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bullyng nas aulas de educação física: a homossexualidade em foco

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INTRODUÇÃO<br />

SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />

Educação, Saú<strong>de</strong>, Movimentos Sociais, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos<br />

20 a 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009<br />

Salvador - BA<br />

BULLYNG NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA:<br />

A HOMOSSEXUALIDADE EM FOCO<br />

Ana Patrícia da Silva 1<br />

José Guilherme <strong>de</strong> Oliveira Freitas 2<br />

Michele Pereira <strong>de</strong> Souza da Fonseca 3<br />

Que espécie <strong>de</strong> valores sociais interiorizará uma criança que é sist<strong>em</strong>aticamente alvo do gozo<br />

dos companheiros s<strong>em</strong> a interferência dos adultos? E, do mesmo modo que espécie <strong>de</strong><br />

valores adquirirá a criança que maltrata os companheiros s<strong>em</strong> a advertência e a repreensão<br />

dos adultos. Dan Olweus, 1994.<br />

Este artigo t<strong>em</strong> como objetivo discutir as questões <strong>de</strong> bullying no âmbito da escola, <strong>em</strong><br />

especial <strong>nas</strong> <strong>aulas</strong> <strong>de</strong> Educação Física e mais particularmente o bullying sofrido por alunos<br />

homossexuais ou que apresent<strong>em</strong> qualquer indício <strong>de</strong> homossexualida<strong>de</strong>.<br />

Para fins <strong>de</strong> melhor compreensão das discussões aqui propostas, este artigo foi organizado<br />

<strong>em</strong> duas seções distintas.<br />

A primeira trata da conceituação do Bullying, b<strong>em</strong> como dos sérios probl<strong>em</strong>as advindos<br />

<strong>de</strong>sta prática discriminatória, <strong>de</strong>sta violência e a segunda trata do reconhecimento do Bullying<br />

(como vítima ou agente da violência), ambas associadas aos dados coletados na pesquisa através <strong>de</strong><br />

um questionário. Far<strong>em</strong>os uma discussão entre os dados coletados e o reconhecimento dos agentes<br />

da pesquisa no contexto do Bullying escolar especificamente <strong>nas</strong> <strong>aulas</strong> <strong>de</strong> Educação Física.<br />

1 Doutoranda <strong>em</strong> Educação – UFRJ. Mestre <strong>em</strong> Educação – UFRJ. Licenciada <strong>em</strong> Educação Física. Pesquisadora do<br />

Laboratório <strong>de</strong> Pesquisa, Estudos e Apoio à Participação e à Diversida<strong>de</strong> <strong>em</strong> Educação – LaPEADE. E-mail:<br />

uaisoperala@ig.com.br<br />

2 Doutorando <strong>em</strong> Educação – UFRJ. Mestre <strong>em</strong> Educação – UFRJ. Licenciado <strong>em</strong> Física. Pesquisador do Laboratório<br />

<strong>de</strong> Pesquisa, Estudos e Apoio à Participação e à Diversida<strong>de</strong> <strong>em</strong> Educação – LaPEADE. E-mail:<br />

jguilherm@uol.com.br<br />

3 Mestre <strong>em</strong> Educação - UFRJ. Licenciada <strong>em</strong> Educação Física – UFRJ. Pesquisadora do Laboratório <strong>de</strong> Pesquisa,<br />

Estudos e Apoio à Participação e à Diversida<strong>de</strong> <strong>em</strong> Educação – LaPEADE.<br />

E-mail: michelepereira22@yahoo.com.br<br />

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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />

Educação, Saú<strong>de</strong>, Movimentos Sociais, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos<br />

