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uma breve leitura sobre as fases do jornalismo online no ... - Unesp

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WEBJORNALISMO: UMA BREVE LEITURA SOBRE AS FASES DO<br />

JORNALISMO ONLINE NO BRASIL<br />

KONDLATSCH, Rafael 1<br />

RESUMO<br />

Assim como a Internet, que retroativamente p<strong>as</strong>sou da f<strong>as</strong>e 1.0 para a 2.0, o <strong>jornalismo</strong><br />

pratica<strong>do</strong> na rede também p<strong>as</strong>sou por alterações em sua forma de trabalho e estrutura de<br />

apresentação. Por meio de critérios b<strong>as</strong>ea<strong>do</strong>s n<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de produção de conteú<strong>do</strong>, autores<br />

definiram f<strong>as</strong>es para o <strong>jornalismo</strong> <strong>online</strong> e demonstraram <strong>as</strong> principais mudanç<strong>as</strong> de cada<br />

perío<strong>do</strong>. Esse artigo faz <strong>uma</strong> <strong>breve</strong> <strong>leitura</strong> dess<strong>as</strong> f<strong>as</strong>es e aponta característic<strong>as</strong> da f<strong>as</strong>e atual<br />

em que se encontra o web<strong>jornalismo</strong>, principalmente <strong>no</strong> Br<strong>as</strong>il.<br />

PALAVRAS-CHAVE: Internet 2.0. Web<strong>jornalismo</strong>. F<strong>as</strong>es <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong>.<br />

Definição <strong>do</strong> termo: <strong>jornalismo</strong> <strong>online</strong> ou on line<br />

Por definição, os termos web<strong>jornalismo</strong>, <strong>jornalismo</strong> 2.0 e <strong>jornalismo</strong> <strong>online</strong> são<br />

diretamente origina<strong>do</strong>s a partir da rede mundial de computa<strong>do</strong>res. Uma rede que, apesar de já<br />

ser idealizada e há mais de 40 a<strong>no</strong>s, como <strong>no</strong>ção de ciberespaço vigora há pouco mais de <strong>uma</strong><br />

década e seria hoje próximo ao que Pierre Levy definiria como “um conjunto de<br />

computa<strong>do</strong>res interliga<strong>do</strong>s, um computa<strong>do</strong>r hipertextual, disperso, vivo, fervilhante,<br />

inacaba<strong>do</strong>” (2000, p.44). Uma visão que é complementar à cl<strong>as</strong>sificação apontada por Lemos<br />

(2008) quan<strong>do</strong> este concorda que o ciberespaço é inacaba<strong>do</strong> justamente por sua característica<br />

de continuidade e recriação através da interatividade, motivo que o colocaria <strong>no</strong> status de<br />

media 2 frio. Essa continuidade cíclica, que o remonta e reorganiza a cada <strong>no</strong>va f<strong>as</strong>e, acentua<br />

ainda mais <strong>as</strong> possibilidades dessa interatividade que, da mesma forma, pode retribuir a<br />

transformação também “<strong>no</strong>s comportamento(s) Individual(is) ou coletivos” (NICOLA, 2004,<br />

p.28) daqueles que interferem em sua estrutura organizacional e de conteú<strong>do</strong>.<br />

Assim como a Internet se altera e se ajusta às necessidades de seus usuários, o<br />

<strong>jornalismo</strong> também sofre mudanç<strong>as</strong> em su<strong>as</strong> e busca dar mais possibilidades ao público que<br />

acessa <strong>as</strong> informações. Objeto de pesquisa e estu<strong>do</strong>s em divers<strong>as</strong> escol<strong>as</strong> de comunicação, o<br />

1 1 Jornalista, especialista em ensi<strong>no</strong> superior de Língua Portuguesa e mestran<strong>do</strong> em Comunicação pela<br />

Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquista Filho” – <strong>Unesp</strong>.<br />

2 Media frios são aqueles em que a interação é permitida, deixan<strong>do</strong> um espaço onde os usuários podem<br />

preencher. São medi<strong>as</strong> frios a palavra, a televisão, o telefone e os alfabetos pictográficos. Nesse senti<strong>do</strong> <strong>as</strong><br />

tec<strong>no</strong>logi<strong>as</strong> de cibercultura são medi<strong>as</strong> frios, interativos e retribalizantes (LEMOS, 2008, p.72).


<strong>jornalismo</strong> na Internet já teve vári<strong>as</strong> termi<strong>no</strong>logi<strong>as</strong> que buscavam identificá-lo e diferenciá-lo<br />

<strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> dito convencional. De Work (2001); Hall (2001) e Ward (2002) trabalharam<br />

com o termo <strong>jornalismo</strong> on line. Já B<strong>as</strong>tos (2000) e Noci (2001) preferiram o <strong>jornalismo</strong><br />

eletrônico. Macha<strong>do</strong> & Palácios (2003) e Barbosa (2005) a<strong>do</strong>taram como mais acerta<strong>do</strong><br />

<strong>jornalismo</strong> digital. Marcos (2000) e Deuze (2004) utilizaram <strong>jornalismo</strong> multimedia enquanto<br />

Mendez & Gil (2001) preferiram <strong>jornalismo</strong> cibernético. Salaverria (2005) e Valcarce &<br />

Álvarez (2004) apontaram ciber<strong>jornalismo</strong>. “Tod<strong>as</strong> ess<strong>as</strong> expressões seguem um padrão<br />

linguístico. Online jornalism em língua inglesa, <strong>jornalismo</strong> digital em português e<br />

ciberperiodismo em c<strong>as</strong>telha<strong>no</strong>” (CANAVILHA, 2007, p. 2).<br />

Partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> pressuposto que tratamos nessa pesquisa <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> desenvolvi<strong>do</strong> na<br />

