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23 OUT07

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<strong>23</strong> OUT 07<br />

Grande Auditório<br />

Wolfgang Holzmair Barítono<br />

Imogen Cooper Piano<br />

2007 > 2008


FUNDAÇÃO<br />

CALOUSTE GULBENKIAN<br />

Serviço de Música<br />

Av. de Berna, 45-A<br />

1067-001 LISBOA<br />

Tel. 2178<strong>23</strong>000<br />

Fax. 2178<strong>23</strong>041<br />

musica@gulbenkian.pt<br />

www.musica.gulbenkian.pt<br />

Serviço de Música<br />

Director<br />

Luís Pereira Leal<br />

Directores Adjuntos<br />

Rui Vieira Nery<br />

Miguel Sobral Cid<br />

Consultor<br />

Carlos de Pontes Leça


OUTUBRO 2007<br />

<strong>23</strong> TERÇA<br />

Grande Auditório<br />

19:00<br />

Ciclo de Canto<br />

Wolfgang Holzmair Barítono<br />

Imogen Cooper Piano<br />

Schwanengesang / O Canto do Cisne<br />

Franz Schubert<br />

Poemas de Johann Gabriel Seidl<br />

Die Taubenpost, D. 965a<br />

Widerspruch, D. 865<br />

Das Zügenglöcklein, D. 871<br />

Bei dir allein, D. 866 n.º 2<br />

Poemas de Ludwig Rellstab<br />

Lebensmut, D. 937<br />

Liebesbotschaft, D. 957 n.º 1<br />

Kriegers Ahnung, D. 957 n.º 2<br />

Frühlingssehnsucht, D. 957 n.º 3<br />

Ständchen, D. 957 n.º 4<br />

Aufenthalt, D. 957 n.º 5<br />

Herbst, D. 945<br />

In der Ferne, D. 957 n.º 6<br />

Abschied, D. 957 n.º 7<br />

Poemas de Heinrich Heine<br />

Der Atlas, D. 957 n.º 8<br />

Ihr Bild, D. 957 n.º 9<br />

Das Fischermädchen, D. 957 n.º 10<br />

Am Meer, D. 957 n.º 12<br />

Die Stadt, D. 957 n.º 11<br />

Der Doppelgänger, D. 957 n.º 13<br />

Este recital não tem intervalo


2<br />

Franz Schubert<br />

Viena, 31 de Janeiro de 1797<br />

Viena, 19 de Novembro de 1828<br />

Lieder e o legado de Schubert<br />

A carreira e o reconhecimento de Franz Schubert encontram-se indelevelmente<br />

associados à sua produção de canções. Como a sua actividade<br />

estava maioritariamente ligada ao seu círculo de amigos e às práticas<br />

de socialização da época, um dos principais eixos da sua produção foi<br />

o lied. Num período de reconstrução pós-napoleónica do espaço geopolítico<br />

europeu e de afirmação de novos centros culturais, o Império<br />

Austro-Húngaro apresenta-se enquanto um espaço bastante específico.<br />

Contendo diversas culturas, etnias e linguagens, configura produtos<br />

culturais de teor cosmopolita no início do Romantismo. Paralelamente à<br />

actividade dos compositores do final do Classicismo (que ficaram conhecidos<br />

nos mercados culturais como a Primeira Escola de Viena), alguns<br />

agentes culturais formaram o embrião dos romantismos liberais do século<br />

XIX nesse território. Um caso particular na codificação do Romantismo<br />

é o interesse pelos patrimónios locais e populares, transmitidos pela<br />

tradição oral das populações autóctones. O conceito de “povo” e o seu<br />

património começaram a ser valorizados pelos iluminismos. Contudo,<br />

os valores culturais matriciais foram estetizados e associados ideologicamente<br />

às então recentemente criadas culturas locais no Romantismo.<br />

Nesse aspecto, o lied desempenhou um papel essencial. Enquanto estrutura<br />

musical associada às músicas populares, o lied combinava a aparente<br />

simplicidade formal com a sofisticação da obra de alguns dos mais<br />

destacados poetas germânicos de então.<br />

Tendo em conta que os modelos literários foram essenciais na constituição<br />

de um Romantismo musical e vice-versa, a estetização do popular<br />

é um facto essencial para as culturas de sociabilidade da época. Por outro<br />

lado, a utilização de formas musicais na difusão da produção poética da<br />

época apresenta-se central para um período de intensa produção editorial.<br />

Com o estabelecimento de um mercado especificamente destinado<br />

a obras musicais para práticas domésticas, o lied ocupou um papel de<br />

destaque. Paralelamente, a expansão dos modelos de concerto público,<br />

possibilitaram a integração dessas obras no circuito de concertos e recitais.<br />

Centradas em espaços públicos de acesso mais ou menos restrito (da<br />

taberna ao salão aristocrático), as práticas de música em conjunto, das<br />

quais se destaca a música de câmara, os Lieder ou a música coral, contribuíram<br />

determinantemente para a reformulação dos mercados associados<br />

a produtos musicais. Nesse campo, a produção de Franz Schubert<br />

destaca-se no seu contexto vienense de produção.<br />

Apesar da sua curta vida, o compositor deixou um importante legado<br />

em diversos géneros. Formalmente, o lied configurou-se enquanto<br />

espaço de experimentação de diversos mecanismos expressivos associa-


dos ao Romantismo, em especial a fluidez formal e tonal, bem como a<br />

expressão dos sentidos evocados pelo texto. Neste campo, a contribuição<br />

de Schubert foi fundamental. Tendo composto cerca de seis centenas<br />

de Lieder sobre poemas de uma grande variedade de autores (Goethe,<br />

Schiller, Heine, Willelm Müller, entre outros), que eram executados nos<br />

salões e tabernas vienenses, o contributo do compositor para a crescente<br />

relevância deste género dificilmente pode ser sobrevalorizado. Por um<br />

lado, a contribuição de Schubert aponta para uma maior dramatização<br />

dos textos e do tratamento musical, isto é, a transformação de uma<br />

canção popular num poema narrativo cujos sentidos são reforçados pelo<br />

papel do piano que, mais que acompanhador, complementa e cria atmosferas<br />

propícias à expressão do texto.<br />

Coexistindo com os Lieder nos modelos estróficos de matriz supostamente<br />

popular, algumas obras de Schubert apresentam uma enorme<br />

complexidade formal numa peça de curta duração. Exemplos disso são<br />

os seus dois ciclos de Lieder intitulados Die schöne Müllerin e Winterreise<br />

