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Conservação da Natureza - E eu com isso? - Global Garbage

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um serviço provido por ecossistemas; os ecossistemas estão sob impacto<br />

crescente <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticas e <strong>da</strong> poluição por nutrientes, e várias<br />

espécies de peixes estão sob drásticas condições de vulnerabili<strong>da</strong>de.<br />

Que mensagem podemos resumir desta situação? Que todos, no<br />

mundo, dependem <strong>da</strong> natureza e dos serviços providos pelos ecossistemas<br />

para terem condições a uma vi<strong>da</strong> decente, saudável e segura. Que os seres<br />

humanos têm causado alterações sem precedentes nos ecossistemas nas<br />

últimas déca<strong>da</strong>s para atender a deman<strong>da</strong>s crescentes de alimentos, água,<br />

fibras e energia. Que as alterações que aju<strong>da</strong>ram a melhorar a vi<strong>da</strong> de<br />

bilhões de pessoas, ao mesmo tempo enfraqueceram a capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

natureza de prover outros serviços fun<strong>da</strong>mentais, <strong>com</strong>o a purificação do<br />

ar e <strong>da</strong> água, a estabili<strong>da</strong>de climática, a proteção contra catástrofes naturais<br />

e o provimento de alimentos e remédios naturais. Que a tecnologia e<br />

conhecimento de que dispomos podem aju<strong>da</strong>r a reduzir consideravelmente<br />

o impacto humano, mas a utilização de todo s<strong>eu</strong> potencial permanecerá<br />

reduzi<strong>da</strong> enquanto os serviços oferecidos pelos ecossistemas continuarem<br />

sendo percebidos <strong>com</strong>o ‘grátis’ e ilimitados e, em conseqüência, não<br />

receberem s<strong>eu</strong> devido valor. Por fim, que esforços coordenados de todos,<br />

governos, empresas e instituições, são fun<strong>da</strong>mentais para uma melhor<br />

proteção do capital natural.<br />

Importante lembrar ain<strong>da</strong> que as pressões sobre os ecossistemas<br />

seguirão aumentando em escala global durante as próximas déca<strong>da</strong>s,<br />

quer pelo crescimento <strong>da</strong> população global <strong>com</strong>o pela ascensão de<br />

novas cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> população a regimes de consumo mais intensos,<br />

e isto mesmo se necessárias mu<strong>da</strong>nças de atitudes e as ações<br />

humanas acontecerem.<br />

Com raras exceções, tanto em termos de números absolutos<br />

<strong>com</strong>o relativos, quase na<strong>da</strong> melhorou no planeta desde 1992, mas<br />

também nem tudo é tão ruim que indique um fim iminente ou uma<br />

derrota apocalíptica. Entre as exceções positivas estão os avanços mundiais<br />

no estabelecimento de áreas protegi<strong>da</strong>s na forma de parques e reservas,<br />

chama<strong>da</strong>s aqui no Brasil de uni<strong>da</strong>des de conservação. Por sinal, temos<br />

sido, <strong>com</strong>o país, a grande liderança neste setor nas últimas déca<strong>da</strong>s, não<br />

obstante nossa capaci<strong>da</strong>de de gestão <strong>da</strong>s áreas cria<strong>da</strong>s seguir vergonhosa,<br />

especialmente quando <strong>com</strong>para<strong>da</strong> <strong>com</strong> alguns vizinhos sul-americanos e<br />

algumas nações africanas.<br />

Temos hoje entre 18 e 21 milhões de km 2 em áreas protegi<strong>da</strong>s<br />

no mundo, conforme a fonte de referência. Tomando-se o menor número<br />

seriam cerca de 14 milhões de km 2 de superfície terrestre e 4 milhões de<br />

km 2 de mares territoriais protegidos, alcançando respectivamente 13% <strong>da</strong><br />

superfície terrestre do planeta e 6% do conjunto territorial marítimo; uma<br />

área aproxima<strong>da</strong> à soma dos territórios de Brasil, Austrália e Argentina<br />

– indubitavelmente um indicativo <strong>da</strong> relevância desta prática. O Brasil,<br />

isola<strong>da</strong>mente, conta hoje <strong>com</strong> cerca de 150 milhões de hectares de áreas<br />

protegi<strong>da</strong>s (1,5 milhão de Km2), correspondentes a mais de 17% do<br />

território continental, portanto um pouco acima do valor global de 13%,<br />

mas certamente aquém <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des e responsabili<strong>da</strong>des <strong>com</strong>o país<br />

megadiverso e economicamente emergente. Tendo sido a totali<strong>da</strong>de no<br />

passado, o território protegido em nível federal atualmente supera pouco<br />

aquele protegido pelos estados, <strong>com</strong> destaque para a grande área protegi<strong>da</strong><br />

pelos estados amazônicos, nota<strong>da</strong>mente Amapá, Amazonas e Pará. Ou<br />

seja, no conjunto, os governos dos estados já protegem tanto quanto o<br />

governo federal. A quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> proteção e manejo, <strong>com</strong>o posto acima, é<br />

a grande questão nacional.<br />

Nas mu<strong>da</strong>nças <strong>com</strong>portamentais, mais difíceis de medir,<br />

há também fatos que dão esperança. O conceito de “eco-eficiência”,<br />

incorporando o melhor <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong> técnica à idéia de sustentabili<strong>da</strong>de,<br />

é um desses fatos. Tudo o que vem acontecendo em termos de redução<br />

no consumo de energia, água e matéria-prima nos processos produtivos,<br />

associado à con<strong>com</strong>itantemente menor geração de resíduos e de emissões<br />

atmosféricas, é em boa medi<strong>da</strong> decorrente <strong>da</strong> melhor e mais prática<br />

aplicação deste conceito, mesmo que não justifique muitos dos rótulos<br />

de “verde” ou “sustentável” aplicável a produtos por donos de negócios<br />

ou sistemas de certificação carentes de base técnico-científica e meios de<br />

verificação independentes.<br />

A dita nova “economia verde”, de baixo carbono, em boa medi<strong>da</strong><br />

sustenta<strong>da</strong> na <strong>com</strong>binação de novas tecnologias e crescimento econômico<br />

fun<strong>da</strong>mentado na redução <strong>da</strong> pressão sobre os recursos naturais e os<br />

serviços ambientais do planeta, valorizando-os, é outro prom<strong>isso</strong>r<br />

avanço dos últimos tempos. Mas, sem qualquer ceticismo quanto às suas<br />

potenciali<strong>da</strong>des, é necessário reconhecer que estas não an<strong>da</strong>m par e passo<br />

<strong>com</strong> a expansão do consumo mundial decorrente <strong>da</strong> (justa) inclusão de<br />

milhões de pessoas à economia de mercado, <strong>com</strong>o acontece no Brasil,<br />

Índia e China, por exemplo.<br />

Falta muito para termos políticas públicas e leis consistentes<br />

globalmente aplicáveis no <strong>com</strong>bate às mu<strong>da</strong>nças climáticas e às per<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

18 CONSERVAÇÃO DA NATUREZA<br />

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