Internet e que o escopo deste capítulo não é aprofundar <strong>uma</strong> discussão <strong>sobre</strong> a linguagem<br />

utilizada, m<strong>as</strong> sim <strong>sobre</strong> a i<strong>no</strong>vação <strong>no</strong> uso da ferramenta e a utilização <strong>do</strong> meio de produção e<br />

difusão de conteú<strong>do</strong>, <strong>no</strong>s parece mais acerta<strong>do</strong> concordar com Canavilha (2001); Mielniczuk<br />

(2003); Rib<strong>as</strong> (2004); Alzamora (2004) e Barbosa (2005) que utilizam tanto o termo<br />

web<strong>jornalismo</strong> como <strong>jornalismo</strong> <strong>online</strong> para tratar <strong>do</strong> tema.<br />

Consideran<strong>do</strong> que el concepto de periodismo está directamente relaciona<strong>do</strong><br />

con el soporte técnico y el medio que difunde l<strong>as</strong> <strong>no</strong>tici<strong>as</strong> (Murad, 1999), <strong>no</strong>s<br />

parece que la palabra webperiodismo es la que mejor se adecua al<br />

periodismo hecho en y para Internet, más específicamente, en la parte de<br />

Internet de<strong>no</strong>minada World Wide Web. Por lo tanto, lo que entendemos por<br />

webperiodismo es el periodismo que utiliza l<strong>as</strong> herramient<strong>as</strong> de Internet para<br />

investigar y producir conteni<strong>do</strong>s periodísticos difundi<strong>do</strong>s por la Web, y que<br />

tiene un lenguaje propio compuesto por textos, soni<strong>do</strong>s, imágenes y<br />

animaciones, conecta<strong>do</strong>s entre sí a través de enlaces (CANAVILHA, 2007,<br />

p. 6).<br />

É interessante, antes de seguir com a discussão <strong>sobre</strong> <strong>as</strong> f<strong>as</strong>es <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> na<br />

internet, compreender o conceito <strong>sobre</strong> a diferença na utilização <strong>do</strong>s termos <strong>online</strong> (ou on-<br />

line) e on line e o porquê da a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> primeiro. Segun<strong>do</strong> a definição apontada pelo<br />

dicionário Cambridge de Língua Inglesa 3 , on line significa em operação (liga<strong>do</strong>) e é o<br />

antônimo de off line, sen<strong>do</strong> comumente utiliza<strong>do</strong> em relação à máquin<strong>as</strong> e aparelhos. Já o<br />

termo <strong>online</strong> (ou on-line) age como adjetivo ou advérbio relaciona<strong>do</strong> a serviços, produtos e<br />

informações usa<strong>do</strong>s e obti<strong>do</strong>s através da Internet ou conecta<strong>do</strong>s a um sistema. A partir dessa<br />

acepção, concluímos que o termo correto para é relacionar o web<strong>jornalismo</strong> à expressão<br />

<strong>online</strong> <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> deste estar inseri<strong>do</strong> e operar na e através da Internet.<br />

3 Disponível na Internet em http://dictionary.cambridge.org acesso em 03.10.2011.


F<strong>as</strong>es <strong>do</strong> Jornalismo <strong>online</strong> na web 2.0<br />

O <strong>jornalismo</strong> pratica<strong>do</strong> na Internet atualmente é parte de um processo de i<strong>no</strong>vação<br />

tec<strong>no</strong>lógica e de um modelo de rede reconheci<strong>do</strong> como web 2.0. Essa definição foi dada pelo<br />

consultor america<strong>no</strong> Tim O’Reilly (2004) durante <strong>uma</strong> conferência para discutir produção de<br />

sistem<strong>as</strong>, aplicativos e ferrament<strong>as</strong>. Para ele, a <strong>no</strong>va f<strong>as</strong>e da Internet seguiria os seguintes<br />

princípios:<br />

(...) o posicionamento estratégico – a web como plataforma social; o <strong>do</strong><br />

posicionamento <strong>do</strong> usuário – você controla seus da<strong>do</strong>s, e o princípio da rede<br />

como gera<strong>do</strong>ra de competênci<strong>as</strong> centrais – a oferta de serviços e não de<br />

pacotes de softwares, a arquitetura de participação, a eficiência em<br />

eco<strong>no</strong>mi<strong>as</strong> de escala, a visão de que softwares não são ferrament<strong>as</strong> isolad<strong>as</strong>,<br />

e o meio de alavancagem da inteligência coletiva (CORRÊA & LIMA, 2009,<br />

p. 2.)<br />

De fato, o termo cunha<strong>do</strong> por O’Reilly descreve toda <strong>uma</strong> <strong>no</strong>va etapa da web<br />

suplantan<strong>do</strong> sua antecessora (a 1.0) que, efetivamente, só p<strong>as</strong>sou a existir como conceito de<br />

forma retroativa, graç<strong>as</strong> à necessidade de separar os <strong>do</strong>is momentos da rede mundial de<br />

computa<strong>do</strong>res. Se antes (1.0) ela era limitada e com baixo grau de interatividade, <strong>no</strong> modelo<br />

2.0 os limites ainda estão sen<strong>do</strong> testa<strong>do</strong>s e <strong>as</strong> fronteir<strong>as</strong> são desconhecid<strong>as</strong>, tamanha a gama de<br />

opções que surgem a cada perío<strong>do</strong>. Já se sabe que na web 2.0 os usuários p<strong>as</strong>saram a ser<br />

sujeitos ativos <strong>no</strong> processo de produção, tal qual previu O’Reilly, por conta <strong>do</strong>s avanços na<br />

arquitetura da rede, que abriu possibilidades de interação <strong>online</strong> e recriação de espaços a partir<br />

de sites e portais. Segun<strong>do</strong> Briggs (2011, p. 28) por meio dessa evolução houve <strong>uma</strong><br />

facilitação na integração entre usuário e rede que só foi possível porque “os editores da web<br />

estão crian<strong>do</strong> plataform<strong>as</strong> ao invés de conteú<strong>do</strong> e os usuários é que estão crian<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>”.<br />

