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o olhar de alunos e alunas de um colégio noturno, aracaju-se

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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />

Educação, Saú<strong>de</strong>, Movimentos Sociais, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos<br />

20 a 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009<br />

Salvador - BA<br />

O OLHAR DE ALUNOS E ALUNAS DE UM COLÉGIO NOTURNO, ARACAJU-SE,<br />

SOBRE A PROSTITUTA OU GAROTA DE PROGRAMA NA ESCOLA<br />

Introdução<br />

Clau<strong>de</strong>te Martins Santos [1]<br />

Mônica Ismerim Barreto [2]<br />

Maria Inêz Oliveira Araújo [3]<br />

A <strong>se</strong>xualida<strong>de</strong> <strong>se</strong>mpre existiu e esteve pre<strong>se</strong>nte em todos os lugares, em todas as épocas e<br />

em todos os <strong>se</strong>gmentos sociais. Foi força propulsora <strong>de</strong> muitas civilizações, incomodou <strong>se</strong> fez<br />

pre<strong>se</strong>nte no discurso <strong>de</strong> várias instituições, inclusive políticas e religiosas.Também, sofreu<br />

repressões e regulamentações em suas práticas. Ela está relacionada com na <strong>de</strong>pendência a cultura<br />

em que os sujeitos estejam in<strong>se</strong>ridos, como diz Rodrigues (1980, p. 11) “viver em socieda<strong>de</strong> é viver<br />

sob a dominação <strong>de</strong>ssa lógica e as pessoas <strong>se</strong> comportam <strong>se</strong>gundo as exigências <strong>de</strong>la, muitas vezes<br />

<strong>se</strong>m que disso tenham consciência”. Werebe (1998, p. 16), diz que “cada socieda<strong>de</strong> organiza a<br />

divisão social e <strong>se</strong>xual do trabalho. A distribuição dos empregos pela população regulamenta as<br />

uniões conjugais, as responsabilida<strong>de</strong>s paternas, as funções domésticas. E assim <strong>se</strong> fixam os papéis<br />

<strong>se</strong>xuais”.<br />

Ariès (2006) relata que gran<strong>de</strong> parte das mulheres do século XVII não teve acesso à<br />

instrução. Mesmo entre as clas<strong>se</strong>s mais ricas, poucas eram as que sabiam ler e escrever.<br />

Vasconcelos (2005) diz que para alguns críticos do século XIX, no Brasil, as mulheres não<br />

<strong>de</strong>veriam exercer nenh<strong>um</strong>a função fora do lar, portanto, a educação das mesmas <strong>de</strong>veria <strong>se</strong>r limitada<br />

ao máximo. Em outro trabalho citado por essa autora é colocado que as mulheres não necessitariam<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a maior escolarização, pois as mesmas <strong>se</strong>riam intelectualmente inferiores.<br />

A <strong>de</strong>sconfiança quanto ao que po<strong>de</strong>ria acontecer às mulheres caso recebes<strong>se</strong>m instrução<br />

<strong>se</strong>melhante aos homens é citada por Nunes (2001). Segundo essa autora, os homens tinham certa<br />

<strong>de</strong>sconfiança quanto ao que po<strong>de</strong>ria <strong>se</strong>r feito pelas mulheres que <strong>se</strong> aproprias<strong>se</strong>m <strong>de</strong> <strong>um</strong>a maior<br />

escolarização. Isto po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r ob<strong>se</strong>rvado na fala <strong>de</strong> Luccock (apud NUNES, 2001, p. 9) para quem as<br />

mulheres <strong>de</strong>veriam ater-<strong>se</strong> nas suas leituras apenas aos livros <strong>de</strong> orações e “tampouco <strong>de</strong>veriam<br />

escrever, ‘a fim <strong>de</strong> que não fizes<strong>se</strong>m <strong>um</strong> mau uso da arte’.”<br />

1 Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Sergipe<br />

2 Secretaria <strong>de</strong> Estado da Educação<br />

3 Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Sergipe<br />

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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />

Educação, Saú<strong>de</strong>, Movimentos Sociais, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos<br />

20 a 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009<br />

Salvador - BA<br />

Segundo Andra<strong>de</strong> (2004) permitir o acesso à educação às mulheres faria com que elas<br />

pu<strong>de</strong>s<strong>se</strong>m ter <strong>um</strong>a consciência <strong>de</strong> <strong>se</strong>us direitos e, assim adquirirem arg<strong>um</strong>entos para reivindicá-los.<br />

Durante muitos séculos as mulheres ficaram circunscritas ao ambiente doméstico. Não era aceito<br />

que estas ocupas<strong>se</strong>m o espaço público. Dessa forma, o único trabalho admitido para elas no espaço<br />

público era a prostituição.<br />

Portanto, conforme assinala Sullerot (apud NUNES, 2001, p. 5), “o trabalho da mulher<br />

parecia <strong>se</strong>r a causa da prostituição, já que qualquer mulher, fora <strong>de</strong> sua casa, era, em potência,<br />

‘mulher <strong>se</strong>m valor’.” A mulher só tem valor, portanto, <strong>se</strong> estiver submetida ao domínio <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

homem, e para que esta não tives<strong>se</strong> idéias impróprias à sua condição, sua escolarização <strong>de</strong>veria <strong>se</strong>r<br />

mínima.<br />

Assim <strong>se</strong>ndo, ob<strong>se</strong>rva-<strong>se</strong> que as mulheres tiveram pouco acesso a escolarização. Tal fato só<br />

muda no século XIX (FREITAS, 2003). Porém, quando <strong>se</strong> fala <strong>de</strong> mulheres prostitutas a<br />

escolarização ainda é muito baixa. Enten<strong>de</strong>r o porquê é o objetivo <strong>de</strong>ssa pesquisa, e <strong>se</strong> existem<br />

motivos que impeçam as mesmas <strong>de</strong> freqüentarem a escola, quais são eles.<br />

A PROSTITUTA<br />

A socieda<strong>de</strong> a criou, a elevou, como as “prostitutas sagradas”, primeiras prostitutas da<br />

história cuja importância residia n<strong>um</strong> “ritual da fertilida<strong>de</strong>” e estava relacionado à fecundida<strong>de</strong>,<br />

principalmente da agricultura. A própria socieda<strong>de</strong> (patriarcal) a excluiu e estigmatizou quando<br />

dis<strong>se</strong> que o ato <strong>se</strong>xual prazeroso era ilícito (ROBERTS, 1998).<br />

Da antiguida<strong>de</strong> à Ida<strong>de</strong> Média, as prostitutas eram “necessárias” por vários motivos, entre<br />

eles: para abrandar os <strong>de</strong><strong>se</strong>jos masculinos dos solteiros e com isso pre<strong>se</strong>rvar a honra das mulheres<br />

solteiras e casadas; como forma <strong>de</strong> evitar a homos<strong>se</strong>xualida<strong>de</strong>, acreditando que <strong>se</strong> os homens<br />

tives<strong>se</strong>m contato <strong>se</strong>xual precocemente com mulheres não apre<strong>se</strong>ntariam os distúrbios da<br />

homos<strong>se</strong>xualida<strong>de</strong>. O próprio Santo Agostinho dizia que “<strong>se</strong> as prostitutas forem expulsas da<br />

socieda<strong>de</strong>, tudo estará <strong>de</strong>sorganizado em função dos <strong>de</strong><strong>se</strong>jos” (RICHARDS, 1993 p. 123). Outra<br />

ob<strong>se</strong>rvação também foi feita na época: "A prostituta na socieda<strong>de</strong> é como o esgoto no palácio. Se <strong>se</strong><br />

tirar o esgoto, o palácio inteiro <strong>se</strong>rá contaminado" (RICHARDS, 1993, p.123).<br />

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20 a 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009<br />