(publicados em 1824 e 1828, respectivamente) com poemas de Willelm<br />

Müller. O lied afirmou-se de tal forma relevante para o compositor que<br />

este recorreu às suas melodias como material temático para composições<br />

instrumentais, em especial associadas à prática da música de câmara.<br />

Nos ciclos, apesar de constituídos por diferentes números, encontra-se<br />

uma certa continuidade narrativa e elementos unificadores, o que aponta<br />

para a sua constituição enquanto macroforma no Romantismo.<br />

As canções que incluem o programa do presente recital foram compostas<br />

na fase final da vida do compositor, condenado à morte por uma<br />

doença incurável na época, a sífilis. Contudo, o ano de 1828 foi um dos<br />

períodos mais férteis na produção do compositor. Um caso particular foi<br />

a colectânea de dois volumes de Lieder intitulada Schwanengesang, D.957.<br />

Composta entre Agosto e Outubro de 1828 (muito pouco tempo antes da<br />

sua morte) e publicada em 1829, estabeleceu-se enquanto legado final<br />

da obra de Schubert no campo do lied. A obra é constituída por catorze<br />

canções e recorre a poemas de Ludwig Rellstab (1799-1860), Heinrich<br />

Heine (1797-1856) e Johann Gabriel Seidl (1804-1875), poetas a quem o<br />

compositor recorreu por diversas vezes e autores dos textos a apresentar<br />

neste recital. Esta colectânea será apresentada na íntegra. O último dos<br />

Lieder do ciclo, Die Taubenpost (D. 957/14) foi também catalogado como<br />

D. 965a. As restantes obras que se incluem no programa são canções<br />

avulsas, escritas entre 1826 e a morte do compositor, exceptuando Bei dir<br />

allein, D.866 nº 2 (op.95), pertencente aos Vier Refrainlieder (1828). Nas<br />

obras apresentadas encontra-se patente a heterogeneidade estilística da<br />

produção do compositor, bem como a capacidade expressiva de conjugar<br />

texto e música. No caso particular do Schwanengesang, encontra-se<br />

patente uma atmosfera em que o pathos encontra primazia enquanto<br />

legado musical de Schubert.<br />

João Silva<br />

3


4<br />

Franz Schubert<br />

(Johann Gabriel Seidl)<br />

Die Taubenpost<br />

Ich hab‘ eine Briefraub in meinem Sold,<br />

Die ist gar ergeben und treu,<br />

Sie nimmt mir nie das Ziel zu kurz<br />

Und fliegt auch nie vorbei.<br />

Ich sende sie viel tausendmal<br />

Auf Kundschaft täglich hinaus,<br />

Vorbei an manchem lieben Ort,<br />

Bis zu der Liebsten Haus.<br />

Dort schaut sie zum Fenster heimlich hinein,<br />

Belauscht ihren Blick und Schritt,<br />

Gibt meine Grüße scherzend ab<br />

Und nimmt die ihren mit.<br />

Kein Briefchen brauch ich zu schreiben mehr,<br />

Die Träne selbst geb ich ihr,<br />

Oh, sie verträgt sie sicher nicht,<br />

Gar eifrig dient sie mir.<br />

Bei Tag, bei Nacht, im Wachen, im Traum,<br />

Ihr gilt das alles gleich,<br />

Wenn sie nur wandern, wandern kann,<br />

Dann ist sie überreich!<br />

Sie wird nicht müd, sie wird nicht matt,<br />

Der Weg ist stets ihr neu;<br />

Sie braucht nicht Lockung, braucht nicht Lohn,<br />

Die Taub‘ ist so mir treu!<br />

Drum heg ich sie auch so treu an der Brust,<br />

Versichert des schönsten Gewinns;<br />

Sie heißt – die Sehnsucht! Kennt ihr sie? –<br />

Die Botin treuen Sinns.<br />

Widerspruch<br />

Wenn ich durch Busch und Zweig<br />

Brech auf beschränktem Steig,<br />

Wird mir so weit, so frei,<br />

Will mir das Herz entzwei,<br />

Rings dann im Waldeshaus<br />

Rücken die Wänd‘ hinaus,<br />

Wölbt sich das Laubgemach<br />

Hoch mir zum Schwindeldach.<br />

Webt sich der Blätter schier<br />

Jedes zur Schwinge mir,<br />

Daß sich mein Herz so weit<br />

Sehnt nach Unendlichkeit.<br />

Doch wann im weiten Raum<br />

Hoch am Gebirgessaum,<br />

Über dem Tal ich steh,<br />

Nieder zum Tale seh,<br />

O Pombo-correio<br />

Tenho um pombo-correio ao meu serviço,<br />

Que me é muito dedicado e fiel,<br />

Nunca deixa de atingir o alvo,<br />

E também nunca o ultrapassa.<br />

Mando-o milhares de vezes,<br />

Levar recados todos os dias,<br />

Passando por muitos lugares adoráveis,<br />

Até à casa da minha amada.<br />

Ali olha cautelosamente pela janela,<br />

Espreitando o seu olhar e passo,<br />

Dá-lhe os meus cumprimentos brincando<br />

E transmite-me os dela.<br />

Já não preciso de escrever cartas,<br />

As próprias lágrimas lhe confio;<br />

Tenho a certeza que nunca se engana,<br />

Serve-me com toda a diligência.<br />

De dia, de noite, acordado, em sonhos,<br />

Para ele tudo é igual,<br />

Desde que possa voar, voar,<br />

Fica absolutamente satisfeito!<br />

Nunca se cansa, nunca se aborrece,<br />

O caminho é-lhe sempre novo;<br />

Não precisa de estímulo, nem de recompensa,<br />

O pombo é-me tão dedicado!<br />

Por isso o acarinho tanto contra o peito,<br />

Com a certeza do mais belo galardão;<br />

O seu nome é – Saudade! Não a conheceis? –<br />

A mensageira de espírito fiel.<br />

Contradição<br />

Quando, por entre ramos e arbustos,<br />

Subo pelo caminho estreito,<br />

Tudo, para mim, se torna tão imenso, tão livre,<br />

Que o coração quase rebenta no meu peito,<br />

E então, ao redor desta casa na floresta,<br />

As paredes desabam,<br />

E a uma altura estonteante<br />

Uma câmara de folhas arqueia sobre mim.<br />

As folhas como que tecem<br />

Para mim uma asa,<br />

De tal forma que o meu coração<br />

Anseia profundamente pela eternidade.<br />

No entanto, quando estou nos espaços abertos,<br />

Bem alto no cimo da montanha,<br />

Quedando-me sobre o vale<br />

E olhando-o lá em baixo,


Ach, wie beschränkt, wie eng,<br />

Wird mir‘s im Luftgedräng;<br />

Rings auf mein Haupt so schwer<br />

Nicken die Wolken her,<br />

Nieder zu stürzen droht<br />

Rings mir das Abendrot,<br />

Und in ein Kämmerlein<br />

Sehnt sich mein Herz hinein.<br />

Das Zügenglöcklein<br />

Kling‘ die Nacht durch, klinge,<br />

Süßen Frieden bringe<br />

Dem, für wen du tönst!<br />

Kling‘ in weite Ferne,<br />

So du Pilger gerne<br />

Mit der Welt versöhnst!<br />

Aber wer will wandern<br />

