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Conservação da Natureza - E eu com isso? - Global Garbage

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A Socie<strong>da</strong>de<br />

A população <strong>da</strong> mesoregião do Marajó (16 municípios) é superior a 425<br />

mil habitantes (IBGE, 2007), <strong>com</strong> grande percentual distribuído em<br />

centenas de <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des rurais. Trata-se de população eminentemente<br />

ribeirinha, em boa parte vivendo isola<strong>da</strong>mente em pequenas <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des.<br />

Na região encontram-se diversas <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des quilombolas.<br />

Elas estão distribuí<strong>da</strong>s pelos municípios de Anajás, Bagre, Cachoeira do<br />

Arari, Curralinho, Gurupá, Muaná, Ponta de Pedra, Salvaterra e Soure.<br />

Segundo a ONG Comissão Pró-Índio de São Paulo, nesta região<br />

as únicas <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des que já têm as terras titula<strong>da</strong>s são aquelas situa<strong>da</strong>s<br />

no município de Gurupá. A titulação ocorr<strong>eu</strong> no ano de 2000. Foram<br />

concedidos dois títulos pelo Instituto de Terras do Pará. Um deles (<strong>com</strong><br />

83.437,1287 hectares) regularizou o território conhecido <strong>com</strong>o Gurupá,<br />

que abriga 300 famílias <strong>da</strong>s <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des Gurupá Mirim, Jocojó,<br />

Flexinha, Carrazedo, Camutá do Ipixuna, Bacá do Ipixuna, Alto Ipixuna<br />

e Alto Pucuruí. A outra área titula<strong>da</strong> foi a <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de Maria Ribeira<br />

(<strong>com</strong> 2.031,8727 hectares), onde moram 32 famílias.<br />

Atualmente, estão em curso no INCRA e no ITERPA os<br />

processos de regularização fundiária <strong>da</strong>s <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des quilombolas de<br />

Salvaterra (Bacabal, Paixão, Mangueiras, D<strong>eu</strong>s Ajude, Salvar, Siricari,<br />

Caldeirão e Campinas). Em vários desses territórios existem conflitos<br />

envolvendo a disputa pela terra. Há outras <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des somente em<br />

Salvaterra: Bairro Alto, Boa Vista, Pau Furado, Providência, Vila União,<br />

Rosário, D<strong>eu</strong>s Ajude e Santa Luzia.<br />

A exclusão social é generaliza<strong>da</strong> e 90% <strong>da</strong> população vive em<br />

situação de pobreza e miséria. A educação segue dentro do<br />

mesmo padrão, <strong>com</strong> 80% dos adultos considerados analfabetos,<br />

a maioria <strong>da</strong> população tem menos de 2 anos de estudos.<br />

As <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>des sofrem as dificul<strong>da</strong>des do isolamento, a falta de<br />

acesso a serviços públicos essenciais –água (75% não tem acesso à água<br />

limpa), saneamento básico (inexistente), energia elétrica (50% não tem<br />

energia elétrica) e 80% têm insegurança alimentar.<br />

Outro grande gargalo social são os índices alarmantes de<br />

violência contra mulher, pedofilia, prostituição infantil, além do <strong>com</strong>ércio<br />

de crianças e adolescentes para trabalhar em casa de família no próprio<br />

Marajó e em ci<strong>da</strong>des <strong>da</strong> região. A situação é tão crítica que em 8 de<br />

maio de 2008 três bispos <strong>da</strong> Igreja Católica, entre os quais o Bispo Dom<br />

Luiz Azcona, 24 anos no Marajó, foram ao Congresso Nacional tratar<br />

<strong>da</strong> exploração sexual e do tráfico de adolescentes no Pará, <strong>com</strong> especial<br />

atenção ao Marajó. A imprensa reitera<strong>da</strong>mente apresenta a prostituição<br />

infantil.<br />

A Folha de São Paulo (22.6.09) informa que crianças realizam<br />

programas por R$2,00, por um cachorro quente. O Diário do Pará, em<br />

8/2/2009, apurou que crianças de 12 a 16 anos se vendem por 2 kg de<br />

carne ou 3 l de óleo <strong>com</strong>bustível. Neste último, Dom Azcona denuncia:<br />

as nossas meninas e meninos estão sendo criados <strong>com</strong>o animais de estimação<br />

que podem ser <strong>com</strong>prados e vendidos9. Ao que segue: O aspecto mais doloroso<br />

<strong>da</strong> questão educacional no Marajó é o analfabetismo e o baixo grau de<br />

escolarização (...) e especialmente em Anajás <strong>com</strong> uma taxa de alfabetização<br />

de somente 50,63% (...) e <strong>com</strong> uma taxa de frequência bruta à escola de<br />

57,37% (Azcona, 2006).<br />

O Plano Marajó, de âmbito federal, transformado em Território<br />

<strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, em que pesem os avanços em questões <strong>com</strong>o: a) a<br />

titulação precária de milhares de ribeirinhos (Projetos de Assentamentos<br />

Agroextrativistas – Paes – 25 assentamentos, ocupando 0,89% do<br />

Arquipélago, <strong>com</strong> 44.800 ha capaci<strong>da</strong>de para 2.164 famílias), e b) a<br />

construção do Linhão levando energia elétrica a parte do Marajó, que<br />

brevemente funcionará, ain<strong>da</strong> tem muito a avançar.<br />

Some-se a estes fatores, a gravi<strong>da</strong>de do isolamento, dificultando<br />

a mobili<strong>da</strong>de regional, bem <strong>com</strong>o a capaci<strong>da</strong>de de mobilização em<br />

prol de questões de interesse <strong>com</strong>um para o Marajó. A ver<strong>da</strong>de é que<br />

os municípios possuem pouco contatos uns <strong>com</strong> os outros. Aqueles <strong>da</strong><br />

região norte baseiam-se, principalmente, em Macapá; e para aqueles (o<br />

sul e sudeste) Belém é o centro regional.<br />

A Economia<br />

O Marajó é uma <strong>da</strong>s regiões mais pobres do Brasil e encontra-se<br />

mergulhado em profun<strong>da</strong> crise econômica, mais precisamente, encontra-<br />

9 Ao que acrescenta <strong>com</strong>entando sobre as quadrilhas que aliciam menores para atuar no rio Tajapuru, entre Melgaco e Breves, onde passam<br />

barcos entre Macapá e Manaus e Belém; pedofilia em Anajás, Breves; alem do agenciamento de menores em boates e esquinas de Salvaterra e<br />

Soure.<br />

100 CONSERVAÇÃO DA NATUREZA<br />

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