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Outros teólogos diziam que a prostituição evitava males maiores, tais como a sodomia 4 e o<br />

assassinato. Tomás <strong>de</strong> Chobham (apud RICHARDS, 1993, p.123), arg<strong>um</strong>entou que:<br />

as prostitutas <strong>de</strong>vem <strong>se</strong>r incluídas entre os assalariados. Com efeito, elas alugam <strong>se</strong>us<br />

corpos e fornecem mão-<strong>de</strong>-obra. Se <strong>se</strong> arrepen<strong>de</strong>rem, po<strong>de</strong>m guardar os lucros da<br />

prostituição para propósitos caridosos. Mas, <strong>se</strong> elas <strong>se</strong> prostituem por prazer e alugam <strong>se</strong>us<br />

corpos <strong>de</strong> modo a obter <strong>de</strong>leite, isso então não é trabalho, e o salário é tão vergonhoso<br />

quanto o ato.<br />

Assim, a prostituta foi vista como algo que a socieda<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> prescindir, mas que não<br />

<strong>de</strong>ve estar em contato direto com as <strong>se</strong>nhoras <strong>de</strong> família. Era colocada à parte, tolerada. Elas<br />

repre<strong>se</strong>ntavam no imaginário das <strong>de</strong>mais pessoas a personificação do mal.<br />

Essa forma marginalizada <strong>de</strong> perceber a prostituta, <strong>se</strong>gundo Pereira et al (2006) vem<br />

sofrendo mudanças. Fon<strong>se</strong>ca (2005 p. 1 apud PEREIRA et al, 2006 p.3) diz que “Hoje, <strong>um</strong> número<br />

crescente <strong>de</strong> prostitutas é gente com<strong>um</strong> e está mais próxima <strong>de</strong> nós do que <strong>se</strong> imagina. Po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r<br />

aquela pacata vizinha, <strong>um</strong>a colega <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong> ou aquela balconista bonitinha.”<br />

Es<strong>se</strong>s autores indicam também que com o advento do celular e da internet, entre outras<br />

formas <strong>de</strong> comunicação, o comportamento das prostitutas tem sofrido modificações. Os sites e<br />

weblogs têm facilitado a relação cliente/prostituta. A maioria das garotas <strong>de</strong> programa entrevistadas<br />

por es<strong>se</strong>s autores (87%) indicam não ter sofrido preconceito por <strong>se</strong>rem garotas <strong>de</strong> programa, o que,<br />

conforme os mesmos apontam para <strong>um</strong>a maior aceitação da prostituição como <strong>um</strong> trabalho.<br />

Relatam ainda que as garotas não ficam constrangidas quando precisam revelar sua profissão, o que<br />

sugere <strong>um</strong>a mudança em relação ao preconceito que antigamente existia.<br />

A prostituição vem assim, adquirindo novas formas e <strong>de</strong>nominações, como é o caso do<br />

termo garoto (a) <strong>de</strong> programa, que é <strong>um</strong> novo rótulo para a prostituição. Estes, <strong>de</strong> forma diversa<br />

daquelas prostitutas pobres que saíam às ruas para con<strong>se</strong>guirem <strong>um</strong> cliente, “garotas e garotos <strong>de</strong><br />

programa têm no máximo trinta anos, <strong>um</strong>a aparência bem atraente e nem <strong>se</strong>mpre são <strong>de</strong> <strong>um</strong>a clas<strong>se</strong><br />

social baixa.” (PICAZIO, 1999 p. 67). Muitos freqüentam <strong>um</strong>a escola ou universida<strong>de</strong> e o que<br />

ganham <strong>se</strong>rve para pagar <strong>se</strong>u luxo, como, viagens, carros <strong>de</strong> luxo e roupas <strong>de</strong> marca. Para eles, essa<br />

ativida<strong>de</strong> é <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> ganho rápido. Valorizam <strong>de</strong>masiadamente o corpo e com o tempo o uso<br />