Zu den lieben Andern,<br />

Die voraus gewallt?<br />

Zog er gern die Schelle?<br />

Bebt er an der Schwelle,<br />

Wann Herein erschallt?<br />

Gilt‘s dem bösen Sohne,<br />

Der noch flucht dem Tone,<br />

Weil er heilig ist?<br />

Nein, es klingt so lauter,<br />

Wie ein Gottvertrauter<br />

Seine Laufbahn schließt.<br />

Aber ist‘s ein Müder,<br />

Den verwaist die Brüder,<br />

Dem ein treues Tier<br />

Einzig ließ den Glauben<br />

An die Welt nicht rauben,<br />

Ruf ihn, Gott, zu dir!<br />

Ist‘s der Frohen einer,<br />

Der die Freuden reiner<br />

Lieb und Freundschaft teilt,<br />

Gönn ihm noch die Wonnen<br />

Unter dieser Sonnen,<br />

Wo er gerne weilt!<br />

Bei dir allein<br />

Bei dir allein empfind‘ ich, daß ich lebe,<br />

Daß Jugendmut mich schwellt<br />

Daß eine heit‘re Welt<br />

Der Liebe mich durch hebe;<br />

Mich freut mein Sein<br />

Bei dir allein!<br />

Ah, quão limitado e estreito<br />

Tudo se torna sob o ar opressivo;<br />

À volta da minha cabeça tão pesada<br />

As nuvens inclinam-se para baixo,<br />

O pôr-do-sol me envolve<br />

Quase se precipitando,<br />

E o meu coração anseia estar<br />

Numa pequena câmara.<br />

O sino do moribundo *<br />

Soa pela noite fora, soa,<br />

Traz a doce liberdade<br />

Àquele por quem dobras!<br />

Soa para o além distante,<br />

Para que o peregrino alegremente<br />

Reconcilies com o mundo!<br />

Mas quem pode querer viajar<br />

Depois desses amados outros<br />

Que primeiro partiram?<br />

É com alegria que fazem soar o sino?<br />

Será que tremem à porta<br />

Onde lhes dizem que entrem?<br />

Será que é dirigido ao mau filho,<br />

Que o som ainda amaldiçoa<br />

Por ser sagrado?<br />

Não, soa muito mais alto,<br />

Como um temente a Deus<br />

Chegando ao fim da sua estrada.<br />

Mas, se for para alguém exausto,<br />

O mais órfão dos irmãos,<br />

A quem alguma besta leal<br />

Impediu que a sua fé no mundo<br />

Fosse roubada,<br />

Chama-o, Deus, a ti!<br />

Se for um desses ditosos<br />

Que a felicidade pura,<br />

O amor e a amizade partilham,<br />

Concede-lhe ainda algum prazer<br />

Sob este sol,<br />

Onde ele feliz se demora!<br />

(*) Nota d. t.: zügenglöcklein, no original, é um sino usado<br />

nas igrejas austríacas, o qual é dobrado a fim de chamar<br />

as pessoas à oração quando um paroquiano está a<br />

morrer.<br />

Contigo apenas<br />

Contigo apenas sinto que estou vivo,<br />

Que o espírito da juventude corre dentro de mim;<br />

Que um mundo risonho<br />

De amor me inunda;<br />

Meu ser se anima<br />

Contigo apenas!<br />

5


6<br />

Bei dir allein weht mir die Luft so labend,<br />

Dünkt mich die Flur so grün,<br />

So mild des Lenzes Blüh‘n,<br />

So balsamreich der Abend,<br />

So kühl der Hain,<br />

Bei dir allein!<br />

Bei dir allein verliert der Schmerz sein Herbes,<br />

Gewinnt die Freud an Lust!<br />

Du sicherst meine Brust<br />

Des angestammten Erbes;<br />

Ich fühl‘ mich mein<br />

Bei dir allein!<br />

(Ludwig Rellstab)<br />

Lebensmut<br />

Fröhlicher Lebensmut<br />

Braust in dem raschen Blut;<br />

Sprudelnd und silberhell<br />

Rauschet der Lebensquell.<br />

Doch eh‘ die Stunde flieht,<br />

Ehe der Geist verglüht,<br />

Schöpft aus der klaren Flut<br />

Fröhlichen Lebensmut!<br />

Mutigen Sprung gewagt;<br />

Nimmer gewinnt, wer zagt;<br />

Schnell ist das Wechselglück,<br />

Dein ist der Augenblick.<br />

Wer keinen Sprung versucht,<br />

Bricht keine süße Frucht,<br />

Auf! Wer das Glück erjagt,<br />

Mutigen Sprung gewagt.<br />

Mutig umarmt den Tod!<br />

Trifft Euch sein Machtgebot.<br />

Nehmt Euer volles Glas,<br />

Stoßt an sein Stundenglas;<br />

Des Todes Brüderschaft<br />

Öffnet des Lebens Haft.<br />

Neu glänzt ein Morgenrot:<br />

Mutig umarmt den Tod!<br />

Liebesbotschaft<br />

Rauschendes Bächlein, so silbern und hell,<br />

Eilst zur Geliebten so munter und schnell?<br />

Ach, trautes Bächlein, mein Bote sei du,<br />

Bringe die Grüsse des Fernen ihr zu.<br />

All ihre Blumen im Garten gepflegt,<br />

Die sie so lieblich am Busen trägt,<br />

Und ihre Rosen in purpurner Glut,<br />

Bächlein, erquicke mit kühlender Flut.<br />

Wenn sie am Ufer, in Träume versenkt,<br />

Meiner gedenkend, das Köpfchen hängt,<br />

Tröste die Süsse mit freundlichem Blick,<br />

Denn der Geliebte kehrt bald zurück.<br />

Contigo apenas sinto a brisa tão refrescante,<br />

O prado tão verde,<br />

A Primavera em flor tão suave,<br />

Tão fragrante a noite,<br />

O arvoredo tão fresco;<br />

Contigo apenas.<br />

Contigo apenas, perde a dor sua amargura,<br />

E ganha a alegria tais prazeres!<br />

Do meu coração<br />

Assegurais a antiga herança;<br />

Apenas convosco<br />

Me sinto eu!<br />

Vitalidade<br />

Alegre vitalidade<br />

Ruge no sangue fluindo,<br />

Borbulhante e prateada<br />

Murmura a fonte da vida.<br />

Mas antes que o tempo passe,<br />

Antes que a alma se apague,<br />

Esgote-se a plenitude clara<br />

Da alegre vitalidade.<br />

Ousai um salto intrépido;<br />

Nunca se vence, dizem.<br />

Rápida é a reviravolta da sorte,<br />

Teu é o instante.<br />

Mas quem não tenta esse salto,<br />

Não prova nenhum doce fruto.<br />

Vamos! Quem a sorte tenta,<br />

Um salto intrépido ousa.<br />

Abraçai corajosamente a morte!<br />

Encontrai o vosso poder,<br />

Tomai o vosso cálice pleno,<br />

Virai a ampulheta;<br />

A irmandade da morte<br />

Abre a prisão da vida.<br />

De novo brilha a aurora:<br />

Abraçai corajosamente a morte!<br />

Mensagem de Amor<br />

Regato que murmuras, tão límpido e prateado,<br />

Corres para a minha amada, tão rápido e alegre?<br />

Ah, querido regato, sê o meu mensageiro,<br />

Leva-lhe saudades do ausente.<br />

Todas as flores que ela trata no jardim,<br />

E que traz ao peito, tão encantadora,<br />

E as suas rosas rubras,<br />

Alivia-as com a tua corrente refrescante.<br />

Quando ela, nas tuas margens, sonhando,<br />

Inclina a cabeça, a pensar em mim,<br />

Conforta-a com o seu olhar amigo,<br />

Pois o seu amado em breve voltará.