Schmitt et. al. (2008), referencian<strong>do</strong> Pisani (2006) e o próprio O’Reilly (2007),<br />

<strong>as</strong>sinala que a web 2.0 não seria algo efetivamente <strong>no</strong>vo, “m<strong>as</strong> sim a percepção de princípios<br />

vence<strong>do</strong>res que apontam <strong>uma</strong> <strong>no</strong>va tendência empresarial de gestão e de modelo de negócio”.<br />

Essa segunda f<strong>as</strong>e de serviços <strong>online</strong>, segun<strong>do</strong> Primo (2007), “caracteriza-se por potencializar<br />

<strong>as</strong> form<strong>as</strong> de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os<br />

espaços para a interação entre os participantes <strong>do</strong> processo”. Uma visão partilhada por Briggs<br />

(2011, p. 28) quan<strong>do</strong> este declara que os websites deixaram de ser “depósitos isola<strong>do</strong>s de<br />

informação com canais de comunicação de <strong>uma</strong> só via (...), tornan<strong>do</strong>-se plataform<strong>as</strong> de<br />

computação para oferecer aplicativos da web aos usuários finais”. Uma opinião que vai ao<br />

encontro <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s de Lemos (2008, p. 68.) <strong>sobre</strong> a cibercultura e a tec<strong>no</strong>logia como


ferramenta de “comunicação bidirecional entre grupos e indivíduos, escapan<strong>do</strong> da difusão<br />

centralizada de informação m<strong>as</strong>siva”.<br />

É importante ressaltar aqui que um <strong>do</strong>s diferenciais da web 2.0 está na criação de<br />

plataform<strong>as</strong> para uso de recursos <strong>online</strong> que antes só eram possíveis através de program<strong>as</strong><br />

instala<strong>do</strong>s <strong>no</strong> computa<strong>do</strong>r. Essa i<strong>no</strong>vação acelerou processos e facilitou a vida de usuários<br />

comuns que não dispunham de recursos técnicos para os upgrades <strong>do</strong>s softwares e hardwares<br />

em su<strong>as</strong> máquin<strong>as</strong> e, por conta disso, muit<strong>as</strong> vezes ficavam às margens d<strong>as</strong> facilidades<br />

advind<strong>as</strong> com a evolução <strong>do</strong>s sistem<strong>as</strong>, principalmente em países periféricos. Para Ferrari<br />

(2010, p. 12), nessa segunda f<strong>as</strong>e da Internet acompanhamos um processo de maturidade<br />

tec<strong>no</strong>lógica e comercial da web que a torna “mais viável a cada dia”.<br />

Assim como a Internet, a evolução <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> <strong>online</strong> tem si<strong>do</strong> dividida pelos<br />

teóricos em f<strong>as</strong>es demarcad<strong>as</strong> a partir d<strong>as</strong> definições de modelo de negócio utiliza<strong>do</strong> e da<br />

forma d<strong>as</strong> diferentes apropriações <strong>do</strong> ciberespaço como meio de produção e difusão de<br />

conteú<strong>do</strong>. Partin<strong>do</strong> dess<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>sificações é possível perceber claramente um trilho que<br />

acompanha a evolução <strong>do</strong>s meios eletrônicos, desde o boletim via fax, envia<strong>do</strong> por alguns<br />

impressos <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s <strong>no</strong>s 70 4 , até a construção da <strong>no</strong>tícia fragmentada em tempo real e<br />

com recursos de áudio, vídeo e hipertexto em um mesmo <strong>do</strong>cumento.<br />

Em seu início, a Internet serviu para que os jornais pudessem criar bancos de da<strong>do</strong>s de<br />

armazenamento de informações que, de acor<strong>do</strong> com Schwingel (2005), representavam<br />

memóri<strong>as</strong> estendid<strong>as</strong> <strong>do</strong>s veículos. Esses bancos, contu<strong>do</strong>, não eram suficientes como meios<br />

de informação porque não havia <strong>uma</strong> organização <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s a ponto de criar contexto e<br />

significação para os produtos jornalísticos (COLLE, 2002; FIDALGO, 2003; MACHADO,<br />

2004; BARBOSA, 2004). Essa realidade exigiu <strong>uma</strong> <strong>no</strong>va forma de pensar a arquitetura<br />

desses bancos que, a partir de atualizações de sistem<strong>as</strong> e processos, p<strong>as</strong>saram a dar lugar aos<br />

sites e portais.<br />

Nos a<strong>no</strong>s 80 os veículos de comunicação investiram muito em computa<strong>do</strong>res e<br />

softwares para agilizar o processo de edição e montagem <strong>do</strong>s <strong>no</strong>ticiários, permitin<strong>do</strong> com isso<br />

estender os deadlines 5 e ganhar tempo para melhorar a qualidade de su<strong>as</strong> edições<br />

(CANAVILHAS, 2007). Esses investimentos na produção acabaram sen<strong>do</strong> pertinentes <strong>no</strong><br />

momento em que houve o boom da Internet porque grande parte <strong>do</strong> material <strong>do</strong>s impressos já<br />

estava digitaliza<strong>do</strong> e pronto para ser lança<strong>do</strong> na rede. Por conta dessa comodidade os<br />

