A SEGUNDA MORTE - Comunidades
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A <strong>SEGUNDA</strong> <strong>MORTE</strong><br />
continuam, sempre, a serem considerados filósofos porque, neles, predomina<br />
sempre, a característica de pensar, enquanto no Santo, é a de amar.<br />
— Compreendi a exposição do Espírito amigo. Penetrávamos, agora, num<br />
imenso salão arborizado de árvores, arbustos e flores de luzes suaves, que<br />
exalavam surpreendentes perfumes que embalsamavam o ar de olente odor.<br />
Senti-me invadido por estranho torpor, que me transportava a maravilhosas<br />
paisagens interiores... Como num filme cinematográfico, passei a ver e a viver<br />
cenas de um passado longínquo, que eu conhecera, que às vezes, não sabia<br />
de onde e que identificara apenas porque, algumas criaturas que conversavam<br />
comigo, naquele estado, me lembravam.<br />
Um deles me disse:<br />
— Eu sou António Pio, de Roma, você não se lembra? E este é Marco Aurélio,<br />
nosso Imperador e Filósofo!<br />
A seguir, aproximou-se belíssima jovem, vestida à romana que me saudou,<br />
exclamando:<br />
— Kalicrates, eu sou Fabíola. Lembra-se que eu o conheci e fui sua irmã? Já<br />
estamos quase vencendo as lutas da Terra e apraz-me encontrá-lo, meu<br />
grande amigo! Ainda voltaremos, um dia, a viver juntos como pai e filha, outra<br />
vez, se Deus quiser! E Fabíola, despedindo-se, me abraçou carinhosamente.<br />
Aquele estranho perfume me dominava ainda, quando um jovem de<br />
arrebatadora beleza, me saudou alegremente:<br />
— Olá Kalicrates, quanta alegria em vê-lo aqui!<br />
Eu o reconheci logo, e lhe disse surpreendido:<br />
— Como é que você está aqui Alcebíades?!<br />
— Sei que não mereço, mas a História Humana, não me faz muita justiça. É o<br />
que costumam chamar de "graça". Pela intercessão de Sócrates, me foi<br />
permitido estar aqui, hoje. Incluiu-me ele, hoje, numa viagem de estudos.<br />
Falou-me que eu aproveitarei muito, para a evolução necessária ao meu mais<br />
rápido desprendimento, das faixas inferiores!<br />
Foi quando tive a ideia de que ele também fora Óscar Wilde... Aquela ideia<br />
brilhou no momento, em minha mente agitada, e fugiu logo como um pássaro<br />
de fogo! Lembrei-me dos sofrimentos de Wilde, nas prisões de Londres, e<br />
como fora maltratado e desprezado, pelo povo inglês, que o arrojara dos<br />
píncaros da glória literária à imundície das frias luzes da prisão, onde vivera, a<br />
pão e água, e a roupa horrível, esfregando o chão... Debaixo, às vezes, de<br />
goteiras de água, completamente nu, sob a vergasta do vento frio, onde um dia<br />
encontrou, as palavras sublimes do Evangelho do Senhor que o redimiram...<br />
Recordei também de Lázaro, que saíra do túmulo, depois de quatro dias, já<br />
podre, pela poderosa vontade de Jesus. E compreendi a razão, ali, da<br />
presença de Alcebíades, pois, para Deus, não é impossível! Mas tão distraído<br />
ficara em minhas meditações que, quando voltei a falar com o jovem Grego, ele<br />
não estava mais! Se perdera entre os convidados! "Não julgueis", dissera o<br />
Senhor. Quem sou eu para julgar? Não se pode julgar ninguém por uma só<br />
encarnação! Somos viajores do infinito! E viajamos da Sombra para a Luz! Eu<br />
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