Neigt sich die Sonne mit rötlichem Schein,<br />

Wiege das Liebchen in Schlummer ein<br />

Rausche sie murmelnd in süsse Ruh,<br />

Flüstre ihr Träume der Liebe zu.<br />

Kriegers Ahnung<br />

In tiefer Ruh liegt um mich her<br />

Der Waffenbrüder Kreis;<br />

Mir das Herz so bang, so schwer,<br />

Von Sehnsucht mir so heiss.<br />

Wie hab ich oft so süss geträumt<br />

An ihrem Busen warm!<br />

Wie freundlich schien des Herdes Glut,<br />

Lag sie in meinem Arm.<br />

Hier, wo der Flammen düstrer Schein<br />

Ach! nur auf Waffen spielt,<br />

Hier fühlt die Brust sich ganz allein,<br />

Der Wehmut Träne quillt.<br />

Herz, dass der Trost dich nicht verlässt,<br />

Es ruft noch manche Schlacht.<br />

Bald ruh ich wohl und schlafe fest,<br />

Herzliebste – gute Nacht!<br />

Frühlingssehnsucht<br />

Säuselnde Lüfte wehend so mild,<br />

Blumiger Düfte atmen erfüllt!<br />

Wie haucht ihr mich wonnig begrüssend an!<br />

Wie habt ihr dem pochenden Herzen getan?<br />

Es möchte euch folgen auf lultiger Bahn,<br />

Wohin? Wohn?<br />

Bächlein, so munter rauschend zumal,<br />

Wollen hinunter silbern ins Tal.<br />

Die schwebende Welle, dort eilt sie dahin!<br />

Tief spiegeln sich Fluren und Himmel darin.<br />

Was ziehst du mich, sehnend verlangender<br />

Sinn,<br />

Hinab? Hinab?<br />

Grüssender Sonne spielendes Gold,<br />

Hoffende Wonne bringest du hold,<br />

Wie labt mich dein selig begrüssendes Bild!<br />

Es lächelt am tiefblauen Himmel so mild<br />

Und hat mir das Auge mit Tränen gefüllt,<br />

Warum? Warum?<br />

Grünend umkränzet Wälder und Höh.<br />

Schimmernd erglänzet Blütenschnee.<br />

So dränget sich alles zum bräutlich Licht;<br />

Es schwellen die Keime, die Knospe bricht;<br />

Sie haben gefunden, was ihnen gebricht:<br />

Und du? Und du?<br />

Quando o sol com o seu clarão róseo<br />

Se inclina, embala-a num sono suave!<br />

Adormece-a, calmamente,<br />

Murmurando-lhe sonhos de amor.<br />

O Pressentimento do Guerreiro<br />

Num descanso profundo jaz à minha volta<br />

O círculo dos companheiros de armas;<br />

Tenho o coração tão oprimido, tão ansioso,<br />

Tão inflamado de saudades.<br />

Quantas vezes sonhei tão docemente<br />

Aquecido contra o seu peito!<br />

Como luzia acolhedor o fogo na lareira<br />

Quando ela estava nos meus braços.<br />

Aqui, onde o brilho sombrio das chamas<br />

Ai, apenas se reflecte nas armas,<br />

Aqui o coração sente-se completamente só,<br />

E correm lágrimas de tristeza.<br />

Não deixes, coração, que a esperança<br />

te abandone,<br />

Há ainda batalhas à tua espera.<br />

Em breve descansarei e dormirei serenamente,<br />

Minha bem-amada – boa-noite!<br />

Saudades da Primavera<br />

Brisas sussurrantes soprando tão suaves,<br />

Perfumes das flores respirando felizes!<br />

Como me saudais deliciosamente!<br />

Que fizeste ao meu coração palpitante?<br />

Ele gostaria de seguir-vos no curso etéreo,<br />

Para onde? Para onde?<br />

Pequenos regatos, murmurando tão alegres,<br />

Correm, prateados, para o vale.<br />

A onda hesitante precipita-se<br />

Reflectindo os campos e o céu.<br />

Porque me arrastais, sentidos ansiosos,<br />

Para baixo? Para baixo?<br />

Oiro iridesdente do sol nascente,<br />

Anuncias magnífico delícias e esperança,<br />

Como me refresca a tua abençoada imagem!<br />

Sorri tão ameno no céu azul profundo<br />

E encheu-me os olhos de lágrimas,<br />

Porque, porquê?<br />

As florestas e colinas tornam-se verdejantes.<br />

Os botões florescem resplandecentes.<br />

Tudo aspira à luminosidade nupcial;<br />

As sementes incham os rebentos brotam;<br />

Encontraram o que lhes fazia falta:<br />

E tu? E tu?<br />

7


8<br />

Rastloses Sehnen! Wünschendes Herz,<br />

Immer nur Tränen, Klage und Schmerz?<br />

Auch ich bin mir schwellender Triebe bewusst!<br />

Wer stillet mir endlich die drängende Lust?<br />

Nur du befreist den Lenz in der Brust,<br />

Nur du! Nur du!<br />

Ständchen<br />

Leise flehen meine Lieder<br />

Durch die Nacht zu dir;<br />

In den stillen Hain hernieder,<br />

Liebchen, komm zu mir!<br />

Flüsternd schlanke Wipfel rauschen<br />

In des Mondes Licht,<br />

Des Verräters feindlich Lauschen<br />

Fürchte, Holde, nicht.<br />

Hörst die Nachtigallen schlagen?<br />

Ach! sie flehen dich,<br />

Mit der Töne süssen Klagen<br />

Flehen sie für mich.<br />

Sie verstehn des Busens Sehnen,<br />

Kennen Liebesschmerz,<br />

Rühren mit den Silbertönen<br />

Jedes weiche Herz.<br />

Lass auch dir die Brust bewegen,<br />

Liebchen, höre mich,<br />

Bebend harr ich dir entgegen!<br />

Komm, beglücke mich!<br />

Aufenthalt<br />

Rauschender Strom, brausender Wald,<br />

Starrender Fels mein Aufenthalt.<br />

Wie sich die Welle an Welle reiht,<br />

Fliessen die Tränen mir ewig erneut.<br />

Hoch in den Kronen wogend sich‘s regt,<br />

So unaufhörlich mein Herze schlägt,<br />

Und wie des Felsen uraltes Erz,<br />

Ewig derselbe bleibet mein Schmerz.<br />

Herbst<br />

Es rauschen die Winde<br />

So herbstlich und kalt;<br />

Veroedet dir Fluren,<br />

Entblaettert der Wald.<br />

Ihr blumigen Auen!<br />

Du Sonniges Gruen!<br />

So welken die Blueten<br />

Des Lebens dahin.<br />

Ansiedade constante! Coração saudoso,<br />

Sempre apenas lágrimas, queixumes e dor?<br />

Também eu conheço o impulso crescente!<br />

Quem apagará finalmente o meu desejo ardente?<br />

Só tu libertas a Primavera no coração,<br />

Só tu! Só tu!<br />

Serenata<br />

As minhas canções imploram-te suavemente<br />

Através da noite;<br />

Vem ter comigo, querida, lá em baixo,<br />

Ao bosque tranquilo.<br />

Os cimos esguios das árvores sussurram<br />

Ao luar,<br />

Da escuta hostil do traidor<br />

Não tenhas receio.<br />

Ouves os rouxinóis cantar?<br />

Ah! Eles suplicam-te<br />

Com os sons das suas doces queixas,<br />

Pedem-te por mim.<br />

Eles entendem o coração ansioso,<br />

Conhecem a dor de amar,<br />

Agitam com o seu canto prateado<br />

Os corações ternos.<br />

Deixa comover também o teu coração,<br />

Querida, escuta-me,<br />

Trémulo, espero por ti!<br />

Vem, e enche-me de felicidade!<br />

Paragem<br />

Rio sussurrante, floresta que ruge,<br />

Rochedo imóvel onde parei.<br />

Tal como a onda se encadeia na onda,<br />

Assim me correm as lágrimas eternamente<br />

renovadas.<br />

No cimo das árvores ondulam as folhas,<br />

Tal como o meu coração bate sem parar,<br />

E como o minério primitivo da rocha,<br />

Assim a minha dor permanece sempre igual.<br />

Outono<br />

Os ventos já sopram<br />

O frio de Outono;<br />

Os campos desertos,<br />

A floresta nua.<br />

Ó prados floridos!<br />

Verde vindo do sol!<br />

É assim que murcham<br />

As flores da vida.


