sexualidade, texto e censura - Seminário Enlaçando Sexualidades ...

SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES
Educação, Saúde, Movimentos Sociais, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos
20 a 31 de Julho de 2009
Salvador - BA
Estudar o período da ditadura militar (1964-1985) através da análise de textos teatrais é
considerar tais textos como sujeitos históricos, “como productos de una determinada configuración
cultural, que es interesante conocer también para la propia crítica textual” 2 (PRIEGO, 1997, p.16).
Dessa forma, observa-se que a recuperação do escrito, sendo o texto patrimônio cultural de
específica sociedade, oferece subsídios para a decifração da construção social de determinada época
no qual o mesmo está inserido, revelando diálogos existentes entre cultura, ideologia e história.
Portanto, o trabalho filológico permite, através de investigação, interpretação e edição de
textos teatrais e de elementos paratextuais, fazer uma leitura do que representou a ditadura e suas
conseqüências para a produção dramática baiana, observando-se intricadas relações entre texto,
cultura e sociedade.
CONTEXTO HISTÓRICO
Os acontecimentos mais relevantes que marcaram a década de 60 do século XX acontecem
no ano de 1968, conhecido como "O ano que não terminou". Este ano entrou para a história como
extremamente movimentado e cheio de acontecimentos importantes, como o assassinato de Martin
Luther King, a Guerra do Vietnã, além de inúmeras manifestações, sobretudo estudantis, contra a
Guerra do Vietnã e contra os regimes autoritários vigentes em diversos países do mundo, sobretudo,
na América Latina.
No Brasil, o ano foi marcado pela instituição do Ato Institucional nº 5 pelo então Presidente
Costa e Silva, segundo presidente do regime militar instaurado pelo golpe de 1964. Comumente
conhecido como Ditadura Militar, esse golpe mudou as instituições do país através de decretos e
leis. Neste novo regime político, os princípios básicos da democracia foram violados e toda forma
de manifestação reprimida de forma autoritária. O golpe militar foi articulado pelas forças armadas
que possuíam um projeto político-ideológico a executar e que só conseguiriam isso se
permanecessem durante longo tempo no poder.
Alguns setores da sociedade, tais como grandes empresários, a imprensa, os grandes
latifundiários, a Igreja católica e amplos setores de classe média pediram e estimularam a
intervenção militar, como forma de pôr fim à ameaça comunista e controlar a crise econômica pela
qual passava o país. Todos que apoiavam as reformas de base propostas no governo de Goulart ⎯
2 “como produtos de uma determinada configuração cultural, que é interessante conhecer também para a própria crítica
textual”. (PRIEGO, 1997, p.16, tradução nossa).
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