4<br />

Segun<strong>do</strong> Nicola (2004, p.29) essa prática “condicio<strong>no</strong>u o público desses jornais a <strong>uma</strong> forma reduzida de mídia<br />

com característic<strong>as</strong> eletrônic<strong>as</strong>”.<br />

5<br />

Horário de fechamento <strong>do</strong>s jornais para que sejam diagrama<strong>do</strong>s e envia<strong>do</strong>s para a impressão.


primeiros jornais a circular <strong>no</strong> meio <strong>online</strong> traziam, em <strong>uma</strong> interface pobre de recursos e com<br />

layout estático, b<strong>as</strong>icamente os mesmos textos d<strong>as</strong> edições em papel, um momento que foi<br />

identifica<strong>do</strong> por Schwingel (2005) como “transposição <strong>do</strong> impresso”.<br />

Muitos autores se debruçaram <strong>sobre</strong> o estu<strong>do</strong> d<strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong> <strong>no</strong> paradigma e escopo <strong>do</strong><br />

<strong>jornalismo</strong> na Internet <strong>as</strong>sim como da forma de utilização <strong>do</strong> ciberespaço como ambiente de<br />

produção e transmissão de informação periodística. D<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> resultaram delimitações de<br />

perío<strong>do</strong>s demarca<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s arquétipos de <strong>jornalismo</strong> apresenta<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s websites<br />

de veículos de comunicação. Dentre <strong>as</strong> cl<strong>as</strong>sificações a<strong>do</strong>tad<strong>as</strong> podemos destacar a de Rib<strong>as</strong><br />

(2004), que definiu três etap<strong>as</strong> separad<strong>as</strong> em Linear, Hipertextual Básico e Hipertextual<br />

Avança<strong>do</strong>, e Gonzalez (2000), que identificou quatro momentos para os modelos de jornal<br />

<strong>online</strong> dividi<strong>do</strong>s em Fac-simile, Modelo Adapta<strong>do</strong>, Modelo Digital e Modelo Multimédia.<br />

Na separação proposta por Rib<strong>as</strong> (2004), a era Linear seria um primeiro estágio <strong>no</strong><br />

qual o <strong>jornalismo</strong> na internet apen<strong>as</strong> faria cópia <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> impresso, manten<strong>do</strong> <strong>uma</strong><br />

estrutura de informação com começo, meio e fim, sem interação entre os textos, e com<br />

interface gráfica estática. Na cl<strong>as</strong>sificação de Gonzalez (2000) essa f<strong>as</strong>e é chamada de Fac-<br />

simile por retratar o ponto em que o <strong>jornalismo</strong> apen<strong>as</strong> “jogava” na web <strong>as</strong> págin<strong>as</strong> impress<strong>as</strong><br />

em formato de Portable Document Format (PDF) ou outro similar para a <strong>leitura</strong> <strong>do</strong>s textos tal<br />

qual em um jornal. Nesse perío<strong>do</strong> não havia equipes preparad<strong>as</strong> para atuar na rede e nem a<br />

preocupação de diversificar a produção e os méto<strong>do</strong>s de trabalho n<strong>as</strong> redações.<br />

Na era <strong>do</strong> Hipertextual Básico, segun<strong>do</strong> Rib<strong>as</strong> (2004), o padrão seguiria o primeiro<br />

estágio, m<strong>as</strong> agora com a a<strong>do</strong>ção de links permitin<strong>do</strong> <strong>uma</strong> “navegação” entre os textos, o que<br />

foi identifica<strong>do</strong> e defini<strong>do</strong> por Gonzalez (2000) como Modelo Adapta<strong>do</strong>. Apesar de um leve<br />

avanço obti<strong>do</strong> pelos jornais, a interação <strong>do</strong> leitor com a plataforma nesse momento seria ainda<br />

pouco explorada e “o meio antigo permaneceria como referência” (CHRISTOFOLETTI &<br />

SILVA, 2010, p. 68).<br />

Na terceira f<strong>as</strong>e proposta por Rib<strong>as</strong> (2004), definida como Hipertextual Avançada, o<br />

<strong>no</strong>vo meio ganha <strong>no</strong>va linguagem, conteú<strong>do</strong>s e recursos próprios (imagens e vídeos). “A<br />

interação entre produtores e consumi<strong>do</strong>res de <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong> chega ao seu ápice e há simbiose entre<br />

<strong>as</strong> diferentes mídi<strong>as</strong>” (CHRISTOFOLETTI & SILVA, 2010, p. 68). Schiwingel (2005, p. 2)<br />

relata que a terceira geração <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> <strong>online</strong> pode ser analisada pela “aplicabilidade d<strong>as</strong><br />

característic<strong>as</strong> em produtos que são desenvolvi<strong>do</strong>s <strong>no</strong> ciberespaço ou pela incorporação de<br />

rotin<strong>as</strong> diferenciad<strong>as</strong> <strong>no</strong>s processos de produção de empres<strong>as</strong>”. Esse seria o momento atual <strong>do</strong><br />

web<strong>jornalismo</strong> para o qual muitos veículos estão apontan<strong>do</strong> através de melhori<strong>as</strong> em su<strong>as</strong><br />

plataform<strong>as</strong> e mo<strong>do</strong>s de produção. Nessa f<strong>as</strong>e, contu<strong>do</strong>, há <strong>uma</strong> diferenciação clara entre <strong>as</strong>


cl<strong>as</strong>sificações de Rib<strong>as</strong> (2004) e Gonzalez (2000), pois este opta por separar o terceiro<br />

momento em du<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> etap<strong>as</strong> distint<strong>as</strong>. Na primeira, chamada de Modelo Digital, os jornais<br />

têm um layout pensa<strong>do</strong> e cria<strong>do</strong> para o meio <strong>online</strong>. “A utilização de hipertexto e a<br />

possibilidade de comentar são presença obrigatória e <strong>as</strong> <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong> de última hora p<strong>as</strong>sam a ser<br />

fator de diferenciação em relação às versões em papel” (CANAVILHAS, 2006, p. 1). Apesar<br />

da i<strong>no</strong>vação, para ele ainda não havia a disponibilidade de to<strong>do</strong>s os recursos já possíveis na<br />

web o que só aconteceria naquilo que Gonzalez (2000) definiu como Modelo Multimédia,<br />