Es ziehen die Wolken<br />

so finster und grau;<br />

Verschwunden die Sterne<br />

Am himmlischen Blau!<br />

Ach sie die Gestirne<br />

Am Himmel entflieh‘n,<br />

So sinket die Hoffnung<br />

des Lebens dahin!<br />

Ihr Tage des Lenzes<br />

mit Rosen geschmueckt,<br />

Wo ich die Geliebte<br />

Ans Herze gedrueckt!<br />

Kalt über den Huegel<br />

Rauscht, Winde, dahin!<br />

So sterben die Rosen<br />

der Liebe dahin!<br />

In der Ferne<br />

Wehe, den Fliehenden, Welt hinaus ziehenden!<br />

Fremde durchmessenden, Heimat vergessenden,<br />

Mutterhaus hassenden, Freunde verlassenden<br />

Folget kein Segen, ach! auf ihren Wegen nach!<br />

Herze, das sehnende, Auge, das tränende,<br />

Sehnsucht, nie endende, heimwärts sich<br />

wendende!<br />

Busen, der wallende, Klage, verhallende,<br />

Abendstern, blinkender, hoffnungslos sinkender!<br />

Lüfte, ihr säuselnden, Wellen, sanft kräuselnden,<br />

Sonnenstrahl, eilender, nirgend verweilender:<br />

Die mir mit Schmerze, ach! dies treue Herze<br />

brach,<br />

Grüsst von dem Fliehenden, Welt hinaus<br />

ziehenden.<br />

Abschied<br />

Ade! du muntre, du fröhliche Stadt, ade!<br />

Schon scharret mein Rösslein mit lustigem Fuss;<br />

Jetzt nimm noch den letzten, den scheidenden<br />

Gruss.<br />

Du hast mich wohl niemals noch traurig gesehn,<br />

So kann es auch jetzt nicht beim Abschied<br />

geschehn.<br />

Ade, ihr Bäume, ihr Gärten so grün, ade!<br />

Nun reit ich am silbernen Strome entlang,<br />

Weit schallend ertönet mein Abschiedsgesang;<br />

Nie habt ihr ein trauriges Lied gehört,<br />

So wird euch auch keines beim Scheiden<br />

beschert.<br />

Já passam as nuvens<br />

Sombrias e negras;<br />

Somem-se os astros<br />

E o azul do céu!<br />

À medida que as estrelas<br />

Se apagam no céu,<br />

Assim vai declinando<br />

A esperança na vida!<br />

Ó dias de Maio<br />

Coroados de rosas,<br />

Em que a abracei<br />

A apertei a mim!<br />

Sobre o monte, frios,<br />

Soprai, ide, ventos!<br />

Assim vão murchando<br />

As rosas do amor!<br />

Ao longe<br />

Ai do fugitivo, pelo mundo fora!<br />

Percorrendo o desconhecido, esquecendo<br />

a pátria,<br />

Odiando o lar, abandonando os amigos,<br />

Sem nenhuma bênção que o acompanhe!<br />

Coração nostálgico, olhos cheios de lágrimas,<br />

Saudades sem fim, recordando a casa!<br />

Peito arquejante, queixas ressoando,<br />

Estrela da tarde cintilante, afundando-se sem<br />

esperança!<br />

Brisas murmurantes, ondas suaves circulando,<br />

Raios de sol apressados, que nunca param:<br />

Aquela que me despedaçou o coração fiel,<br />

Saudai-a por mim, ó fugitivo pelo mundo fora!<br />

Despedida<br />

Adeus, cidade alegre, jovial, adeus!<br />

O meu corcel bate com as patas, impaciente;<br />

Recebe pois o meu último, o meu adeus<br />

de despedida!<br />

Nunca me viras antes triste alguma vez,<br />

E isso também não vai acontecer agora à<br />

despedida.<br />

Adeus árvores, jardins tão verdejantes, adeus!<br />

Agora cavalgo ao longo do rio prateado,<br />

Despertando ecos ao longe soa o meu canto<br />

de despedida;<br />

Nunca me escutaram uma canção triste,<br />

E não vos vou também presentear com uma à<br />

despedida.<br />

9


10<br />

Ade, liebe Sonne, so gehst du zur Ruh, ade!<br />

Nun schimmert der blinkenden Sterne Gold<br />

Wie bin ich euch Sternlein am Himmel<br />

so hold;<br />

Durchziehn wir die Welt auch weit und breit,<br />

Ihr gebt überall uns das treue Geleit.<br />

Ade, ihr freundlichen Mägdlein dort, ade!<br />

Was schaut ihr aus blumenumduftetem Haus.<br />

Mit schelmischen, lockenden Blicken heraus?<br />

Wie sonst, so grüss ich und schaue mich um,<br />

Doch nimmer wend ich mein Rösslein um.<br />

Ade! du schimmerndes Fensterlein hell, ade!<br />

Du glänzest so traulich mit dämmerndem<br />

Schein,<br />

Und ladest so freundlich ins Hüttchen uns ein.<br />

Vorüber, ach, ritt ich so manches Mal,<br />

Und wär es denn heute zum letzten Mal.<br />

Ade, ihr Sterne, verhüllet euch grau! Ade!<br />

Des Fensterleins trübes, verschimmerndes Licht<br />

Ersetzt ihr unzähligen Sterne uns nicht;<br />

Darf ich hier nicht weilen, muss hier vorbei,<br />

Was hilft es, folgt ihr mir noch so treu!<br />

(Heinrich Heine)<br />

Der Atlas<br />

Ich unglücksel‘ger Atlas! Eine Welt,<br />

Die ganze Welt der Schmerzen muß ich tragen,<br />

Ich trage Unerträgliches, und brechen<br />

Will mir das Herz im Leibe.<br />

Du stolzes Herz, du hast es ja gewollt!<br />

Du wolltest glücklich sein, unendlich glücklich,<br />

Oder unendlich elend, stolzes Herz,<br />

Und jetzo bist du elend.<br />

Ihr Bild<br />

Ich stand in dunkeln Träumen<br />

und starrte ihr Bildnis an,<br />

und das geliebte Antlitz<br />

Heimlich zu leben begann.<br />

Um ihre Lippen zog sich<br />

Ein Lächeln wunderbar,<br />

Und wie von Wehmutstränen<br />

Erglänzte ihr Augenpaar.<br />

Auch meine Tränen flossen<br />

Mir von den Wangen herab –<br />

Und ach, ich kann‘s nicht glauben,<br />

Daß ich dich verloren hab!<br />

Adeus, raparigas afáveis, adeus!<br />

Porque espreitais das vossas casas perfumadas<br />

Com olhos travessos e furtivos?<br />

Como sempre vos saúdo e olho em torno,<br />

Mas nunca voltarei o meu corcel para trás.<br />

Adeus, sol adorado, vais agora descansar, adeus!<br />

Agora reluz o ouro das estrelas cintilantes.<br />

Como gosto de vós, estrelinhas no firmamento;<br />

Se percorremos o mundo para cá e para lá,<br />

Vós por toda a parte nos acompanhais fielmente.<br />

Adeus, pequena janela iluminada, adeus!<br />

Brilhas tão familiar ao clarão do crepúsculo,<br />

E convida-nos tão amistosa para a cabana.<br />

Ai, tantas vezes que passei por ti a cavalo,<br />

E que veja hoje então pela última vez.<br />

Adeus, estrelas, cobri-vos de nuvens cinzentas!<br />

Adeus!<br />

A luz da janela baça, esmorecida,<br />

Não me podeis vós, estrelas sem fim, substituir;<br />

Se não posso aqui ficar, se devo passar em frente<br />

Que me importa que me acompanheis tão<br />

fielmente!<br />

O Atlas<br />

Infeliz Atlas que sou! Um mundo,<br />

Todo o mundo da dor tenho de suportar!<br />

Suporto o insuportável, e no meu peito<br />

Sinto o coração que me rebenta.<br />

Coração orgulhoso tu assim quiseste!<br />

Querias ser feliz, infinitamente feliz,<br />

Ou infinitamente miserável, coração orgulhoso,<br />

E agora és bem desgraçado.<br />

O Retrato<br />

Mergulhada em sonhos sombrios<br />

Fitava a sua imagem<br />

E o seu rosto adorado,<br />

Começou misteriosamente a viver.<br />

Nos seus lábios assomou<br />

Um sorriso maravilhoso,<br />

E como chorando de pesar,<br />

Brilharam-lhe os olhos.<br />

Também me correram as lágrimas<br />

Pelas faces abaixo –<br />

Ai! Não consigo acreditar<br />

Que te perdi.