<strong>de</strong> drogas é evi<strong>de</strong>nte (PICAZIO, 1999).<br />

SEXUALIDADE E ESCOLA<br />

4 Sodomia – relação <strong>se</strong>xual fora dos padrões tidos como normais, entre indivíduos do mesmo <strong>se</strong>xo ou <strong>de</strong> <strong>se</strong>xos<br />

diferentes, ou ainda entre pessoas e animais (LUFT, 1996).<br />

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20 a 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009<br />

Salvador - BA<br />

Todas as questões da <strong>se</strong>xualida<strong>de</strong> são expressas pelos <strong>alunos</strong> na escola e em todas as faixas<br />

etárias, quer <strong>se</strong>ja em suas atitu<strong>de</strong>s, nas portas dos banheiros ou em sua convivência social com os<br />

<strong>de</strong>mais. Cabe à escola <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolver ação crítica, reflexiva e educativa. Querendo ou não ela<br />

intervém, até quando não é a sua intenção. As atitu<strong>de</strong>s daqueles que formam o grupo social escolar,<br />

as vestes e até mesmo <strong>um</strong>a professora grávida estimula a curiosida<strong>de</strong> e inquietação dos menores<br />

(BRASIL, 2001)<br />

Dessa forma ob<strong>se</strong>rvamos que a <strong>se</strong>xualida<strong>de</strong> e suas expressões <strong>se</strong>mpre estiveram pre<strong>se</strong>ntes no<br />

ambiente escolar, mesmo que <strong>de</strong> forma velada. Segundo Foucault (2006) para as crianças, que até o<br />

século XVII vivenciavam <strong>um</strong>a <strong>se</strong>xualida<strong>de</strong> livre, esta começou a <strong>se</strong>r vigiada, e <strong>se</strong> procurou analisar<br />

e controlar sua prática. Falar sobre <strong>se</strong>xo <strong>de</strong> forma livre, a partir <strong>de</strong> então <strong>se</strong> tornou mais difícil.<br />

Foucault coloca que não <strong>se</strong> proibiu que <strong>se</strong> falas<strong>se</strong> sobre <strong>se</strong>xo, porém fala-<strong>se</strong> <strong>de</strong>le <strong>de</strong> <strong>um</strong>a outra<br />

forma, são outras pessoas que o fazem com outros objetivos. As palavras passaram a <strong>se</strong>r vigiadas<br />

pelas novas regras <strong>de</strong> <strong>de</strong>cência. Foram estabelecidos rígidos limites <strong>de</strong> on<strong>de</strong> e como <strong>se</strong> podia falar<br />

<strong>de</strong> <strong>se</strong>xo. A nova or<strong>de</strong>m exigia que o tema não fos<strong>se</strong> abertamente pronunciado, e, <strong>se</strong>não houve <strong>um</strong> o<br />

silêncio total sobre o mesmo, a circunspeção e a re<strong>se</strong>rva foram a tônica <strong>de</strong>ssa fala (FOUCAULT,<br />

2006). A ativida<strong>de</strong> <strong>se</strong>xual, mais do que nunca, passou a <strong>se</strong>r regulamentada e controlada.<br />

Como exigir que a ativida<strong>de</strong> <strong>se</strong>xual <strong>se</strong> restrinja à procriação como <strong>um</strong>a ativida<strong>de</strong> natural (ou<br />

da natureza) <strong>se</strong> a <strong>se</strong>xualida<strong>de</strong> é algo construído e que cada socieda<strong>de</strong> apre<strong>se</strong>nta suas peculiarida<strong>de</strong>s?<br />

Como indica Reich (1977) <strong>se</strong> os <strong>se</strong>res h<strong>um</strong>anos tives<strong>se</strong>m relação <strong>se</strong>xual apenas visando a<br />

procriação, <strong>de</strong>veríamos fazer <strong>se</strong>xo poucas vezes em nossa vida, apenas o suficiente para<br />

con<strong>se</strong>guirmos o número <strong>de</strong> filhos que preten<strong>de</strong>mos.<br />