20 a 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009<br />

Salvador - BA<br />

Escolh<strong>em</strong>os as <strong>aulas</strong> <strong>de</strong> Educação Física porque consi<strong>de</strong>ramos que a sala <strong>de</strong> aula do<br />

professor <strong>de</strong> Educação Física funciona como uma vitrine, uma vez que não t<strong>em</strong> a falsa proteção das<br />

pare<strong>de</strong>s da sala <strong>de</strong> aula tradicional. Nesse espaço <strong>de</strong> cultura corporal do movimento também existe<br />

contato físico e os alunos ficam mais próximos, se sent<strong>em</strong> mais a vonta<strong>de</strong> e muitas vezes se<br />

esquec<strong>em</strong> que estão <strong>de</strong>ntro do espaço físico da escola.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma pesquisa exploratória, que teve como objeto <strong>de</strong> estudo 34 estudantes do 1° e<br />

3° ano do Ensino Médio <strong>de</strong> uma escola da Re<strong>de</strong> Estadual do Rio <strong>de</strong> Janeiro que respon<strong>de</strong>ram a um<br />

questionário fechado. O anonimato dos respon<strong>de</strong>ntes foi garantido e a análise interpretativa dos<br />

dados caracterizou a pesquisa como qualitativa, pois, [...] trabalhar qualitativamente implica,<br />

necessariamente, por <strong>de</strong>finição, <strong>em</strong> enten<strong>de</strong>r/ interpretar os sentidos e as significações que uma<br />

pessoa dá aos fenômenos <strong>em</strong> <strong>foco</strong> (TURATO, 2003, p. 168).<br />

Nesse sentido Denzin e Lincon (2006, p.34) compl<strong>em</strong>entam que toda pesquisa é<br />

interpretativa; é guiada por um conjunto <strong>de</strong> crenças e <strong>de</strong> sentimentos <strong>em</strong> relação ao mundo e ao<br />

modo como este <strong>de</strong>veria ser compreendido e estudado.<br />

VOCÊ SABE O QUE É BULLYING?<br />

Perguntamos aos respon<strong>de</strong>ntes da pesquisa a seguinte questão: Você sabe o que é bullying?<br />

Dos 34 alunos respon<strong>de</strong>ntes, 26 alunos (76%) respon<strong>de</strong>ram que não, 05 alunos (15%) respon<strong>de</strong>ram<br />

que sim e 03 alunos (09%) não respon<strong>de</strong>ram a questão. As respostas supracitadas não chegam a nos<br />

assustar, principalmente pelo fato do termo bullying não ser um termo comum na nossa cultura. Se<br />

ao invés <strong>de</strong> bullying tivéss<strong>em</strong>os perguntado se eles já tinham sofrido algum tipo <strong>de</strong> violência <strong>de</strong>ntro<br />

da instituição escolar acreditamos que po<strong>de</strong>ríamos ter outras respostas.<br />

O termo BULLYING 4 compreen<strong>de</strong> todas as formas <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s agressivas, intencionais e<br />

repetidas, que ocorr<strong>em</strong> s<strong>em</strong> motivação evi<strong>de</strong>nte, adotadas por um ou mais estudantes contra<br />

outro(s), causando dor e angústia, e executadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong>sigual <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Portanto,<br />

os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r são as características<br />

essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima.<br />

Figueira (2002) <strong>em</strong> sua dissertação <strong>de</strong> mestrado intitulada “BULLYING – O Probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

Abuso <strong>de</strong> Po<strong>de</strong>r e Vitimação <strong>de</strong> Alunos <strong>em</strong> Escolas Públicas do Rio <strong>de</strong> Janeiro” aponta <strong>em</strong> seu<br />

estado da arte que o bullying t<strong>em</strong> se tornado recent<strong>em</strong>ente <strong>foco</strong> <strong>de</strong> pesquisas psicológicas<br />

4 Disponível <strong>em</strong>: http://www.bullying.com.br/BConceituacao21.htm. Acesso <strong>em</strong>: 12/05/2008.<br />

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(OLWEUS, 1991,1993; PEPLER & CRAIG, 1995; STEPHENSON & SMITH, 1989; TATTUM,<br />

1989 ). E, que estes estudos indicam que uma gran<strong>de</strong> proporção <strong>de</strong> crianças estão envolvidos <strong>em</strong><br />

atos agressivos na escola (BESAG, 1989; OLWEUS, 199 1,1993; PERRY, KUSSEL & PERRY,<br />