Das Fischermädchen<br />

Du schönes Fischermädchen,<br />

Treibe den Kahn ans Land;<br />

Komm zu mir und setze dich nieder,<br />

Wir kosen Hand in Hand.<br />

Leg an mein Herz dein Köpfchen<br />

Und fürchte dich nicht zu sehr;<br />

Vertraust du dich doch sorglos<br />

Täglich dem wilden Meer.<br />

Mein Herz gleicht ganz dem Meere,<br />

Hat Sturm und Ebb‘ und Flut,<br />

Und manche schöne Perle<br />

In seiner Tiefe ruht.<br />

Am Meer<br />

Das Meer erglänzte weit hinaus<br />

Im letzten Abendscheine;<br />

Wir saßen am einsamen Fischerhaus,<br />

Wir saßen stumm und alleine.<br />

Der Nebel stieg, das Wasser schwoll,<br />

Die Möwe flog hin und wieder;<br />

Aus deinen Augen liebevoll<br />

Fielen die Tränen nieder.<br />

Ich sah sie fallen auf deine Hand<br />

Und bin aufs Knie gesunken;<br />

Ich hab von deiner weißen Hand<br />

Die Tränen fortgetrunken.<br />

Seit jener Stunde verzehrt sich mein Leib,<br />

Die Seele stirbt vor Sehnen;<br />

Mich hat das unglücksel‘ge Weib<br />

Vergiftet mit ihren Tränen.<br />

Die Stadt<br />

Am fernen Horizonte<br />

Erscheint, wie ein Nebelbild,<br />

Die Stadt mit ihren Türmen,<br />

In Abenddämmrung gehüllt.<br />

Ein feuchter Windzug kräuselt<br />

Die graue Wasserbahn;<br />

Mit traurigem Takte rudert<br />

Der Schiffer in meinem Kahn.<br />

Die Sonne hebt sich noch einmal<br />

Leuchtend vom Boden empor<br />

Und zeigt mir jene Stelle,<br />

Wo ich das Liebste verlor.<br />

A Filha do Pescador<br />

Tu, a bela filha do pescador,<br />

Rema o teu bote para terra;<br />

Vem ter comigo e senta-te,<br />

Conversaremos, de mão dada.<br />

Pousa a tua cabeça sobre o meu coração<br />

E não estejas tão assustada;<br />

Não é certo que te confias, descuidada,<br />

Todos os dias ao mar bravo.<br />

O meu coração é semelhante ao mar,<br />

Conhece tempestades, fluxo e refluxo,<br />

E muitas pérolas magníficas<br />

Encontram-se bem lá no fundo.<br />

À beira-mar<br />

O mar brilha ao longe<br />

Sob o último clarão do sol;<br />

Nós sentávamo-nos na casa do pescador solitário<br />

Sentávamo-nos calados e sozinhos.<br />

A névoa ergueu-se, as águas subiram,<br />

A gaivota voava de um lado para o outro;<br />

Dos teu olhos, cheios de amor,<br />

Corriam lágrimas sem cessar.<br />

Vi-as cair sobre as tuas mãos<br />

E pus-me de joelhos;<br />

Bebi as lágrimas então<br />

Das tuas mãos brancas.<br />

Desde essa hora, o meu corpo definha,<br />

A minha alma morre de paixão;<br />

Aquela mulher infeliz<br />

Envenenou-me com as suas lágrimas.<br />

A Cidade<br />

No horizonte distante<br />

Surge como uma miragem<br />

A cidade com as suas torres<br />

Envolta no crepúsculo.<br />

Uma rajada de vento húmido<br />

Arrepia o curso da água parda;<br />

Numa cadência triste,<br />

O barqueiro rema impelindo o meu barco<br />

O sol ergue-se uma vez mais<br />

Luminoso, acima do solo,<br />

E mostra-me o lugar<br />

Onde perdi a minha amada.<br />

11


12<br />

Der Doppelgänger<br />

Still ist die Nacht, es ruhen die Gassen,<br />

In diesem Hause wohnte mein Schatz;<br />

Sie hat schon längst die Stadt verlassen,<br />

Doch steht noch das Haus auf demselben Platz.<br />

Da steht auch ein Mensch und starrt in die<br />

Höhe<br />

Und ringt die Hände vor Schmerzensgewalt;<br />

Mir graust es, wenn ich sein Antlitz sehe –<br />

Der Mond zeigt mir meine eigne Gestalt.<br />

Du Doppelgänger, du bleicher Geselle!<br />

Was äffst du nach mein Liebesleid,<br />

Das mich gequält auf dieser Stelle<br />

So manche Nacht, in alter Zeit?<br />

O Sósia<br />

A noite está calma, as ruas tranquilas,<br />

Naquela casa morava o meu amor;<br />

Há muito que ela abandonou a cidade,<br />

Mas a casa permanece no seu lugar.<br />

Está também ali um homem, fitando o alto<br />

E torcendo as mãos no desespero da dor.<br />

Que horror sinto ao ver o seu rosto –<br />

A lua revela-me o meu próprio vulto.<br />

Oh! Meu sósia, pálido companheiro!<br />

Porque imitas o desgosto de amor<br />

Que me atormentou neste lugar,<br />

Tantas noites, em tempos passados?<br />

Traduções de<br />

Maria Fernanda Cidrais (D. 957, 965a)<br />

Ofélia Ribeiro (D. 865, 871, 866, 937)<br />

José Ribeiro da Fonte (D. 945)


Wolfgang Holzmair<br />

Barítono<br />

Wolfgang Holzmair nasceu em<br />

Vöcklabruck, na Áustria, e estudou<br />

na Academia de Música e Artes<br />

Dramáticas de Viena, com Hilde Rössel-<br />

Majdan (voz) e Erik Werba (lied).<br />

É particularmente reconhecido<br />

pelas suas inteligentes e intensas interpretações de Lieder, dando recitais<br />