As prostitutas, que praticam o <strong>se</strong>xo que não visa reprodução - à maternida<strong>de</strong> que é<br />

consi<strong>de</strong>rado <strong>um</strong> estado especial para a mulher - sofrem com discriminações e exclusões. Tanto que,<br />

embora “i<strong>de</strong>ntificada como ‘a mais antiga das profissões’, é negado o status profissional à ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> prostituta.” (BRASIL, 2002 p. 11).<br />

Uma das repre<strong>se</strong>ntações sociais mais recorrentes sobre a prostituta é a que a ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvida por esta é <strong>um</strong> meio <strong>de</strong> sobrevivência, realizada principalmente por mulheres que não<br />

con<strong>se</strong>guem outra forma <strong>de</strong> in<strong>se</strong>rção no mercado <strong>de</strong> trabalho e <strong>se</strong> valem <strong>de</strong> <strong>se</strong>u corpo como meio <strong>de</strong><br />

subsistência. A necessida<strong>de</strong> econômica justificaria “a sujeição a <strong>um</strong>a ativida<strong>de</strong> ‘ultrajante e<br />

h<strong>um</strong>ilhante’. A conformação da ativida<strong>de</strong> do <strong>se</strong>xo comercial na lógica meramente econômica<br />

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sustenta, assim, <strong>um</strong>a possível tolerância social, já que retira do sujeito a ‘culpa’ por sua<br />

permanência nes<strong>se</strong> negócio.” (BRASIL, 2002 p. 12).<br />

Ba<strong>se</strong>ado nessa repre<strong>se</strong>ntação é que diversos <strong>se</strong>tores sociais procuram levar às prostitutas<br />

capacitações que as qualifique para outras ativida<strong>de</strong>s profissionais. (BRASIL, 2002)<br />

Existe outra repre<strong>se</strong>ntação social da prostituta, a que a vê como “<strong>um</strong> <strong>se</strong>r imerso em lascívia,<br />

insaciável, pecaminoso e pernicioso à moral e aos bons cost<strong>um</strong>es” (BRASIL, 2002 p.12). Segundo<br />

es<strong>se</strong> doc<strong>um</strong>ento, essa <strong>se</strong>gunda repre<strong>se</strong>ntação social surge quando a prostituta não abandona sua<br />

ativida<strong>de</strong>, por melhor que <strong>se</strong>jam os esforços para melhorar sua vida financeira.<br />

O estigma da prostituição torna invisível a realida<strong>de</strong> concreta <strong>de</strong> quem <strong>se</strong> prostitui. Barbará<br />

(2007) acredita que tornar visível essa realida<strong>de</strong> consista em eficaz estratégia <strong>de</strong> reversão do<br />

processo <strong>de</strong> estigmatização que sofrem as prostitutas.<br />

De excluídas dos ambientes comuns a pessoas <strong>de</strong> 'boa família' hoje <strong>se</strong> fazem pre<strong>se</strong>nte em<br />

escolas e universida<strong>de</strong>s. São meninas e meninos <strong>de</strong> clas<strong>se</strong> média que <strong>se</strong> utilizam da prostituição não<br />

para obter a subsistência, mas para melhorar <strong>se</strong>u padrão <strong>de</strong> vida e pagar <strong>se</strong>us estudos. A escola tem<br />

agora <strong>um</strong> novo personagem, que traz para <strong>se</strong>u interior outras formas <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o mundo e <strong>se</strong><br />

relacionar com ele, fato este que nos faz refletir quanto à preparação <strong>de</strong>ssas instituições para abrigá-<br />

los.<br />

É nes<strong>se</strong> contexto que realizamos <strong>um</strong> levantamento das concepções prévias <strong>de</strong> <strong>alunas</strong> e<br />