<strong>uma</strong> quarta e última f<strong>as</strong>e que seria, para o autor, o ápice dessa utilização d<strong>as</strong> <strong>no</strong>v<strong>as</strong><br />

tec<strong>no</strong>logi<strong>as</strong> com a inclusão da interatividade, som, vídeo e animações n<strong>as</strong> <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong>.<br />

Apesar de, teoricamente, contar com <strong>uma</strong> maior diferenciação entre os perío<strong>do</strong>s, o<br />

modelo de Gonzalez (2000) não é muito utiliza<strong>do</strong> entre os pesquisa<strong>do</strong>res, principalmente <strong>no</strong><br />

Br<strong>as</strong>il. A maioria <strong>do</strong>s autores prefere separar em apen<strong>as</strong> três f<strong>as</strong>es a evolução <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong><br />

<strong>online</strong>, vide os trabalhos de Christofoletti & Silva (2010) e Primo & Träsel (2006), estes<br />

últimos ressaltan<strong>do</strong> ainda mais <strong>uma</strong> característica existente <strong>no</strong> terceiro momento: a<br />

“possibilidade de distribuição <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> para outr<strong>as</strong> plataform<strong>as</strong> como telefones e<br />

handhelds” (Ibid. p.7). Por conta dessa a<strong>do</strong>ção, trabalharemos nessa pesquisa com <strong>as</strong> três<br />

f<strong>as</strong>es <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> <strong>online</strong> propost<strong>as</strong> por Rib<strong>as</strong> (2004) por entendermos que os momentos<br />

descritos pelo autor são bem marca<strong>do</strong>s e diferenciam efetivamente perío<strong>do</strong>s porque p<strong>as</strong>saram<br />

os periódicos na internet.<br />

No Br<strong>as</strong>il os jornais começaram a disponibilizar sites <strong>no</strong>s moldes da f<strong>as</strong>e Linear de<br />

Rib<strong>as</strong> (2004) a partir de maio de 1995 com o Jornal <strong>do</strong> Br<strong>as</strong>il 6 . Esse lançamento aconteceu<br />

qu<strong>as</strong>e um a<strong>no</strong> depois <strong>do</strong> jornal america<strong>no</strong> The NandO Times estrear na web<br />

(CHRISTOFOLETTI & SILVA, 2010, p.67). Seguin<strong>do</strong> <strong>uma</strong> linha cro<strong>no</strong>lógica, a Folha de S.<br />

Paulo, com site lança<strong>do</strong> em abril de 1996, seria o primeiro jornal em tempo real publica<strong>do</strong> em<br />

língua portuguesa na rede 7 . Atualmente, podemos encontrar <strong>no</strong> país veículos de comunicação<br />

que apresentam característic<strong>as</strong> em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> três f<strong>as</strong>es <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> na Internet segun<strong>do</strong> a<br />

cl<strong>as</strong>sificação de Rib<strong>as</strong> (2004). Alguns até tramitan<strong>do</strong> entre mais de <strong>uma</strong> f<strong>as</strong>e. É possível<br />

perceber entre os sites br<strong>as</strong>ileiros a utilização de recursos próprios da web 2.0, como a a<strong>do</strong>ção<br />

de espaço para comentários e recomendação de <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong> via redes sociais, mesmo em portais<br />

com característic<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> que o colocariam ainda <strong>no</strong> momento Linear de Rib<strong>as</strong> (2004).<br />

6 O <strong>no</strong>me faz referência aos <strong>do</strong>is municípios <strong>no</strong>s quais o periódico circula Rio Negro-PR e Mafra-SC. Disponível<br />

em www.anj.org.br/a-industria-jornalistica/historia<strong>no</strong>br<strong>as</strong>il/arquivos-em-pdf/Cro<strong>no</strong>logia.pdf acesso em<br />

10.10.2011.<br />

7 Disponível em www.folha<strong>online</strong>.com.br acesso em 10.10.2011.


Como exemplo é possível citar o c<strong>as</strong>o encontra<strong>do</strong> <strong>no</strong> site <strong>do</strong> jornal Diário de Riomafra 8 que<br />

circula na região de Mafra, Santa Catarina, e Rio Negro, Paraná. Na página <strong>do</strong> jornal há<br />

<strong>no</strong>tíci<strong>as</strong> com atr<strong>as</strong>o de um ou <strong>do</strong>is di<strong>as</strong> em relação ao jornal impresso, <strong>uma</strong> ação que busca, na<br />

visão comercial, atrair os leitores interessa<strong>do</strong>s n<strong>as</strong> <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong> <strong>do</strong> dia a comprar o exemplar na<br />

banca ou fazer <strong>as</strong>sinatura <strong>do</strong> periódico. E a preocupação <strong>do</strong>s editores tem certo fundamento,<br />

principalmente em se tratan<strong>do</strong> de <strong>uma</strong> pequena cidade <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> onde a quantidade<br />

de exemplares vendi<strong>do</strong>s estaria sujeita à queda com a inclusão d<strong>as</strong> <strong>no</strong>tici<strong>as</strong> em tempo real.<br />

Isso porque, de acor<strong>do</strong> com Ricar<strong>do</strong> Nicola (2004, p. 37), “pesquis<strong>as</strong> mostram que um quarto<br />