1988 ). Estima-se que <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 7% a 34% <strong>de</strong> crianças <strong>em</strong> ida<strong>de</strong> escolar estão envolvidas, <strong>de</strong><br />

alguma forma, <strong>em</strong> atos agressivos na escola; e <strong>em</strong> todos, ambas as capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agressor e vítima<br />

são potencialmente verificados (BESAG, 1989. OLWEUS, 1987; PERRY ET AL, STEPHENSON<br />

& SMITH.,ZIEGLER& PEPLER, 1989).<br />

Nas palavras <strong>de</strong> Figueira (2002) diversos são os fatores que contribu<strong>em</strong> para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do comportamento agressivo, a saber: (a) características individuais do agressor e<br />

da vítima; (b) associação do processo entre o próprio agressor e a vitima; (c) a presença <strong>de</strong> pares;<br />

(d) o contexto <strong>em</strong> que o comportamento do agressor se <strong>de</strong>senvolve. (CAIRNS & CAIRNS; COIE &<br />

JACOBS, 1993).<br />

O nosso trabalho se apóia nessas diversas pesquisas, que <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> o bullying como sendo uma<br />

forma <strong>de</strong> comportamento agressivo com um <strong>de</strong>snível <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r entre o agressor e a vítima, <strong>em</strong> que<br />

sujeito(s) dominante(s) intencionalmente e repetidamente causam sofrimento por tormentos verbais<br />

e físicos <strong>em</strong> seus alvos, com a intenção <strong>de</strong> magoar ou provocar <strong>de</strong>sconforto, especificamente<br />

àqueles que têm características <strong>de</strong> homossexualida<strong>de</strong>, na escola <strong>em</strong> geral, e especificamente <strong>nas</strong><br />

<strong>aulas</strong> <strong>de</strong> Educação Física.<br />

Este comportamento agressivo po<strong>de</strong> ser expresso fisicamente (batendo, <strong>em</strong>purrando, etc.) ou<br />

verbalmente (xingando); po<strong>de</strong> ainda ser <strong>de</strong> maneira direta ou indireta. Para Figueira (2002) a<br />

agressivida<strong>de</strong> direta refere-se ao ataque direto a vitima — batendo, punindo, provocando,<br />

zombando, maltratando e intimidando (FARRINGTON, 1993, OLWEUS, 1991). A agressivida<strong>de</strong><br />

indireta refere-se ao isolamento social, exclusão, mexericos, fofocas (OLWEUS, 1991, 1993,<br />

ROLAND, 1989).<br />

Por não existir uma palavra na língua portuguesa capaz <strong>de</strong> expressar todas as situações <strong>de</strong><br />

bullying possíveis, relacionamos algumas ações que po<strong>de</strong>m estar presentes: colocar apelidos,<br />

ofen<strong>de</strong>r, zoar, encarnar, humilhar, fazer sofrer, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar,<br />

perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir, bater, chutar, <strong>em</strong>purrar,<br />

ferir, roubar, quebrar pertences.<br />

VOCÊ JÁ SOFREU BULLYING?<br />

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Educação, Saú<strong>de</strong>, Movimentos Sociais, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos<br />

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Quando perguntamos aos respon<strong>de</strong>ntes se eles já sofreram bullying, 19 alunos (56%)<br />

respon<strong>de</strong>ram que sim e 15 alunos (44%) respon<strong>de</strong>ram que não.<br />

Lamentavelmente, as práticas <strong>de</strong> intimidação (Bullying) ainda são realida<strong>de</strong> <strong>nas</strong> escolas. Em<br />

virtu<strong>de</strong> disto, é necessário que algumas atitu<strong>de</strong>s sejam tomadas para que estas práticas diminuam e<br />

<strong>de</strong>ix<strong>em</strong> <strong>de</strong> existir.<br />

Neste sentido, questionamentos que nos possibilit<strong>em</strong> algumas reflexões, são <strong>de</strong> fundamental<br />

importância. Um <strong>de</strong>stes questionamentos é se existe uma visão compartilhada entre os m<strong>em</strong>bros da<br />

escola, pais/responsáveis, gestores e alunos, sobre o que são práticas <strong>de</strong> intimidação.<br />

