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Maioridade 03 - Câmara Municipal de Ílhavo

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Em que agrupamento do Corpo Nacional<br />

<strong>de</strong> Escutas Sr. Manuel?<br />

No Agrupamento <strong>de</strong> <strong>Ílhavo</strong>. Nessa altura<br />

era o Agrupamento n.º46 e hoje é o n.º189, se<br />

a memória não me falha. O nosso Agrupamento<br />

foi dos primeiros e fez, salvo erro, setenta e cinco<br />

anos aqui há uns anos atrás. E aí começou o<br />

gosto pelo palco. Comecei a fazer umas<br />

brinca<strong>de</strong>iras, a representar uns monólogos e<br />

comecei a ser solicitado. Depois apareceu um<br />

grupo, que nós chamávamos <strong>de</strong> "Varieda<strong>de</strong>s",<br />

que era um grupo on<strong>de</strong> se cantava, se diziam<br />

poesias, se tocava música, e eu comecei como<br />

apresentador <strong>de</strong>sse grupo e ia<br />

fazendo também a minha parte<br />

<strong>de</strong> monólogos e umas cantigas.<br />

E comecei, então, a ser solicitado<br />

para alguma coisa que se<br />

fazia aqui na Vila. Havia um<br />

Cortejo <strong>de</strong> oferendas para os<br />

Bombeiros ou para a Igreja<br />

Paroquial ou para o Antigo Hospital,<br />

e o Manuel Teles era<br />

solicitado para ir lá fazer o leilão.<br />

Havia um espectáculo <strong>de</strong> beneficência<br />

para qualquer uma das<br />

Instituições, lá ia o Manuel<br />

Teles: "Vão ter com o Manuel<br />

Teles que ele tem jeito para<br />

isso". E assim comecei.<br />

Como surgiu a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

criar uma Rádio? A Rádio<br />

Faneca?<br />

Ora bem. Eu não criei a<br />

Rádio Faneca, é bom que isso<br />

fique claro. Quando eu apareço,<br />

nos anos 50, por volta <strong>de</strong><br />

1953/1954, já havia nessa<br />

altura duas Cabines <strong>de</strong> Som da<br />

rádio. Nesse tempo era assim<br />

que se chamava. Uma estava<br />

na Avenida 25 <strong>de</strong> Abril, no lado do Antigo Cinema.<br />

Nesse cinema fizeram-se brinca<strong>de</strong>iras muito<br />

engraçadas; festivais da canção, coisas diversas.<br />

Aí havia uma cabine <strong>de</strong> som. Quando eu apareço<br />

já havia uma outra na Avenida paralela a essa,<br />

que hoje é a Calçada Carlos Paião. Há um edifício,<br />

on<strong>de</strong> eram os Correios, mesmo ao lado do Café<br />

Jardim, e por cima <strong>de</strong>sse edifício dos Correios<br />

havia outra Cabine <strong>de</strong> Som, que era a Agência<br />

Técnica. Aí é que eu comecei as minhas li<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> disco-jockey, em 1953/1954. A Rádio<br />

Faneca… Esse nome foi alcunha que alguém<br />

pôs e que eu nunca consegui <strong>de</strong>scobrir o porquê<br />

da brinca<strong>de</strong>ira. Assim, começaram a chamar<br />

Rádio Faneca à primeira Cabine <strong>de</strong> Som que<br />

existiu, como disse na Avenida 25 <strong>de</strong> Abril. E<br />

assim ficou Rádio Faneca, até que há poucos<br />

anos, um querido amigo, já falecido, que era<br />

responsável pela Associação Chi-Pó-Pó, <strong>de</strong>cidiu<br />

recriar as emissões da Rádio Faneca. Ou seja,<br />

isso entretanto acabou, fez a sua época e acabou.<br />

Era o pião, o jogo<br />

do botão, o salto a<br />

carneiro e outras<br />

coisas assim.”<br />

A Rádio Faneca acabou em que ano?<br />

Em <strong>Ílhavo</strong> terá acabado em 1979. Já na<br />

Costa Nova acabou em 1998. Na época <strong>de</strong> Verão<br />

fazíamos na Costa Nova, nos meses <strong>de</strong> Julho,<br />

Agosto e Setembro, animação musical, que era<br />

feita na Avenida Marginal da Costa Nova, que é<br />

hoje a Avenida que está recuperada. Na altura,<br />

havia um passeio com uma esplanada muito<br />

bonita e então a juventu<strong>de</strong> daquele tempo, tal<br />

como aqui fazia, andava à volta do Jardim a<br />

ouvir a música, da que mais tar<strong>de</strong> se chamou<br />

Rádio Faneca e fazia-se o que se faz hoje por<br />

telefone, <strong>de</strong>dicava-se um disco à menina Mónica,<br />

um admirador <strong>de</strong>dicava à menina<br />

Mónica uma música qualquer.<br />

Eu digo que as músicas/<br />

canções daquele tempo eram<br />

escolhidas por quem as <strong>de</strong>dicava,<br />

<strong>de</strong> acordo com o estado<br />

<strong>de</strong> alma do admirador, e<br />

portanto era o "Nem às pare<strong>de</strong>s<br />

confesso", "Se os meus olhos falassem", as canções<br />

daquele tempo. Na Costa Nova isso acontecia<br />

no Verão. Uma coisa curiosa é que trabalhava<br />

até às 11h da noite e a essa hora tocava o silêncio,<br />

que era um indicativo do fecho da emissão<br />

e, então, as mães das meninas davam or<strong>de</strong>ns<br />

rigorosas para que às 11h, logo que tocasse o<br />

silêncio, elas regressassem a casa. Assim acabava<br />

o movimento. Era impressionante o movimento<br />

que havia naquela Avenida, um "vai e vem",<br />

andavam <strong>de</strong> um lado para o outro a passear e<br />

a conversar. Era muita gente, ao contrário do<br />

que acontece hoje quando vamos à Costa Nova<br />

à noite e é triste <strong>de</strong> ver.<br />

Estava-me a falar da Associação Cultural<br />

Chi-Pó-Pó…<br />

A Associação Chi-Pó-Pó resolveu então recriar<br />

essas emissões, duas ou três vezes por ano. Fazse,<br />

por exemplo, na altura do S. Martinho. Uma<br />

das activida<strong>de</strong>s da Associação é a oferta <strong>de</strong> um<br />

23<br />

Entrevista com o Sr. Manuel Teles

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