<strong>do</strong>s ex-<strong>as</strong>sinantes de jornais impressos apontam a internet como fator determinante <strong>do</strong><br />

cancelamento <strong>do</strong>s seus contratos (...)”. Porém, além de comercial, essa postura defensiva<br />

de<strong>no</strong>ta também que o veículo dá me<strong>no</strong>s interesse ao seu espaço <strong>online</strong>, algo que é visível<br />

pel<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> sem atualização como o cabeçalho de <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong>, por exemplo (figura 1).<br />

Figura 1. No dia 20 de janeiro de 2012 o cabeçalho ainda traz um destaque de 6 de dezembro de 2011,<br />

demonstran<strong>do</strong> mais de um mês sem atualização <strong>do</strong> espaço.<br />

Apesar da plataforma receber me<strong>no</strong>s atenção e claramente servir apen<strong>as</strong> de vitrine<br />

<strong>online</strong> d<strong>as</strong> matéri<strong>as</strong> contid<strong>as</strong> <strong>no</strong> impresso, o site conta com links para comentários e<br />

compartilhamento <strong>do</strong>s textos n<strong>as</strong> redes sociais (característic<strong>as</strong> da terceira f<strong>as</strong>e de Rib<strong>as</strong>) e <strong>uma</strong><br />

caixa de chamad<strong>as</strong> ligada a um feed automático de <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong> que atualiza chamad<strong>as</strong> de agênci<strong>as</strong><br />

dan<strong>do</strong> <strong>uma</strong> falsa impressão de <strong>jornalismo</strong> em tempo real (figura 2).<br />

8 www.diarioderiomafra.com.br acesso em outubro de 2011.


Figura 2. Mesmo estan<strong>do</strong> em <strong>uma</strong> f<strong>as</strong>e mais atr<strong>as</strong>ada <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> <strong>online</strong>, o site traz alguns recursos que<br />

tentam dar <strong>uma</strong> aparência de tempo real ao espaço como a a<strong>do</strong>ção de feed eletrônico de <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong>.<br />

O que acontece com o jornal Diário de Riomafra se repete em muitos outros sites de<br />

veículos peque<strong>no</strong>s, principalmente em cidades fora d<strong>as</strong> capitais e de su<strong>as</strong> regiões<br />

metropolitan<strong>as</strong>. O fato de ainda existir <strong>as</strong> f<strong>as</strong>es iniciais <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> sen<strong>do</strong> utilizad<strong>as</strong> na<br />

Internet talvez possa ser explica<strong>do</strong> por questões financeir<strong>as</strong> que, principalmente <strong>no</strong> interior,<br />

condenam a <strong>uma</strong> estagnação da produção pela redução de pessoal e de g<strong>as</strong>tos. Para<br />

Canavilh<strong>as</strong> (2007) a falta de recursos é um <strong>do</strong>s principais empecilhos para que o <strong>jornalismo</strong><br />

<strong>online</strong> evolua em muitos veículos de comunicação já estabeleci<strong>do</strong>s e com sucesso em um<br />

meio de difusão tradicional.<br />

No final <strong>do</strong>s a<strong>no</strong>s 90 pensava-se que a vantagem mais importante <strong>do</strong><br />

web<strong>jornalismo</strong> foi não ter os custos de distribuição, um peso muito<br />

importante <strong>no</strong> custo <strong>do</strong>s meios de comunicação tradicionais. Efetivamente,<br />

na f<strong>as</strong>e 1 foi <strong>uma</strong> grande vantagem porque a mídia se limitava a oferecer na<br />

web o mesmo conteú<strong>do</strong> que seu suporte habitual. M<strong>as</strong> a evolução de um<br />

<strong>jornalismo</strong> que capitaliza <strong>as</strong> vantagens oferecid<strong>as</strong> pela Web envolve outros<br />

custos que não são compensa<strong>do</strong>s pel<strong>as</strong> eco<strong>no</strong>mi<strong>as</strong> na distribuição. Por<br />

exemplo, a necessidade de profissionais treina<strong>do</strong>s para executar to<strong>do</strong> o<br />

processo produtivo de <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong>, que <strong>do</strong>mine a linguagem multimídia e que<br />

tenha capacidade de operar com <strong>as</strong> ferrament<strong>as</strong> informátic<strong>as</strong> necessári<strong>as</strong> para<br />

a sua produção (CANAVILHAS, 2007, p.30).<br />

Os custos para a manutenção <strong>do</strong> web<strong>jornalismo</strong>, que incluem manter <strong>uma</strong> equipe<br />

exclusiva para o portal e preparada para trabalhar <strong>as</strong> <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong> <strong>no</strong> ciberespaço, impede até que<br />

jornais de grandes cidades avancem para a terceira f<strong>as</strong>e proposta por Rib<strong>as</strong> (2004). Um<br />

exemplo é o Jornal da Cidade, de Bauru, que cobre 46 municípios com <strong>uma</strong> população<br />

estimada de mais de um milhão e quinhentos mil habitantes e tiragens de 25 mil exemplares<br />

em di<strong>as</strong> úteis e 33 mil exemplares aos <strong>do</strong>mingos 9 . Apesar de to<strong>do</strong> potencial consumi<strong>do</strong>r, o<br />

portal <strong>do</strong> diário (www.jcnet.com.br) ainda se mantém na primeira f<strong>as</strong>e <strong>do</strong>s jornais na Internet,<br />

9 Disponível em www.sucursalsp.com.br/site/index.php acesso em 11.10.2011.


abrin<strong>do</strong> mão de recursos como áudio e vídeo. A única i<strong>no</strong>vação a<strong>do</strong>tada pelo jornal é a mesma<br />

possibilidade de comentário e recomendação de <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong> pelos leitores via redes sociais, tal<br />

qual o peque<strong>no</strong> jornal <strong>do</strong> interior de Santa Catarina. Outra característica que demonstra o<br />

perfil básico <strong>do</strong> site <strong>do</strong> JC é a disponibilização da versão impressa <strong>do</strong> jornal em PDF (figura<br />

