga. "A família precisa deixar<br />
os jovens crescer<strong>em</strong>. Ela deve estar<br />
atenta para perceber que t<strong>em</strong><br />
coisas que eles já pod<strong>em</strong> fazer sozinhos<br />
e ficar de olho nas situações<br />
<strong>em</strong> que eles ainda precisam de<br />
apoio, como a hora de tomar os<br />
r<strong>em</strong>édios". E nunca é d<strong>em</strong>ais l<strong>em</strong>brar:<br />
um pouco de carinho não faz<br />
SV<br />
mal a ninguém.<br />
RECADO PARA A FAMÍLIA<br />
Quando a família lida b<strong>em</strong> com a aids, o adolescente<br />
também encara essa questão com mais tranqüilidade<br />
e cuida melhor do seu tratamento.<br />
O segredo da família sobre o assunto passa para<br />
o adolescente a noção de que a aids é uma doença<br />
que envergonha e essa atitude só serve para aumentar<br />
a desinformação e fortalecer o preconceito.<br />
Não existe um momento ideal para contar à<br />
criança que ela é soropositiva. Responder de<br />
forma simples as perguntas que aparec<strong>em</strong> é a<br />
melhor atitude.<br />
O adolescente precisa ir, aos poucos, ganhando<br />
autonomia para se tornar um adulto responsável.<br />
Apesar de não gostar de d<strong>em</strong>onstrar, o adolescente<br />
ainda precisa de atenção, carinho e ajuda. Com sensibilidade,<br />
é possível distinguir <strong>em</strong> que pontos ele precisa<br />
de apoio e <strong>em</strong> quais ele já pode se virar sozinho.<br />
Quando a família está com probl<strong>em</strong>as para lidar com as<br />
difíceis questões da aids e da adolescência, nada<br />
melhor do que buscar ajuda com o profissional de<br />
saúde de sua confiança.<br />
27