em todo o mundo. Em 2003-2004 actuou, entre outras cidades,<br />

em Londres, Lisboa, Nova Iorque, Ottawa, Graz, Viena e nos festivais de<br />

Risör e de Bregenz. Na temporada seguinte deu recitais em Nova Iorque,<br />

Washington, Dublin, Londres, Viena, no Festival de Bath (Reino Unido), no<br />

Festival Menuhin (Suíça) e no Festival de Verão da Caríntia (Áustria). Em<br />

2005-2006, apresentou-se em Lisboa, Londres, Nova Iorque, Washington<br />

e Estrasburgo. Entre os pianistas com quem partilha o palco em recital<br />

incluem-se Imogen Cooper, Till Fellner, Russell Ryan, Roger Vignoles e<br />

Gérard Wyss.<br />

Wolfgang Holzmair actua também com regularidade em espectáculos<br />

de ópera. Interpretou Pelléas et Mélisande, no Théâtre des Champs<br />

Elisées, sob a direcção de Bernard Haitink, L’Isola Disabitata (Enrico) de<br />

Haydn, em Lyon, com Heinz Holliger, Capriccio (Conde), em Cagliari,<br />

com o maestro Rafael Frühbeck de Burgos, e A Flauta Mágica (Orador do<br />

Templo), na Ópera da Bastilha. Para além do papel do protagonista na<br />

ópera composta por Daniel Schnyder para o Festival Mehuhin de Gstaad,<br />

outras interpretações recentes incluem: Papageno (A Flauta Mágica), em<br />

Dallas; Faninal (O Cavaleiro da Rosa), em Seattle, e Don Alfonso (Così fan<br />

tutte), em Lyon, sob a direcção de William Christie.<br />

Igualmente solicitado para actuações em concerto, colaborou com<br />

as principais orquestras europeias e americanas, incluindo a Filarmónica<br />

de Israel, a Filarmónica de Berlim, a Sinfónica de Viena, a Orquestra<br />

do Gewandhaus de Leipzig, a Orquestra de Cleveland, a Orquestra do<br />

Concertgebouw de Amesterdão, e a Orchestra of the Age of Enlightenment,<br />

sob a direcção de eminentes maestros, como Herbert Blomstedt, Pierre<br />

Boulez, Riccardo Chailly, Christoph von Dohnányi, Nikolaus Harnoncourt,<br />

Sir Roger Norrington e Seji Ozawa, entre outros. Em 2003-2004, interpretou<br />

os Lieder eines fahrenden Gesellen de Mahler, com a Orquestra<br />

do Minnesota, sob a direcção de Yakov Kreizberg; Das Lied von der Erde,<br />

também de Mahler, no Festival de Viena; e orquestrações de canções de<br />

Schubert, com a Orquestra de St. Luke’s, no Carnegie Hall, dirigido pelo<br />

maestro Roger Norrington. Posteriormente, actuou com a Orquestra de<br />

Câmara Irlandesa, a Akademie für alte Musik Berlin, no Festival Haydn<br />

de Eisenstadt e em Berlim, a Orquestra Filarmónica de Munique e o<br />

maestro Yakov Kreizberg, e a Orquestra da Rádio de Berlim e Marcel<br />

Janovsky. Outras apresentações recentes incluem, Lieder de Krenek, com<br />

a Filarmónica Holandesa e Yakov Kreizberg, e os Rückert Lieder de Mahler,<br />

© Gabriela Brandenstein<br />

13


14<br />

com a Orquestra da BBC do País de Gales e o maestro Richard Hickox, e<br />

com a orquestra do Minnesota e Andrew Litton.<br />

Wolfgang Holzmair gravou uma extensa discografia, muito elogiada<br />

pela crítica, que inclui Lieder de Clara e Robert Schumann e canções de<br />

Eichendorff musicadas por vários compositores – todas com Imogen<br />

Cooper (Philips) –, para além de várias gravações de Lieder de Schubert,<br />

com Gérard Wyss (Tudor), Pelléas et Mélisande, com Bernard Haitink e a<br />

Orquestra Nacional de França (Naïve) e Um Requiem Alemão de Brahms,<br />

com Herbert Blomstedt, tendo esta última gravação ganho um Grammy.<br />

Desde 1998, Wolfgang Holzmair ensina lied e oratória no Mozarteum<br />

de Salzburgo e orienta cursos de aperfeiçoamento na Europa e na<br />

América do Norte.<br />

Imogen Cooper<br />

Piano<br />

Reconhecida pelo seu virtuosismo<br />

e poesia, a pianista Imogen Cooper é<br />

uma das mais primorosas intérpretes<br />

do repertório clássico. Ao longo da sua<br />

brilhante carreira, encantou o público<br />

com as suas interpretações, expressando<br />

no palco de concerto a sua qualidade lírica e o seu entendimento<br />

único do repertório.<br />

Na temporada 2006-2007, Imogen Cooper apresentou-se com a<br />

Orquestra Sinfónica de Boston, em quatro concertos com o maestro Sir<br />

Colin Davis, com a City of Birmingham Symphony, sob a direcção de<br />

Vassili Sinaisky, com a Britten Sinfonia (dirigindo Beethoven ao piano), e<br />

num concerto com a Filarmónica de Londres, como parte das celebrações<br />

que marcaram a reabertura do Royal Festival Hall. Depois do sucesso<br />

obtido nos seus recitais de estreia em São Francisco e no Carnegie Hall<br />

de Nova Iorque, em Maio de 2006, apresentou-se pela primeira vez no<br />

Orchestra Hall de Chicago. Actuou a solo e em música de câmara no Reino<br />

Unido, em França e na Holanda.<br />

Com um longa carreira internacional, Imogen Cooper tocou com<br />

a Filarmónica de Nova Iorque e o maestro Sir Colin Davis e com a<br />

Filarmónica de Viena e Sir Simon Rattle. Apresentou-se também com<br />

a Orquestra Real do Concertgebouw, a Orquestra do Gewandhaus de<br />

Leipzig, a Dresden Staatskapelle e a Sinfónica NHK, e realizou digressões<br />

com a Camerata Salzburg, a Orquestra de Câmara Australiana e<br />

a Orquestra de Câmara Orpheus. Tocou com as principais orquestras<br />

inglesas, incluindo a Philharmonia Orchestra, com Christoph Eschenbach,<br />