3) para que o leitor possa “paginar” virtualmente o periódico. Um recurso que “pesa” o sítio e<br />

deixa mais morosa a <strong>leitura</strong> na Internet.<br />

Figura 3. Site <strong>do</strong> Jornal da Cidade disponibiliza <strong>as</strong> págin<strong>as</strong> <strong>do</strong> impresso em PDF para a <strong>leitura</strong>. Uma medida<br />

mais próxima a primeira f<strong>as</strong>e <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> proposta por Rib<strong>as</strong> (2004).<br />

Na outra ponta da escala estão os portais de grandes jornais que <strong>as</strong>sumiram <strong>as</strong><br />

potencialidades da rede e utilizam to<strong>do</strong>s os recursos disponíveis em su<strong>as</strong> págin<strong>as</strong>. Podemos<br />

destacar nesse modelo Hipertextual Avança<strong>do</strong> a Gazeta <strong>do</strong> Povo 10 (Curitiba - PR), o Diário<br />

Catarinense 11 (Florianópolis – SC), O Globo 12 (Rio de Janeiro – RJ), o Esta<strong>do</strong> de S. Paulo 13<br />

(São Paulo – SP) e a já citada Folha de S. Paulo 14 (São Paulo – SP). É interessante <strong>no</strong>tar que<br />

em to<strong>do</strong>s os cinco exemplos - poderiam ter si<strong>do</strong> apontad<strong>as</strong> dezen<strong>as</strong>, há a disponibilidade de<br />

10 Disponível em www.gazeta<strong>do</strong>povo.com.br acesso em 10.11.2011.<br />

11 Disponível em www.clickrbs.com.br/diariocatarinense acesso em 10.11.2011.<br />

12 Disponível em www.oglobo.com.br acesso em 10.11.2011.<br />

13 Disponível em http://www.estadao.com.br acesso em 10.11.2011.<br />

14 Disponível em www.folha<strong>online</strong>.com.br acesso em 10.11.2011.


vídeos e áudios streaming além de links em meio às <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong> permitin<strong>do</strong> um acompanhamento<br />

<strong>do</strong> leitor com relação aos fatos (figura 4). Ess<strong>as</strong> possibilidades aceitam que o Internauta p<strong>as</strong>se<br />

por diferentes tipos de mídia e possa, por exemplo, ouvir um podc<strong>as</strong>t 15 <strong>do</strong> colunista de<br />

eco<strong>no</strong>mia enquanto lê <strong>uma</strong> <strong>no</strong>tícia <strong>sobre</strong> a rodada <strong>do</strong> esporte <strong>no</strong> final de semana na qual<br />

poderá <strong>as</strong>sistir aos gols <strong>do</strong> seu time utilizan<strong>do</strong> vídeos coloca<strong>do</strong>s em meio ao texto. E após<br />

fazer tu<strong>do</strong> isso o leitor pode, com um clique <strong>no</strong> mouse, compartilhar essa informação com os<br />

contatos em alg<strong>uma</strong> rede ou mídia social, aumentan<strong>do</strong> exponencialmente a circulação dessa<br />

<strong>no</strong>tícia.<br />

Figura 4. Clican<strong>do</strong> na chamada de capa <strong>do</strong> site <strong>do</strong> portal G1, da Globo, o leitor segue para a matéria que é<br />

dividida em diversos formatos. É possível ver vídeos <strong>sobre</strong> o desabamento <strong>do</strong>s prédios e operação <strong>do</strong>s<br />

bombeiros, bem como ler matéri<strong>as</strong> <strong>sobre</strong> outros acontecimentos.<br />

A informação fragmentada em diversos formatos é <strong>uma</strong> característica determinante da<br />

terceira f<strong>as</strong>e <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> digital que alguns autores de<strong>no</strong>minam como hípermídia. Segun<strong>do</strong><br />

Lúcia Leão (2010), essa seria um tipo complexo de escritura <strong>no</strong> qual há a interconexão de<br />

diferentes blocos informacionais.<br />

Devi<strong>do</strong> às característic<strong>as</strong> <strong>do</strong> meio digital é possível realizar trabalhos com<br />

<strong>uma</strong> quantidade e<strong>no</strong>rme de informações vinculad<strong>as</strong>, crian<strong>do</strong> <strong>uma</strong> rede<br />

multidimensional de da<strong>do</strong>s. Esta rede, que constitui o sistema hipermidiático<br />

propriamente dito, possibilita ao leitor diferentes percursos de <strong>leitura</strong> (LEÃO<br />

apud CANAN, 2010, p.144).<br />

Muit<strong>as</strong> vezes os veículos optam por fragmentar a <strong>no</strong>tícia mesmo dentro de um único<br />

formato. Essa medida, em geral, serve para que não seja necessário esperar pelo fim <strong>do</strong> texto<br />

15 Arquivo de áudio disponibiliza<strong>do</strong> via streaming para audição <strong>online</strong>.


para que ele seja publica<strong>do</strong>, lançan<strong>do</strong> mão de <strong>uma</strong> informação b<strong>as</strong>e que é sempre atualizada à<br />

medida que <strong>no</strong>vos fatos vão surgin<strong>do</strong>. Essa prática é definida por Adriana Garcia Martinez<br />

(2010) como “árvore informativa”.<br />

É importante ressaltar que, dentro da terceira f<strong>as</strong>e proposta por Rib<strong>as</strong> (2004), houve <strong>no</strong><br />