A partir <strong>de</strong>ste questionamento po<strong>de</strong>mos admitir que o estar consciente <strong>de</strong> um fato é <strong>de</strong><br />

primordial importância, pois alguns fatos discriminatórios são tão banalizados que se inser<strong>em</strong> na<br />

normalida<strong>de</strong> do cotidiano. Aquele velho hábito <strong>de</strong> caçoar <strong>de</strong>ste(a) ou daquele(a) aluno(a) por vários<br />

dias, meses e anos seguidos já po<strong>de</strong> ter virado uma coisa banal, uma rotina, e o pior, ser aceito com<br />

naturalida<strong>de</strong> por todos <strong>em</strong> volta. Por isso, o esclarecimento do que v<strong>em</strong> a ser o bullying e suas<br />

conseqüências <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser divulgadas e, sua prática combatida, principalmente <strong>nas</strong> escolas.<br />

Levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração este fato supracitado as intimidações po<strong>de</strong>riam ser vistas como<br />

um aspecto que potencialmente acompanha as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e estão ligadas à violência verbal,<br />

<strong>em</strong>ocional e também <strong>física</strong>.<br />

Será que a ameaça <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> uma amiza<strong>de</strong> e os comentários e comportamentos racistas,<br />

machistas, contra homossexuais e <strong>de</strong>ficientes também seriam vistos como aspectos <strong>de</strong> intimidação?<br />

Quando estes comentários acontec<strong>em</strong> entre os m<strong>em</strong>bros da escola entre si, entre eles e alunos, entre<br />

eles e os pais/responsáveis, e entre os alunos, qual seria a atitu<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada a ser tomada? Se houver<br />

práticas <strong>de</strong> intimidação neste sentido, existiriam políticas claras sobre práticas <strong>de</strong> intimidação que<br />

<strong>de</strong>lineass<strong>em</strong> <strong>em</strong> <strong>de</strong>talhes os comportamentos aceitáveis e inaceitáveis na escola e a linguag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>stas políticas seriam compreendidas pelos m<strong>em</strong>bros da escola, por estudantes e<br />

pais/responsáveis?<br />

A preocupação sobre este assunto se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> tal forma que po<strong>de</strong>ríamos questionar se<br />

exist<strong>em</strong> na escola pessoas disponíveis, com qu<strong>em</strong> meninos e meni<strong>nas</strong> possam discutir probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

intimidação e sentir<strong>em</strong>-se apoiados e se estes alunos sab<strong>em</strong> a qu<strong>em</strong> recorrer <strong>em</strong> caso <strong>de</strong><br />

experimentar<strong>em</strong> assédio.<br />

Outra questão é se a escola, exercendo o seu papel educativo, promove estratégias para<br />

prevenir e minimizar as práticas <strong>de</strong> intimidação e mantém registros claros sobre incidências <strong>de</strong><br />

intimidação.<br />

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20 a 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009<br />

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Qualquer mudança na escola e no espaço da <strong>educação</strong> <strong>física</strong>, <strong>de</strong>ve ser feita tendo <strong>em</strong> conta as<br />

opiniões, os sonhos e as necessida<strong>de</strong>s dos alunos. As formas <strong>de</strong> bullying <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser b<strong>em</strong> <strong>de</strong>tectadas<br />

e combatidas explicitamente com cautela e habilida<strong>de</strong>s necessárias, mostrando a todos que o<br />

probl<strong>em</strong>a da violência não po<strong>de</strong> ser valorizado e que a sua difusão causa probl<strong>em</strong>as a todos s<strong>em</strong><br />

exceção.<br />

Segundo (FIGUEIRA, 2002),<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Desenvolver a <strong>de</strong>mocracia na escola através das distribuições <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s <strong>nas</strong><br />

tarefas <strong>de</strong> cada um, compreen<strong>de</strong>ndo que a verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>mocracia não se faz pela igualda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>res e sim pelo equilíbrio <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res é um bom começo.<br />