<strong>alunos</strong>, do curso <strong>noturno</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong>a escola municipal <strong>de</strong> Aracaju, sobre a pre<strong>se</strong>nça da prostituta ou<br />

garota <strong>de</strong> programa na escola, com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar possíveis fatores que possam interferir<br />

no processo <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> das mesmas.<br />

METODOLOGIA<br />

Dessa forma, para alcançarmos o objetivo, foram aplicados questionários compostos <strong>de</strong> 7<br />

perguntas a 21 <strong>alunas</strong> e <strong>alunos</strong> do Ensino Médio, na faixa etária <strong>de</strong> 16 a 30 anos, do curso <strong>noturno</strong>,<br />

do Colégio Estadual Tobias Barreto, localizada no Centro, em Aracaju, Sergipe. Neste trabalho nos<br />

<strong>de</strong>teremos apenas nas <strong>se</strong>guintes questões:<br />

- Existe diferença entre prostituta e garota <strong>de</strong> programa?<br />

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Salvador - BA<br />

- Já ouviu falar <strong>se</strong> na escola que você estuda existem <strong>alunas</strong> que são prostitutas ou garotas <strong>de</strong><br />

programa? Se existem, como é a relação dos colegas com elas? Como alternativas à essa pergunta<br />

foram dadas as <strong>se</strong>guintes opções: igual aos outros colegas; igual para a maioria dos meninos, mas<br />

diferente com as meninas; igual para a maioria das meninas, mas diferente com os meninos;<br />

diferente dos outros colegas.<br />

a escola?<br />

<strong>de</strong> programa?<br />

- Você acredita que existam motivos que impeçam as <strong>alunas</strong> que <strong>se</strong> prostituem <strong>de</strong> freqüentar<br />

- Você teria vergonha <strong>de</strong> conversar com <strong>alunas</strong> que <strong>se</strong> acredita <strong>se</strong>rem prostitutas ou garota<br />

- O que você faria <strong>se</strong> <strong>de</strong>scobris<strong>se</strong> que <strong>um</strong>a amiga sua é prostituta ou garota <strong>de</strong> programa?<br />

Como alternativas à essa pergunta foram dadas as <strong>se</strong>guintes opções: continuaria com a amiza<strong>de</strong> do<br />

mesmo jeito; continuaria com a amiza<strong>de</strong>, mas não andaria sozinha com ela; falaria com ela, mas não<br />

iria ficar mais tão próximo a ela; não falaria mais com ela.<br />

- O que você faria <strong>se</strong> <strong>de</strong>scobris<strong>se</strong> que <strong>um</strong>a parente sua é prostituta ou garota <strong>de</strong> programa?<br />

Como alternativas à essa pergunta foram dadas as <strong>se</strong>guintes opções: continuaria com a amiza<strong>de</strong> do<br />

mesmo jeito; continuaria com a amiza<strong>de</strong>, mas não andaria sozinha com ela; falaria com ela, mas não<br />

iria ficar mais tão próximo a ela; não falaria mais com ela.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados obtidos para a primeira questão foram: 16 <strong>alunos</strong> consi<strong>de</strong>raram que não existe<br />

diferença entre prostituta e garota <strong>de</strong> programa, o que indica o <strong>de</strong>sconhecimento dos mesmos sobre<br />

es<strong>se</strong> termo. Tal fato po<strong>de</strong> ocorrer pelo fato <strong>de</strong>s<strong>se</strong> termo <strong>se</strong>r novo, conforme nos diz Picazio (1999) e<br />

ainda não ter sido apropriado por todos.<br />

Sobre a <strong>se</strong>gunda questão: Já ouviu falar <strong>se</strong> na escola que você estuda existem <strong>alunas</strong> que são<br />

prostitutas ou garotas <strong>de</strong> programa? Respon<strong>de</strong>ram negativamente 18 <strong>alunos</strong> e <strong>alunas</strong>.<br />