Br<strong>as</strong>il a criação de veículos que n<strong>as</strong>ceram na web e têm foco em utilizar e aprimorar su<strong>as</strong><br />

estrutur<strong>as</strong> para utilizar sempre o máximo <strong>do</strong>s mecanismos cria<strong>do</strong>s para difusão de<br />

informações <strong>no</strong> meio. Os maiores portais de <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong>, como são conheci<strong>do</strong>s esses sites,<br />

<strong>no</strong>rmalmente mantêm ligações com grandes conglomera<strong>do</strong>s da mídia e fazem um <strong>jornalismo</strong><br />

puramente volta<strong>do</strong> à Internet. Esses portais disputam a atenção <strong>do</strong> público e muit<strong>as</strong> vezes<br />

atuam com reportagens de boa qualidade em termos de pesquisa, investigação e pluralidade<br />

de fontes. Contu<strong>do</strong>, a velocidade d<strong>as</strong> atualizações e a pressa de sempre sair na frente na<br />

disputa por segun<strong>do</strong>s de vantagem às vezes atrapalham a rotina, fazen<strong>do</strong> com que o jornalista<br />

ig<strong>no</strong>re alg<strong>uma</strong>s etap<strong>as</strong> da produção da <strong>no</strong>tícia como a apuração e verificação, por exemplo,<br />

recain<strong>do</strong> em furos inexistentes e da<strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s de forma errada.<br />

A partir dessa discussão <strong>sobre</strong> o <strong>jornalismo</strong> contemporâneo, podemos destacar que o<br />

<strong>jornalismo</strong> <strong>online</strong>, em qualquer <strong>uma</strong> de su<strong>as</strong> f<strong>as</strong>es, está cada vez mais presente na sociedade<br />

informacional seja como alternativa de difusão de conteú<strong>do</strong> entre veículos tradicionais de<br />

imprensa, seja como mídia principal de algum grupo de comunicação. Contu<strong>do</strong>, frente às<br />

muit<strong>as</strong> possibilidades ofertad<strong>as</strong> pelo meio, é possível afirmar que os jornalist<strong>as</strong> ainda estão<br />

engatinhan<strong>do</strong> <strong>no</strong> que se refere ao web<strong>jornalismo</strong>. Apesar de alg<strong>uma</strong>s i<strong>no</strong>vações que surgem<br />

em diferentes partes, a grande maioria <strong>do</strong>s portais ainda está descobrin<strong>do</strong> como trabalhar essa<br />

<strong>no</strong>va forma de comunicação. Canavilh<strong>as</strong> (2006, p. 5-6) já chamava a atenção para a<br />

necessidade de um <strong>no</strong>vo olhar <strong>sobre</strong> web<strong>jornalismo</strong> que não deve ser visto como <strong>uma</strong> segunda<br />

linha <strong>do</strong> <strong>jornalismo</strong> tradicional “existente apen<strong>as</strong> para promover o jornal, a rádio ou a<br />

televisão que suporta o meio <strong>online</strong>”. Para Briggs (2007, p. 27) apen<strong>as</strong> com essa mudança de<br />

foco é que os jornalist<strong>as</strong> poderão evoluir e utilizar o máximo d<strong>as</strong> possibilidades dessa <strong>no</strong>va<br />

plataforma. Em 2005 o presidente da Microsoft já apontava isso quan<strong>do</strong> declarou para o<br />

periódico francês Le Figaro 16 que até 2010 de 40% a 50% d<strong>as</strong> <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong> seriam lid<strong>as</strong> pela<br />

Internet e que se <strong>uma</strong> empresa de mídia quisesse prosperar deveria investir na qualidade de<br />

desenvolvimento de seu website. Uma previsão que se concretizou segun<strong>do</strong> <strong>uma</strong> pesquisa<br />

realizada em 2011 pela Pew Research Center 17 . No estu<strong>do</strong>, entre os 1.500 america<strong>no</strong>s<br />

16 Entrevista reproduzida pelo jornal O Esta<strong>do</strong> de S. Paulo em 25/10/2005 In QUADROS et. al. 2011, p. 45.<br />

17 Disponível em http://m<strong>as</strong>hable.com/2011/01/04/internet-surp<strong>as</strong>ses-television-<strong>as</strong>-main-news-source-for-young-<br />

adults-study/ acesso em 13.04.2012.


entrevista<strong>do</strong>s, 41% citaram a internet como principal fonte de consumo de <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong>. Entre <strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> com me<strong>no</strong>s de 30 a<strong>no</strong>s esse número foi ainda maior, 65%, tiran<strong>do</strong> da TV o primeiro<br />

lugar <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> da informação. É possível ver nesses números a participação d<strong>as</strong> redes e<br />

mídi<strong>as</strong> sociais, que têm alavanca<strong>do</strong> e da<strong>do</strong> suporte para a difusão e circulação jornalística na<br />

Internet. Em 2009 a agência Bullet divulgou <strong>uma</strong> pesquisa feita entre 3.268 usuários <strong>do</strong><br />

Twitter <strong>no</strong> Br<strong>as</strong>il 18 apontan<strong>do</strong> que 79% seguem perfis de empres<strong>as</strong> e agênci<strong>as</strong> de <strong>no</strong>tíci<strong>as</strong>.<br />

Desses usuários 9 em cada 10 disse que se mantêm informa<strong>do</strong>s pelo microblog. Números<br />

esses reforçam a necessidade de se utilizar bem ess<strong>as</strong> ferrament<strong>as</strong> dentro <strong>do</strong> web<strong>jornalismo</strong>,<br />

lançan<strong>do</strong> mão de links, hiperlinks e demais recursos que possibilitem a máxima capacidade de<br />

comunicação e difusão de informação.<br />

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