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Bem-aventurados os que são misericordiosos<br />
101<br />
apenas julguem com severidade suas próprias ações e o Senhor usará de indulgência<br />
para consigo, como vocês usaram para com os outros.<br />
Resguardem os fortes: encorajem-nos à perseverança; fortifiquem os fracos<br />
mostrando-lhes a bondade de Deus, que considera o menor arrependimento;<br />
mostrem a todos o anjo do arrependimento estendendo sua asa branca sobre as<br />
faltas dos humanos e velando-as assim aos olhos de quem não pode ver o que<br />
é impuro. Compreendam todos vocês a misericórdia infinita de seu Pai, e não se<br />
esqueçam nunca de lhe dizer por seu pensamento e, sobretudo, por seus atos:<br />
“Perdoe nossas ofensas, como nós perdoamos aos que nos têm ofendido.” Compreendam<br />
bem o valor dessas sublimes palavras; nem só a forma é admirável,<br />
mas também o ensinamento que ela encerra.<br />
Que pedem vocês ao Senhor quando lhe pedem seu próprio perdão? Somente<br />
o esquecimento de suas ofensas? Esquecimento que os deixa no nada,<br />
pois, se Deus se contenta com esquecer suas faltas, ele não pune, mas também<br />
não recompensa. A recompensa não pode ser o prêmio do bem que não se fez,<br />
e menos ainda do mal que se fez; esse mal teria sido esquecido? Ao lhe pedirem<br />
perdão para suas transgressões, peçam-lhe o favor de suas graças, para não mais<br />
caírem; peçam-lhe a força necessária para entrarem em um caminho novo, em um<br />
caminho de submissão e de amor, no qual vocês terão como juntar a reparação<br />
ao arrependimento.<br />
Quando perdoarem a seus irmãos, não se contentem com estender o véu do<br />
esquecimento sobre suas faltas; tal véu geralmente é bem transparente a seus<br />
olhos; adicionem o amor ao mesmo tempo que o perdão; façam por eles o que<br />
vocês pedem a seu Pai celeste para fazer a vocês. Troquem a cólera que conspurca,<br />
pelo amor que purifica. Preguem pelo exemplo essa caridade ativa, infatigável,<br />
que Jesus lhes ensinou; preguem-na como o fez ele mesmo todo o tempo em que<br />
viveu no mundo, visível aos olhos do corpo, e como a prega ainda, sem cessar,<br />
após não ser mais visível senão aos olhos da mente. Sigam esse divino modelo;<br />
avancem sobre suas pegadas: elas os conduzirão ao lugar de refúgio onde vocês<br />
encontrarão o repouso após a luta. Como ele, peguem todos vocês sua cruz e<br />
galguem penosamente, mas corajosamente, seu calvário: no topo se acha a glorificação.<br />
(João, bispo de Bordéus, 186<strong>2.</strong>)<br />
18. Caros amigos, sejam severos para com vocês mesmos<br />
e indulgentes para com as fraquezas dos outros; é essa<br />
também uma prática da santa caridade que bem poucas<br />
pessoas observam. Todos vocês têm maus pendores para<br />
vencer, defeitos para corrigir, hábitos para modificar; todos<br />
vocês têm um fardo mais ou menos pesado para depor,<br />
a fim de galgar o topo da montanha do progresso. Por<br />
que, então, serem tão clarividentes quanto ao próximo e<br />
tão cegos quanto a vocês mesmos? Quando cessarão de<br />
perceber, no olho de seu irmão, o argueiro de palha que<br />
o fere, sem enxergar no seu a trave que os cega e os faz<br />
avançar de queda em queda? Creiam em seus irmãos, os<br />
Espíritos. Todo homem assaz orgulhoso para se acreditar superior, em virtude e<br />
em mérito, a seus irmãos encarnados é insensato e culpado, e Deus o castigará