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O CONFLITO DAS FACULDADES - OUSE SABER!

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calma e a hilaridade, que não deixava também em sociedade<br />

de se comunicar, não segundo caprichos variáveis<br />

(como é hábito nos hipocondríacos), mas de<br />

um modo intencional e natural. E visto que nos alegramos<br />

mais da vida pelo uso livre que dela se faz do<br />

que pela sua fruição, os trabalhos do espírito podem<br />

opor um outro género de fomento do sentimento<br />

vital aos estorvos que concernem apenas ao corpo.<br />

A opressão persistiu em mim, pois a sua causa reside na<br />

minha constituição corporal, mas tornei-me senhor da<br />

sua influência sobre os meus pensamentos e acções,<br />

desviando a atenção desse sentimento, como se ele me<br />

não dissesse respeito.<br />

2. Do Sono<br />

O que os Turcos, segundo os seus princípios da<br />

predestinação, dizem da sobriedade, a saber, que no<br />

princípio do mundo foi medida a cada homem a porção<br />

que teria de comer na vida e, se consumir em<br />

grandes quinhões a parte que lhe foi destinada, terá<br />

de contar com um tempo mais curto para comer, por<br />

conseguinte, para existir: pode igualmente, numa dietética,<br />

servir de regra, como ensinamento para crianças<br />

(pois, no gozo, também os homens devem ser<br />

muitas vezes tratados pelos médicos como crianças).<br />

Ou seja, desde o início, a cada homem foi medida<br />

pelo destino a sua porção de sono, e quem, na idade<br />

de homem, atribuir demasiado tempo da sua vida ao<br />

sono (mais de um terço) não pode prometer a si mesmo<br />

uma longa duração para dormir, i.e., para viver e<br />

envelhecer. — Quem concede ao sono, como doce<br />

fruição no dormitar (a siesta dos Espanhóis) ou como<br />

abreviação do tempo (nas longas noites de Inverno),<br />

muito mais de um terço do seu tempo de vida, ou o<br />

mede igualmente aos bocados (com intervalos) e, não<br />

num trecho por cada dia, engana-se relativamente à<br />

sua quantidade de vida, quer quanto ao grau quer<br />

124<br />

quanto à duração. — Ora visto que só dificilmente um<br />

homem desejará não ter necessidade de sono em geral<br />

(donde se depreende que sente a vida longa<br />

como um longo tormento, pois na medida em que dormiu<br />

assim se poupou a suportar moléstias), convém<br />

mais, tanto para o sentimento como para a razão,<br />

pôr de lado este terço, vazio de fruição e de actividade,<br />

e deixá-lo à indispensável restauração da natureza;<br />

no entanto, com uma medida exacta do tempo em<br />

que deve começar e da sua respectiva duração.<br />

Entre os sentimentos mórbidos encontra-se o de não<br />

poder dormir no tempo determinado e habitual, ou<br />

também de não conseguir manter-se acordado; mas sobretudo<br />

o primeiro: estender-se na cama com esse propósito<br />

e, no entanto, permanecer sem sono. — O conselho<br />

habitual que o médico dá é, decerto, expulsar da<br />

cabeça todos os pensamentos; mas estes, ou outros em<br />

seu lugar, regressam e mantêm acordado. Não existe<br />

nenhum outro conselho dietético a não ser que, na percepção<br />

ou consciencialização interna de qualquer pensamento<br />

que se agita, que se desvie dele imediatamente<br />

a atenção (como se com os olhos fechados estes se virassem<br />

para o outro lado); graças à interrupção de todo<br />

o pensamento que se percepciona, surge progressivamente<br />

uma confusão das representações, suprime-se<br />

por ela a consciência da situação corporal (exterior) e<br />

sobrevêm uma ordem inteiramente diversa, a saber, um<br />

jogo involuntário da imaginação (no estado são, o sonho)<br />

em que, em virtude da habilidade admirável da organização<br />

animal, se relaxa para os movimentos da animalidade,<br />

mas se agita intimamente para o movimento<br />

vital, e graças aos sonhos, que, embora deles nos não<br />

recordemos ao acordar, não podem todavia estar ausentes:<br />

porque se de todo faltassem, se a força nervosa<br />

que parte do cérebro, sede das representações, não estivesse<br />

em consonância com a força muscular dos intestinos,<br />

a vida não poderia conservar-se um só instante.<br />

Por isso, todos os animais sonham provavelmente<br />

quando dormem.<br />

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