Maioridade 03 - Câmara Municipal de Ílhavo
Maioridade 03 - Câmara Municipal de Ílhavo
Maioridade 03 - Câmara Municipal de Ílhavo
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
10<br />
Entrevista com D. Maria da Luz<br />
entrevista com<br />
D. Maria da Luz<br />
A alvura do seu<br />
cabelo e o franzido<br />
natural da sua pele<br />
indicam que foram<br />
já muitas as<br />
Primaveras que a<br />
viram passar.<br />
Foi com<br />
expressivida<strong>de</strong> e<br />
comoção<br />
assinaláveis que<br />
nos contou a sua<br />
história <strong>de</strong> vida<br />
que, a <strong>de</strong>terminada<br />
altura, se mistura e<br />
confun<strong>de</strong> com a da<br />
instituição da qual<br />
foi uma das<br />
fundadoras: a Obra<br />
da Providência.<br />
Esta é a<br />
oportunida<strong>de</strong> para<br />
conhecermos<br />
melhor a D. Maria<br />
da Luz.<br />
On<strong>de</strong> e em que ano nasceu?<br />
Nasci na Gafanha da Nazaré, no dia 17 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong><br />
1922. Faço 84 anos este ano.<br />
Como foi a sua vida enquanto criança e em que aspecto<br />
é que a mesma a influenciou para o resto da sua vida?<br />
Na minha meninice ou criancice nada influenciou aquilo que<br />
sou hoje, a não ser, talvez, o facto dos meus pais me <strong>de</strong>spertarem<br />
para a existência <strong>de</strong> outras pessoas que têm problemas na família<br />
e precisam <strong>de</strong> alguém que as aju<strong>de</strong> a libertarem-se e a po<strong>de</strong>rem<br />
ser gente <strong>de</strong> bem.<br />
Os meus pais eram comerciantes. Estu<strong>de</strong>i até à 4ª classe<br />
porque não me <strong>de</strong>ixaram estudar mais. A minha professora até<br />
foi pedir que me <strong>de</strong>ixassem estudar mais mas os meus pais não<br />
<strong>de</strong>ixaram. Depois, comecei a namorar muito cedo. Gostei <strong>de</strong> um<br />
rapaz que também gostava <strong>de</strong> mim, mas os meus pais também<br />
não queriam que eu namorasse, sobretudo aquele rapaz porque<br />
era pescador, mais pobre. Mas eu achava-o muito bom rapaz e<br />
por isso mantive o meu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> continuar a namorar com ele.<br />
Quando cheguei perto dos 17 anos, ele teve pena <strong>de</strong> mim, por<br />
viver um bocado torturada pela minha família, e queria ir para o<br />
estrangeiro para me <strong>de</strong>ixar em paz. Eu também tive pena <strong>de</strong>le<br />
porque ele tinha o seu emprego, a sua família e ia ausentar-se<br />
para um país distante por minha causa ou por causa dos meus<br />
pais.<br />
Então, lembrei-me <strong>de</strong> escrever ao meu padrinho <strong>de</strong> baptismo,<br />
que era o ourives, que havia em <strong>Ílhavo</strong>, e fazer passar uma carta<br />
pelas mãos do meu namorado para que ele a entregasse<br />
pessoalmente para o meu padrinho o conhecer, conhecer os seus<br />
sentimentos e po<strong>de</strong>r interce<strong>de</strong>r por mim. E assim aconteceu.<br />
Precisamente no dia 13, em que o meu padrinho ia fazer a