CULTURA REGIONAL E O ENSINO DA ARTE: CAMINHO ... - UCDB
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indígenas (Curso Normal Superior – Aquidauna, MS). Trabalhei com<br />
lideranças indígenas significativas, com pessoas que “fazem a diferença”.<br />
Senti de perto as dificuldades, os embates da fronteira cultural. O trabalho<br />
com os alunos indígenas me trouxe um encantamento sobre as suas formas de<br />
expressão. Nas oficinas realizadas dentro da disciplina, muito aprendi e fiquei<br />
impressionada com a liberdade e a segurança na demonstração das diversas<br />
linguagens, diferente dos demais acadêmicos não indígenas, que muitas vezes<br />
afirmam não saberem desenhar, cantar, representar, dançar.<br />
Sensibilizou-me, na ocasião da formatura destes alunos, quando na<br />
“homenagem aos professores” ao invés de receber a tradicional “placa de<br />
agradecimento”, recebi um vaso terena e a declaração: “um pouco de nossa<br />
cultura a quem trouxe um pouco de sua cultura e de sua arte”. Percebi o<br />
quanto essas manifestações indígenas me instigam. Tornei-me apaixonada<br />
pela “arte indígena”.<br />
Participando do Grupo de Educação Escolar Indígena do Fórum<br />
Permanente de Educação de Mato Grosso do Sul, nos debates sobre as<br />
realidades das várias etnias, deparei com a problemática da educação escolar<br />
voltada para alunos indígenas e como suas manifestações artísticas e culturais<br />
são apresentadas aos não indígenas. Perguntei-me: o que a minha área de<br />
atuação, Artes, tem contribuído para as questões de identidade? O que eu,<br />
professora de um curso de formação de professores, tenho feito?<br />
Bujes (2002), abordando sobre metodologia de pesquisa, sobre<br />
caminhos e descaminhos a serem percorridos, afirma que:<br />
[...] a pesquisa nasce sempre de uma preocupação com<br />
alguma questão, ela provém, quase sempre, de uma<br />
insatisfação com respostas que já temos, com explicações das<br />
quais passamos a duvidar, com desconfortos mais ou menos<br />
profundos em relação a crenças que, em algum momento,<br />
julgamos inabaláveis. Ela se constitui na inquietação 12 .(p.14).<br />
Essa inquietação sobre a cultura regional, especificamente sobre a<br />
arte indígena, trouxe-me além incômodos, insatisfações, dúvidas que geraram<br />
necessidades a serem discutidas. Como a arte indígena é apresentada no<br />
12 Grifos da autora.<br />
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