e a Filarmónica de Londres, com Mark Elder, nos Proms da BBC. Colabora<br />

também regularmente com a Northern Sinfonia, com a qual desenvolve<br />

um projecto de interpretação/direcção dos concertos para piano de<br />

© Sam E. Studios


Mozart. Deu recitais em Paris, Viena, Washington, Filadélfia, Roterdão,<br />

Praga e em Londres, no Wigmore Hall e no Queen Elisabeth Hall.<br />

No domínio da música contemporânea, Imogen Cooper estreou<br />

duas obras no Festival Internacional de Cheltenham: Traced Overhead<br />

de Thomas Adès (1996) e Decorated Skin de Deirdre Gribbin (2003). Em<br />

1996, colaborou com um quarteto de cordas da Orquestra Filarmónica de<br />

Berlim na estreia da obra Voices of Angels, um quinteto composto pelo<br />

violetista do grupo, Brett Dean.<br />

Imogen Cooper colabora regularmente com Wolfgang Holzmair<br />

em recitais de lied, tendo-se ambos apresentado em importantes salas,<br />

incluindo Viena, Paris, Londres e Frankfurt. Colaboraram também num<br />

projecto Mozart-Schuber-Mahler, com a Orquestra de Câmara Escocesa.<br />

Para a Philips Classics, gravaram Schwanengesang, Winterreise e Die<br />

schöne Müllerin de Schubert, uma selecção de Lieder de Haydn, Mozart e<br />

Beethoven (“An die Ferne Geliebte”), e Lieder de Schumann sobre textos<br />

de Heinrich Heine, intitulado “Heine Lieder”. O disco preenchido com<br />

canções de Clara e Robert Schumann, “Kerner Lieder”, foi nomeado para<br />

os Prémios Gramophone em 2002. O seu mais recente disco de Lieder é<br />

baseado em composições sobre textos de Eichendorff.<br />

Imogen Cooper toca também com regularidade com a violoncelista<br />

Sonia Wieder-Atherton, tendo gravado obras de Rachmaninov, Fauré,<br />

Franck e Schubert, para a BMG France, e dois CDs dedicados às sonatas<br />

de Bach e Brahms. A pianista colabora também regularmente com o<br />

Quarteto Belcea. A sua discografia a solo inclui seis CDs dedicados às<br />

obras para piano de Schubert (Ottavo), uma colecção intitulada “Imogen<br />

Cooper and Friends”, incluindo peças a solo, música de câmara e Lieder<br />

(Philips), e uma gravação de concertos para piano de Mozart, com a<br />

Northern Sinfonia (Avie).<br />

Nas “Queen New Year Honours” de 2007, Imogen Cooper foi agraciada<br />

“Commander of the Order of the British Empire”, pelos serviços prestados<br />

em prol da música.<br />

15


16<br />

Grande Auditório 26 SEXTA 18:00<br />

25<br />

26<br />

QUINTA 21:00<br />

H Grande Auditório<br />

SEXTA 19:00<br />

Orquestra Gulbenkian<br />

Pascal Rophé Maestro<br />

António Rosado Piano<br />

Miguel Borges Coelho Piano<br />

TERÇA 19:00 30 L Grande Auditório<br />

Quarteto Vermeer<br />

Shmuel Ashkenasi violino<br />

Mathias Tacke violino<br />

Richard Young viola<br />

Marc Johnson violoncelo<br />

© Katie Vandyck<br />

Comentário pré-concerto<br />

Isabel Soveral e Sérgio Azevedo<br />

Entrada Livre<br />

Pascal Rophé<br />

António Rosado<br />

Nova Música Portuguesa<br />

para Piano e Orquestra I<br />

Isabel Soveral<br />

Paradeisoi *<br />

Sérgio Azevedo<br />

Concerto para Dois Pianos e Orquestra **<br />

Camille Saint-Saëns<br />

Sinfonia Nº 3, em Dó menor, op.78, “com órgão”<br />

Orquestra Gulbenkian<br />

Miguel Borges Coelho<br />

(*) 1ª Audição absoluta – Encomenda da Fundação Calouste Gulbenkian / Serviço de<br />

Música<br />

(**) 1ª Audição em Portugal – Encomenda da Fundação Calouste Gulbenkian / Serviço<br />

de Música<br />

Wolfgang Amadeus Mozart<br />

Quarteto para Cordas<br />

em Si bemol maior, K.589<br />

Outubro<br />

Leos Janácek<br />

Quarteto para Cordas Nº 1, Sonata a Kreutzer<br />

Ludwig van Beethoven<br />

Quarteto para Cordas Nº 15, em Lá menor, op.132<br />

Ciclo de Música de Câmara<br />

Quarteto Vermeer


Serviços Centrais<br />

Coordenador da Área de Espectáculos<br />

Otelo Lapa<br />

Directores de Cena<br />

Helena Simões<br />

Jorge Freire<br />

Direcção de Cena<br />

Diogo Figueiredo<br />

A qualidade dos concertos pode ser grandemente<br />

prejudicada por ruídos que perturbem a<br />

concentração dos músicos e afectem a audição<br />

musical.<br />

Se tiver necessidade de tossir, procure fazê-lo<br />

num momento de maior intensidade sonora, evitando<br />

os intervalos entre andamentos de obras,<br />

em que qualquer ruído mais facilmente perturbará<br />

a concentração dos artistas. Faça-o tentando<br />

abafar o som com um lenço ou com a mão.<br />

Apoios:<br />

Ficha Editorial<br />

Coordenação<br />

Miguel Ângelo Ribeiro<br />

Design Gráfico e Fotografia de Capa<br />

Filipe Preto<br />

Impressão e Acabamento<br />

Textype – Artes Gráficas<br />

300 exemplares<br />

Preço: 2,5 €<br />

Lisboa, Outubro 2007<br />

Não é permitido tirar fotografias nem fazer<br />

gravações sonoras ou filmagens durante os<br />

concertos.<br />

Desligue o alarme do seu relógio ou telemóvel<br />

antes do início dos concertos.<br />

Por indicação da Inspecção Geral das Actividades<br />

Culturais e nos termos do Decreto-Lei n.º 315/95<br />

de 28 de Novembro, nos Concertos de Música<br />

Clássica é proibida a entrada, durante a actuação,<br />

para quaisquer lugares.<br />

Programas e elencos sujeitos a alteração sem<br />

aviso prévio.

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