Oração e escuta de Deus - Projeto Primeiro de Maio
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INTRODUÇÃO<br />
“Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples<br />
olhar lançado para o céu, é um grito <strong>de</strong> gratidão e <strong>de</strong> amor,<br />
tanto no meio da tribulação como no meio da alegria”<br />
(Santa Teresa do Menino Jesus 1 )<br />
O ato <strong>de</strong> ORAR é um dos sinais i<strong>de</strong>ntitários do homem religioso. Quem<br />
crê, reza e <strong>de</strong>seja ar<strong>de</strong>ntemente estar com <strong>Deus</strong>, frequentar “sua casa”, <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong><br />
sua intimida<strong>de</strong>, ouvi-Lo. Orar é, sobretudo, relacionar-se com <strong>Deus</strong>, é dialogar com<br />
Ele, é celebrar uma aliança <strong>de</strong> Amor: “Verda<strong>de</strong>iramente, um dia em teus átrios”, diz<br />
o salmista, “vale mais que milhares fora <strong>de</strong>les” (Salmo 84, 11). A oração é, portanto,<br />
um momento privilegiado da vida cristã que, em meio à agitação e às muitas<br />
preocupações da vida mo<strong>de</strong>rna oferece-se como uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontro do<br />
homem com <strong>Deus</strong> e <strong>de</strong>sse homem consigo mesmo.<br />
Somos, <strong>de</strong> fato, diuturnamente assediados e envolvidos por uma<br />
multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vozes que, não raramente, nos distrai e nos dispersa 2 . Deste modo,<br />
quem quer encontrar a <strong>Deus</strong>, afirma Martini (2000) com certo senso <strong>de</strong> humor, <strong>de</strong>ve<br />
lutar para assegurar, ao céu da sua alma, aquele prodígio <strong>de</strong> “um silêncio <strong>de</strong> meia<br />
hora”, do qual nos fala o Apocalipse (Ap 8, 1). A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>escuta</strong>, fundamental<br />
à oração, pressupõe amor ao silêncio. É somente no silêncio fecundo que ela<br />
po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>sabrochar em nossas vidas 3 .<br />
Na rica e diversificada tradição cristã católica, a oração tem, certamente,<br />
lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque. Trata-se, sem dúvida, como bem ensina Carlo Maria Martini<br />
(2000), <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> cujas fronteiras nenhuma pessoa consegue transpor,<br />
quanto mais avançamos mais horizontes se <strong>de</strong>scortinam diante <strong>de</strong> nós, “[...] quanto<br />
mais caminhamos, mais <strong>de</strong>scobrimos quanto temos ainda para caminhar” (p. 43).<br />
Compõe, repetimos, uma tradição bela e imensurável que não preten<strong>de</strong>mos nem<br />
conseguiríamos aqui esgotar: “É por uma transmissão viva, a Tradição, que, na<br />
Igreja, o Espírito Santo ensina os filhos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> a orar” (Catecismo da Igreja n.<br />
2661). Visitar e conhecer esse tesouro (a tradição) é portanto, um “privilégio” <strong>de</strong> que<br />
1 Santa Teresa do Menino Jesus, Manuscrit C, 25r: Manuscrits autobiographiques (Paris 1992) p. 389-<br />
390. [Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, Obras Completas (Paço <strong>de</strong> Arcos, Edições do<br />
Carmelo 1996) p. 276]<br />
2 Não queremos afirmar que no passado era “mais fácil” rezar. Trata-se <strong>de</strong> acentuar, apenas, a<br />
agitação e a avi<strong>de</strong>z por novida<strong>de</strong>s que tão bem caracteriza nosso tempo. Ver, a esse respeito, a obra:<br />
Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> novo rezar, <strong>de</strong> Alfred Läpple.<br />
3 Veja, por exemplo, a obra <strong>de</strong> Frei Ignácio Larrañaga: “O silêncio <strong>de</strong> Maria”.