Todos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser responsáveis e culpados pelos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> maus tratos na escola.<br />

Portanto, todos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar envolvidos na sua redução. No âmbito escolar, especificamente <strong>nas</strong><br />

<strong>aulas</strong> <strong>de</strong> Educação Física, <strong>em</strong> que os corpos ficam mais <strong>em</strong> evidência, vários são aqueles alvos do<br />

bullying, a saber: os alunos que se <strong>de</strong>stacam pela altura ou pela baixa estatura, os que têm orelhas<br />

<strong>de</strong> abano, os que usam óculos, os gordos, os muito magros, o negro, o menino mais <strong>de</strong>licado, <strong>de</strong>ntre<br />

outros.<br />

Quer<strong>em</strong>os evi<strong>de</strong>nciar, no entanto, que quando se trata do aluno homossexual, muitas ações<br />

discriminatórias são aplicadas a eles, que na maioria das vezes se retra<strong>em</strong>, sofr<strong>em</strong> e até abandonam<br />

a escola. Neste caso, a exclusão é explícita tendo <strong>em</strong> vista, segundo Jo<strong>de</strong>let (2006), a exclusão ten<strong>de</strong><br />

a induzir s<strong>em</strong>pre uma organização específica <strong>de</strong> relações interpessoais ou intergrupos, <strong>de</strong> alguma<br />

forma material ou simbólica. O que acontece no bullying no ambiente escolar é que os praticantes,<br />

que na maioria das vezes não sofr<strong>em</strong> nenhum tipo <strong>de</strong> represália, continuam a fazê-lo e as<br />

test<strong>em</strong>unhas com medo <strong>de</strong>stes, permanec<strong>em</strong> <strong>em</strong> silêncio, aumentando o seu po<strong>de</strong>r.<br />

Segundo o Programa <strong>de</strong> Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes,<br />

<strong>de</strong>senvolvido pela Associação Brasileira Multiprofissional <strong>de</strong> Proteção à Infância e Adolescência<br />

(ABRAPIA) 5 , quando não há intervenções efetivas contra o bullying, o ambiente escolar torna-se<br />

totalmente contaminado. Todas as crianças, s<strong>em</strong> exceção, são afetadas negativamente, passando a<br />

experimentar sentimentos <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> e medo. Alguns alunos, que test<strong>em</strong>unham as situações <strong>de</strong><br />

bullying quando perceb<strong>em</strong> que o comportamento agressivo não traz nenhuma conseqüência a qu<strong>em</strong><br />

5 Disponível <strong>em</strong>: http://www.abrapia.org.br/homepage/portugues/portugues.htm Acesso <strong>em</strong>: 10 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009.<br />

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o pratica, po<strong>de</strong>rão achar por b<strong>em</strong> adotá-lo, nesse sentido faz-se necessário a interferência do<br />

professor e conseqüent<strong>em</strong>ente sua formação <strong>em</strong> serviço.<br />

REFERENCIAS<br />

ABRAPIA. Associação Brasileira Multiprofissional <strong>de</strong> Proteção à Infância e Adolescência.<br />

Disponível <strong>em</strong>: http://www.abrapia.org.br/homepage/portugues/portugues.htm Acesso <strong>em</strong>: 10 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 2009.<br />

DENZIN, Norman; LINCON, Yvonna. O Planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e<br />

abordagens. Porto Alegre. Artmed. 2006.<br />

FIGUEIRA, Silva Israel. BULLYING – O Probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Abuso <strong>de</strong> Po<strong>de</strong>r e Vitimação <strong>de</strong> Alunos<br />

<strong>em</strong> Escolas Públicas do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Dissertação <strong>de</strong> mestrado. Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong><br />

Lisboa, mestrado <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da criança. 2002.<br />

TURATO, Egberto Ribeiro. Tratado da metodologia da pesquisa clinico - qualitativa:<br />

construção teórico metodológica, discussão comparada e aplicação <strong>nas</strong> áreas da saú<strong>de</strong> e<br />

huma<strong>nas</strong>. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2003.<br />

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