Quando questionados <strong>se</strong> existem motivos que impeçam as <strong>alunas</strong> que <strong>se</strong> prostituem <strong>de</strong><br />

freqüentar a escola, 15 respon<strong>de</strong>ram não, o que <strong>de</strong>monstra <strong>um</strong>a maior aceitação das prostitutas no<br />

ambiente escolar conforme nos mostra Pereira et al (2006) e Fon<strong>se</strong>ca (apud PEREIRA et al, 2006)<br />

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ao afirmarem que está ocorrendo <strong>um</strong>a mudança <strong>de</strong> comportamento, não só das profissionais do<br />

<strong>se</strong>xo, como também das pessoas em geral.<br />

A gran<strong>de</strong> maioria dos <strong>alunos</strong> e <strong>alunas</strong> (20) dis<strong>se</strong> que não têm vergonha <strong>de</strong> conversar com<br />

<strong>alunas</strong> que <strong>se</strong> acredita <strong>se</strong>rem prostitutas ou garotas <strong>de</strong> programa, fato es<strong>se</strong> que <strong>de</strong>monstra a<br />

<strong>de</strong>smarginalização da prostituição, o que está em consonância com o que nos diz Pereira et al<br />

(2006).<br />

Questionados <strong>se</strong> continuariam a amiza<strong>de</strong> <strong>se</strong> <strong>de</strong>scobris<strong>se</strong>m que sua amiga é prostituta ou<br />

garota <strong>de</strong> programa, 09 dos 10 <strong>alunos</strong> e 6 <strong>alunas</strong> dis<strong>se</strong>ram que continuariam com a amiza<strong>de</strong> do<br />

mesmo jeito; <strong>um</strong> aluno não respon<strong>de</strong>u e as outras <strong>alunas</strong> (02) dis<strong>se</strong>ram que continuariam com a<br />

amiza<strong>de</strong>, mas não andaria sozinha com ela; e (03) falaria com ela, mas não iria ficar mais tão<br />

próximo a ela. Se fos<strong>se</strong> <strong>um</strong>a parenta, 09 <strong>alunos</strong> dis<strong>se</strong>ram que continuariam com a amiza<strong>de</strong> do<br />

mesmo jeito e <strong>um</strong> continuaria com a amiza<strong>de</strong>, mas não andaria sozinho com ela; 06 <strong>alunas</strong> dis<strong>se</strong>ram<br />

que continuariam com a amiza<strong>de</strong> do mesmo jeito, 02 dis<strong>se</strong>ram que continuariam com a amiza<strong>de</strong>,<br />

mas não andaria sozinha com ela e 03 dis<strong>se</strong>ram que falaria com ela, mas não iria ficar mais tão<br />

próximo a ela. Apesar da diferença entre as respostas dos <strong>alunos</strong> e <strong>alunas</strong>, percebe-<strong>se</strong> a idéia da<br />

<strong>de</strong>smarginalização da prostituição, mesmo porque, como diz Lewis Diana (apud ROBERTS, 1998),<br />

existe <strong>um</strong> número crescente <strong>de</strong> mulheres ingressando no comércio do <strong>se</strong>xo, mesmo que em tempo<br />

parcial, e, geralmente, são estudantes <strong>de</strong> nível médio ou superior. Elas <strong>se</strong> utilizam <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong><br />

como <strong>um</strong> trampolim para <strong>se</strong>us objetivos futuros (ROBERTS, 1998).<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O papel da prostituta não mudou muito durante o tempo, mas a forma como é vista, sim. As<br />

instituições políticas, sociais e religiosas impunham normas, restrições às suas vidas. Mesmo<br />

con<strong>de</strong>nando-a, excluindo-a, em <strong>de</strong>terminados momentos da história, essas mesmas instituições<br />

financiavam a prostituição, <strong>de</strong>ssa forma até hoje ela existe e a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da região, em gran<strong>de</strong><br />

escala. Segundo Roberts (1998), a nossa história nos diz que é impossível erradicar a prostituição e<br />

que n<strong>um</strong>a socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> as pessoas têm que ven<strong>de</strong>r o <strong>se</strong>u trabalho para sobreviver é inevitável que<br />

homens e mulheres continuem ven<strong>de</strong>ndo <strong>se</strong>us corpos.<br />

A análi<strong>se</strong> dos dados nos permite perceber que, apesar do estigma da prostituta, a maioria dos<br />

<strong>alunos</strong> não <strong>de</strong>monstra preconceito para com a pre<strong>se</strong>nça das prostitutas ou garotas <strong>de</strong> programa na<br />

escola. Enquanto que as <strong>alunas</strong> <strong>se</strong> divi<strong>de</strong>m em continuar com a amiza<strong>de</strong> e <strong>se</strong> afastarem <strong>de</strong>las. A<br />

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visão da prostituição como <strong>um</strong> mal, perdura, embora <strong>se</strong>ja ob<strong>se</strong>rvada em <strong>um</strong> grupo pequeno, e nessa<br />

pesquisa ob<strong>se</strong>rvou-<strong>se</strong> que há <strong>um</strong> número maior <strong>de</strong> mulheres com preconceito à prostituta em relação<br />

aos homens. Elas não querem a aproximação por temerem <strong>se</strong>rem difamadas ou <strong>se</strong> prostituirem<br />

também.<br />

Ter certeza que es<strong>se</strong> estilo <strong>de</strong> vida é ruim, e que a prostituta ou garota <strong>de</strong> programa só po<strong>de</strong><br />

querer sair o mais rápido possível, é <strong>um</strong> fato. Se ela não sair, mesmo tendo oportunida<strong>de</strong>s, vai sofrer<br />

críticas das mais diversas, pois só <strong>se</strong> aceita <strong>um</strong>a forma válida <strong>de</strong> viver a <strong>se</strong>xualida<strong>de</strong> – a do casal<br />

monogâmico. Sair fora <strong>de</strong>s<strong>se</strong> padrão é <strong>se</strong> expor à reprovação social.<br />

Dessa forma, é necessário continuar a investigação do por que da ausência da prostituta na<br />

escola, o porquê da baixa escolarida<strong>de</strong>, <strong>se</strong>gundo pesquisadores, encontrada na maioria <strong>de</strong>las.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ANDRADE, Cristiane Pinto. Concepções sobre a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Orientações <strong>se</strong>xuais veiculadas<br />

nos livros didáticos e paradidáticos <strong>de</strong> Ciências e Biologia. (Dis<strong>se</strong>rtação <strong>de</strong> Mestrado)<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia. Mestrado em Ensino <strong>de</strong> Ciências, 2004.<br />

ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio <strong>de</strong> Janeiro: LTC, 2006.<br />

BARBARÁ, Anna Maria & DASPU. As Meninas da Daspu. Novas Idéias. Teresópolis. 2007.<br />

BRASIL, Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Políticas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Coor<strong>de</strong>nação Nacional <strong>de</strong> DST e<br />

AIDS. Profissionais do Sexo: Doc<strong>um</strong>ento Referencial para ações <strong>de</strong> Prevenção das DST e da<br />

AIDS. Série Manuais nº 47. Brasília. 2002.<br />

BRASIL, 2001) BRASIL. Secretaria <strong>de</strong> Educação Fundamental. Parâmetros curriculares<br />

nacionais: pluralida<strong>de</strong> cultural: orientação <strong>se</strong>xual / Ministério da Educação. Secretaria da<br />

Educação Fundamental. – 3.ed. - Brasília: A Secretaria, 2001.<br />

FOUCAULT, Michel. História da Sexualida<strong>de</strong>: a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber. 12ª ed. Tradução Maria<br />

Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Graal. Rio <strong>de</strong> Janeiro. 2006.<br />

FREITAS, Anamaria Gonçalves Bueno <strong>de</strong>. Educação, trabalho e ação política: <strong>se</strong>rgipanas no<br />

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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />

Educação, Saú<strong>de</strong>, Movimentos Sociais, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos<br />

20 a 31 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009<br />

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